Ajuda na compreensão de um assento de batismo

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Ajuda na compreensão de um assento de batismo

#354783 | *Bruno_19* | 15 feb 2015 23:29

Ambolina Rosa Barroso foi baptizada em 1827, em Adães, Santa Leocádia, Chaves.
(Umbelina)

Segundo pude perceber, foi deixada pela sua mãe Felizarda Barroso, mulher solteira, natural de Carrazedo de Montenegro, em casa de Francisco José Gonçalves, homem casado, natural de Adães, Santa Leocádia, com um bilhete, no qual, segundo o padre, estava escrito que se chamava Ambolina e que não estava baptizada.

A mãe na altura do nascimento de Umbelina (1827) teria cerca de 23 anos. 3 anos depois, em (1830), teve outra filha natural e outros 3 anos depois (em 1833) teve outra filha natural.

Intrigante é o facto de as duas ultimas filhas terem sido baptizadas no local onde a mãe é natural (Carrazedo de Montenegro) e a primeira (a Umbelina) ter sido deixada em casa de um homem casado, numa aldeia a 10 km da dela.
E interessante ainda é que a Umbelina regressou a Carrazedo de Montenegro, local onde casou, faleceu e deu continuidade à geração. É provável que a mãe tivesse ido buscá-la.


A questão é a seguinte:

- Será possível Francisco José Gonçalves ser o pai da Umbelina? Como a mãe era jovem deixou a filha em casa do pai, para este a reconhecer e depois voltar e levar consigo?
O Francisco foi padrinho dela, bem como a sua mulher!


Alguém que me esclareça esta dúvida, por favor.

Com antecipados cumprimentos

Bruno

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#354802 | silvestre | 16 feb 2015 19:21 | In reply to: #354783

Já pesquisou os registos de casamento ds filhos e baptismo e casamento netos da Felizarda para ver se surje(m) o(s) pai(s)?
Penso que haveria uma forte razão para deixar a Umbelina em determinada porta mas isso não confirma...
Cumprimentos
Vera

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#354803 | silvestre | 16 feb 2015 19:27 | In reply to: #354802

surgem

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#354812 | Jorge Resende | 16 feb 2015 21:47 | In reply to: #354783

Já não deve haver ninguem vivo para contar, mas, duas ilações se podem tirar. Assim:
1/ Felizarda talvez trabalhasse em casa de Francisco José Gonçalves,( ou não), mas envolveram-se ambos, do que resultou Umbelina, e, sendo Francisco casado, não lhe conviria decerto assumir aquela filha nascida fora do seu casamento. A rejeição da criança por Francisco, e quem sabe, dificuldades para a criar por parte da mãe, Felizarda, esta não teve outro remédio senão deixar à porta do possível verdadeiro pai a Umbelina, e assim não criar embaraços à família de Francisco Gonçalves;

2/ Ou não sendo Francisco o pai, mas somente uma pessoa de posses naquela terra, deixá-la à sua porta para que criasse Umbelina foi solução para qualquer problema de miséria que Felizarda pudesse ter.

Mas... o ponto 1 parece-me ter sido o mais comum, não acha????

Jorge Resende

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#354813 | vsuzano | 16 feb 2015 22:08 | In reply to: #354812

é o que tem de interessante toda a pesquisa que vamos fazendo....

é imaginar o que faziam, é ver como viajavam mais do que podioamos imaginar, para a época...

é ver em alguns casos como conseguiam "vencer" tantos filhos.....

etc., etc,.

cumprimentos a todos e boas pesquisas.

vsuzano

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#354836 | *Bruno_19* | 17 feb 2015 20:08 | In reply to: #354783

Obrigado a todos pelas vossas respostas.

No entanto estou um pouco inclinado para o lado de Francisco ser o pai da Umbelina.

Consegui encontrar o registo de baptismo dele, e na altura em que a Umbelina foi deixada em casa dele teria 22 anos, diferença de 1 ano para com a mãe da Umbelina. Nessa altura ele já era casado (casou aos 20), com um senhora também mais velha (+2 anos).

Será que posso seguir a pista de Francisco José ser o pai? Sei que não é confiável essa teoria, mas então qual seria o motivo de ela deixar a filha em casa dele e depois de ser baptizada ir buscá-la? Caso não tivesse a intenção de ficar com ela não a iria buscar, não acham?


Com os melhores cumprimentos,

Bruno

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#354838 | Jorge Resende | 17 feb 2015 20:53 | In reply to: #354783

http://digitarq.advrl.arquivos.pt/viewer?id=1085787 na imagem 52 casamento de Umbelina


aos 42 anos ela ainda sabia apenas o nome da mãe...


Jorge Resende

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#354839 | Jorge Resende | 17 feb 2015 20:57 | In reply to: #354838

Diz neste assento que a noiva, Umbelina foi exposta na roda ...

Jorge Resende

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#354842 | *Bruno_19* | 17 feb 2015 21:54 | In reply to: #354839

Caro Jorge Resende


No registo de casamento diz que foi exposta na roda, mas não era nessa roda que eram abandonadas as crianças? Mas ela foi "resgatada" novamente? E porque Chaves, visto que ficava a uma distância considerável do local onde morava?

Então a mãe da Umbelina deixou a filha na roda ou em casa do Francisco José?

No registo diz que tinha de idade 42 anos, e embora natural de Carrazedo foi baptizada em Santa Leocádia, freguesia onde encontrei o registo de nascimento de Ambolina (em 1827), menina que foi abandonada em casa de Francisco. «1870-42=1828» Foi a única Umbelina, ou nome parecido que encontrei.

O que me pode dizer sobre isto?

Bruno

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#354845 | Jorge Resende | 17 feb 2015 22:18 | In reply to: #354842

Duas informações contraditórias, defacto. Jamais irá saber a verdade, mas as rodas, faziam parte dos conventos, das igrejas, das misericórdias. Eram uma espécie de cestos redondos, metade para o exterior de qualquer parede, outra metade no interior dessas instituições. Ali eram depositadas as crianças geralmente de pais incógnitos, as crianças eram postas ali, rodavam o "cesto" e do interior alguém recolhia esses seres abandonados quantas vezes com muita dor de quem tinha tomado essa iniciativa...

Neste caso particular, deduzo que Francisco realizou a obra, ou seja Umbelina, não assumiu a autoria por ser casado, e a mãe, Felizarda não teve outro remédio senão deixar a criança entregue à abadia!...
Como surge em casa de Francisco? Terá sido ele com remorsos que encenou o aparecimento na sua casa? Uma coisa é certa, aos 42 anos, Umbelina declara ser apenas filha de Felizarda, que fora exposta na roda, e quanto a informação sobre legitimação do pai, nada. Ficou certamente como muitos seres deste país com o selo de filha de pai incógnito.

J.RESENDE

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#354846 | Jorge Resende | 17 feb 2015 22:23 | In reply to: #354845

http://pt.wikipedia.org/wiki/Roda_dos_expostos

http://digitarq.advis.arquivos.pt/details?id=1110598


Um abraço

J.Resende

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#354848 | *Bruno_19* | 17 feb 2015 23:06 | In reply to: #354783

Muito obrigado pela sua ajuda e esclarecimentos.



Com os melhores cumprimentos,

Bruno

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#354849 | silvestre | 17 feb 2015 23:15 | In reply to: #354845

Se a Umbelina é a mesma do registo e penso que sim, parece-me que foi ela própria a repudiar as ligações com o suposto pai, ao dizer que foi posta na roda, o que não corresponde à verdade. Poderá ter passado por vários locais antes de chegar à mãe.
Até há poucas décadas, a esposa tinha de dar autorização para que a criança fosse legitimada. Tenho o caso de um tio-avô que legitimou o filho, meu primo, com autorização da esposa. Nos casos de filhos ilegítimos que tenho encontrado, são na generalidade gerados "em casa" por parentes ou patrões. Tenho visto "reconhecidos" cedo os filhos dos padres, raramente os dos casados que só aparecem por vezes tardiamente no bp dos netos. Alguns nunca aparecem...
Algum dos filhos dela tem o nome do suposto avô?
Já viu os registos de baptismo e de casamento dos filhos?
Por vezes as informações variam ao longo dos anos. Pesquisei para uma amiga os registos de Marco de Canaveses e no caso de uma menina, que nasceu e casou "na roda" no baptismo dos filhos passou a ter pai e mãe.

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#354850 | silvestre | 17 feb 2015 23:19 | In reply to: #354849

Apenas um pormenor. A mãe pediu por ecrito que a menina se chamasse Umbelina. Quase de certeza que ela não saberia escrever. Mas nada saberemos.

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#354852 | *Bruno_19* | 18 feb 2015 00:35 | In reply to: #354783

Obrigado pela sua participação neste tópico.

Em relação às suas questões posso dizer-lhe que todos os filhos que teve estão como filhos naturais da Felizarda. Nos casamentos apenas aparece o nome da Felizarda. Nunca vi agum registo em que fizesse referência ao pai.

Com os melhores cumprimentos,
Bruno

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#354853 | *Bruno_19* | 18 feb 2015 09:42 | In reply to: #354838

No registo de casamento diz que o marido de Umbelina, Albino José foi deixado na Roda de Chaves, mas que foi baptizado na freguesia de Santa Maria Maior, Chaves. Como tinha 42 anos e o casamento aconteceu em 1870, a data de baptismo de Albino é próxima a 1826, e encontrei um único Albino em 1825, filho natural de Maria Joaquina, neto de António Manuel Salgado e Rosa Maria, esta de Pereira de Selão, Vilas Boas, Chaves.

Será que Albino foi abandonado na roda e nunca mais foi recuperado ou afinal foi? Como só aparece o nome da mãe?
O que acham???

Cump,
Bruno

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#354857 | *Bruno_19* | 18 feb 2015 13:36 | In reply to: #354783

No registo de casamento diz que o marido de Umbelina, Albino José foi deixado na Roda de Chaves, mas que foi baptizado na freguesia de Santa Maria Maior, Chaves. Como tinha 42 anos e o casamento aconteceu em 1870, a data de baptismo de Albino é próxima a 1826, e encontrei um único Albino em 1825, filho natural de Maria Joaquina, neto de António Manuel Salgado e Rosa Maria, esta de Pereira de Selão, Vilas Boas, Chaves.

Será que Albino foi abandonado na roda e nunca mais foi recuperado ou afinal foi? Como só aparece o nome da mãe?
O que acham???

No entanto pesquisei os registos de Pereira de Selão, Vilas Boas e encontrei um baptismo de Maria (Joaquina), em 1793, filha de António José Salgado, exposto, natural de Valoura, Vª Pouca de Aguiar, filho natural de Teresa Maria de Sousa e de Marcelina Rosa, (que na realidade é Salgado!!!!) e natural de Pereira de Selão.
É a única Maria que encontrei e que fosse filha de um 'Salgado'.
Já no registo de óbito aparecem como António Salgado e Rosa Maria!

Serão estas pessoas, aquelas que falo acima, ou são pessoas distintas?

Que confusão!!!!



Com os melhores cumprimentos,
Bruno

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#354893 | *Bruno_19* | 20 feb 2015 16:11 | In reply to: #354783

Renovo o pedido.





Com os melhores cumprimentos,

Bruno

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