Profissões do Século XIX
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Caros confrades,
Gostaria de esclarecer algumas dúvidas que tenho sobre as profissões do século XIX e como se estratificavam na sociedade rural daquele tempo. Corrijam se estou enganado;
Proprietário, presumo que fosse a profissão socialmente mais respeitada e não trabalhava a terra;
Lavrador, podia ser ou não proprietário? Este trabalhava na terra certo?
Barbeiro, Alfaiate, marceneiro, carpinteiro, pedreiro e sapateiro - todos com a mesma relevância ou alguma delas gozava de maior estatuto social?
Jornaleiro - o mais baixo da pirâmide certo?
Aplicação de distinção de Dona nas senhoras, apenas para fidalgas?
Muito obrigado,
Pedro
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Já agora alguém sabe o que eram os estanqueiros? Comerciantes que tinha, monopólio?
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Ainda me estava a esquecer do Seareiro, onde se insere este? Entre o jornaleiro e o lavrador?
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Confrade Pedro
Os proprietários constituíam a burguesia rural. Possuíam as maiores explorações agrícolas e as alfaias necessárias ao seu fabrico. Tinham criados e contratavam jornaleiros, não fazendo eles trabalho braçal. Alguns envolviam-se em negócios ( por ex, contratadores de tabaco, estanqueiros ou compra e venda de gado) e emprestavam a juros. O casamento era encarado como um investimento, do qual retiravam dividendos ou melhoria de estatuto. Envolviam-se, também, na administração concelhia.
Os lavradores ( havia, ainda, os agricultores) detinham as propriedades de menor dimensão, na qual eles próprios trabalhavam e possuíam juntas de bois e arados para lavrar a terra, de onde lhes vinha o nome. Os jornaleiros, correspondiam aos antigos cabaneiros, trabalhavam «à jorna», contratados ao dia, de sol a sol, por uma magra retribuição e, algumas vezes, uma refeição. De seu, só tinham a prole, regra geral muito numerosa .
Entre os homens de ofícios não havia distinção a assinalar a não ser, talvez, os barbeiros, que também faziam de sangradores, arrancadores de dentes e cirurgiões. E os ferreiros, cujo ofício comportava segredos, cuidadosamente mantidos e que, lhes permitia mesmo enriquecer e ascender socialmente.
Os estanqueiros e os contratadores de tabaco. Os primeiros detinham o monop´´olio da venda a retalho, nos respectivos estancos (quiosques). Havia um contratador geral para o reino, o que representava um grande investimento, com grandes lucros, pois detinham o monopólio da distribuição de dois produtos de grande consumo ( tabaco e sabão). José Ferreira Pinto Basto, o fundador da fábrica da V. A. foi, também, Contratador Geral. Havia, ainda, os contratadores, por área geográfica, que obtinham o monopólio por um período de 12 anos. Também estes, em geral ,obtinham bons lucros.
Maria Ribeiro
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Acerca da última interrogação deste post, aqui fica um apontamento.
Refiro-me ao batismo de Ana - mais tarde Ana Augusta de Morais Pinto e Castro - Batismos de S João da Pesqueira, S Tiago da Pesqueira, livro que começa em 28/8/1804 e acaba em 6/4/1860 tif m 0164
Enquanto as outras meninas, na nota à margem, são Maria, Beatriz ou Joaquina, esta, logo à margem é D Ana.
E no corpo do assento, diz: "Aos onze de Outubro de mil e oitocentos e quarenta e um batizei solenemente a Donna Anna filha legítima de...etc."
Não há dúvida de que, desde o dia do batismo, a menina ficava bem assinalada como não sendo uma qualquer...
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Confrade Pedro
Esqueci-me, também, da questão sobre o estatuto das donas. Na verdade, ao longo do séc. XIX, já é frequente encontrar donas que não pertencem à fidalguia propriamente dita. E é também verdade que, nem sempre senhoras desta mesma classe mereciam o título. No séc. XVII, encontrei, na mesma família, senhoras que viviam na cidade e mereciam esse tratamento, enquanto outras, que viviam na aldeia, não lhes era atribuído. Era um tanto arbitrário o tratamento e, dele, não se podem, simplisticamente, tirar ilacções absolutas.
Maria Ribeiro
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Confrade Maria,
Muito obrigado pela explicação tão elucidada e detalhada que me facultou, gostei imenso de ler o que escreveu.
É engraçado que o estanqueiro para mim faz todo o sentido com o que ouvia o meu avô dizer sobre o bisavô dele, meu tetravô, que detinha o comércio do tabaco e do vinho da zona (não sei se da freguesia, se de mais freguesias), tem ideia onde pode haver essa informação?
Já agora, agricultor, cultivador e seareiro estão todos no mesmo nível de hierarquia? O lavrador está acima deles, correto?
No tratamento de Dona de facto faz sentido o que refere, também não encontro explicação para algumas disparidades que já vi, de facto seria arbitrário.
Com os melhores cumprimentos,
Pedro
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Confrade Maria,
Lembrei-me agora que o meu avô também falava que o avô dele, ou seja o meu trisavô era cacique pelos Progressistas, tem ideia de como eram seleccionados?
O meu avô também falava de que um ofício, qualquer que fosse, era prestigiante no mundo rural, tudo era melhor do que simplesmente trabalhar a terra. Do que sabe e já viu, tira essa conclusão também?
Muito obrigado pela sua ajuda,
Pedro
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Confrade Pedro
Um cacique não é escolhido. Impõe-se pela sua capacidade de criar uma «clientela» e, assim, estender a sua influência local. A clientela é conquistada, sobretudo pela distribuição de favores( empregos, isenção de serviços militar, melhoramentos locais...), criando dependências e fidelidades que são, por sua vez, um favor do político nacional, para quem os votos irão reverter. Assim, o cacique, que podia ser um morgado, um boticário ou um padre..., vai alargando a sua influência e, os votantes, que só o são de nome, profundamente despolitizados, limitam-se a colocar o seu voto limitando conforme lhe é indicado. Júlio Diniz, na «Morgadinha dos canaviais», exemplifica bem este processo eleitoral, durante o período do chamado rotativismo. O resultado, conforme eu mesma verifiquei, podia acontecer que aparecessem mais votos do que votantes e, todos os votos recaíssem na mesma pessoa.
Voltando aos agricultores. Não é fácil distingui-los dos lavradores. Frequentemente, um agricultor torna-se um lavrador, logo que, por morte dos pais, herda o seu património ou, quando estes, por incapacidade, lhes doam os bens, para por eles serem tratados. Antes, a maior parte das vezes, eram seus rendeiros. Os cultivadores eram rendeiros ( os jornaleiros nem isso eram) que, como única alfaia, tinham a enxada. Quando necessária e, a troco de trabalho, obtinham que os lavradores lhes dispensavam o arado e uma junta de bois.
Os ceareiros são uma categoria específica do Alentejo, que devem o nome ao facto de cultivarem sereais, ainda que não em exclusividade. Podendo eles próprios serem proprietários, obtinham dos latifundiários que lhes arrendassem courelas, que trabalhavam eles próprios, com os familiares e, por vezes, assalariados. Eram, simultaneamente, lavradores, arrendatários e empregadores.
Quanto ao prestígio dos oficiais mecânicos, relativamente aos agricultores, depende das circunstâncias. No Antigo Regime, a propriedade sempre foi considerada o bem mais seguro. Assim se explica a corrida aos bens da igreja, vendidos em hasta pública, durante o período liberal. Mas, também é certo que, várias famílias de mesteirais ascenderam socialmente porque, o ofício que exerciam lhes permitiu mandarem os filhos estudar, passando assim à categoria de «nobreza de toga».Outros, porém, nada mais tendo que «um cuzão de terra», um «rodelo de terra» ou uma «terra mirrifica» e exercendo uma profissão mal remunerada, viviam miseravelmente, vendo-se obrigados, no período das safras, a engrossar os ranchos de «ratinhos», que iam trabalhar para o Alentejo ou para as marinhas de sal de Alcácer.
Podia indicar-lhe uma vasta literatura mas, penso que uma leitura cuidado do artigo de Nuno Madureira, aqui na net em
www.academia.edu/.../Historia-do-trabalho-e-das-Ocupações-Lisboa-Ed...
Permitir-lhe-á compreender com são indefinidas as fronteiras entre as várias categorias.
Maria Ribeiro
PS. Num trabalhoso obre a região do Porto, verificou-se que, nos sécs XVI e XVII eram tituladas como Donas mulheres de mercadores, de licenciados, de mesteirais, uma proprietária de botica e, até, uma vendeira e uma regateira. Ou seja, nem mesmo nesta matéria havia rigidez.
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Prezado/a CSSLP,
Quanto ao batismo que referiste da Ana Augusta de Morais Pinto e Castro, se por acaso tiveres o nome dos pais e avós dela e puder fazer a gentileza de me informar, ficar-lhe-ei muitíssimo agradecido.
Abraço fraterno.
Samuel de Castro
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Olá caro Samuel de Castro
Eu acho que já há uns meses lhe mandei esses dados mas, como estão à mão, aí vai o assento completo:
ADVIS-PRQ-PSJP09-001.0005-m0164 (Batismos da paróquia de S Tiago, livro que vai de 28/8/1804 a 6/4/1860)
À margem: D.Anna
Aos onze de Outubro de mil e oitocentos e quarenta e um batizei solenemente a Donna Anna filha legítima de José de Moraes Mendonça Cardoso, natural de Vila Felor e de Donna Maria Angelina de Castro, natural desta vila e freguesia neta paterna de Luis António de Mendonça Botelho de Castro natural de Vila Felor e Donna Francisca do Carmo Albertina de Mendonça Machado e Araújo natural de Valadares do Minho freguesia de santa Eulália, materna de Manuel António Pinto desta vila e Donna Maria Pinto Pereira de Castro natural de Freixo de Numão. Foram padrinhos o Ex.mo Manuel de Castro Pereira e tocou como madrinha o Dr(?) José Vieira (?) ambos desta vila, testemunhas Luis Manuel de Morais e José Joaquim Pinto. Para constar faço este assento.
O Abade Manuel Cardoso de Oliveira
Luiz Manuel Morais
De José (uma cruz) Joaquim Pinto
Cumprimentos!
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Prezado CSSLP,
Muitíssimo obrigado pelas informações, que confirmo já teres me enviado informações ligadas ao ramo da batizada.
Ainda não consegui os ascendentes do Luís Antônio de Mendonça Botelho de Castro.
Ratifico meus agradecimentos. Forte abraço.
Samuel de Castro
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Prezado CSSLP
Despertou o meu interesse o assento de batismo de Dona Ana, por ser neta de minha tia trisavó Dona Francisca Albertina do Carmo Mendonça Machado de Araújo.
Por acaso dispõe de mais elementos, baseados em assentos paroquias relativos aos pais e avós da batizada Dona Ana?
O Livro de batismos paroquiais, que refere encontra-se online?
Ficar-lhe-ia muito agradecido por qualquer informação que a este respeito me pudesse facultar.
Certo de que desculpará esta minha intervenção, aceite os meus cumprimentos e antecipados agradecimentos,
Miguel de Valdevez
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Caro confrade
Em resposta ao seu recado:
1º - O assento em questão está na Net. Só que os assentos de S João da Pesqueira (Distrito Viseu, concelho S. João da Pesqueira, freguesia S João da Pesqueira) são um tanto confusos porque nessa época havia em S João da Pesqueira diversas paróquias – pelo menos S João, S. Tiago e, salvo erro, Santa Maria. Ora os livros não tem indicação específica na capa, daí, só ao ler um assento se descobre a que freguesia pertence. Por isso também a listagem dos livros é confusa por se sobreporem datas de início e fim. Daí também eu ter especificado que se trata do livro de Batismos que começa na data x… e acaba em y…
Se quiser verificar siga as indicações que dei no post.
2º - Contrariamente à maioria dos frequentadores deste fórum, não me dedico à genealogia, apenas estudo uma família (da qual nem sequer faço parte) de apelido Teixeira Guedes que se desenvolveu, a partir de meados do século XVIII, na localidade onde vivo. A Ana Augusta só me interessa porque casou com João da Silva Teixeira Guedes que, vindo de terras muito mais a sul, apareceu em S João da Pesqueira como escrivão da fazenda aí por 1870. Casou com a Ana Augusta, tiveram nada menos que sete filhos em 12 anos, mudaram de S João da Pesqueira para Mondim da beira, depois para Gouveia e depois para Idanha a Nova…e, em 1883, o João morre quase de repente e deixa a esposa com um ranchinho de filhos, dos quais os dois mais novos ainda eram de colo…e o que se passou depois disso…a solidariedade dos restantes membros da família…e filhos que cresceram e foram notáveis, um padre e professor com licenciatura em Roma, e que era Presidente da Câmara de Santarém na implantação da república, um banqueiro que foi o 1º Gerente de uma dependência do Banco Nacional Ultramarino em terras brasileiras e um dos mais célebres fotógrafos de Lisboa antiga, além de editor de centenas de postais ilustrados de todo o país.
Isto para lhe dizer que não tenho os antepassados da D Ana Augusta para além do que consta do seu assento de nascimento, já que o meu interesse está nela própria, que foi uma mãe corajosa e sacrificada, e nos seus descendentes.
3º - Ainda uma curiosidade … o assento de baptismo de um meio irmão da D. Ana Augusta. Está na Net e no texto vai a citação. Provavelmente a folha foi intercalada no livro, já depois de o mesmo ter sido revisto pela autoridade competente.
“Um curioso assento de baptismo (ADVIS PRQ PSJP 009-007m0006.tif - (Página 4)
À margem: António Maria
No dia vinte e nove de Agosto de mil oitocentos e quarenta nesta Igreja Paroquial digo nesta igreja de S João da Pesqueira o R Francisco Pereira de Loureiro de minha permissão batizou solenemente a António Maria filho de pais incógnitos e de quem eu fui padrinho tocando no baptizado com uma madrinha Joaquina de S António de q fiz este assento que assino com as testemunhas e Miguel António e madrinha e Belizário António ambos desta vila e freguesia.
O Abade Luis Alvz Teixeira Coelho
Declaração Feito já este baptizado recebi um bilhete cuja letra conheci ser de D Maria Angelina filha de Manuel António Pinto e sua mulher D Maria de Castro da freguesia de S Thiago desta vila em que declarava ser mãe do baptizado António Maria e como tal queria ser reconhecida e que assim o declarasse no assento o que fiz e declarei.
O abade Luiz Alvz Teixeira Coelho.”
A folha anterior tem assentos de 22 de Fevereiro de 1840 e a folha seguinte começa em 28 de Março de 1840.
A numeração está rasurada resultando uma folha a mais, acrescentada fora de ordem.
Na listagem dos livros de Batismo de S João da Pesqueira é o 7º livro que começa em 1839 e acaba em 1856.
Cumprimentos
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Prezado CSSLP
Os meus sinceros agradecimentos, não só pela prontidão, como pelo copioso conteúdo, da sua amável resposta.
Embora afirme não ser genealogista, do género de outros confrades deste Forum, a verdade é que é um verdadeiro genealogista ´, pois procura reconstituir a História do nosso passado, permitindo-nos recuar a tempos de outras gerações familiares e conhecer pormenores que a distância no espaço,( vivo no Minho) e tempo tornariam, para mim,inacessíveis esses interessantes episódios familiares.
E o meu interesse e tanto maior, quanto é certo que desconhecia toda a história da vida dessa tia trisavó e sua descendência.
Faz referência `a situação social de alguns descendentes e ficar-lhe-ia imensamente grato se, sobre eles, tivesse a amabilidade e possibilidade de me facultar quaisquer outros elementos que fossem do conhecimento do caro confrade.
De qualquer modo quero manifestar-lhe toda a minha gratidão pela gentileza da sua resposta.
Com os melhores cumprimentos,
Miguel de Valdevez
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Caro confrade
Não faço qualquer tipo de reserva à matéria que tenho investigado - pelo contrário, é sempre gratificante fornecer informações a quem se interessa por elas.
Só que a matéria já investigada e que se relaciona com a pessoa em causa e seus descendentes deve rondar umas 8/10 folhas A4 . o que não fica muito prático para enviar através deste fórum.
Daí seria melhor enviar-me o seu email.
Se não quiser expor-se pode mandar por SMS para 917379939.
Enquanto isso vou selecionando as páginas que mais lhe podem interessar.
Cumprimentos
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Prezado csslp
Muito agradeço a amável resposta e o favor de me facultar os elementos pretendidos.
Conforme sugestão enviei msg com o meu e-mail, que confirmarei pelo telefone.
Com os melhores cumprimentos,
Miguel de Valdevez
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