Genética I : resumo introdutivo

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Genética I : resumo introdutivo

#17305 | Carlos Silva | 16 feb 2002 23:24

A genética representa talvez uma via das mais interessantes para o futuro da genealogia.

Como achega para o assunto, segue o resumo de um estudo publicado na revista francesa de vulgarizaçào cientifica « Sciences et Avenir » n°650, de abril 2001, relativo à Genealogia-ADN.

Peço um pouco de indulgencia no aspecto cientifico/historico, na medida em que me aventurei em terreno desconhecido, como tambem no diz respeito à traduçào.

Quero avisar que o caracter de vulgarizaçào do estudo parece por vezes implicar a procura de certa forma de « sensacionalismo ». Cada qual julgarà por si.


Carlos P.M.M. Silva

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O ADN mitochondrial , transmitido exclusivamente pela màe, permete traçar a linhagem materna, e o cromosomo Y, legado de pai para filho, permitem traçar a linhagem paterna.
Isso até chegar « à mulher » ou « ao homem » que sào os antepassados de todos nos.

Na década de 80, genetistas designaram uma africana, de 150 000 anos, como màe da humanidade moderna, e portanto de todos os « homo sapiens sapiens ».
Passados 20 anos o Professor Sykes, do Instituto de Medicina molecular, de Oxford, resolve aprofundar a investigaçào.

Ha 4 anos o professor Sykes encontra (sem grande dificuldade) no Somerset um parente vivo (Adrian Targett) do Homem do Cheddar, famoso fossil cujo AND conseguiu extrair. Com 9000 anos de diferença, os dois homens tem o mesmo AND (salvo uma letra).

O genetista desenvolveu em grande escala o processo.

Colectou e analisou o ADNmt de uns 6000 europeus contemporaneos, da França à Russia, da Noruega à Italia.
Descobriu a existencia de 7 cepas, ou seja 7 « clàs » cuja assinatura genética volta teimosamente entre as amostras.
A conclusào do investigador é que 99% (digamos a quase totalidade) da populaçào europeia é descendente de « um punhado » de mulheres, ou seja sete « Evas europeias ».
Entre elas 6 viviam nos finais do paleolitico, entre 50000 e 10000 a.c.. Uma vivia no neolitico entre 9000 e 3000 a.c.
Resultado parecido com o que obteve outra équipa de cientistas, internacional, por conta da revista Americana “Science” (vol.290, 10/11/2000). Daquela vez os pesquisadores estudaram o cromosomoY e suas mutaçoes através do tempo. Para concluir que perto de 80% dos antepassados masculinos do Europeu eram « caçadores » (40000-22000 a.c.) e nào « agricultores » (9000-5000 a.c.).

As 7 màes fundadoras de Europa receberam um nome, e de certo modo uma historia
-Ursula, a deà, de Cro-Magnon conta uns 45000 anos.
-Xenia vem do Càucaso e semeou sua descendencia até America
-Tara conquistou Irlanda
-Helena, dos Pireneus, a mais prolifica, espalhou seus genes com êxito fulgurante por toda Europa
-Katrine, « pescadora » espalha seus genes desde o Mediterrâneo para atingir o Mar do Norte
-Velda cujos genes conquistaram as terras rudes do norte extremo da europa
-Jasmine, a mais nova, vem do proximo oriente, ha uns 8000 anos com a Agricultura
Do que se trata afinal ?
O cientista descobriu 7 sequencias diferentes e muito frequentes no patrimonio genético dos Europeus.
As 7 Evas mitocondriais sào as primeiras detentoras de uma das 7 sequencias.
Para avaliar as respectivas idades utilizou o relogio molecular, pois como todos os genes, o ADNmt é afectado por mutaçoes. Para datar o aparecimento das Evas mt europeias, avaliou o ritmo médio no qual foram observadas as mutaçoes, i.e. grosso modo, um mutaçào para 10000 anos.
Soma-se o numero de mutaçoes e divide-se pela taxa de mutaçào.
Ursula seria assim a mais antiga porque seu « clà » acumulou o maior numero de mutaçoes.

Para a localizar no espaço, Sykes estudou a distribuiçào geografica actual dos varios marcadores genéticos. Permete isso reconstituir as vias de migraçào de populaçoes durante a prehistoria.
Uma mutaçào genética é muito abundante na regiào em que apareceu, e cada vez menos ao longo dos eixos de deslocaçào.

Apesar do interesse da pesquisa, Brian Sykes descorticou apenas 400 pares de bases entre as 16500 contidas no ADNmt.
De resto o ADNmt permete seguir a linhagem feminina mas nào é mais que uma pequenissima parte do potencial : 400 pares de bases entre uns 3 bilhoes.
Portanto nào influi sobre os caracteres essenciais como os de tipo fisico.

Hoje em dia a base de Sykes conta umas 14000 sequencias ADNmt, e ele trabalha sobre a definiçào das 33 Evas mundiais.

Escusa dizer que as possibilidades sào enormes, inclusive de um ponto de vista comercial, com novas tentativas para desenvolver testes de pouco custo.
Diga-se que os genealogistas representam assim um mercado interessante.


… continua

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Genética II : 7 mulheres

#17306 | Carlos Silva | 16 feb 2002 23:26 | In reply to: #17305

… continuaçào

Os grupos de Europeus modernos contêm todos descendentes de cada um dos sete « clàs »mt, inclusive Bascos e Hungaros cuja lingua muito particular podia deixar pensar que suas origens tambem o fossem.

Segue a descriçào do percurso das 7 Evas mitocondriais, de um modo que acho bastante pedagogico embora um pouco espectacular.

URSULA (45 000 anos) Cro-Magnon
Quando chega ao continente europeu, este ja està ocupado pelos homens de Neandertal. O clà estende por toda Europa, para oeste até frança, a norte para Grào Bretanha. O homem de Cheddar (e Adrian Targett) sào seus descendentes directos. Durante a ultima das grande glaciaçoes, seus herdeiros retiraram para à peninsula Iberica.

XENIA (25 000 anos) do Càucaso
Seu clà é obrigado a deixar as montanhas cada vez mais glaciarias, para as planicies. Seus descendentes estendem por toda Eurasia e até America do Norte, via o estreito de Bering.

HELENA (20 000 anos) Màe dos Bascos
Nasce na parte oriental dos Pireneus. Seus descendentes contornam os Pireneus para o pais Vasco, antes de seguir para Noroeste. Atingem Inglaterra por volta de 12 000 a.c. como testemunha a analise ADN dos restos do rapaz de Gough (Somerset). O ADNmt de Helena é o mais frequente.

TARA (17 000 anos) antepassada dos Celtas
Aparece pela actual Toscania, durante a era glaciaria em que a bacia mediterrânea somente é habitavel. Quando o clima melhora seus filhos seguem a costa até França, e estendem através a Tundra europeia até Irlanda sem passar mar, pelas terras geladas.

VELDA (17 000 anos) de Espanha
Durante a glaciaçào seus antepassados retiraram-se para à Peninsula Iberica. Partilha os modestos recursos deste territorio montanhoso com o clà de Ursula.
As duas descendencias passam depois os Pireneus para as planicies de Gasconha, e lentamente até à Grào Bretanha. Alguns dos filhos de Velda seguem para as terras geladas da Noruega. Com outros caçadores vindos do Arctico fundam o povo Lapào (Sami).

KATRINE (10 000 anos) das lagoas
Vive no norte da actual Veneza (Italia), tirando proveito dos recursos maritimos (carangueijo, peixe das lagoas). Seus filhos puxam a norte. O muito famoso Otzi (5000 anos) descoberto ha poucos anos tem um ADN que revela parentesco.

JASMINE (8000 anos) e o Trigo
Aparece na Siria, em campo semi-permanente do crescente fertil do neolitico. Aperfeiçoa os metodos de cultivo dos cereiais e sabe domesticar rebanhos. A pressào demografica os constrange a empurarem para Anatolia e Grecia. Ai os clàs se separam. Uns passam os balcàs para ganharem os vales ferteis do Elbo e do Danubio. Outros seguem as costas mediterrâneas.
Ao longo de seu caminho, passam por “caçadores” ja presentes, que com seu contacto deixam seus costumes nomadas para se sedentarizar, aproveitando sua tecnica agro-pecuària.

Note-se que este ultimo ponto é uma pequena revoluçào entre os especialistas da prehistoria europeia.

Diga-se tambem que além das 7 Evas europeia, sykes idenfica mais 26 Evas para o resto do planeta (ou seja um total de 33 cepas femininas).

… continua

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Genética III : opiniào de Marcel Otte

#17307 | Carlos Silva | 16 feb 2002 23:28 | In reply to: #17306

… Continuaçào

A opiniào de Marcel Otte, historiador, arqueologo, da Universidade de Liéges (Bélgica).Especialista do paleolitico superior europeu.

M. Otte dà um parecer critico de arqueologo sobre as « Evas genéticas ».

1) Ursula
Brian sykes coloca Ursula no norte da Grécia por volta de 45 000 a.c. Janusz Kozlowski, da Universidade de Cracovia (Polonia), descobriu sitios da mesma epoca na Bulgaria, nào longe portanto. Esta Ursula corresponde bastante bem à cultura aurignacense cuja origem parece asiatica. Nào se acha nem um so vestigio em Africa enquanto abundam na Asia Central a partir de 50 000. descobrem a arte como deixa supor a gruta Chauvet (32 000).

2) Xenia
Xenia està relacionada com o periodo gravettense, entre 29 000 e 22 000, uma cultura mais propriamente europeia (Venus de Willendorf, Austria). Caracterizada por uma ferramenta ligeira e composita. Os arqueologos identificaram um movimento migratorio para o norte por volta de 20 000 a.c. Mas quando sobreveio a ultima glaciaçào, ha 18 000 anos, essas populaçoes voltaram para o sul, onde podem ter dado origem a Tara.

3) Tara
que Brian Sykes faz antepassada dos Celtas. Poderia pertencer à cultura epigravettense mais tardia, bem documentada por volta de 15 000 a.c. Encontra-se em Italia, onde os epigravettenses pintaram grutas até aos Balcàs. Mas os arquelogos nào seguem este rasto até Irlanda ao contrario do genetista.

4) Helena
Criticas. Bryan Sykes situou-a nos Pireneus, e parece dirigi-la para a Camarga. Esta area é a do solutrense, cultura limitada sudoeste de Europa, entre 20 000 e 15 000, e cujas afinidades sào africanas. O Hiato é que o genetista vê este clà, como o de Tara dirigir-se tambem para noroeste até a Grào Bretanha. Esta ruta é a da tradiçào Magdalenense, ultimos grandes caçadores de renas (Lascaux). Mas as culturas solutrense e magdalense sào tào diferentes que nenhum arquelogo defenderia que uma possa ser descendente da outra.
Segundo Sykes Tara, epigravettense seria antepassada dos magdalenense. Mas os dados arqueologicos nào sustêm tal continuidade.

5) Velda
Cepticismo. Poderia pertencer à comunidade dos ultimos caçadores magdalenenses do sudoeste.

6) Katrine
parece pertencer ao povo do mesolitico, caçadores tardi-glaciarios cujo ambiente era parecido com o nosso. Eram ainda predadores mas tinham ja adquirido por aculturaçào, o saber dos primeiros agricultores. O Otzi, sua figura emblematica foi encontrado com arma de cobre.

7) Jasmine
O interesse da visào de Sykes é que a gente do neolitico participa pouco ao povoamento da Europa como eu defendo ha anos.

Conclusào de M. Otte :
Os resultados nào sào incompativeis com a prehistoria. Mas nào esqueçamos que os dados sobre a vida das Evas vêm apenas do trabalho dos arqueologos, e nào dos genes.
Devo notar que o genetistas nào estào de acordo entre si sobre datas e ritmos do relogio molecular. A genealogia genética nào é ciencia exacta, apesar do que pensa Luca Cavalli-Sforza. Nào esqueçamos tambem que se trata de comercio por parte do proprio Sykes.


… continua

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Genética IV : opiniào de Yves Coppens

#17308 | Carlos Silva | 16 feb 2002 23:30 | In reply to: #17306

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A opiniào de Yves Coppens, Paleontologista do colégio de França, descobriu a Lucy no Quenia em 1974.

Nota bene : A analise do ADNmt de Y. Coppens, feita a pedido da revista, nào o relaciona com nemhuma das 7 Evas europeias.
Seu ADNmt vem de ULRIKE (17 000 anos no Caucasio) uma das 26 outras Evas que povoaram o mundo (sào portanto 33 cepas femininas descendente da « Eva mitocondrial »). Rarissimo em Europa Ocidental, e mais frequente no continente asiatico.

Parecer de Yves Coppens :

Arquelogicamente falando, nào vejo em que corrente cultural se situa essa Ulrike, o que de certo modo é interessante. Nào é mau que outros cientistas venham com suas proprias tecnologias mexerem na Arquelogia.
O problema da Prehistoria, além da falta de fosseis (uma centena em Europa), é a filiaçào entre as culturas. Assim entre gravettense e solutrense. Os marcadores genéticos podem ajudar.
Nào acredito na Eva africana,e nào creio que os homens modernos surgiram assim feitos, de Africa ha 200 000 anos. Penso que vêm de varias màes em varios sitios. Até estou convencido de que procedem dos « homo erectus », que cedo sairam de seu berço africano, à conquista do globo.
Nào estou à procura de 7 femeas fundadoras de Europa, que me parecem mais simbolicas que reais. Segundo me parece as Evas representam antes sete impulsos de povoamentos privilegiados. Interessa é conhecer as culturas que acompanhavam os movimentos migratorios.

… continua

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Genética V : 10 homens

#17309 | Carlos Silva | 16 feb 2002 23:32 | In reply to: #17305

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10 homens legaram seus cromosomos Y aos homens (europeus) actuais

As analises ADN revelaram que a populaçào de Europa é descendente de apenas 10 linhagens masculinas.
Ornella Semino, da Universidade de Pavia (Italia) e Peter Underhill da Universidade de Stanford (E-U) estudaram os cromosomos Y de 1007 homens de hoje, de 25 nacionalidades.
Identificaram assim 10 familias de mutaçoes ou hablotipos em 98% destes Europeus.
Baseando-se no relogio molecular voltaram até a idade da pedra para concluir que 80% dos cromosomos Y dos homens actuais vêm de antepassados do paleolitico médio e superior. Somente 20 % dos Europeus trazem marcadores genéticos dos « recem-chegados » do neolitico.
Pensam ter assim identificado três ondas sucessivas de migraçào originando a populaçào europeia.
Relacionaram os dados genéticos com dados arquelogicos. As datas parecem concordar. Os primeiros, vindos da Asia central ha 40 000 anos, desenvolveram a cultura Aurignacense.
Os vindos do medio-oriente ha 22 000 anos trazeram a cultura Gravettense. Durante a ultima grande glaciaçào, ha 18 000 anos, estas populaçoes fizeram retirada para a peninsula Iberica e os Balcàs. Para retomarem caminho depois novamente.
Foi durante o neolitico ha 9000 anos que a ultima onda (agricultores) veio do medio-oriente.

Para saber mais : Science, vol. 290, 10/11/2000


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Genética VI : dados técnicos

#17310 | Carlos Silva | 16 feb 2002 23:34 | In reply to: #17305

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Seguem alguns dados tecnicos

Agradeço aos especialistas que tragam as correcçoes e precisoes necessarias.



Cromosomo Y e ADN mitocondrial

Os pormenores de nossa genealogia, desde o tempo em que éramos uma bactéria ha 3 bilhoes de anos estào inscritos em cada uma das nossas células. Seu nucleo traz um jogo de 46 moleculas de ADN : Os cromosomos.
23 herdados do pai, 23 da màe.
Entre estes 46 cromosomos, i.e. 23 pares, 22 sào autosomos, e o ultimo par é constituido dos cromosomos sexuais : dois X para uma mulher, um X e um Y para um homem.
Em volta do nucleo nadam mitocondrias, em quantidade variavel (em media 500), que sào centrais energeticas da célula. Cada mitocondria leva aproximadamente 3 exemplares de uma molécula de ADN. A quantidade de informaçoes contidas é reduzida : 16500 nucleotidas, em relaçào aos 3 bilhoes dos 46 cromosomos.

O mosaico dos autosomos :
As celulas sexuais sào as unicas que so levam metade do patrimonio genético dos pais, ou seja 23 cromosomos. Estes sào frutos de construçoes fortuitas do patrimonio genético completo do individuo. No momento da fecundaçào as células sexuais,unicas, juntam para criar novo patrimonio genético, tambem unico : a criança.
O resultado é um mosaico dos ADN herdados de pais e antepassados.
Nào podem servir para estabelecer uma genealogia.

A paternidade do Y:
Y é o unico cromosomo presente somente nos homens. Passa de pai para filho sem sofrer a mais pequena alteraçào. Somente mutaçoes ponctuais das celulas germinais o podem afectar.
Serve para estabelecer uma linhagem masculina.

O ADN mitocondrial :
O ADNmt tem varias vantagens. Sua abundancia o torna facil de isolar, mesmo em celulas em mau estado (por exemplo no caso do homem de Cheddar, 9000 anos).
Além disso muda dez vezes mais rapidamente que os cromosomos do nucleo, o que permete estudar a genética de uma populaçào em « curto » prazo.
Somente a màe transmete o ADNmt aos filhos.
Todos os ADNmt procederiam da mesma antepassada, mas….
Trabalhos recentes poderiam deixar pensar que o ADNmt do espermatozoide poderia recombinar-se com o do ovulo.
Sendo assim todo rasto de filiaçào nitida seria entào impossivel.


O relogio molecular
Parece que certas mutaçoes genéticas se produzem em ritmo regular. Mas é certo que o relogio nào é igual para todos os genes. No caso do ADNmt, o ritmo é muito veloz : entre 2% e 4% de mutaçoes por milhào de anos, ou seja uma mutaçào em cada 400 geraçoes.
As Evas definidas por Sykes sào portanto relativas. Tudo depende do momento em que se decide de parar o tempo e concentrar o estudo. Sendo assim o cientista de Oxford fez uso dos dados fosseis e arqueo-antropologicos para constituir a genealogia de sete mulheres en funçào de datas supostas do povoamento europeu.
Caso continuasse a adiantar no tempo as Evas seriam igualmente aparentadas no seu ADNmt, e todas descendentes de uma antepassada (150 000 anos, Africa)


Fonte : Sciences & Avenirs, n° 650 (abril 2001)

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RE: Genética VI : dados técnicos

#17323 | alcal | 17 feb 2002 13:28 | In reply to: #17310

Caro Carlos Silva
Vejo que este assunto da Genética e das suas implicações na Genealogia o interessa bastante.
Por esta razão volto a repetir uma dúvida que tenho e que, até agora, não encontrou resposta neste Forum.
A partir de amostras de ADN de um casal que viveu, vamos supor, no séc.XV( cerca de 20 gerações) será possível confirmar entre os seus descendentes vivos conhecidos ,ou desconhecidos:
- linha pura varonil?
- linha pura feminina ?
- ligação genética a esse casal?
Com os meus melhores cumprimentos
Alexandre Callado

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RE: Genética VI : dados técnicos

#17324 | Carlos Silva | 17 feb 2002 13:36 | In reply to: #17323

Caro Alexandre Callado,

suponho portanto que seria possivel se houvesse material genético suficiente, identificar os descendentes em linha varonil, os descendentes em linha feminina (conhecidos ou desconhecidos, vivos ou mortos com restos suficientes)
Quanto aos outros nào sei se é possivel encontrar prova (positiva ou negativa).

melhores cumprimentos

C.P. Silva

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RE: Genética I : resumo introdutivo

#17325 | Carlos Silva | 17 feb 2002 13:39 | In reply to: #17305

voltando ao assunto hoje de manhà, com o cérebro mais fresco vejo que de facto deveria ter pedido mais do que indulgencia, dada a pecaminosa ortografia que fui desenrolando.
Nào sei se torna a leitura agradàvel, mas para quem tiver sentido do humor torna isto sim mais engraçado.

C.P. Silva

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RE: Genética VI : dados técnicos

#17326 | alcal | 17 feb 2002 14:08 | In reply to: #17324

Caro Carlos Silva
Muito obrigado pela prontidão da sua resposta.
A sua simpatia leva-me a colocar outra questão:
- será possível confirmar, pelo recurso ao ADN, entre duas pessoas vivas que julguem ter um antepassado comum ( por linhas puras varonil ou feminina)o fundamento dessa suposição ?
- a ocorrência de mutações genéticas pode limitar o horizonte temporal dessa certeza?
Melhores cumprimentos
Alexandre Callado

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RE: Genética VI : dados técnicos

#17328 | jnt | 17 feb 2002 16:34 | In reply to: #17326

Caro Alexandre Callado

Ao que parece a resposta é sim.
Faça o favor de ver o tema sobre genética no site da ancestry.com.

Com os melhores cumprimentos
Joaquim Neto Teixeira

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RE: Genética I : resumo introdutivo

#17339 | josécyr | 17 feb 2002 21:48 | In reply to: #17325

Caro Carlos Silva, parabéns, já tinha lido algo sobre este tema e considero-o fascinante. Vejo as suas implicações a nível arqueológico e genealógico também. Fascinante. J Cabecinha.

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RE: in extenso

#37708 | Carlos Silva | 14 mar 2003 09:18 | In reply to: #17307

Entretien avec Marcel Otte, préhistorien et archéologue

" On ne voit pas tout dans les gènes "

Marcel Otte a jeté pour nous l'oeil critique de l'archéologue sur ces Eve génétiques. Accords et désaccords... Deux conceptions de la préhistoire s'affrontent.

Sciences et Avenir :
Ursula, la première des Cro-Magnon, vous paraît-elle crédible ?

Marcel Otte :
Bryan Sykes campe Ursula dans le nord de la Grèce vers -45 000 ans ; Janusz Kozlowski, de l'université de Cracovie (Pologne), a découvert des sites de cet âge en Bulgarie, non loin de là. Cette Ursula correspond donc assez bien à la culture aurignacienne dont l'origine paraît asiatique : on ne retrouve pas un seul de ses silex en Afrique alors qu'ils abondent en Asie centrale dès -50 000 ans. Les Aurignaciens sont ceux qui apportent l'art(SIGMA) En témoigne la grotte Chauvet, en Ardèche, vieille de 32 000 ans. Contrairement aux Néandertaliens qu'ils rencontrent sur place, ils ont une conception utilitaire de l'animal : ils le tuent puis utilisent ses ossements pour fabriquer les armes et chasser à nouveau. Leur emprise est symbolique et technique.

Et Xénia ?

Xénia évoque le gravettien, entre 29000 et 22000 ans avant notre époque, une culture plus proprement européenne qui a livré des statuettes féminines aux formes rebondies, comme la Vénus de Willendorf (Autriche). Elle est caractérisée également par un outillage léger et composite : du bois, des ossements parés de fines lamelles de pierre. Les archéologues ont repéré un mouvement migratoire des Gravettiens vers le nord aux alentours de -20 000 ans. Mais lorsque survient la dernière glaciation, il y a environ 18 000 ans, ces populations sont retournées vers le sud(SIGMA) où elles auraient pu donner naissance à Tara.

Celle dont Bryan Sykes fait l'ancêtre des Celtes ?

Tara pourrait appartenir à la tradition épigravettienne plus tardive, dotée d'un outillage plus léger encore et bien documentée autour de -15 000 ans. On la repère en Italie où les Epigravettiens ont peint des aurochs dans les grottes et jusque dans les Balkans. Mais les archéologues ne suivent pas cette trace jusqu'en Irlande contrairement au généticien d'Oxford.

Vous êtes plus critique avec Héléna(SIGMA)

Bryan Sykes la situe dans les Pyrénées puis la voit se déployer jusqu'en Camargue. Cet axe correspond à celui du solutréen, une culture limitée au sud-ouest de l'Europe, datée de 20 000 à 15 000 ans avant notre ère, et dont les affinités sont africaines. Le hic, c'est que le généticien voit le clan d'Héléna - comme celui de Tara précédemment - se déployer aussi en direction du nord-ouest jusqu'en Grande-Bretagne. Cette route est celle de la tradition des Magdaléniens, les derniers grands chasseurs de rennes rendus célèbres par la grotte de Lascaux. Mais, les cultures solutréenne et magdalénienne sont si différentes qu'aucun archéologue ne soutiendrait que l'une peut descendre de l'autre. Il y a ici comme un télescopage. Dans le scénario de Bryan Sykes, Tara l'Epigravettienne pourrait aussi être l'ancêtre des Magdaléniens. Mais rien dans les données de l'archéologie ne soutient une telle continuité.

Velda vous laisse aussi sceptique(SIGMA)

Elle pourrait appartenir à la communauté des derniers chasseurs magdaléniens du sud-ouest.

Katrine et Jasmine sont-elles plus solides ?

Katrine, semble appartenir au peuple du mésolithique, ces chasseurs du tardi-glaciaire, dont l'environnement radouci après la dernière grande glaciation était analogue au nôtre. Ces gens étaient encore des prédateurs mais l'on sait aujourd'hui qu'ils avaient déjà acquis, par acculturation, le savoir-faire des premiers agriculteurs et éleveurs. Ötzi, leur figure emblématique, a d'ailleurs été retrouvé avec une arme de cuivre sophistiquée. Quant à Jasmine, elle est classique des premiers éleveurs et agriculteurs. L'intérêt du scénario de Sykes est que les gens du néolithique y participent à peine au peuplement de l'Europe ainsi que je le soutiens depuis plusieurs années*.

En somme, l'entreprise vous paraît-elle sérieuse ?

Les résultats ne sont pas incompatibles avec la préhistoire. Dommage que Bryan Sykes n'explique jamais à ses clients que la description du mode de vie des Eve européennes est inspirée du travail des préhistoriens, et qu'il n'a pas pu la lire dans leurs gènes. J'ai participé plusieurs fois, à des colloques sur l'archéologie et la génétique auxquels il assistait. Les débats étaient vifs, tant les biologistes moléculaires affichent une sorte de mépris pour les sciences humaines(SIGMA) non sans piller leurs données d'ailleurs. Mais ce qui m'a frappé, c'est que les débats étaient plus houleux encore entre les généticiens eux-mêmes. Aucun ne parvenait à s'accorder sur les dates ou sur le rythme de l'horloge moléculaire ! La généalogie génétique n'est pas une science exacte, n'en déplaise à l'autorité en la matière, Luca Cavalli-Sforza, avec qui j'entretiens une correspondance critique sur le sujet. Dès lors, je trouve osé de la part de Bryan Sykes de vendre - car il s'agit de commerce - ces sept Eve européennes comme si c'était 100 % fiable.
R. F.
* Comptes rendus de l'Académie des sciences, t318, série II. 1994.


Sciences & Avenir N°650

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