A História nunca contada – Collumbus e Pallastrellus

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A História nunca contada – Collumbus e Pallastrellus

#429019 | tmacedo | 20 nov 2020 21:01

A História nunca contada – Collumbus e Pallastrellus


Caro confrades,

Há poucas dias atrás, em tópico sobre as origens de Colombo, discorreu-se sobre a família Perestrelo ligada à mulher de Cristoforo.
O seu autor tinha por objectivo explicar o uso do apelido pelo descobridor já que, desde há alguns meses, sabemos que D. João II se lhe referia como Cristóvão Colombo. E o autor não acreditava que ele fosse filho do “cardador de lãs”, Domenico Colombo. Não teve a melhor das sortes nessa intenção. Ver https://geneall.net/pt/forum/188913/a-origem-do-nome-colombo/#a428964
Vou agora abordar a questão por diferente ângulo.

Permanecem ainda muitas dúvidas sobre a sua origem familiar - origem que ele tentou esconder durante toda a vida.
Conseguiu-o ? Levou o seu segredo para o túmulo ? Ou conseguiremos descobri-lo ?

As principais questões que se colocam são:
--- Era ele nobre ou plebeu ?
--- Como pôde casar com Filipa Moniz que, mesmo não sendo de destacada nobreza (de facto, ainda nem sabemos quem foi seu pai), não casaria com qualquer aventureiro ?
--- Como conseguiu ter algum acolhimento em destacados círculos portugueses e castelhanos ?
--- E seu irmão, Bartolomeu Colombo, como se conseguiu relacionar com círculos de outras cortes europeias, nomeadamente em França e Inglaterra ?

É a resposta a estas questões fulcrais que se dá no texto que se segue.

Que me perdoe o Manuel Rosa mas, não tendo a sua capacidade inventiva, não me resta outra alternativa senão servir-me de alguma da que tem em demasia para compor o título da minha tese. Espere que não me venha a meter um processo por plágio.

É esta a verdadeira história das origens de Cristóvão Colombo, escondida por razões óbvias como veremos, mas que alguns conheciam e disso nos deixaram o seu válido testemunho. Ainda que veladamente, como não podia deixar de ser, permite-nos poder desvendar o secretismo da sua origem.

Assim, começando pelo princípio, era uma vez ...
… Uma família Palastrelus, com raízes na Placência do século XI, veio para Portugal na 2.ª metade do século XIV. Do ramo que descende de Gerardo Palastrelus, seu filho Gabriel ou o seu neto Filipe, foi quem primeiro aqui chegou. De Filipe foi filho Bartolomeu, feito capitão donatário de Porto Santo.

Entretanto, na peninsula itálica, do ramo que permaneceu em Placência, descendente de Borgognone, um Giovani Palastrelus detinha em meados do século XV os feudos de Sariano e Celeri. Foi este, Giovani, pai de um outro Bartolomeu Palastrelus casado com uma Martta Bracforte.

Estes feudos pertencentes aos Palastrelus, entre Placencia e Génova, ficavam na frequentada via comercial conhecida como “Caminus Januae”, intensamente usada naqueles tempos no vale de Trevia. Desse mesmo vale de Trévia era natural Susana de Fontanarosa, do lugar desse nome, em Goreto.

Susana, como camponesa que era, veio a encontrar trabalho na casa Palastrelus. Daí a tempos, não rezam as crónicas quanto, como era frequente ao tempo, vieram a nascer uns pimpolhos, bastardos, a quem foi preciso dar destino e criação ...

A figura de baixo perfil que a história nos deixa de Domenico é perfeitamente compatível com o papel ingrato, mas provávelmente lucrativo, de putativo pai que os Palastrelus lhe destinaram.
Com efeito, o pobre Domenico, sempre sujeito a múltiplas voltas de fortuna, era a aposta certa para resolver a embaraçosa questão do nobre placentino, casando com Susana.
De facto a historiografia aponta uma data para o nascimento de Cristovão sensivelmente anterior à apontada para aquele casamento.

Assim, a família Colombo não correspondia propriamente aos canones de uma família tradicional.
Dos 5 filhos do casal: Cristovão, Bartolomeu, Diogo, Giovani e Bianchinela, provavelmente os 3 primeiros seriam bastardos da família Palastrelus, criados pelo pai de acolhimento, Domenico, e por sua mãe biológica, Susana.
Salientamos que o nome próprio Bartolomeu era corrente na família Palastrelus, tanto no ramo que veio para Portugal como no ramo que permaneceu entre Placência e Génova, donde vêm aquelas crianças, filhas de Susana Fontanarossa.
Giovani morreu em 1484 precedendo a mãe de pouco tempo. Entretanto o pobre Domenico, para com quem os filhos adoptados não parecem ter tido um especial laço afectivo, era assediado pelos credores. Decide regressar de Savona a Génova onde morre, por volta do ano de 1499, só, pobre e endividado. Como era o seu destino.

Os filhos, nomeadamente Cristóvão e Bartolomeu, apoiando-se nos seus parentes, os Palastrelus portugueses, traçam um futuro novo para a familia.
Cristóvão Colombo seria assim, afinal, Cristoforo Palastrelus, nome que nunca pôde ser revelado … dando origem a uma família que se tornou Grande em Espanha.

Sobre a ligação de Cristóvão Colombo e a família Palastrelus ficaram-nos numerosos testemunhos.
O primeiro, e o mais importante, é o deixado por seu filho Fernando. Que nos diz que na cidade de Placência existem algumas honoráveis pessoas da sua família que foram sepultadas com as suas armas e “nome”.

Mais claro é Gonçalo de Oviedo, na História Geral das Índias, que diz que Colombo era natural da provincia da Ligúria … e a origem dos seus maiores era a cidade de Placencia na Lombardia, a qual está na vale do rio Pó, da antiga e nobre linhagem de PELESTREL.

O poeta Lor. Gambara dedica um poema a Colombo, escrito em 1581 onde diz que a origem de Colombo era da família PALESTRELI, de Placencia, de origem nobre, nascido em Cugureo, na república de Génova. Este poeta refere que obteve essa informação de Pedro Martire d’Anghiera “amigo pessoal do descobridor”.

Também numa Geografia publicada em 1661 em Bolonha se diz que Cristovão Colombo provém da estirpe “PERESTRELUS”, placentina, oriunda da Ligúria.

Outros testemunhos poderemos trazer para aqui. Julgo que estes serão suficientes.

Fica assim o mistério resolvido ? Julgo que sim.

Com os melhores cumprimentos,

António Taveira

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