O licenciado misterioso - Simão Carvalho de Oliveira (Pombeiro da Beira)
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O licenciado misterioso - Simão Carvalho de Oliveira (Pombeiro da Beira)
Caros Confrades,
Hoje trago aqui um tópico diferente.
Tenho na minha ascendência direta, por dois ramos, um tal Simão Carvalho de Oliveira, designado em vários assentos como "Licenciado".
Que eu conheça, ele tem apenas um casamento legítimo (aqui: https://pesquisa.auc.uc.pt/viewer?id=32331&FileID=323780) que acontece em Pombeiro da Beira, Arganil, com Maria Luís. Casaram em Janeiro de 1664 e tiveram pelo menos 3 filhos: Manuel (18-12-1664) José (13-09-1666) e Petronilha (02-07-1669).
Porém, eu não descendo deste casamento, mas sim de dois filhos que ele teve com Antónia Francisca, que talvez pudesse ser sua criada, ou até mesmo uma mulher da vida, uma vez que não casou e teve alguns filhos de homens casados. Teve: (João 08-03-1673 fº de Manuel Rodrigues, "Homem Casado").
Tenho tentado sem sucesso investigar este misterioso licenciado, mas não tem sido fácil uma vez que não conheço os nomes dos seus pais nem a sua naturalidade.
Vinha aqui pedir-vos, em primeiro lugar, se me ajudavam a transcrever o assento de casamento dele com Maria Luis (aqui: https://pesquisa.auc.uc.pt/viewer?id=32331&FileID=323780) pois uma vez que se encontra com alguns borrões, não consigo perceber se referem o nome dos pais ou a sua naturalidade.
E em segundo lugar gostava de vos perguntar se têm alguma dúvida ou sugestão de onde posso encontrar pistas sobre a sua "licenciatura" uma vez que na pesquisa online no AUC os brevetes de matriculas indexados não mostram nenhum cursante com esse nome.
Gostava muito de prosseguir com este ramo, mas tendo em conta que nenhum dos assentos dos filhos refere a filiação do individuo, tem sido complicado.
Agradecido desde já por toda a vossa ajuda.
Com os melhores cumprimentos,
TGalvao
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li·cen·ci·a·do
(particípio de licenciar)
adjectivo e nome masculino
1. Que ou aquele que tem licenciatura.
2. Que ou quem obteve licença ou autorização oficial ou formal.
Acredito que o termo aqui em destaque não se relacione com uma licenciatura universitária, mas sim com o nº 2 anterior. Alguém autorizado a exercer alguma atividade.
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Caro Jorge Resende
Nunca encontrei em qualquer paroquial qualquer referencia a licenciado, que não seja académico.
Pelo que acredito verdadeiramene que se refira ao ponto 1.
Coloco várias hipóteses:
1- Falta do registo ( pelo menos no Archeevo) - Para mim o mais provável (conheço pelo menos 1 caso de um licenciado cujo verbete está no AUC mas não está no Archeevo.
2- Ser o Simão de Carvalho, que surge na UC, natural do Alvorge - acho difícil
3- Estar registado com outro nome (ex. Simão Francisco, ou Rodrigues etc) - muito comum (pelo menos 2 antepassados meus surgem com esta situação, adotando como estudantes um ou mais apelidos e depois mais tarde adotando outros apelidos)
4- ter se formado, por exemplo em Salamanca - pouco comum mas possível (encontrei um caso de um antepassado nesta situação).
Volto a referir, não excluo a sua hipótese, mas confesso que nunca vi.
Cumprimentos
João R. Caldeira
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Caro TGalvão,
No assento de casamento do licenciado Simão Carvalho de Oliveira com Maria Luís não constam os nomes dos pais do noivo. Só vem a informação que ele mora na vila. A noiva é filha de Miguel João e de sua mulher Maria Luís, moradores na dita vila. Testemunhas: Manuel Nunes, Simao Dinis.
Pode ser que Oliveira seja um lugar (Oliveira do Hospital?) e que ou ele ou um antepassado tenha vindo desse sítio para Pombeiro.
Cumprimentos,
Manuela
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Descobri hoje numa obra do Visconde de Sanches Frias: "Pombeiro da Beira, Memória Histórica e Descriptiva" o seguinte excerto:
"Encerramento do treslado e conferição — O qual testamento eu escrivão Simão de Carvalho publico judicial e notas em esta dita villa da Sanguinheda por el-rei Nosso Senhor mandei tresladar do proprio que anda na arca do concelho, que me deu e mostrou Domingos João, morador em a Carapinha deste concelho e juiz ordinário que foi o anno passado nesta villa da Sanguinheda ; o qual concertei por mim com o próprio e nota e comigo tabalião e escrivão da camara desta dita villa da Sanguinheda ; e assignei aqui de meu publico signalde oficio, que tal he.
hoje vinte dias do mes de abril de mil seis centos vinte e dous annos. Consertado comigo escrivão da Camara. Ascenso Rodrigues. Diogo de Sequeira, tabalião publico do judicial e notas nesta villa de Pombeiro e seu termo pelo senhor, delia Dom Antonio de Castello Branco, certifico que a letra e signal publico da sobrescrição acima he de Simão de Carvalho, publico tabalião, que serve na villa da Sanguinheda ; por verdade fis esta, assinei aqui de meu publico sinal, que tal he .
. em vinte e oito dias do mes de abril de mil seis centos e vinte e dous annos."
Onde acham que posso saber mais sobre este Simão Carvalho?
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Caro Tiago Galvão,
Se o Simão Carvalho era tabelião, a carta de concessão de ofício encontra-se na Chancelaria Régia (a menos que a terra fosse senhorio de, por exemplo, o Bispo de Coimbra, que nesse caso seria quem atribuía o ofício). Pode procurar na chancelaria por terra no índice de comuns correspondente ao reinado pretendido
https://digitarq.arquivos.pt/details?id=4202506#showMore
Uma vez que era licenciado e tabelião, por vezes encontra-se ainda a Habilitação na Leitura de Bachareis que pode procurar aqui:
https://digitarq.arquivos.pt/details?id=4167511
Boas pesquisas e se tiver mais questões, não hesite em perguntar,
Cumprimentos
Tiago Mendes
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Caro Tiago Mendes,
Muito orbigado pelo seu valioso contributo!
A Sanguinheda era um Senhorio pertencente aos Senhores de Pombeiro da Beira.
Já consultei os livros das chancelarias e não encontrei o dito Simão Carvalho.
Alguma dica de onde conseguiria encontrar tais registos?
Com os melhores cumprimentos,
Tgalvao
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"Em finais do séc. XV, Artur da Cunha, senhor de Pombeiro, desmembrou os lugares de Sanguinheda e Carapinha para constituir o senhorio da Sanguinheda, que deu territorial, mas não política nem judicialmente ao seu terceiro filho, Simão da Cunha.
A Sanguinheda era então a sede das funções comunais e a partir de 2 de Novembro de 1513, data em que o rei D. Manuel I lhe deu carta de foral, passou a ser sede de concelho. Aí estava o pelourinho e a casa da câmara, onde tinha assento o juiz, o vereador, o escrivão da câmara e outro do judicial e órfãos. As restantes povoações da freguesia continuaram a fazer parte do concelho de Pombeiro, entretanto instituído."
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Caro Tiago Galvão,
Creio que o Simão de Carvalho, escrivão do público na Sanguinheda em 1622 não é o licenciado Simão de Carvalho que casa em 1664. É provável que sejam familiares, talvez pai e filho.
O primeiro é muito mais velho do que o segundo e não foi licenciado. É certamente o Simão de Carvalho que foi nomeado por D. Filipe I escrivão da câmara e almotaçaria da vila de Sanguinheda em 09.01.1583 por espaço de três anos.
O 2.º ter-se-á licenciado provávelmente em Salamanca, para onde iam muitos estudantes do interior do país, sobretudo no tempo da monarquia dual.
Certamente que a consulta dos paroquiais de S. Martinho da Cortiça (onde certamente vivia o mais velho) lhe darão informação relevante.
Com os melhores cumprimentos,
António Taveira
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Correcção: foi encartado a 19 e não 9 de janeiro
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O Simão Carvalho, encartado por D. Filipe I, será o que tem uma filha, Luísa Carvalho, que casa em Sanguinheda em 1595. Simão Carvalho é casado com Vitória Rosado.
Cumprimentos,
Manuela
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Boa noite Manuela,
Estou em grave falta consigo.
Os seus emails são sempre muito complexos exigindo respostas que não são fáceis nem simples. Leio-os sempre com muito prazer e atenção louvando o seu persistente trabalho na busca de ir mais além no conhecimento das raízes familiares. Mas adio as respostas para um período onde possa abordar as questões que me coloca com a atenção e o cuidado que me merecem. Desculpe-me.
Agradeço-lhe a nota neste tópico que me "interessa" só porque ando à volta de Pombeiro e Sanguinheda. A minha sogra ainda assinava o apelido Brandão (não o que lhe vinha pelo "nosso" João Tristão) cujo mais antigo ascendente conhecido era um Fulano Brandão, nascido cerca de 1500 e falecido por 1565 em S. Martinho da Cortiça, paróquia a que pertence a vila de Sanguinheda.
Quanto aos Brandões do João Tristão, como sabe, são ditos serem dos Brandões de Midões. Com ascendentes que se perdem na bruma dos tempos e nas cortinas de fumo criado pelos genealogistas de setecentos.
O mais antigo, tanto quanto sei, que se DOCUMENTA como tendo usado o apelido Brandão é o inquisidor e vigário geral, João Álvares Brandão, nascido cerca de 1555, irmão de uma antepassada do João Tristão.
Do processo do TSO daquele inquisidor retira-se a seguinte informação sobre os seus antepassados:
1- Álvaro Afonso. É dito ser natural de Oliveira do Hospital. Casou com Catarina Vaz. As testemunhas ouviram dizer que Álvaro Afonso era da geração dos Brandões de Midões. Nascido cerca de 1460. FILHO:
2- João Álvares. Casou com Isabel Eanes, de Oliveira do Hospital, irmã do bacharel Belchior Fernandes, filha de João Fernandes, o seco. Nasceu cerca de 1500. É dito ser homem honrado e mercador. Moradores em Travanca. FILHO:
3- João Álvares. Nasceu em 1543. Casou com Maria Roiz, filha de Aparicio Roiz e s.m. Inês Afonso, de Sameice. Np de Simão Roiz, o velho, homem nobre, escudeiro de D. Diogo de Sousa, comendador de Santiago. Nm de Afonso Gonçalves, o marinheiro. N. ± 1520. João Álvares é dito ser de nobre geração. Faleceu em 1584. FILHO:
4- João Álvares Brandão. Inquisidor do TSO. Nasceu em 1555.
Em breve terá notícias minhas,
António
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Correcção - por gralha óbvia coloquei que João Álvares pai do inquisidor nasceu em 1543 quando devia ter dito que casou naquele ano.
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Caro amigo,
Agradeço a sua mensagem e a informação sobre os Brandões de Midões. Na verdade, as pesquisas no século XVI, e na Serra da Estrela, são muito difíceis e dão muito trabalho, mas são sempre interessantes. Sem a ajuda do António, não saberíamos o que sabemos agora sobre o 'nosso' ramo...
Por coincidência, também ando à volta de Pombeiro da Beira e Sanguinheda.
Depois escrevo.
Cumprimentos da amiga,
Manuela
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Caro António Taveira,
Gostei muito de ler as suas informações sobre estes Brandões. Tinha ultimamente estado bastante interessado nos Brandões de Midões, principalmente depois de "apanhar" alguns documentos com os antepassados dos mesmos que traziam um prazo foreiro a Lorvão e verificar a ausência de apelidos nos mesmos documentos. Os mesmos eram escudeiros e estariam, supostamente de acordo com os nobiliários, ligados aos Amarais, cujo primeiro que documento com este apelido em Midões é o João de Amaral, criado do Rei, que tinha aqui alguns bens vinculados em 1492. Este pode ser o mesmo que também tem bens em Parada e São João de Areias em inícios do XVI e que confrontavam com um conjunto de prazos de Lorvão nessa data.
Reparei também que refere o bacharel Belchior Fernandes. Não sei se sabe, mas na igreja de Oliveira do Hospital encontra-se uma lápide com uma capela que este institui nessa mesma igreja.
De resto fiquei muito interessado na HSO que refere, que terei de ler com atenção. Descendo de várias famílias de Travanca de Lagos e ainda hoje aqui subsiste a casa dos Abranches Brandão, com uma data gravada (1677) e cuja instituição do vínculo esteve muitos anos guardada em minha casa, antes de a depositar no Arquivo de Viseu.
Muito obrigado e costumo ler as suas mensagens sempre com muito interesse,
Cumprimentos
Tiago Sousa Mendes
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Caro Tiago Mendes,
Agradeço-lhe as palavras simpáticas e a informação, que desconhecia, relativamente ao lic.º Belchior Fernandes.
Quanto aos Brandões de Midões procurei manifestar as minhas reservas relativamente ao que é "normalmente" dito. Eles assumem, tanto quanto vi, o apelido tardiamente, pelo final do século XVI. Mas, para além disso, a linha que é referida pelos genealogistas - Álvaro Afonso Brandão filho de Gonçalo Gil Brandão e neto de Álvaro Gonçalves Brandão - irrita-me a "pituitária".
Para além de ausência de suporte documental de que tal linha enferma, há uma improbabilidade de ocorrência de tal sucessão de nomes numa linhagem do século XV : um Álvaro Afonso filho de um Gonçalo Gil e um Gonçalo Gil filho de um Álvaro Gonçalves. Não é de todo impossível mas só se pode "acreditar" nela se for comprovada.
Julgo que sei o que possa ter acontecido mas não o divulgo por falta de provas. Não vou acrescentar mais informação não documentada à confusão que já existe na ascendência daqueles Álvares Brandão. Não quero correr o risco de acrescentar mais lixo genealógico a tanto do que já existe na net - vamos andando e vamos vendo.
Cumprimentos,
António Taveira
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Caro António Taveira,
Efectivamente partilho consigo a preocupação de fazer genealogia com base em fontes documentais coevas e não confio em retroactivamente atribuir apelidos a pessoas que nunca os usaram na documentação. Principalmente para esta região da Beira Alta, a qual conheço bem do ponto de vista documental, é mesmo necessário ser cuidadoso. Conheço vários exemplos de discrepâncias enre nobiliários e a realidade documental, alguns dos quais tenho tentado divulgar nas publicações que faço, como o escudeiro Vasco Pais, que nos Nobiliários aparece como Vasco Pais CArdoso, Alcaide-mor e e com diversos senhorios, mas que na realidade apenas tinha um prazo do cabido viseense; ou mesmo em Midões o Gonçalo Nunes, escudeiro e criado de Martim Afonso de Miranda em 1452, casado com a filha de um mercador, mas que nos Nobiliários aparece com o anacrónico nome Gonçalo Nunes Coelho de Miranda. Este antepassado dos Mirandas Brandões, de Midões.
Nesta família efectivamente quem aparece primeiro a usar o apelido Brandão parece ser António Brandão, referido como fidalgo da Casa Real e morador em Midões em 1565, quando fez reconhecimento dos prazos que trazia do Mosteiro de Lorvão e nos quais era 3ª vida, sendo que seu pai o escudeiro João Nunes tinha sido 1ª. Tenho de confirmar as datas, mas João Nunes seria filho de do escudeiro Gonçalo Nunes, cuja mulher documentada é uma Margarida Nunes, cuja família não tem nenhuma ligações com Brandões nem com Machados. Gonçalo Nunes poderia ter casado uma segunda vez, mas não conheço documentos para além dos que mencionam esta mulher. A mulher de João Nunes também não aparece em nenhum documento que conheça, mas tenho esperança de a vir a documentar. A origem do apelido Brandão nesta família pode efectivamente ser muito diferente do que inicialmente se imaginava.
Fiquei muito curioso sobre a sua hipótese, mas se prefere não partilhar, respeito essa opção. De qualquer forma é uma família muito interessante, como várias na Beira Alta. O século XVI nesta região ainda está bastante por desbravar, principalmente nesta famílias que parecem fazer fortuna com os prazos dos grandes senhorios religiosos e laicos. Mas isso é outra questão que me tem interessado, mas se calhar não para este tópico.
Muito obrigado,
Tiago
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Caro Tiago Mendes,
Alegra-me encontrar alguém com quem possa compartilhar posições sobre temas genealógicos.
Em relação aos Brandões de Midões a desinformação poderá ter origem em Alão de Morais ou em quem publicou o seu nobiliário. Terei de consultar o original da Pedatura e a Sedatura.
No entanto, na obra publicada de Alão, ao falar na mulher do Gonçalo Nunes a que já se referiu, diz-se que consta de uma sentença que era filha de Gonçalo Gil Brandão.
A partir daí, todos papaguearam Alão. Existiu um Gonçalo Gil, Brandão, com ou sem apelido, em Midões ? Tenho dúvidas. Ainda ninguém o documentou.
Mas Alão tem alguns créditos firmados e fala de uma sentença judicial. Será o Gonçalo Gil, por erro de leitura da abreviatura (Gil por Glz), o Gonçalo Gonçalves - esse que bem poderia ser filho de um Álvaro Gonçalves - escudeiro régio, morador em Midões onde foi coudel em 1453 e que em 1462 renunciou em Pedro Afonso no cargo de escrivão das sisas de Coja ?
Não sei ?
Desafiado por si arrisquei-me a fazer esta sugestão. Vou ter de consultar os originais de Alão.
Cumprimentos,
António Taveira
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Caro António Taveira,
O sentimento é mútuo. É raro quem goste de fazer genealogia do XV e XVI baseada na documentação coeva.
Há mais de 20 anos que passo parte do Verão a pesquisar os fundos do Arquivo de Viseu, com as minhas necessárias dificuldades paleográficas para o XV e XVI, muitos dos quais julgo que sou o único que os consultou em muitos anos, pelo que me dizem as funcionárias. Isso permitiu-me desde cedo constatar as discrepâncias de nomes, cargos, estatuto, entroncamentos etc. existentes entre os nobiliários e a documentação coeva, especialmente no XV e XVI. Muitas das famílias de Viseu têm erros, mesmo em obras recentes, como os Cardosos, dos Coutos, ou os Campos Coelhos, entre outras. No que tenho publicado tenho tentado chamar a atenção para essas discrepâncias.
Interesso-me especialmente pelas famílias de Viseu e a sul desta cidade e nos dos concelhos do distrito de Coimbra que estão colados ao distrito de Viseu. Assim tenho-me interessado por famílias dispersas pelos concelhos de Tábua, Carregal do Sal, Santa Comba Dão, Arganil. Oliveira do Hospital e Tondela. Procuro ainda documentação em Arquivos Municipais e arquivos privados, como por exemplo o Arquivo dos Viscondes de Midões que esteve muitos anos em minha casa e onde detectei inúmeras discrepâncias na varonia desta família e nos Abreus, para além de outras ligações com outras família que não desconfiava.
O meu interesse nos Brandões veio por arrasto pelo meu interesse nos Amarais, de Touriz, ao verificar que a sua ligação ao Domingos Joanes, com base nas Inquirições medievais, não fazia sentido. O Pedro Martins, Cavaleiro de Touriz em 1258 teria certamente outro pai do que davam os Nobiliários e documentei-lhe um irmão e tenho uma hipótese para o pai, mas não existe possibilidade de ser neto do Domingos Joanes. Em busca de informação sobre estes cavaleiros apanhei o Gonçalo Nunes, escudeiro casado com Beatriz Nunes (enganei-me no nome ao citar de memória) que recebe o prazo certamente por casamento em 1452, do seu sogro Nuno Fernandes, mercador. Este último aparece nos nobiliários como sendo senhor de inúmeras honras em Besteiros e com o apelido "Gouveia", mas já em 1448 é apenas um rico mercador Nuno Fernandes, certamente o antepassado dos Senhores dos Barretos Senhores de Freiriz. Documento depois os Amarais já na posse da capela de Oliveira do Hospital em 1492, mas daí até ao Domingos Joanes é uma incógnita, assim como a ligação até Martim Pires, cavaleiro de TOuriz que aqui tinha muitos bens em inícios do XIV e que aparentemente estes Amarais teram herdado. Pelo menos já em 1492 aparecem como tendo bens em Touriz e muitos foros em terras de Seia, à qual pertencia Touriz.
Espero ir documentando estas famílias, assim como outras destas datas e região para trazer uma visão mais realista das mesmas. Algumas têm origens muito interessantes e que se conseguem documentar muito bem, como os Eirós de São João de Areias, Canas de Senhorim, Midões e Seia que descendem de Joane Anes, criado e adegueiro do Bispo de Viseu Dom João Vicente por volta de 1556 (salvo erro na data). Estes últimos irei publicar num próximo número da Raízes e Memórias.
O António tem interesse genealógico nesta região? Tenho acompanhado as suas muito interessantes mensagens sobre o Fernão de Magalhães, Colombo e sobre um antepassado meu o famoso Gil Tomé Pais, que tem uma lista de cargos anacrónicos de fazer roer de inveja muitas destas personagens que refiro.
Muito obrigado,
Tiago
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Caro Tiago Mendes,
A região de Viseu está fora do meu âmbito de investigação.
Estou mais focado na zona do baixo mondego, Cantanhede e algumas famílias da região do Vouga.
Mais perto de Viseu só os antepassados da casa Grande de Lourosa, dita do João Tristão, na zona da Serra da Estrela.
Mais perto de Coimbra, entre outros, interessam-me particularmente os Morais de Ataíde, de Penacova de que julgo ter informação relevante.
Cumprimentos,
António Taveira
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Caro António Taveira,
Se calhar estamos perante uma grande coincidência de interesses, pois também me interesso pelos Morais, de Penacova, de quem possivelmente tenho dados interssantes, mas que talvez já conheça.
Começando pelo Vouga, tenho interesse na região, especialmente em Valongo do Vouga. Aqui descendo da família Figueiredo Pacheco Teles, que foram senhores da Quinta de Aguieira nessa freguesia, sendo que um dos seus membros foi mesmo Visconde de Aguieira. Tenho ainda interesse nuns Araújo Pacheco, que foram capitães-mores de Sever do Vouga. Descendo ainda de outras famílias de Valongo do Vouga, como os Vidais e Magalhães Henriques, cuja origem tenho na mente estudar, mas ainda não me debrucei sobre os mesmos.
Na região de Cantanhede e Coimbra, infelizmente não tenho investigado por falta de antepassados na zona. Mas a minha mulher é de Leiria e muitas vezes vou passear para Montemor-o-velho, Tentúgal e Cantanhede, pelo que acabei por ter algum interessem, mas apenas por curiosidade sobre o que tem sido publicado.
Sobre os Morais de Penacova, estes tenho me dedicado agora para ver uma possível relação com os Morais de Treixedo, antepassados por varonia do Visconde de Aguieira. Os Morais de Treixedo devem descender de um Pedro Álvares de Treixedo, escudeiro e criado de um Cunha que no século XV recebe este prazo de Lorvão, após casar com a filha de um Pedro Anes, de Botão, possivelmente o procurador das abadessas de Lorvão na década de 30 do século XV. Pedro Álvares está muito bem documentado e tem muitas relações com Lorvão, sendo possuidor de um prazo muito extenso com direito de padroado inclusivé, o qual vem a perder posteriormente. Pedro Álvares casa em segundas núpcias com Beatriz de Morais e tem diversos filhos, um deles é Álvaro de Morais. Agora vem a questão interessante. Aparece-me um Álvaro de Morais como procurador de Lorvão em inícios do XVI, quando o meu vive, mas aparece ainda um outro em Penacova, com geração que documentei em parte e que está ligada com Arnaus e outras famílias. Não sei se existe apenas um Álvaro de Morais que foi de Treixedo para Penacova, ou se são dois homónimos. Mas pouco depois do procurador morrer, André de Távora, filho do de TReixedo recebe um bom prazo de Lorvão em São João de Areias. A ligação destes Morais a TReixedo era forte, aliás a última referÊncia ao Pedro Álvares de Treixedo é mesmo como testemunha num prazo feito em Botão em finais do XV.
Ao ver a documentação de Penacova interessei-me ainda pelo Vasco Ramiro, juíz ordinário, ou Dom Vasco Ramiro ALtamirano, de acordo com os Nobiliários :) para além dos Machados, meus antepassados por outra via, nomeadamente por Gaspar Machado escrivão da câmara.
Tenho um artigo rascunhado que em parte aborda estes Morais, se quiser posso partilhar por email.
Muito obrigado,
Tiago
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Caro Tiago,
Neste momento não tenho possibilidade de comentar devidamente o seu email. Estou fora de casa e do país. Lá mais para o final de semana poderei fazê-lo com outro cuidado.
Mas não quis de rápidamente dar-lhe algum feed back tal o entusiasmo que a sua mensagem me provocou.
Desconhecia a existência de Morais em Treixedo - como já lhe dissera é região onde muito pouco investiguei. Mas, estando os de Treixedo ligados a Lorvão, é mais do que provável que sejam familiares próximos dos Morais de Penacova.
O Àlvaro de Morais, procurador do mosteiro, não pode ser o Álvaro de Morais, documentado em Penacova. Este faleceu em 1503. Aquele outro é procurador em 1518 e ainda o é em 1521.
Pai e filho ? Tio e sobrinho ? Será o procurador de Lorvão o que refere como filho de Pedro Álvares e de s.m. Beatriz de Morais ? E, seria esta irmã do outro Álvaro de Morais ?
Ando à volta desta gente há muito tempo não percebendo como alguma da sua descendência assina Ataíde a partir de meados do século XVII. Todos estes descendem de Francisco de Morais Cardoso (certamente terceiro neto de Álvaro de Morais) e de s.m. Ana de Paiva.
Os únicos que assinam aquele apelido - Ataíde - e ainda não consegui comprovar que deles descendem são os que entroncam num André Vidal de Pina, morador em Penacova na 1.a metade de XVII.
Agradeço-lhe muito os dados que revelou.
Cumprimentos,
António
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Caro António Taveira,
É mesmo uma coincidência termos este interesse em comum. Realmente eu tinha documentado o Álvaro de Morais como procurador em 25 de Janeiro de 1518, quando recebe a procuração de D. Catarina de Eça. Em 1520 já estava a emprazar bens em Parada, e a última referência que tenho era em 19 de Janeiro de 1521 quando empraza uns casais a Afonso Fernandes e mulher Mécia de Morais, que tinham sido de Gonçalo Soeiro. Desconhecia que o Álvaro de Penacova tinha morrido em 1503, pelo que tinha colocado a hipótese de ser o mesmo. Neste caso, este Álvaro pode ser o de Treixedo. Seja como for, o seu filho, de acordo com Alão, está bem documentado em 1531 como morador em Treixedo, quando recebe um bom prazo de Lorvão em Parada (a mesma terra referida acima), com a obrigação de reparar a torre que aí existia, o que não fez.
Documento ainda uns quantos Morais na região, que me parecem estar ligados, mas cuja ligação exacta desconheço. Vou enviar-lhe o rascunho de artigo por email, para que possa ler e ver os dados que tenho.
A ligação dos de Penacova aos de Treixedo parece-me provável, mas neste caso não sei como se faz.
Cumprimentos,
Tiago
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Caros António Taveira e Tiago Mendes,
Fiquei também interessado pelas vossas ultimas publicações neste fio - há tempos troquei alguns emails com o António sobre este tema, pois há em Penacova dois casos de inclusão de apelidos de senhores da vila que suscitam alguma curiosidade: os Morais (de Ataíde) e os Pimentel (de Melo). A partir de determinada altura, alguns membros destas famílias começaram a usar estes apelidos sem explicação evidente; enfim, é um tema que merecerá mais investigação.
Os Pimentel vieram para Penacova entre 1605 e 1620 através de Lopo de Araújo dos Pimentel de Araújo de Góis. Uma irmã deste Lopo, Brites Pimentel de Araújo, foi segunda mulher de António Brandão de Castelo-Branco, dos Brandões de Midões referidos pelo Tiago. Há uns Brandões em Penacova por essa altura; Alexandre Correia Brandão, filho de Gaspar Correia Leitão e Maria Brandão, casa com uma filha desse Lopo de Araújo, Maria Pimentel de Araújo; pode haver relação mas ainda não a constatei.Também não estabeleci uma ligação entre esses Brandão e o quartel Brandão do brasão de António de Almeida Botelho na capela por ele fundada na Igreja de N. Senhora da Assunção de Penacova. Segundo me sugeriu o António, esse brasão poderá estar invertido por ter sido feito a partir de um sinete pelo que a ordem dos quartéis é I- Almeida, II - Botelho, III - Brandão - IV - Morais - timbre mutilado. António de Almeida Botelho seria filho de Pedro de Almeida e Maria Botelho, esta filha de Onofre de Morais (o Velho), neta paterna de Heitor de Morais e bisneta paterna de um dos Álvaros de Morais em análise (o que morre em 1503).
Outra pista (ou não) é que uma neta do Lopo de Araújo que veio de Góis para Penacova - filha do Alexandre Correia Brandão e Maria Pimentel de Araújo, chamada Brites Pimentel, teve com o seu marido Bento da Costa Nogueira a administração da Capela da Cheira de Penacova, fundada por... Brites de Morais. O mais provável é que esta Brites tenha nascido posteriormente à referida pelo Tiago, mas ainda assim, fica a anotação.
Um irmão do Lopo de Araújo que ficou em Góis, Gil de Araújo, Almoxarife do Conde da Sortelha, é referido num assento de baptismo de 1604 ser sobrinho de António de Morais e de Margarida de Morais. Também existe uma certidão assinada simultaneamente por Gil de Araújo e por Francisco de Morais Cardoso, dos Morais de Penacova: https://digitarq.arquivos.pt/details?id=7708712. Não são essas as únicas referências a Morais em Góis; e como os senhores de Góis também o eram de Oliveira do Conde - que dista menos de duas léguas de Treixedo, podemos encontrar outra anotação - esta mais contemporânea do período em análise, em 1472 - a um João de Morais residente em Cabanas de Viriato e criado de D. Diogo da Silveira, Senhor de Góis (https://digitarq.arquivos.pt/details?id=7828611).
Enfim, ficam mais estas linhas para investigar. Vou ficar pendente do desenvolvimento deste tópico com muito interesse.
Cumprimentos,
Luís Andrade
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O licenciado misterioso - Simão Carvalho de Oliveira (Pombeiro da Beira)
Caro Luis Andrade,
Não haverá certamente novidades até serem explorados outros fundos documentais.
O André Vidal de Pina que referi é da geração seguinte ao Francisco de Morais Cardoso. Poderia ser seu genro. O nome da sua mulher permanece desconhecida.
A descendência de André Vidal de Pina assina Vidal de Pina e Ataíde, de Pina e Ataíde, Morais de Pina e Morais de Ataíde.
Quem seria este André?
Há um André Vidal, escudeiro, em Aveiro, 2 gerações anterior. E habita em Aveiro, no início do século XVI, um casal em que ele é Pina e ela Ataíde.
Serão antepassados do que se fixa em Penacova ?
Cumprimentos
António Taveira
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Caro António Taveira,
É como diz, teremos que encontrar outros documentos. Tenho os paroquiais de Penacova bastante esmiuçados e, embora o André Vidal de Pina não fosse do meu particular interesse, não tenho anotações relativas a quem teria sido a sua mulher; a hipótese de ser Francisca Cardoso, filha do Francisco de Morais Cardoso parece-me muito possível, mas não tenho evidências.
Sem qualquer precedente notícia de Vidais ou Pinas na vila, começa o André Vidal a ser padrinho em baptismos a partir de 1637; o que me sugere um paralelismo com a situação de Agostinho de Sande e Vasconcelos, que chega a Penacova também uns anos antes. Agostinho de Sande era natural de Veiros, Estremoz; e foi o 6.º Conde de Odemira, D. Sancho - o qual era também Alcaide-Mór de Estremoz - que o mandou para Penacova, para ali ser Capitão-Mór e Almoxarife (esta informação consta do processo de Genere de João de Sande e Vasconcelos). Ora, ocorre-me algo semelhante possa ter sucedido com o André Vidal de Pina; até porque há Pinas conhecidos naquela região (houve-os em Estremoz, além dos Pina que foram Alcaides-Mores de Castelo de Vide)...
Mas enfim, isto é como procurar uma agulha num palheiro; fica mais uma palha para juntar ao monte :)
Cumprimentos,
Luís Andrade
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Caro Luis Andrade,
Quanto ao André Vidal de Pina tudo pode ser possível. Nada temos de seguro. A não ser que pertenceu à elite de Penacova de meados de XVII, que seria viúvo desde cedo, e que seria muito próximo de todos os descendentes de Francisco de Morais Cardoso.
Tanto pode ser genro de Francisco de Morais Cardoso como, eventualmente, seu sobrinho. Sendo, p.ex., neto materno de Onofre de Morais e de Francisca Cardoso. Filho de alguém com ascendentes na região de Aveiro, onde o apelido Vidal teve algum destaque. E onde há Pinas de Ataíde, cristãos novos e mercadores, desde início de XVI.
Poderão os seus pais não terem vivido em Penacova e ele ter para lá ido, eventualmente para escapar à inquisição.
Sem mais dados só podemos especular.
Cumprimentos,
António Taveira
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Concluindo,
Mantenho em aberto a possibilidade do apelido Ataíde vir à descendência de André Vidal de Pina pelos Morais e Ataíde, de Penacova, descendentes de Francisco de Morais Cardoso, ou pelos Pina de Ataíde, de S. Miguel de Aveiro, descendentes de Gabriel de Pina e de s.m. Isabel de Ataíde lá moradores em 1500.
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