José do Telhado
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José do Telhado
Caros colegas,
O livro « José do Telhado » de José Castro Pinto (Plàtano 2002) contem alguns dados genealogicos sobre o famoso salteador de Casteloes de Recezinhos (José Texeira da Silva), entre os quais varios ma parecem muito duvidosos e decepcionantes.
Assim era filho de Joaquim de Matos e de Maria Lentina.
Neto paterno de Francisco de Matos e de Maria da Silva (Casteloes de Recezinhos)
Neto materno de Manuel Luis e de Maria Lentina (Caide de Rei)
Nascido segundo o autor em 1818 e nào 1816.
Segundo Camilo Castelo Branco, o tio (Joào Diogo) do Zé do Telhado era francês, o que contesta, provavelmente com razào, J. Castro Pinto, preferindo, de modo que me parece muito estranho, uma origem Italo-Brasileira para o apelido Lentine (no Brasil, do Italiano Lentini).
Mas no assento de casamento do salteador, José Teixeira é filho de Joaquim Teixeira e de Maria Leontina, enquanto a noiva e prima Ana Leontina é filha de Joào Diogo e de Ana Leontina de Campos.
A priori, parece-me muito mais razoavel o « Lentina » ser de facto « Leontina ». Claro que a transmissào de màe para filha de segundo nome em vez de apelido nào é nada fora de comum no séc. 19 (o que nào impede que mesmo assim exista um ou varios apelidos). Algo frequente entre familias lavradeiras o uso nos registos paroquiais de dois nomes sem apelido, mesmo existindo apelido tambem transmitido.
De modo que a origem Italo-Brasileira me parece despropositada no norte rural do séc. 19.
Alguem tem mais dados ou conhece alguma publicaçào que possa trazer alguma luz sobre o interessante assunto ?
Cumprimentos
Carlos Silva
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RE: José do Telhado
Caro Carlos,
Eduardo de Noronha romanceou a vida de José do Telhado em dois livros"José do Telhado" e "José
do Telhado em Africa"
Creio que encontra mais informações sobre a sua ascendência nestes dois livros fáceis de encontrar num bom alfarrabista.
Cumprimentos,
Nuno Ponces
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RE: José do Telhado
Meu Caro Carlos
Reportando-me a “Grandes Dramas Judiciários” de Sousa Costa (edição do saudoso jornal “O Primeiro de Janeiro”, em 1944) págs. 135 a 156, transcrevo:
“Sangue francês, sim, senhor! O apelido Lentin, ou Lentine, por corruptela popular vertido no Lentina vinculado ao nome de sua mãe, Maria Lentina, e ao de sua avó materna, também Maria Lentina, parece denunciar transfusão de seiva gaulesa na árvore genealógica do nativo de Entre-Douro e Minho. Não seria, por isso, fenómeno mais espantoso do que enxertar na cepa sanguissedenta de Herodes os fígados tigrinos de Diogo Alves, o prodígio do linhagista que nos convencesse, amanhã ou depois, de que o tronco genealógico do filho de Maria Lentina mergulhou as raízes do húmus de que geresceu Louis Dominique Cartouche, herói do roubo no Paris da Regência.”
“José Teixeira da Silva, conforme o assento de baptismo na matriz de Castelães de Recezinhos, tributária de Penafiel, veio à luz na Casa de Telhado, Recarei, a 22 de Junho de 1818 – no dia maior do ano, o primeiro do signo de Câncer”
“... O (coração) de sua prima da Sobreira, freguesia de Caíde de Rei, Maria Lentina de Campos, ficou encantado mal pressentiu o mancebo alto e desempenado, olhos castanhos capazes de acendiar o sol, se o sol se apagasse no firmamento.”
“... mete rumo até Lisboa, a assentar praça em Cavalaria, Lanceiros da Rainha... Nenhum camarada caía tão airoso na sela, nem meneava mais garboso a lança, Camilo, nas “Memórias do Cárcere””.
“José Teixeira goza da consideração dos superiores no momento em que deflagra a Revolução dos Marechais... ... José Teixeira, vendo tombar o Barão de São Cosme do corcel desenfreado, corre a acudir-lhe. Condimenta vários actos de coragem com actos de dedicação. Pelo que, Schwalbach, no final da batalha, na retirada para o Norte, o cita na ordem do dia e o nomeia sua ordenança.”
“ O Visconde de Sá da Bandeira leva José do Telhado por ordenança. E o cavaleiro de Caíde agradece a subida honra, salvando de morte certa o glorioso cabo de guerra, no recontro de Valpaços acabando por liquidar três soldados do esquadrão inimigo que reincidiam na arrancada contra o caudilho. ... Quando voltou da facção já o Visconde se adiantava com a medalha da Tôrre e Espada que, pela sua própria mão, lhe apresilhou na farda.”
“De Herói da Tôrre e Espada a Capitão de Ladrões. Os “sócios” da quadrilha. Assaltos a casa abastadas. Desde o assalto de “talhos” ao de “Carrapatêlo”.
“As autoridades saem a terreiro. Os assaltos continuam. Batalha campal na Eira dos Mouros. Os saques de Senra e de Sequeiros. Prisão de José do Telhado. Julgamento. Sentença.”
Pois, meu caro Carlos, não sendo propriamente esta obra do jornalista Sousa Costa, uma principal da nossa Literatura, é para nós curiosos destas matérias, uma muito valiosa fonte de informação que por várias vezes citei já aqui.
Outros dramas judiciários aqui historiados, são:
- Dom Afonso VI e Dona Maria de Sabóia
- Os Távoras
- Marquês de Pombal
- Os “Divodignos”
- O “Remexido”
- Diogo Alves
- Duque de Saldanha e “O Periódico dos Pobres” (respeita-me particularmente...)
- Camilo e Dona Ana Plácido
- João Brandão
- Vieira de Castro (este deve interessar-lhe muito a si...)
- Dona Marinha Correia
- Urbino de Freitas (outro, para si interessante)
- Augusto de Castilho
- Domingos de Assis
- Francisco Agra
Grande abraço!
Manuel Maria Magalhães
José do Telhado
Meu Caro Carlos
Reportando-me a “Grandes Dramas Judiciários” de Sousa Costa (edição do saudoso jornal “O Primeiro de Janeiro”, em 1944) págs. 135 a 156, transcrevo:
“Sangue francês, sim, senhor! O apelido Lentin, ou Lentine, por corruptela popular vertido no Lentina vinculado ao nome de sua mãe, Maria Lentina, e ao de sua avó materna, também Maria Lentina, parece denunciar transfusão de seiva gaulesa na árvore genealógica do nativo de Entre-Douro e Minho. Não seria, por isso, fenómeno mais espantoso do que enxertar na cepa sanguissedenta de Herodes os fígados tigrinos de Diogo Alves, o prodígio do linhagista que nos convencesse, amanhã ou depois, de que o tronco genealógico do filho de Maria Lentina mergulhou as raízes do húmus de que geresceu Louis Dominique Cartouche, herói do roubo no Paris da Regência.”
“José Teixeira da Silva, conforme o assento de baptismo na matriz de Castelães de Recezinhos, tributária de Penafiel, veio à luz na Casa de Telhado, Recarei, a 22 de Junho de 1818 – no dia maior do ano, o primeiro do signo de Câncer”
“... O (coração) de sua prima da Sobreira, freguesia de Caíde de Rei, Maria Lentina de Campos, ficou encantado mal pressentiu o mancebo alto e desempenado, olhos castanhos capazes de acendiar o sol, se o sol se apagasse no firmamento.”
“... mete rumo até Lisboa, a assentar praça em Cavalaria, Lanceiros da Rainha... Nenhum camarada caía tão airoso na sela, nem meneava mais garboso a lança, Camilo, nas “Memórias do Cárcere””.
“José Teixeira goza da consideração dos superiores no momento em que deflagra a Revolução dos Marechais... ... José Teixeira, vendo tombar o Barão de São Cosme do corcel desenfreado, corre a acudir-lhe. Condimenta vários actos de coragem com actos de dedicação. Pelo que, Schwalbach, no final da batalha, na retirada para o Norte, o cita na ordem do dia e o nomeia sua ordenança.”
“ O Visconde de Sá da Bandeira leva José do Telhado por ordenança. E o cavaleiro de Caíde agradece a subida honra, salvando de morte certa o glorioso cabo de guerra, no recontro de Valpaços acabando por liquidar três soldados do esquadrão inimigo que reincidiam na arrancada contra o caudilho. ... Quando voltou da facção já o Visconde se adiantava com a medalha da Tôrre e Espada que, pela sua própria mão, lhe apresilhou na farda.”
“De Herói da Tôrre e Espada a Capitão de Ladrões. Os “sócios” da quadrilha. Assaltos a casa abastadas. Desde o assalto de “talhos” ao de “Carrapatêlo”.
“As autoridades saem a terreiro. Os assaltos continuam. Batalha campal na Eira dos Mouros. Os saques de Senra e de Sequeiros. Prisão de José do Telhado. Julgamento. Sentença.”
Pois, meu caro Carlos, não sendo propriamente esta obra do jornalista Sousa Costa, uma principal da nossa Literatura, é para nós curiosos destas matérias, uma muito valiosa fonte de informação que por várias vezes citei já aqui.
Outros dramas judiciários aqui historiados, são:
- Dom Afonso VI e Dona Maria de Sabóia
- Os Távoras
- Marquês de Pombal
- Os “Divodignos”
- O “Remexido”
- Diogo Alves
- Duque de Saldanha e “O Periódico dos Pobres” (respeita-me particularmente...)
- Camilo e Dona Ana Plácido
- João Brandão
- Vieira de Castro (este deve interessar-lhe muito a si...)
- Dona Marinha Correia
- Urbino de Freitas (outro, para si interessante)
- Augusto de Castilho
- Domingos de Assis
- Francisco Agra
Grande abraço!
Manuel Maria Magalhães
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RE: José do Telhado
Duplicado agradecimento, entào.
Grande abraço
Carlos Silva
P.S.: A ascendencia de Joào Brandào deve ser muito interessante, porque deve conter algumas semelhanças "sociologicas" com a do Zé do Telhado.
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RE: José do Telhado
Caro Nuno Ponces,
Muito obrigado.
De facto a vida de José do Telhado foi romanceada, o que é muito natural, e so por si tem interesse.
Pena a personagem, mas tambem o fenomeno que o Zé do Telhado personifica, nào tivessem sido mais estudados pelos universitarios.
O séc. 19 dos salteadores, do banditismo (semi-guerrilheiro), ao lado dos continuos e violentos conflitos do norte e nào so, deveria ter motivado mais a pesquisa.
melhores cumprimentos
Carlos Silva
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RE: José do Telhado
Olá Manel
O que me pode dizer sobre o Francisco Agra?
Beijinhos
Maria
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RE: José do Telhado
Maria
Amanhã farei um apanhado de Francisco Agra, semelhante a este do Zé do Telhado, nos "Grandes Dramas Judiciários", tranmitindo-o de seguida.
Manel
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RE: José do Telhado
Maria
Aqui vai o resumo muito resumido...
Dr. Francisco Agra (“Grandes Dramas Judiciários” – Cap. XVI – pgs. 369/386)
Homem morto. Condução do cadáver de Francisco Agra para casa. Quem o matou? Autópsia. Entêrro. Intervenção da Polícia. Denúncia dum presidiário. Prisão de Júlio de Campos. Instrução do processo.
“ ... A Quinta da Agra, vasta propriedade de montes e vales, fica situada a escassos minutos de São Torcato – aldeia próspera do Concelho de Guimarães, abundante de vinhedos e milharais e abençoada e abastada pelo santo mais festejado de todo o festeiro Minho. Além de bem dotada em campos de centeio, linho e milho, em vinha de “enforcado” e em maciços de bouça, a Quinta da Agra desfruta tão alto prestígio na freguesia que, para se inculcar de nobre, dispensa na cimalha do portão principal o escudo armoriado dos Martins, dos Costas e Aldões do mui distinto burgo que embalou no berço o primeiro Rei e a primeira Côrte lusíadas.”
“... Ora no dia 26 de Junho de 1901, quarta feira, das 5 para as 6 da tarde ... Alberto, moço de pedreiros, desce de Cabanas, na Agra de Cima, onde o senhorio traz obras... depara-se-lhe no chão, estendido de costas, a barba empastada de sangue, a mão direita cheia de sangue e terra, o fato de linho branco enodado de terra sangrenta, o próprio senhorio da quinta, Francisco Agra ... Matá-lo porquê? E para quê? – a êle homem bom, autoritário por bem, não por mal, severo e dócil na mesma proporção, rico homem do Concelho ... Roubaram-lhe a carteira, corrente e relógio de oiro! E concluem todos... que fora o roubo o móbil do crime. Alvitram também que o roubo podia muito bem encobrir a intenção de desnortear a Justiça.
No dia seguinte, 27, os irmãos participam o crime às autoridades Judicial e Administrativa da Comarca e Concelho. E logo, no mesmo dia, a autoridade judicial da Comarca, o Juiz Fernandes Braga, o Delegado Leal Sampaio, o Escrivão José de Oliveira, o Oficial Augusto Borges, acompanhados pelos peritos médicos, Geraldo Guimarães e Pedro Guimarães Júnior, partem a caminho da Casa da Agra...”
“... O Administrador do Concelho, no dia 29, a dois dias do assassinato, recebe uma carta assinada por José da Costa Guimarães, preso na Cadeia da Relação do Porto, que se diz apto a revelar às autoridades, se quiserem ouvi-lo, as suas suspeitas acerca da identidade do assassino de Francisco Agra. ... as suas suspeitas recaem sobre um tal Júlio de Campos, lavrador e proprietário da freguesia de São Torcato, “porque tendo relações com ele, muitas vezes afirmou ao declarante que havia de matar, ainda que decorressem 20 anos, o agora assassinado Francisco Agra, porque tinha sido a desgraça de sua casa” ... A Polícia do Porto convencida de que o assassino é, de facto, Júlio de Campos; a de Braga, de ôlho fito noutra pista, noutro indivíduo. Vinga o critério da polícia do Porto. ... Júlio Joaquim de Abreu Lemos, mais conhecido por Júlio de Campos, de sessenta anos, é pronunciado “como autor do crime de homicídio, seguido de roubo dum relógio e corrente de ouro, no valor de cento e vinte mil réis”, crime praticado na Quinta da Agra e na pessoa de Francisco Ribeiro Martins da Costa. ... “
Julgamento. Constituição do Tribunal. Depoimento das testemunhas. Interrogatório do Réu. Debates. Resposta aos quesitos. Sentença. Apelação. O final do drama.
“ ... As audiências de julgamento do Réu, tão carregado de indícios de culpa, iniciaram-se a 12 de Dezembro do ano em curso, 1901. ... Preside ao acto grande o Juiz Fernandes Braga ... a família faz-se representar, na banca da acusação particular, pelo Mestre de Direito Avelino César Calisto e pelo novel da Ordem do Patrocínio, Gaspar de Abreu e Lima. Na bancada da defesa senta-se o Mestre de Direito e leader parlamentar AFONSO COSTA.
... O Dr. Abel Mesquita de Guimarães, que depõe por deprecada, diz que, estando com o Júlio de campos, depois da sua saída da Penitenciária, ele lhe afirmou que havia de matar o Agra. Este depoimento acerta pelo do Administrador do Concelho de Stº Tirso, como aquele constante de carta precatória. ... José da Silva Oliveira... Dá o nome à matrícula. Sim, senhor. Conhecido também por Zézinho de Cima de Segade, ou Zézinho de Segade. Solteiro. Mas tem mulher e filhos – “casamento da mão esquerda” declara, jocoso. Tem 30 anos de idade e 10 de caçador. Profissão, lavrador, embora ensine rapazes a ler, por curiosidade.”
“... Gaspar de Abreu, moço na peleja e na idade, a quem o Campeador do Fôro dá a alternativa na lide memorável, é agora na arena, a voz clamorosa dos irmãos do assassinado pedindo justiça. ... «Que tétrico bandido! Que supremo canalha!» brada, a ponta do gládio visando o Réu... entra na apreciação da prova. Tem diante de si três direcções a tomar: - a dos dois libelos acusatórios, deduzidos, um pelo Mº Público e outro pelo Sr. Dr. Calisto; e da contestação, deduzida pelo Dr. Afonso Costa, que pretende conduzir-vos à inocência do Réu. ... «É demais, Sr. Dr. Afonso Costa... «É pavoroso! Inofensivo um homem que contrata a morte da irmã! Inofensivo um homem que tem um registo criminal inscrito em 15 boletins! Que passou uma estacão de 28 meses na Penitenciária de Lisboa! Um perverso, um traiçoeiro e um cínico que diz, diante de testemunhas, narrando outros crimes de que não deu contas à Justiça: - não que eu... sei-as fazer! “
“ ... Vai treplicar Afonso Costa... Começa por aceitar a acusação no seu conjunto. Depois à semelhança do obreiro na parábola do feixe de varas, toma previdentemente, o feixe de provas, manobrado pelo contendor. Separa-as, analisa-as, sacode-as, quebra-as, tritura-as, pulveriza-as, uma por uma – no final da obra exaustiva proclamando, mais uma vez, vitoriosamente, a inocência do acusado.”
“ ... O Júri dá como provada, por unanimidade, a inocência do arguido. ... Adquire a ciência certa o novo Administrador do Concelho, António da Mota Prego, que o Zézinho foi o matador... destaca o oficial da Administração Manoel Gomes para Segade autorizando-o a dar voz de prisão ao criminoso na hora oportuna. De Zézinho ouve esta confissão espontânea: - Não trabalhe mais, fui eu quem matou o Agra! “
“ ... Julgado e condenado, Zézinho cumpre a pena. Regressa a Segade. Mas, a curto prazo do regresso, surge enforcado, com um braço partido – mistério que se presta a mil conjecturas e lendas – no galho duma árvore frondosa.”
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RE: José do Telhado
Caro Manuel Maria,
Vi com muito interesse os dados sobre o Francisco Agra.
A serie parece muito interessante.
Mas quem foram esses Urbino de Freitas e Vieira de Castro que segundo lhe parece me devem interessar?
Pode me dizer mais sobre estes?
Abraço grande
Carlos Silva
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RE: José do Telhado
Caro Carlos
Só ao trancrever aqueles textos resumidos - aliás muito mal resumidos - me apercebi que estava a tratar dum seu parente, relatando o dramático processo q. ocasionou o seu assassinato.
Os outros casos assinalados refem-se a pessoas igualmente do Vale do Ave que, eventualmente, lhe lhe devem interessar.
Neste meu resumo do relato, acabei por fazer como os políticos de agora (e talvez de sempre), trunquei a notícia dando especial relêvo à pessoa do Dr. Gaspar de Abreu, que foi um grande amigo do meu Avô, relegando para um terceirissimo plano o Dr. Afonso Costa, o verdadeiro herói da peça. Omiti que em pleno tribunal, o Dr. A.C. com a sua elevada argúcia desmascarou o verdadeiro assassino, num arrazador interrogatório.
Dou a mão à palmatória... confesso q. habitualmente, 1º os "nossos" depois, muito lá para o fim, os outros, se deles me lembrar...
De todo o modo esta obra, ainda q. de pouco valor, interessa-lhe com toda a certeza, por variadas razões.
Outro abraço,
Manuel Maria
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RE: João Brandão, da Beira Alta; Zé Nunes, da B.B.
Caro Manuel Maria
Ontem á noite tive um telefonema simultâneo, desculpa. Como me parece que scannerizas os textos relevantes que tens transcrito aqui, vinha pedir-te o favor de pores também o relativo a João Víctor da Silva Brandão, personagem com o qual ando ás voltas, e sobre quem me interessa sobretudo a cronologia da sua vida em 1859 e periodo imediatamente anterior - nomeadamente, aonde parava ele nessa altura.
Já agora, existe e sempre vi da minha janela em Castelo Novo um "cabeço de José Nunes", que antes chamávamos de João Nunes e depois meu primo José Corrêa me disse ser José e não João. A lenda ouvida na minha infância era de que ele terá sido um bandoleiro do sc. XIX refugiado nesse pico do alto da serra da Gardunha com a sua quadrilha, resistindo dali de cima todos os homens á ponta de espingarda, fugindo á perseguição das autoridades que os cercavam, daí o povo ter mantido o nome àquele local. Será que pescas por ai algum José ou João Nunes quadrilheiro da Beira Baixa? Tenho curiosidade de confirmar e acrescentar a informação sobre ele.
Abraço
Alexandre
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RE: João Brandão, da Beira Alta; Zé Nunes, da B.B.
Caro Alexandre
Demorou um puco mais, pois não me atrevo a meter o volumoso livro no meu antiquado scanner. Portanto foi batido à unha este resumo.
À nossa longínqua confrade, Manuela australiana, lamento informar que no extenso rol de nomes registados neste volumoso processo, não consta aquele q. pretende. Igualmente, no rol das pretensas vítimas, denunciadas pela "vox populi"
...........
JOÃO BRANDÃO
(“Grandes Dramas Judiciários”, Sousa Costa, Cap. X, págs. 193/230)
O terror das Beiras. Assassinatos e assassinos. O “ferreiro da Várzea”. Salvos condutos dos poderes públicos aos matadores. A montaria ao “ferreiro” nas bordas do Alva.
“ Ao longo de três décadas, o terror nas Beiras, nódoa de sangue, negra e sinistra, alastra da Estrela ao Caramulo. ... Basta, porém restringi-la à era que decorre desde a Revolução de 1820, ao advento da «Regeneração», em 1851 – o baluarte da ordem levantado, cimentado e guarnecido pelo vário Duque de Saldanha e seus vários adjuntos. Durante essa era de pugnas e de sangue, as Beiras, vistas de longe, afiguravam-se vasto campo de batalha, paliçado de trabucos fumegantes ... e ninguém logrou dormir uma só noite, dum sono só. ... Primeiro o vintista liberal à espera da investida do absolutista apostólico... Depois o malhado no sobressalto diurno e nocturno da visita truculenta do «corcunda» e logo este a tremer as maleitas na expectativa da carga de zagalotes fratricida a expensas do malhado... de manhã os «patuleias». À noite, os «cabrais», a montearem-se, a espingardearem-se, a aniquilarem-se como inimigos de sempre na disputa de velhos e ricos tesouros. “
“João Victor da Silva Brandão, o herói deste drama, no seu livro «O Terror das Beiras» - apontamentos da vida de João Brandão, por ele escritos nas prisões do Limoeiro, em 1870, envolvendo a história da Beira desde 1834 ... comandava, como capitão da 5ª Companhia do Batalhão Nacional de Caçadores de S. João de Areias, o destacamento do mesmo batalhão que matou o guerrilheiro miguelista Estanislau Xavier de Pina. ... Estampa no volume os ofícios do Governador Civil de Coimbra, Tomás de Aquino Martins da Cruz, do Major do seu Batalhão, do General Comandante da 2ª Divisão Militar de Viseu, este em nome de Sua Majestade El-Rei, Comandante em Chefe do Exército, louvando-o pelo denodo com que se bateu e dispersou o bando de homens armados... deixando ficar morto no campo o seu cabeça. ... Acerca da morte espectaculosa do João Nunes, ferreiro de Várzea de Candosa, diz que foi morto por José Ramos, o Anjinho, do casal da Senhora. E acrescenta, sincero: mas também eu fui, e mais 12 culpados naquela morte, entrando neste número o Administrador do Concelho de Tábua, Francisco Augusto da Costa Amaral.”
Padre Portugal em Várzea. A casa de d. Rosa. Compra e venda de propriedades. As Endoenças de Avó. Morte do Padre Portugal.
“É o Padre José da Anunciação Portugal, Procurador do Visconde de Almeidinha – há até quem diga, bichanam as más línguas... o sacerdote é irmão bastardo do titular. Vem de Aveiro. E traz, como da outra vez, procuração bastante para desvincular e vender estas e aquelas fazendas do morgadio do Visconde, na Várzea e seu termo.
O Visconde de Almeidinha, João Carlos do Amaral Osório de Sousa Pizarro, afilhado de El-Rei Dom João VI, embora fidalgo dos quatro costados, usa título nobiliárquico conferido pelos partidos liberais.
Seu pai foi o 1º Barão de Almeidinha, José Osório do Amaral Sarmento e Vasconcelos, Senhor de Casa, Fidalgo Cavaleiro da Casa Real, Coronel de Cavalaria galardoado por sua bravura na Guerra Peninsular e no Cêrco do Porto, ao lado de Dom Pedro, tendo sido feito Par do Reino, cargo de que não chegou a tomar posse. O filho do 1º Barão de Almeidinha e de Dona Maria Benedita de Sousa Quevedo Pizarro, é o 8º senhor do Morgadio do Espírito Santo de Almeidinha, da Casa do Terreiro, em Aveiro. Da Ermida de Nossa Senhora das Dores, em Verdemilho, da de Algueirão, em Ílhavo, vínculo instituído no séc. XVII; senhor dos vínculos de Mortágua, Várzea de Candosa e outros – tendo sido comandante do batalhão das tropas revolucionárias da Junta do Porto, Deputado e Governados Civil. (Notas fornecidas pelo ilustre linhagista Sr. Dr. D. António Xavier Pereira Coutinho).
Como João Brandão mantém o ceptro de régulo no concelho e concelhos limítrofes, Padre Portugal leva cartas credenciais que o acreditam junto do mandão – a fim de que lhe sejam aplanados por quem pode os altos e baixos do caminho a trilhar.”
“Hospedado em casa do Visconde de Almeidinha, casa habitada por D. Rosa Cândida de Nazaré e Oliveira – 38 anos solteiros e frescos, muito da intimidade de Brandão – as relações dos dois, do régulo e do padre, tornam-se convívio de velhos camaradas. Não há aspereza que o régulo não lhe converta em doçura. E é tal o seu desejo de lhe aplanar o encargo de vendedor, que se prontifica a comprar-lhe certos bens vinculados no usufruto da Igreja de Candosa, pelo povo da freguesia considerados propriedade inviolável do pároco – por saber que só diante do seu prestígio o povo se conformará com essa transmissão de direitos.
Mas, o contacto do dinheiro estranho, o tinir das libras em oiro que ele mesmo ajuda a encartuchar, despertam-lhe na alma velhos instintos adormecidos. ... No domingo de Ramos, padre Portugal comunica-lhe que sai em definitivo para Aveiro no Sábado de Aleluia. Esta notícia impressiona-o, abate-o, excita-o.
Manda recado a José de Matos, de Vila Chã, a sua «faca de mato» dos bons tempos das lutas políticas, a fim de comparecer ao outro dia, às tantas da noite, em tal lugar ... O que dizem, o que discutem, o que combinam, envolvem-no em tão fechado mistério que nem as pedras do lugar lhe surpreendem o sentido.
Na Quinta-feira Santa, logo de manhã, monta a cavalo com o sobrinho Evaristo, e de sobrecasaca e chapéu alto trota para Avô, a assistir às Endoenças
- Vou para Avô, rapazes! – grita aos amigos, participa aos conhecidos, em largas e exibitórias vozes. ... Mete esporas ao cavalo e despacha no rumo de Avô. ... E é com ruidoso júbilo que o seu amigo Dr. Fernando da Costa Godinho, em casa de quem se hospeda, lhe abre os braços hospitaleiros. Assiste à procissão do Encontro, fazendo por tornar-se notado – batendo no metal mais claro da sua voz o nome dos amigos presentes.
À noite vai às Trevas, à Igreja paroquial – a Igreja da Assunção, do conhecimento de Afonso Henriques. ... Oficiante, e cantores, e acólitos – revestidos gravemente das suas alvas – entoam já a «Antífona» preambular. Ele entra pelo meio do povo, pedindo vénia, afagando costas íntimas, indo colocar-se do lado da Epístola, em sítio que o vejam e junto dos maiores da vila e arredores. ... Os «Psalmos» rolam, vagarosos, sôbre vozes lamentosas ... fecha-o o «Pater Noster» – que corre ao longo da multidão como frémito de vento sobre o sono vegetal de floresta. ... inicia o cantochão das «Lamentações de Jeremias»... Concluídas as «Lições», recomeçam os «Psalmos» ... Durante as «Laudes» preludiadas pela «Antífona», apagam-se, sucessivamente, as últimas cinco velas do candeeiro. À penúltima, o oficiante empunha o hissope, representação simbólica da erva da antiga lei para a aspersão e purificação dos leprosos. ... O povo de pé, os celebrantes no altar, entoam o «Bendito». Sucedem-se a «Antífona de Judas» e o «Cântico de Zacarias» ... E é na escuridão profunda que o povo se abate de novo, que o povo soluça o «Miserere». ... João Brandão arrepia-se de calafrios... O «Miserere» oprime-o, a Igreja sufoca-o”
“D. Rosa Nazaré acorda ao estampido da espingarda. Ouve gritos de angústia. Sente passos em fuga... dá de cara com a porta escancarada do aposento do padre Portugal e encontra o padre de pé, em camisa, banhado de sangue, gritando por um médico. ...
E quem foi, quem foi? – sindicam os que o rodeiam, os que se aproximam, os que o lamentam. – Não sei. Vinham mascarados. Um era reles figura, baixo, magro, de barbas... o que me deu o tiro depois de roubarem a gaveta... Os que o ouvem... entram a perguntar-se, a si mesmos, se o homem baixo e magro ... não seria o José de Matos, o «faca de mato» do antigo guerrilheiro. Na rua ouve-se o cantar do «Bendito», sente-se um tilintar de campainha. O padre confessa-se, recebe na língua a visita das espécies consagradas ... O relógio da sala de jantar bate as sete horas – e a sua face glabra inclina-se para a esquerda, inerte, ... Os criminosos solicitam patrocínio ao Visconde de Fornos – a fim de que convença o Visconde de Almeidinha de «que estão inocentes», e de que «toda a perseguição de que são vítimas, é devida a manejos políticos». O Visconde de Fornos nega-se a interferir no pleito. Confidencialmente, o Administrador de Oliveira do Hospital informa o Governador de Coimbra de que os assassinos José de Matos e António Brandão «se empregam em contrabando, por conta do Comendador Paiva, da Covilhã e de Joaquim Alves Ourando»
Julgamento de João Brandão em Tábua. Depoimentos das testemunhas – acusação e defesa. Interrogatório do Réu. Debates. «Veredictum». Sentença. João Brandão no degrêdo.
“Está marcado para o dia 31 de Maio deste ano de 1868 ... o Maioral dos guerrilheiros de Entre Mondego e Douro. ... A audiência abre às 9 da manhã. Preside o Juiz Manoel Celestino Emídio ... Delegado, João Tomás Dias Urbano. Na banca dos Advogados, o Doutor José Adolfo Trony, Mestre de Coimbra, patrono do Réu, nascido em Madrid, filho de Luís Sasseti Trony, florentino, e de Micaela Taurinhã Vasquez, madrilena. ... acessor, Dr. Francisco F. Neves e Castro. ... Júri assim constituído: César Augusto Figueiredo da Costa e Oliveira, Dr. Luís Leite Pereira Jardim, Agostinho Vaz Patto Abreu e Castro, bacharel Urbano Henriques, bacharel Elisário Vaz Prêto Casal, Bartolomeu da Costa Ornelas, Francisco Rodrigues Neves, Joaquim da Costa Monteiro, João Gomes Leão. ... Provado por unanimidade o crime de roubo e morte, praticado conjuntamente na noite de 30 para 31 de Março de 1866, na pessoa do Padre Portugal, de que o Réu, João Victor da Silva Brandão é acusado no líbelo ... Será punido com pena de morte ... manda substituir aquela pena pela de trabalhos públicos perpétuos ... por toda a vida, na África Oriental e nas custas.
FINIS LAUS DEO...
Não me peçam para resumir mais capítulos desta obra, pois dá uma grande "trabalhera"... depois a obra toda inteira até é barata e de fácil aquisição, "penso eu de que"...
Abraços,
Manuel M/
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RE: João Brandão, da Beira Alta; Zé Nunes, da B.B.
Caro Manel.
Pelo texto deduzo:
- A cena do assassinato passa-se na Casa de Almeidinha e D. Rosa dormia perto do quarto do Padre Portugal!!! Devia ter sido incriminada e pelos vistos não o foi.
De momento não tenho aqui o Livro sobre a Casa de Almeidinha (Osórios) pois emprestei-o ao meu cunhado, mas vou por essa leitura em dia.
Será que vem lá citada a dita D. Rosade de 38 anos , solteiros e frescos!!!!
Vasco Briteiros
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RE: João Brandão, da Beira Alta; Zé Nunes, da B.B.
Caro Senhor M. M. Magalhães
Uma pequena rectificação: onde está Dr.Fernando da Costa Godinho, deverá estar Dr. Bernardo... (da Caso do Adro de Avô).
Cpts.
VC
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RE: João Brandão, da Beira Alta; Zé Nunes, da B.B.
Patrão Vasco
Nessa minha transcrição-resumo, muito resumido, a intenção é a identificação de João Brandão e a citação dos personagens envolvidos antes e depois do famoso assassinato.
D. Rosa foi imediatamente acusada pelo Padre Portugal, já ferido de morte. Muito povo, dividido como sempre, acusou a dita, pois indícios muito fortes existiam da sua conivencia no crime de roubo e morte. Mas, não é citada em tribunal senão como testemunha da defesa.
Nas entrelinhas deduz-se que os seus 38 anos, solteiros e frescos, não seriam da exclusividade de uso de João Brandão...
Mais tarde, a justiça andou em cima dela por suspeições várias. Sousa Costa, refere isso.
Manel
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RE: João Brandão, da Beira Alta; Zé Nunes, da B.B.
Manel
A resposta perfeita no verbo e no modo, "malgré" um pouco de malandrice que pus na pergunta!
Parabéns.
Um abraço do
Vasco
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RE: João Brandão, da Beira Alta; Zé Nunes, da B.B.
Caro Senhor Vasco de Campos
Ou foi meu erro de cópia, ou lapso do autor...
Obrigado pela correcção.
Cmptos.
MM
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RE: João Brandão, da Beira Alta; Zé Nunes, da B.B.
Caro Manuel Maria
Estou envergonhado pela trabalheira que te dei, e ainda não agradeci, mais vergonhosamente ainda. Mas não imaginei... Devias ter recusado, nesse caso. Quanto ao estilo de Sousa Costa, embora feroz, é delicioso á leitura. Também ando a ler o "João Brandão", de Dias Ferrão, escrito em tentativa de reabilitação do famigerado, mas não me convence muito, confesso. Se atopares aonde o dito pairava em 1859 e anos anteriores, em que ia extorquir a Casa da Gândara, obrigando minha Bisavó Constança Tavares e Tias a fugirem para outra casa quando ele passava a buscar o saque que exigia previamente por escrito, agradecia-te. É isso que procuro.
Abraço
Alexandre
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RE: João Brandão, da Beira Alta; Zé Nunes, da B.B.
Caro Manuel Maria
Estou envergonhado pela trabalheira que te dei, e ainda não agradeci, mais vergonhosamente ainda. Mas não imaginei... Devias ter recusado, nesse caso. Quanto ao estilo de Sousa Costa, embora feroz, é delicioso á leitura. Também ando a ler o "João Brandão", de Dias Ferrão, escrito em tentativa de reabilitação do famigerado, mas não me convence muito, confesso. Se atopares aonde o dito pairava em 1859 e anos anteriores, em que ia extorquir a Casa da Gândara, obrigando minha Bisavó Constança Tavares e Tias a fugirem para outra casa quando ele passava a buscar o saque que exigia previamente por escrito, agradecia-te. É isso que procuro.
Abraço
Alexandre
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RE: João Brandão, da Beira Alta; Zé Nunes, da B.B.
Caro Manuel Maria
Estou envergonhado pela trabalheira que te dei, e ainda não agradeci, mais vergonhosamente ainda. Mas não imaginei... Devias ter recusado, nesse caso. Quanto ao estilo de Sousa Costa, embora feroz, é delicioso á leitura. Também ando a ler o "João Brandão", de Dias Ferrão, escrito em tentativa de reabilitação do famigerado, mas não me convence muito, confesso. Se atopares aonde o dito pairava em 1859 e anos anteriores, em que ia extorquir a Casa da Gândara, obrigando minha Bisavó Constança Tavares e Tias a fugirem para outra casa quando ele passava a buscar o saque que exigia previamente por escrito, agradecia-te. É isso que procuro.
Abraço
Alexandre
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RE: José do Telhado
Olá Manuel Maria.
Será que este Francisco Agra te alguma coisa a ver com a bisavó do meu marido ROSÁRIA FERNANDES AGRA (nasc. 1867), filha de Manuel Fernandes da Agra, e Anna Fernandes Fradique???
Eles eram de Apúlia.
Como posso saber isso? Dê-me orientações.
Abraços,
Jurema. (Brasil)
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RE: José do Telhado
Olá Jurema!
Francamente não sei. Não faço a menor ideia se este Francisco Agra, natural do concelho de Guimarães, tinha ou tivera familiares na Apúlia, concelho de Viana do Castelo (antigamente, do Minho).
Creio que quem poderá dar alguma notícia, serão os nossos confrades, Maria (aeiou2) e Carlos Silva.
Abraços, tb.
Manuel Maria
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RE: João Brandão, da Beira Alta; Zé Nunes, da B.B.
Alexandre
Não será preciso manifestar a dita "vergonha" tantas vezes!
Pelo que li em Sousa Costa, na obra citada, João Brandão foi julgado só por esta sua façanha com o Padre Portugal. Os seus antecedentes criminais não foram então sequer considerados, talvez porque tivessem sido "amnistiados" pelo Poder Político de então, como se sugere na sua apresentação.
Sabes q. conheci muito bem o Jornalista Sousa Costa? Era nosso vizinho nas Antas (meu birthplace), mais propriamente, em Contumil, onde creio era caseiro do Dr. Luís Sinde Monteiro, dono duma bela quinta e muito casario que por ali havia antes duma horrível urbanização que sudeceu nos anos 60 e 70.
Era uma pessoa impecável! Óptimo conversador e contador de histórias dum passado não muito longínquo. Usava colarinhos altos, polainitos e chapéu à diplomata!
Era uma figura típica daquela zona, onde era muito respeitado.
Outro abraço
Manel
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RE: João Brandão, da Beira Alta; Zé Nunes, da B.B.
Manel
É realmente vergonhoso que a Justiça em Portugal já funcionasse tão mal no sc. XIX como funciona no XXI. Mas agora parabéns por te saber nascido nas Antas! Quem diria. A que chamas chapéu á diplomata? O tricórnio da Belle Époque?
Abc
Alexandre
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RE: João Brandão, da Beira Alta; Zé Nunes, da B.B.
Alexandre
Porquê os parabéns por ter nascido nas Antas?
Se tivesse sido ouvido para escolher o meu "birthplace", nunca teria escolhido aquele sítio!
Calcularás a minha predilecção...
Pois aquele lugar histórico e pre-histórico, que pertence à freguesia de Campanhã, era nos anos 40 e 50 um longínquo arrabalde da cidade, predominantemente rural, dividido por 10 a 15 propriedades, sendo as maiores e mais representativas, as dos Drs. Sinde Monteiro e Antunes de Lemos, bem como as da Misericórdia, onde estvam instalados os Hospitais do Conde de Ferreira e o Rodrigues Semide (Sanatório). Para Sul e Leste havia muita mata, soutos e soutinhos, predominando já o eucalipto. Nos pontos mais chãos, bons campos de milho e hortas, muitas hortas e alguns pomares. Vinhedo, praticamente inexistente, o que era uma sorte para o estômago dos nativos dali... Gado bovino, já em semi-estabulação e muitos rebanhos de ovelhas, em passagem constante. Como passagem constante eram as carretas funerárias, empurradas por quatro gatos-pingados, em direcção ao cemitério do Praso do Repouso. Então, á pasagem destes tristes féretros, os homens descobriam-se com respeito, benziam-se as mulheres, recebendo assim o pobre falecido uma forma de homenagem, que nunca havia tido em vida, bem por certo...
Pouco mais de 100 anos antes, pela festa de S. Miguel, foi aquele logar terrível palco de guerra entre Constitucionais e Usurpadores, num tremendo assalto destes à cidade cercada, dirigido q. foi pelo T. General Gaspar Teixeira, aquartelado em Águas Santas, não longe dali. A difícil vitória coube aos sitiados, mercê do rasgo, valentia e improvisação do Duque da Terceira, ajudado pelo bravos Schwalbach, Stubbs. Dos dois lados, grandes foram as perdas de vida, numa enorme e sangrenta carnificina...
Não longe, na Areosa, e já no fim do sítio à cidade, ali foi ferido de morte, o bravo Coronel Pacheco.
Volvidos mais de 150 anos, os descendentes de ambas as facções continuam a degladiar-se, agora de pena em punho, ou digitando as teclas do PC...
B.RGDS
Manel
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RE: Antas, pré-estádio das
Misterioso Manel
És benfiquista? Aí no Porto, duvido que alguém se atreva a ser sportinguista... único clube de que sei um pouco a história, e só por estar ligada á minha família a sua fundação. O que quer dizer B.GDS? Brigados Grandes? Quanto a mim, e mais alguns como eu certamente, não me degladio com ninguém, e prezo tão igualmente os meus ancestros liberais como os miguelistas. Se estudo um bocado melhor estes, que realmente dão mais trabalho, é pelo meu invencível pendor pelos fracos, e pelos vencidos da História, tão injustamente descritos e caluniados. Mas nunca me esqueço que sou caçula filho de caçula, e sempre agradeci a Deus a extinção de todos os vínculos e desigualdades entre irmãos. Meu Avô paterno, embora primogénito, era Homem muito avançado para o seu tempo e pensava e agia já desta forma, não tendo exercido os seus direitos de primogenitura, entre outros exemplos que nos deixou.
A. BCS
Alexandre
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RE: João Brandão, da Beira Alta; Zé Nunes, da B.B.
Manel
Não conheci pessoalmente o jornalista Sousa Costa, mas a viuva, que era Avó do meu colega e amigo Manuel João, hoje Prof Catedrático na FC e no casamento do qual vim a conhecer a minha mulher.
Quando estudante frequentava muito a casa dele e tive acesso a alguns livros da bilbiloteaca de SC. Estava a dita na residência desse meu colega ,pois vivia com os pais e avó em Coata Cabral junto perto de Silva Tapada.
Um abraço
Vasco Briteiros
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RE: Antas, pré-estádio das
Alexandre, Ilustre Historiador das causas perdidas, protector dos desvalidos e oprimidos, das viúvas e das orfâs de maior idade...
(esta tb poderia servir para o tua biografia, ou CV, não!?)
Abrenúncia! Era lá capaz! Nem sequer ligo à bola. Por mim, acabava com o futebol profissional, ao que se ouve e lê, nojento mundo de parasitas beneficiados pelo Poder Político, Jucial. Económico, etc.etc.
Abrenúncio, mil vezes!
Se tivesse um club, seria talvez o Salgueiral ou o Boavista. Mas, confesso a minha grande simpatia pelo Real Madrid, por muitas e variegadas razões...
Não tarda, o Marco terá de por neste tópico o quadradinho amarelo dos Passos Perdidos... não tardará mais, o Nuno Borrego defenestra-me...
B.RGDS - abreviatura de "best regards", muito usada no léxico da Aviação Comercial...
Manel
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RE: João Brandão, da Beira Alta; Zé Nunes, da B.B.
Vasco
na minha infância, SC vivia realmente em St. António de Contumil. Silva Tapada é perto, pertencendo ainda às Antas/Campanhã.
Sabes tu quem era o dono da "Estação de Serviço Silva Tapada" no, para mim histórico, lugar da Cruz das Regateiras?
Outro abraço
Manel
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Figo
Ilustre e Reverendíssimo Primo Vispo-Conde das Antas (Tinto)
Glup! Este tópico não é do nosso confrade Nuno Borrego, com quem não fazemos cerimónia. Acabo de verificar que pertence ab initio ao nosso ilustríssimo colega Carlos Silva, a quem realmente devemos uma apresentação sincera de desculpas pela distração com que por aqui temos andado, em chinelos e roupão, como se nossa casa fosse. Antes de me retirar, no entanto, agradeço a boleia e desde já requeiro ao Genea aproveite a tua sugestão para enriquecer provisoriamente o meu CV, pois todo o caballero se deve de proteger viuvas e orfãs de maior idade, realmente, isto enquanto investigadores que ando pagando no Reyno dos parentes vizinhos não estabelecem judicialmente a minha legítima descendência de D. Quixote da Mancha. É homenagem delicada que preparo em surpresa á minha nova e encantadora sobrinha das terras de Calatrava, que é manchega como sabes.
Abraço do ainda
Sancho Pança
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RE: João Brandão, da Beira Alta; Zé Nunes, da B.B.
Manel
Eu não sei onde SC morou na "Idade Média". A avó do meu colega foi casada com ele em segundas núpcias e sem descendência ,por isso não sei quem herdou a bilblioteca dele.
No palacete de Costa Cabral, onde hoje é um banco ou sociedade financeira, vivia o meu colega mais os Pais , Avós , Tios-Avós , etc. Parecia um Lar da 3ª. Tudo era super bom,mas não me lembro de ter lanches , ou five `clock tea , a condizer com com nível do palacete e respectivas maids. Olha, requinte tinham as minhas tardes de estudo na casa dos Mattos Pinto de Abreu em Braga(1947). Ás 17 baixávamos á sala de jantar (se no verão era no jardim ) e tínhamos um "lunch" com triângulos de p.f. com fiambre ( na época era caro!), scones com manteiga e chá em serviço de prata. Ah! as bonnes tinham luvas brancas e cri-cri!!!. Foram tempos .
Um abraço do esfomeado
Vasco
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RE: João Brandão, da Beira Alta; Zé Nunes, da B.B.
Não faço ideia onde estava a Est. Serv. e quem era dono. Seria mesmo no largo da entrada de ST?.
Já não me lembro
Vasco
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RE: José do Telhado
Manuel,
Mais uma vez agradeço sua atenção.
Vou consultar os colegas.
Forte abraço,
Jurema (Brasil)
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RE: José do Telhado
Olá Maria.
Será que este Francisco Agra tem alguma coisa a ver com a bisavó do meu marido ROSÁRIA FERNANDES AGRA (nasc. 1867), filha de Manuel Fernandes da Agra, e Anna Fernandes Fradique???
Eles eram de Apúlia.
Como posso saber isso? Dê-me orientações.
Fico agradecida,
Abraços,
Jurema - (Brasil)
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RE: João Brandão, da Beira Alta; Zé Nunes, da B.B.
Vasco
Mas olha q. em Costa Cabral, desde o Largo da Aguardente, até à Areosa, havia uma série de casarões da velha e muito estimada burguesia do Porto, cujos usos y costumbres eram muito semelhantes aos q. descreveste, em Braga.
Talvez a casa mais fraquita, em todos os sentidos fosse a duma nobre Condessa, fidalga por todos os costados (das 1ªs págs. do ANP de 50, o q. presta...) onde as não havia essas larguezas.
Já comi uma nozes e bebi um copo...
Manel
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RE: João Brandão, da Beira Alta; Zé Nunes, da B.B.
Manel
Tens razão. E que casas! Esta do meu amigo tambem era muito boa e a sala de jantar óptima. Aliás ele é um gourmet.
Quando lá ia era para preparar exames e nem pensávamos em comer.
Não tenho o ANP de 50, só de 85. Mas presumo o que queres dizer. Foram épocas! Tambem passei por algumas situações que não quero relembrar.
Vasco
P.S. O meu filho deu-me o recadoe eu telefonei pelo telele quando cheguei mas tinhas o telefone desl.
Estou cá amnha~mas vou``a noite dormir a Tondela e regresso no sábado ao almoço. À tarde vou a um colóquio na Un. Cat.- Organ. pelo D. Gonçalo.
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RE: João Brandão, da Beira Alta; Zé Nunes, da B.B.
Vira para o MSN. Se não conseguires pede ajuda ao teu arquitecto.
ReplyDirect link:
RE: José do Telhado
Manel,
Mas que perda para a barra e para a coisa pública, o dia em que este Dr. COSTA deixou de defender inocentes e passou antes a atacá-los.
Que a terra lhe seja leve.
Alexandre da Cave
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RE: Antas, pré-estádio das
Alexandre,
Sabes, este nosso primo é mesmo uma ave rara, pois deve ser dos poucos que nascidos nas Antas demonstram predilecção por colectividades de tão pequeno coturno como as duas que mencionou.
Mas magnífico o seu relato da peleja no local entre "Constitucionais e Usurpadores" (que bem lhe fica também a sua escolha de epítetos para as duas facções). Já tenho lido relatos circunstanciados do cerco do Porto, e são grande entretenimento.
Para dizer alguma coisa de aproveitável, atendendo ao título do tópico, já em tempos li um livro intitulado "O Assalto de José do Telhado à Casa de Carrapatelo" (deverá ser do conhecimento do nosso caro confrade J. Huet). Entre os "sitiados" contava-se um tal de Torquato de Serpa Pinto, misterioso personagem que até hoje não logrei identificar, embora me não surpreenda ali a presença de um membro da família, que tinha relações com os Senhores da Casa e habitava a Casa de Vimieiro, não longe dali, em Sande.
Saudações Dolménicas
Alexandre
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RE: Antas, pré-estádio das
Pena q. não possam ainda ler o meu "O Senhor Visconde"...
Ali há muitos relatos circunstanciados do sítio do Porto, bem como outros bem interessantes, envolvendo dezenas de ancestrais de muita gente que por aqui anda...
às tantas ainda vou arranjar problemas!
Para já, a culpa de não ter saído é do Vasco Briteiros...
Para quem fez o SMO, aquilo é especialmente divertido. As casernas, os clubes de oficiais (messes) e as acções e contactos com o IN, eram ou foram muito similares aos que a minha geração experimentou entre 1961 e 1974...
Já eliminei mais de 20 notas de roda-pé, para evitar questões com os descendentes dos mencionados. Mas que foi assim, foi, não tenho a menor dúvida, pois q. me apoiei em testemunhos fidedignos!
Abraços
MM
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RE: Antas, pré-estádio das
Manel
Qué Barbaridade!
Com então sou eu o culpado! Eu Senhor do Tintol de Mesão-Frio, que tenho estado à inteira disposição, te~lefonei para o teu Telele. deixei mensagens , etc etc.
Faz favores dizes hoje e aqui em público onde nos encontarmos, aqui na minha choupana, no café Corsel, no Slavia, no Canal 3 , onde fôr mais conveniente para o Autor não ficar muito cansado!
Um abraço
Vasco
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RE: Antas, pré-estádio das
Manel,
Como já tive ocasião de te dizer, aguardo com expectativa a saída do livro.
Quanto às notas de rodapé que dizes ter eliminado, acho que o historiador, amador ou profissional, não se deve demover com esse género de considerações. Poderá "dar duas a abater" no prefácio, para amortecer o choque, mas não deverá nunca diminuir o interesse da obra ou o seu âmbito para não ferir susceptibilidades. E também te digo que seria preciso ser muito susceptível para se melindrar com relatos de acontecimentos de há 170 anos! Põe os olhos no VPV, outro especialista do período. Está-se bem a marimbar se alguém fica melindrado: verdadinha por inteiro, que é para isso que ele escreve.
E as vaidades também porvezes precisam de um banho de humildade.
Força e em frente!
Alexandre
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RE: Antas, pré-estádio das
Ainda poderás dar uma saltada aqui em casa, hoje mesmo?
Senão fica para a amanhã, onde quando quiseres...
Manel
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RE: Antas, pré-estádio das
Posso , só tenho que esperar que um dos meus jovens regresse a casa com um dos veículos, que prevejo seja dentro de uma hora.
Vasco
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RE: Antas, pré-estádio das
Não é bem assim...
Tenho tb. telhados de vidro e detestava que me partissem alguma telha, inclusivamente com algum ou alguns dos nossos avós que seguiram o Usurpador...
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RE: Antas, pré-estádio das
OK. Aqui estarei. Tavez com tintas e pinceis na mão, mas supenderei logo a inspiração artítica...
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RE: Antas, pré-estádio das
Manel,
Mantenho a minha. Podes também desvendar esses telhados de vidro na obra (no que me toca, nada terás a temer), e ficas logo a coberto de reacções imoderadas. Volto a frizar que considero o prefácio fundamental neste aspecto, de modo a que o leitor se aperceba da intenção meramente científica do autor.
Um abraço
Alexandre
PS não estou a bater-me a escrever o prefácio, que sei já ter autor definido. A não ser que lhe queiras juntar um comentário que contextualize o trabalho.
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RE: Antas, pré-estádio das
Alexandre
Acabei de entregar (finalmente) "O Senhor Visconde" ao Vasco. Fico à espera da sua crítica, bem como do respectivo prefácio.
O teu comentário será muito bem vindo e será naturalmente incluído, com muito gosto meu!
Bastará que o redijas da tua forma habitual e, não me insultes demais...
Tenho aí uma outra cópia corrigida à unha, que te posso passar. Penso que nessa não falta nenhuma das tais notas de roda pé. Diz-me quando poderás passar por aqui.
abbraços
Manel
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RE: José do Telhado
Exmo. Senhor,
Acerca do "Zé do Telhado", já experimentou consultar a Biblioteca (ou o Museu) do Tribunal da Relação do Porto?
Ao que me consta, aí poderá encontrar o Processo do "Zé do Telhado", com informação exacta acerca do assunto.
Suponho que a visita ao Museu é livre e que, este processo em particular até se encontra exposto (tal como o do Camilo Castelo Branco.
Cumprimentos
Maria Teresa
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RE: José do Telhado
Prezada Maria Teresa,
agradeço a muito interessante informaçào.
cumprimentos
C. Silva
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Biblioteca do escritor Sousa Costa.
Caro Vasco Briteiros
Acasos do Google conduziram-me a este tópico, onde acabo de ler que não sabe quem herdou a biblioteca do escritor Sousa Costa.
Devo confessar que também desconheço quem a terá herdado, mas sei onde ela se encontra.
Moro na acima citada rua de Stº Antº de Contumil. Sousa Costa, em boa verdade, nunca aqui residiu, mas, sim, na rua de Contumil, numa casa elevada, hoje muito decadente, que foi sede do PSD. Ao lado do portão tinha uma pequeno mas gracioso painel de azulejos, com uma frase de D. Emília de Sousa Costa, que, como sabe, também tem obra publicada, literatura infantil sobretudo. A casa era chamada o Conventinho de Contumil, e é de lá que Sousa Costa data muitos dos seus textos.
Passo junto a essa antiga residência do casal quase todos os dias e, há algum tempo, talvez no início de 2007, notei que o painel de azulejos havia desaparecido.
Depois de esgotado o meu repertório de palavrões dirigidos para o bairro camarário que fica em frente ao Conventinho, onde suspeito que os Vândalos medievais terão deixado alguma descendência, e de ter manifestado a minha indignação junto dos amigos que fazem o favor de me aturar as diatribes, lá fui lentamente entrando naquela mole indiferença que nos vai mantendo vivos, se assim se pode dizer.
Acontece que, em Outubro do ano passado, fui a Vila Real, a convite do pessoal do Grémio Literário.
Logo ao entrar no edifício, a primeira coisa que vi foi o querido e muito chorado painel de azulejos, encastrado na parede, em bem destacado lugar.
Não imagina a prazer que essa visão me proporcionou.
Sou um guloso consumidor da muito barroca prosa de Sousa Costa, tenho por ele, que não conheci, um enorme afecto e, de certo modo, o pequeno painel representava, no meu espírito, uma espécie de imagem votiva, que associava à sua pessoa e à sua literatura.
Vim a saber, pelos dirigentes do Grémio, que o painel havia sido oferecido pelos herdeiros, juntamente com a biblioteca.
Não sei cozinhar, o que muito me desgosta por não poder saciar-lhe a fome que confessa no final da sua mensagem, mas posso gabar-me de ter tido nas minhas incapazes mãos o livro manuscrito de receitas da D. Emília de Sousa Costa.
Não é o mesmo que comer scones, mas não anda muito longe.
Afectuosos cumprimentos,
Manuel.
PS: Aproveito para apresentar desculpas públicas à rapaziada do bairro de Contumil (por esta que não por outras), desculpas que, aqui expressas (a alternativa seria um anúncio no Jornal de Letras), estou certo que não deixarão de chegar ao seu destino.
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