Familia de Caminha e Viana do castelo

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Familia de Caminha e Viana do castelo

#37302 | alvesantos | 07 mar 2003 11:30

Recentemente localizei num site brasileiro informacao de interesse sobre familias de Caminha e Viana que poderao ser interessantes para os investigadores de genealogia:
. Usando como exemplo uma família do Rio de Janeiro, que desde o início do século XVII teve membros presos pelo Santo Ofício, é possível verificar como seus processos inquisitoriais (que estão arquivados no Arquivo Nacional da Torre do Tombo em Lisboa) são fundamentais para a elaboração de suas genealogias e de sua história familiar. O primeiro membro da família preso no Rio de Janeiro, no século XVII, foi Izabel Mendes, a única cristã-nova presa pela Terceira Visitação às Partes do Brasil, liderada pelo Visitador D.Luis Pires da Veiga. Presa em 1727 e enviada para Lisboa, ficou presa durante sete anos, até ser condenada pelo Santo Ofício como judaizante. Ao chegar em Portugal, foi considerada louca pelos inquisidores e enviada para um hospício. Passados três anos, foi enviada novamente aos cárceres da Inquisição, apta para ser julgada. Assim, a sessão "Genealogia" neste caso foi realizada somente 7 de outubro de 1633, quando já estava presa nos Estaus ( os cárceres da Inquisição) há dois anos. Genealogia Aos sete dias do mês de outubro de mil e seiscentos e trinta e três anos em Lisboa, nos Estaus e casa do despacho da Santa Inquisição, estando ai em audiência da tarde o Inquisidor Diogo Osório de Castro mandou vir perante si a Izabel Mendes, ré presa conteúda neste processo, e sendo presente para responder em verdade a tudo o que lhe fosse perguntado lhe foi dado juramento dos Santos Evangelhos em que pôs sua mão sob cargo do qual prometeu de assim o fazer. Perguntada se cuidou em suas culpas como nesta mesa lhe foi mandado. E as quer acabar de confessar para descarga de sua consciência e salvação de sua alma e ser bom despacho. Disse que não tinhas culpas que confessar pelo que lhe foram feitas as perguntas seguintes de sua genealogia. Perguntada como é o nome e de que idade e nação era filha, de onde era natural e moradora. Disse que ela se chama Isabel Mendes de Cea, meia cristã-nova, de quarenta e quatro anos de idade, natural de Viana e moradora vinte e três até o tempo de sua prisão no Rio de Janeiro. E tornou a dizer que era cristã-velha de todos os quatro costados e que nessa conta teve sempre seus pais. E é filha de Gregório Mendes de Cea, contratador que foi da Alfândega de Aveiro, natural da dita vila, e sua mãe chamavam Isabel Gomez, natural da dita vila de Caminha. Já seu avô paterno chamavam Gaspar de Cea, provedor que foi da Misericórida de Viana, e sua avó Isabel Mendes, natural da vila de Caminha. E que seu avô materno chamavam Gabriel Ribeiro da Costa, natural desta cidade de Lisboa, e sua avó Caterina Rodrigues, não sabe, digo, que lhe parece que foi natural de Caminha. E que ela não conhecera tio nenhum da parte de seu pai, mas que lhe disseram que tivera cinco, e um deles Francisco de Cea e dos mais não sabe os nomes, todos morreram solteiros. E uma tia por nome Gracia (…) que foi casada em Caminha com Gonçalo Rodrigues, sirgueiro e teve um filho e uma filha, esta Filipa Mendes e aquele Gregório Mendes, os quais conheceu desde menino. E teve da parte de sua mãe dois tios que eram meio irmãos de sua mãe e um por nome(…),que faleceu solteiro,e outro Tomaz Rodrigues, foi casado nesta cidade e não teve filho nem filha. E que teve muitos irmãos e só conheceu cinco irmãs, duas inteiras e três meias irmãs e um meio irmão que se chama Gabriel Ribeiro da Costa, solteiro. E uma das irmãs inteiras se chamam Messia Barboza, casada com Paulo Rodrigues, cristão-velho, no Rio de Janeiro e tem filhos pequenos Gregório, Manoel e Isabel. E outra irmã inteira se chama Beatriz da Costa, casada com Duarte Ramires de Leão não sabe se cristão novo se cristão-velho, moradores no mesmo Rio de Janeiro, e tinham seis filhos Branca, de dez anos é mais velha, Gregório, Antonio, José, Leonor e Isabel. E das três meias irmãs uma se chama Marinha de Monserrate, Catarina Rodrigues e Maria da Costa, todas as três solteiras. E que ela declarante é casada com Luis Pires, cristão-velho, mercador, de quem teve dois filhos, um dos quais que se chamava Gaspar e faleceu de três anos e Isabel de ano e meio, e não foi casada outra vez. E que ela é cristã batizada e o foi na Igreja de Viana, não sabe por quem nem quem foram seus padrinhos. E é crismada e o foi na mesma igreja pelo arcebispo Dom Frei Bartolomeu dos Mártires. E que ela tanto que teve(…) idade consciente ia a Igreja, ouvia missa e pregação, confessava-se e comungava quando manda a Santa Madre Igreja e fazia as mais obras de cristã. Logo posta de joelhos disse(…)se persignou e benzeu. Disse o Padre Nosso e Ave Maria e creio em Deus Padre, mandamentos da Lei de Deus e os da Santa Madre Igreja. E Salve Rainha. E que ela nunca foi presa pelo Santo Ofício senão agora, e o foram Gabriel Ribeiro e Tomas Rodrigues que saíram soltos e livres havera vinte e dois anos pouco mais, e que ela não foi fora deste Reino mais que ao Rio de Janeiro. Perguntada se sabe ou suspeita porque está presa. Disse que não sabia, que não sabia, salvo se fosse por haver ensinado a uma mulher a quem seu marido dava má vida que quando ele pelejasse com ela tomasse uma bochecha de água a não lançasse fora e se seu marido se não aquietar para que a dita mulher se não descompusesse com o dito seu marido, o que alguns cuidaram que eram feitiços. Foi-lhe dito que ela está presa por culpas que cometeu contra Nossa Santa Fé Católica e lhe fazem saber que no Santo Ofício se não prende alguém sem bastante informação. E que esta houve para ela o haver ser, portanto a admoestam com muita caridade da parte de Cristo Nosso Senhor confesse inteiramente suas culpas dizendo em tudo a verdade delas para assim merecer a misericórdia que nesta mesa se costuma conceder aos bons e verdadeiros confitentes, e salvar a sua alma. E por dizer que ela não tinha que dizer nesta mesa mais que o que tem dito nesta mesa, foi admoestada em forma e mandada a seu cárcere, e assinou com o dito Inquisidor. João Carreira, notário o escrevi. E sendo-lhe lida esta sessão que estava escrita na verdade, o sobredito o escrevi. Diogo Osório de Castro Izabel Mendes Esse documento, além de informações essenciais sobre a possibilidade de o réu estar sob a autoridade da igreja, por ser batizado, investigava a qualidade de sangue do preso. E deixa para o historiador pistas importantes sobre os antepassados deste, além de informações sobre a dinâmica familiar. Por exemplo, sabe-se que o pai – ou a mãe – de Izabel já haviam sido casados anteriormente, tendo filhos do primeiro casamento, com um filho e três filhas, meio-irmãos da ré. O mesmo acontecera com seu avós maternos. Através dessa genealogia, vemos que as três irmãs tinham filhos. Mas é através da nova investida inquisitorial no Rio de Janeiro, no início do século seguinte, que se conhece a descendência da família. Os filhos de Izabel e da irmã Messia, desapareceram dos registros históricos. Não se sabe se morreram, se saíram do Rio de Janeiro ou se simplesmente conseguiram esconder sua origem cristã-nova e assim escaparam do Santo Ofício – embora essa hipótese seja menos provável, uma vez que os descendentes da terceira irmã, Beatriz que formaram a família Vale, foram presos. O sobrenome Vale surgiu em meados do século com o casamento de Izabel Gomes da Costa, de sua terceira geração, com um reinól cristão-novo chamado Manoel do Vale da Silveira. Nos processos inquisitoriais, as informações não se encontram somente na sessão Genealogia. Nas denúncias e confissões também encontramos inúmeros dados sobre as famílias de cristãos-novos. Por exemplo, no processo de Izabel Mendes, ela denuncia outros cristãos-novos que fundaram grupos familiares que se tornariam importantes na região, como Manuel de Paredes da Costa, que ao casar-se com Guiomar Rodrigues inauguraram a família de sobrenome Paredes, também em inícios do século XVII. Este importante clã contou com advogados e senhores de engenho em seus quadros. Foram um elo fundamental na rede familiar de cristãos-novos que se constituiu no Rio de Janeiro do período. Os filhos, filhas, netos e netas estabeleceram laços de união matrimonial com outras famílias cristãs-novas, radicadas na cidade, como por exemplo, os Lucena Montarroyo, Barros, Azevedo Coutinho, Cardoso, Costa ou mesmo os Vale. Outro casal denunciado por Izabel Mendes foi Beatriz Cardosa e Baltazar Rodrigues Coutinho, que foram antepassados de Antonio José da Silva, o dramaturgo que teve o cognome "O Judeu" na Lisboa do século XVIII. No caso específico da família Vale, um outro documento foi de grande auxílio para a montagem das genealogias. Um parente, judeu português que saiu de Portugal e estabeleceu-se na Holanda, deixou uma genealogia que foi encontrada em Londres. Ishack Mathatia de Aboab escreveu o manuscrito Livro e Nota de ydades Reduzido por my Ishack Aboab e copiado por my Mathatia do senhor Ishack Aboab. Ali estão listados dez filhos do casal Beatriz da Costa e Domingos Ramires Leão, e aponta um parente importante: don frey Francisco de Vitória, Bispo de Tucumã e Arcepisbo de México. Izabel Mendes listou somente seis sobrinhos – provavelmente, os demais nasceram após ela ter sido presa. As declarações dos processos devem sempre ser verificadas – nem sempre os irmãos dão a mesma informação a respeito dos familiares – mesmo os avós, às vezes são desconhecidos para os netos. Para do Rio de Janeiro, pode-se contar ainda com as genealogias elaboradas por Carlos Rheingantz, baseadas na documentação paroquial.E há outras obras, como por exemplo a de Elysio de Oliveira Belquior. Um dos grandes problemas são os homônimos – nomes que se repetem nas várias e nas mesmas gerações.Por exemplo, uma das filhas de Beatriz da Costa chamava-se Izabel Gomes da Costa. Entre muitos filhos, uma era chamada Izabel Gomes. Duas de suas netas chamavam-se Izabel Gomes da Costa, além de outras netas chamadas Izabel -de Andrade, de Mesquita – mas às vezes também chamadas de Gomes ou Gomes da Costa por algumas pessoas. Na família Paredes, há inúmeros Manoel de Paredes (Manoel de Paredes da Costa, Manoel de Paredes da Silva) e outros tantos Agostinho de Paredes e Rodrigo Mendes de Paredes, todos parentes.

(...)

Alves dos Santos

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#420937 | IdelinaCabraldeAssis | 23 gen 2020 16:41 | In reply to: #37302

Ola, eu procuro este manuscrito do aboaba, pois todos dizem que nele estao relacionados os 10 filhos do Duarte Ramires de leao ou Benjamim Benveniste e Beatriz da Costa. quem tem este mnuscrito ou os nomes dos filhos por favor? pois estou paada no Jao Mendes de Leao o qual nao encontramos a prova de ser o filho de Duarte
Obrigada
Idelina

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#421962 | Thiago1016 | 21 feb 2020 23:13 | In reply to: #420937

Boa tarde Idelina, tudo bem?

Idelina, o manuscrito do Aboab está divulgado no Boletim Internacional de Bibliografia luso-brasileira, no volume 2 de 1961. O mais engraçado é que acho que eu vim parar nesse post antigo (com mais de 10 anos) assim como você, porque também estou interessado em saber os pais do João Mendes de Leão. Mas minha história com esse cara é um pouco engraçada, porque há um tempo atrás estava fazendo minhas pesquisas genealógicas como de costume e encontrei um antepassado meu chamado Bento Ribeiro Salgado, que faleceu em 1780 e foi casado com uma Ângela. Para minha surpresa, esse casal era divulgado pelo Projeto Compartilhar ( http://www.projetocompartilhar.org/ ), coordenado pela Bartyra Sette, Regina Moraes Junqueira e Sílvia do Prado Buttros. Esse site têm os nomes dos primeiros povoadores de Minas Gerais, que vieram principalmente da Capitania de São Vicente e da cidade do Rio de Janeiro no período colonial. Esse site me abriu muitas portas em minhas pesquisas genealógicas (que estou dando continuidade nesse momento, pois tem alguns documentos que estão me dando muito trabalho ainda hahaahha), pois me trouxe novos nomes.
Algo interessante de acordo com esse site, é que minha genealogia avança até esse tal João Mendes de Leão e termina. Não contente comecei a fazer pesquisas no Google e em livros, para saber se achava mais informações desse cara mas não achei nada de concreto. Mas por incrível que pareça, diversas pessoas na internet propagavam notícias que esse tal de João Mendes de Leão seria filho do Duarte Ramires de Leão (um judeu Sefardita, que teve alguns filhos e parentes perseguidos pela inquisição). Acho que isso se deva ao fato de que a esposa do Duarte, tivesse o sobrenome Mendes, e que alguns filhos do casal tinham o sobrenome Mendes de Leão, como o Gregório Mendes de Leão (que é descrito no livro Os Cristões-Novos, Povoamento e Conquista do Solo Brasileiro, de José Gonçalves Salvador). Mas tenho muitas dúvidas se o João é filho do Duarte, pois o manuscrito do Aboab não cita ele infelizmente (cita apenas: Gregório, Branca, Abraão, David, Yaacob, Leonor, Lea, Domingos, uma menina que não teve o nome descrito,e Ishack). Porém não contente, ao envés de fazer buscas nos infindáveis registros do Family Search (que desse período do século XVII são muito mal conservados), em sites de genealogia, fóruns e livros, decidi pesquisar diretamente nos registros da Inquisição. Por que em minha cabeça, se João fosse filho de Duarte que era Judeu, as vezes João poderia ter sido perseguido pela inquisição. Infelizmente não achei nada de concreto ainda. Porém, achei algo interessante, que não tive a oportunidade de estudar mais a fundo. Existe uma pessoa que tinha os pais com o sobrenome Mendes de Leão, que vivia no Rio de Janeiro colonial, nesse período próximo ao qual viveu João. Chama-se Diogo Rodrigues (verdadeiro novo talvez seja Abraão Rodrigues, conforme fala esse livro: https://books.google.com.br/books?id=Ik7G5Pt7TBoC&pg=PA81&lpg=PA81&dq=manuel+rodrigues+de+le%C3%A3o&source=bl&ots=CiwIawkfBs&sig=ACfU3U13MhaBSUKUzTxUSoaPvU-gpeotpA&hl=pt-BR&sa=X&ved=2ahUKEwjd1veI2tTnAhVeIrkGHYoRDC4Q6AEwEnoECAoQAQ#v=onepage&q=manuel%20rodrigues%20de%20le%C3%A3o&f=false prágina 81). Esse Diogo Rodrigues tem uma história interessante: Ele tinha os pais portugueses que se chamavam Matheus Mendes de Leão (igual ao João) e Beatriz Rodrigues naturais do Porto, Portugual. Ele nasceu em 1964 na França, aos 20 anos vai pra Portugal e depois para o Rio de Janeiro. Em 1712 aos 49 anos é preso no Bahia pela Inquisição (por que estava de passagem por lá). Em 1713 seu processo da inquisição termina quando ele se batiza com o nome de Manuel Rodrigues de Leão. Achei interessante esse caso, porque o pai do Diogo tinha o sobrenome Mendes de Leão. Talvez eles possam ser pais do João também, e o Diogo ser irmão do João. Isso me veem a mente porque talvez o João possa ser Português ou até mesmo Francês, já que a maioria dos autores de genealogia famosos como Carlos Grandmasson Rheingantz e José Gonçalves Salvador não tenham achado mais registros sobre ele no Brasil. Talvez um documento que possa trazer luz a esse caso (suponho eu), seja o processo inquisitorial de Diogo Rodrigues ( Abraão Rodrigues ou Manuel Rodrigues de Leão). O processo inquisitorial dele está aqui: https://digitarq.arquivos.pt/details?id=2305353 ;
Como o próprio alvesantos disse acima, os processos inquisitoriais podem ser fontes muitos boas de genealogia porque os acusados eram obrigados a informar nomes de irmãos, tios, primos, parentes e conhecidos. As vezes o João poderia ser um parente do Diogo (irmão ou tio), que estava já no Rio de Janeiro ou veio posteriormente. Bom mas isso é suposição hahahah, mais como é quase impossível achar registros dos pais do João, acho que valha a pena arriscar ler esse documento. Mesmo assim, as vezes João possa ser mesmo filho do Duarte, pois como visto no exemplo do Diogo Rodrigues (Abraão Rodrigues) e do próprio Duarte (Benyamin Benveniste), as pessoas quando se batizavam trocavam os nomes judaicos para nomes mais "Cristãos". Então o João possa ser, o Abraão, ou David, ou Yaacob, ou Ishack.
Confesso que ainda não li esse processo inquisitorial, principalmente por que estou adiantando outros ramos familiares e também causa da complexidade (168 páginas de muita informações) que tem esse documento. Como sou amador em genealogia (pesquiso apenas 2 anos e meio, nem sou historiador), tenho dificuldades ainda com paleografia. Sou mais acostumado a ler registro de casamento e batismo,que quase sempre têm palavras comuns e repetidas.
Talvez Idelina, você tenha mais experiência que eu e consiga ler com mais facilidade esse registro, para solucionar por definitivo esse mistério que são os pais do João.

Se você tiver mais notícias e puder compartilhar informações sobre esse João ficaria muito grato. Até agora também não tive mais avanços que os descrevi, mas talvez esse documento passa trazer alguma pista.
Deus abençoe!

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