genética berbere na Península
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genética berbere na Península
No Diário de Notícias de 30 de Março de 2003
Genética investiga islamização ibérica
ELSA COSTA E SILVA
A história repete-se. A arqueóloga Alicia Morales usa esta expressão para mostrar que o discurso cristão sobre a islamização da Península Ibérica pode não ter correspondido à realidade e que apenas surgiu para legitimar a contra-ofensiva violenta que se seguiu. «Tal como nesta guerra do Iraque.»
Há cerca de 15 séculos, os «mouros» estavam em Mértola. Mas seria essa presença um sinal de ruptura com as práticas de vida dos habitantes locais? Terá havido uma conversão obrigatória ou violenta dos então mertolenses? As descobertas arqueológicas indiciavam que não e agora é a genética que foi chamada a trazer alguma luz sobre o assunto.
Uma equipa de cientistas do Instituto de Patologia e Imunologia da Universidade do Porto (Ipatimup) está a estudar ossadas de pessoas que viveram nos séculos 5 a 8. Vestígios que poderão dar alguma resposta sobre quem foram os invasores e que como ocuparam o território.
Os investigadores vão analisar o DNA mitacondrial, que determina as linhagens femininas. Se a islamização tiver como protagonistas apenas guerreiros, não existirão, por exemplo, no material recolhido, marcas de uma alargada presença feminina. Caberá ao grupo de genética populacional do Porto avançar com algumas conclusões sobre o tipo de população berbere que esteve presente na Península. Se houver partilha de linhagens, será mais provável a hipótese da conversão dos paleocristãos ao Islamismo.
As escavações realizadas no ano passado no campo arqeuológico de Rossio do Carmo vieram reacender a discussão sobre o carácter da islamização. A descoberta de dois cemitérios sobrepostos animou a discussão. Num primeiro nível de enterramento foi identificada uma necrópole do tempo dos paleocristãos. Seguiu-se uma camada de ossadas berberes e aí um sinal inesperado: há práticas funerárias que misturam hábitos ditos mouros com outros que serão cristãos ou judeus. Um sinal, explica a arqueóloga, de convívio entre culturas. E, portanto, um sinal de continuidade e mesmo de tolerância religiosa. A islamização da Península não constituiu nenhuma ruptura. Talvez, adianta ainda Alícia Morales, tenha sido a reconquista cristã a marcar um corte abrupto entre as práticas de vida. Estas misturas de rituais de serão podem ser «as primeiras provas claras» da convivência.
«Não quero dizer que não tenha havido confrontos violentos e batalhas em alguns pontos da Península», adianta, mas sem convulsões populacionais. O único óbice para quem se mantinha cristão era o facto de ter de pagar mais impostos. «A conversão não é uma ideia do Islão», garante Alicia Morales.
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RE: genética berbere na Península
Este tipo de investigações é muito útil.Atenção Prof.FA Dória esta interessa.
Cumprimentos.
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RE: genética berbere na Península
Na parte documental, tem sido mais fácil identificar linhagens árabes: al-Lahmi, al-Umawi (omíadas), al-Hasani (Alida, descendente de Hasan), al-Qaysi, entre outros. Bérberes, tenho tido dificuldades. Estou interessado, claro.
Obrigado por me chamar a atenção para este post.
fa
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RE: genética berbere na Península
Essa questão da convivência antes pacífica do que conflituada é o que tenho, tentativamente, intuído nas leituras que faço dos DC de Herculano. Quando um provável - muito provável - omíada, Zahadon [al-Umawi] no DC 39 (933) aparece casado com uma cristã, Aragunte [Fromariques], e vendendo terras a um moçárabe, em ato testemunhado pelo rei Ramiro II, percebemos como isso é verdadeiro.
Francisco Antonio Doria
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