Um clérigo Miguelista
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Um clérigo Miguelista
O Revº Miguel Joaquim Moreira de Sá Brandão Sotomayor e Menezes, nasceu a 4/8/1772 em Barrosas, em cuja paroquial foi baptizado no dia 12 pelo revº Dionísio Pereira da Costa e Silva, primo de seu pai, sendo padrinhos o desembargador Dr. Miguel de Arriaga Brum da Silveira e sua mulher D. Mariana Joaquina de Vilhena Coutinho, moradores na cidade de Lisboa, por procuração feita aos avós paternos do baptizado.
Faleceu a 3/6/1853 em S. Miguel das Caldas de Vizela, freguesia de que possuiu a abadia, e onde foi sepultado.
Acérrimo partidário do rei D. Miguel, contrariamente ao pai e irmãos, recusou-se a prestar-lhes auxílio quando - no auge das lutas entre os adeptos de um e outro dos reais irmãos - a casa de Sá foi assaltada e sequestrada por ordem do governo miguelista.
De resto, o seu comportamento em várias fases da vida indiciam uma personalidade bem controversa.
Como exemplo, refira-se que em 6/7/1838, por escritura pública lavrada nas notas do tabelião Nicolau Teixeira de Abreu, da vila de Guimarães, o revº abade de S. Miguel das Caldas, residente na sua quinta do Carvalhal, na freguesia de Santa Maria de Infías, declarou que “como filho Legitimo que era de Francisco Joaquim Moreira de Sá, e de Dona Josefa Antónia de Vasconcelos Sotto maior e Menezes falecidos, e moradores que forão na sua Caza e Quinta de Sá da freguezia de Santa Eulalia de Barrozas, declarava, e havia por declarado, que não tinha recebido depois da sua morte couza algua da sua herança, nem fôra ou queria ser seu herdeiro, antes se abstinha desso, para não responder por dívidas, ou acçoens passivas da mesma herança: cuja declaração fazia agora, e não tinha feito mais cedo, porque nem seu pai fizera Inventário por morte de sua Mai, nem por falecimento delle o fizera seu Irmão Miguel António Moreira de Sá, que fora doado na Caza, e ficára na posse e Cabeça de Cazal: protestando por isso de não responder pelas dívidas e obrigaçoens em que se considere a predita sua Caza natal” .
De resto, já em 1828, quando do sequestro ordenado pelo governo miguelista à casa de Sá, então já desfrutada pelo irmão Miguel António Moreira de Sá, o revº abade não alegou qualquer direito a ela.
Mas, intervindo na transacção efectuada por escritura pública de 3/9/1844, entre os sobrinhos (António Cecioso Moreira de Sá e irmãs) e os primos (o coronel José Joaquim Moreira de Sá e irmã D. Henriqueta Emília Moreira de Sá e Ferreira de Eça), ressalvou o direito que tinha aos prazos de Sá e Silvares e de os nomear no sobrinho que mais lhe aprouvesse, tendo - apesar de tudo - os restantes intervenientes aceitado esta condição e ressalva .
Assim, em 24/9/1851, por escritura lavrada nas notas do tabelião Joaquim Silvestre de Sousa, de Guimarães, doou a casa e quinta de Sá e o casal de Silvares aos sobrinhos D. Eduarda Emília Moreira de Sá e marido, o Dr. Francisco Joaquim Moreira de Sá .
Viveu maritalmente desde 1820 com Ana Dias Pereira de Freitas (casada mais tarde com António Dâmaso Monteiro Osório) e de quem não sabemos se terá tido filhos.
De qualquer modo, doou por escrituras de 10/7/1850 e 30/8/1851, nas notas do tabelião Torres, de Barrosas, os importantes bens do Mourisco (onde ficavam os banhos romanos) a esta sua antiga manceba e marido.
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RE: Um clérigo Miguelista
Caro Fernando de Sá Monteiro.
Este seu antepassado foi o que escreveu " Historia de D. João VI desde o seu nascimento até à sua morte" ?
segundo vejo aqui, na obra do Padre Antonio José Ferreira Caldas, o autor deste texto foi filho de Francisco Joaquim Moreira de Sá.
Abraço
Vasco Briteiros
P.S. Conheci muito bem o Dr Miranda de Andrade que cita noutro tópico
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RE: Um clérigo Miguelista
Quem escreveu a "História de D. João VI desde o seu nascimento até à sua morte", foi o meio-irmão deste clérigo, Miguel António Moreira de Sá.
Miguel António Moreira de Sá, embora não fosse o primogénito (era filho do 2º matrimónio de seu pai, com D. Ana Peregrina Pinto Pereira Velho (Mendes)de Carvalho), veio a tornar-se o herdeiro do morgadio e dos restantes bens patrimoniais de seus pais, pelo que foi o 2º administrador do morgado de Sá, senhor da casa e quinta de Sá, da quinta da Cascalheira, do prazo de Silvares, da quinta do Outeiro, de Tegem, do vínculo de Santa Cruz e quinta do Casal, etc.
Nasceu a 14/11/1801 em Santa Eulália de Barrosas e veio a falecer a 27/7/1836 em Lisboa, sendo sepultado no cemitério do Alto de S. João.
Foi combatente da causa liberal, sendo distinta a sua folha de serviços em defesa do seu monarca.
Em 1821 e 1822 era cadete da 1ª Companhia do 1º Batalhão do Regimento de Infantaria nº 15.
Em 1826 era já tenente do Batalhão de Voluntários Nacionais, em Guimarães, onde serviu até 1828. Neste mesmo ano, passou a servir no Porto e, após a derrota das forças constitucionais, acompanha a divisão de Sá da Bandeira na sua ida para a Galiza e depois para Inglaterra.
No ano seguinte, em 1829, regressa a Portugal.
Sendo descoberto em Monção é preso e conduzido sob prisão para o castelo de Guimarães.
Julgado em tribunal de guerra, é condenado à morte por enforcamento, juntamente com outros combatentes liberais.
Em 19/11/1830 é protagonista de uma espectacular evasão, com mais cinco companheiros seus igualmente condenados à pena capital.
Segundo ele próprio relata num curioso livro de memórias (com a narração das aventuras e sofrimentos como exilado e prisioneiro de guerra), ter-se-á servido dos lençóis das camas rasgados em tiras, atadas umas às outras, sendo a primeira presa às grades da prisão. Por elas desceram os fugitivos até ao largo do Cano.
Embarcou no Porto para o Brasil onde, posteriormente, se lhe foi juntar a família, enquanto a casa de Sá era sequestrada pelo governo do rei D. Miguel.
Durante a sua permanência no Brasil escreveu e publicou uma “História de D. João VI”, no seguimento de uma tendência literária que se manifestou desde a infância e relatada ufanamente pelo pai.
Regressou a Portugal em Abril de 1834, alistando-se no Batalhão Nacional fixo, de Guimarães, em que teve o posto de capitão.
Em 4/8/1834 foi eleito vereador da Câmara de Guimarães, eleição que se repetiu em 15/2/1835.
Nos finais de 1835 partiu com a família para a capital a fim de ocupar o cargo de director de “O Nacional”, órgão oposicionista a Agostinho José Freire, onde foi redactor vários anos, vindo a afalecer no ano seguinte.
Bibliografia:
- "Os Sás de Vizela - MOREIRAS DE SÁ, Memórias Históricas, Genealógicas e Heráldicas", do autor, manuscrito)
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