Cames, Camiz ou Camelos? armas misteriosas
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Cames, Camiz ou Camelos? armas misteriosas
Caros Confrades:
Resolvi passar para um novo tópico a mensagem (abaixo reproduzida) que mandei ao Nuno Borrego no tópico «Parabéns Nuno Borrego "Cartas de Brasão de Armas"»; agradeço quaisquer informações acerca desta questão.
Com os melhores cumprimentos,
António Bivar
«Caro Nuno:
Associo-me ao Lourenço nos parabéns e no agradecimento pela belíssima obra, que também já comecei a devorar, mas que levará concerteza muito tempo a digerir!
Aproveito para deixar aqui uma “achega” e incitar todos os confrades a irem fazendo o mesmo quando tiverem oportunidade para tal, tanto em relação a esta obra como a outras de alguma maneira relacionadas com a Genealogia:
Refiro-me à carta de brasão com o número 500, que aparece com o nome “João Camiz (Camelo?)”, de 27/4/1554, sendo o agraciado morador “no Condado de Valadares”, e justificando o direito ao uso das “armas de Camiz (Camelo?) e Beças”. A interrogação justifica-se pelas considerações que acerca desta carta faz António Machado de Faria na “abertura” às suas “Cartas de Brasão” e que reproduzes no teu Anexo III; aí, a fls. 444, afirma-se o seguinte acerca desta carta:
“... as armas daquele apelido e do de Beça, não figurando, porém as daquele na armaria nacional nem na estrangeira. Como a carta não alude a serem armas exóticas, é de crer que já existissem em Portugal nessa época. Neste caso, arrojado não parece admitir que houve êrro de leitura do escriba, talvez do apelido Camelo que encontramos aliado ao de Beça nas cartas passadas a António Machado Centeno e seu irmão Manuel Centeno de Beça e a Diogo de Carvalho Furtado e Mendonça, ligação que também poderia existir em João Camiz que além da mercê das armas dos Camiz teve igualmente a dos Beças.... ”.
Além disso, em nota, considera não ser o Condado de Valadares referido na carta o de Portugal, mas sim o de Espanha, uma vez que o título de Conde de Valadares ainda não tinha sido atribuído em 1554. Todas estas considerações e a conjectura feita são perfeitamente legítimas, mas no meio dos meus apontamentos encontrei uma cópia de assento de casamento que parece obrigar a rever esta questão. Trata-se do casamento celebrado na freguesia de S. Julião de Badim (Monção, Viana do Castelo), julgo que em território considerado ainda na época de Valladares, entre 20/12/1733 e 4/5/1735 (não tomei nota da data, por esquecimento ou por esta não estar legível) de João de Sousa Cames (sic) Beça e Ana Maria de Caldas Castro, ele filho de “Joseph Cames e Maria de Souza, defunta” e ela (minha “tia sexta avó”), filha de Leandro de Caldas Castro e Caetana Maria Sarmento (ambos já na base de dados do GP), e sendo testemunhas António Pereira Rebello (irmão de Caetana Maria Sarmento) e o Padre Francisco Rodrigues de Caldas. Este assento parece provar que os apelidos Cames (certamente o mesmo que Camiz) e Beça juntos continuaram a existir no “Condado de Valladares”, território que já seria designado deste modo no século dezasseis, quando constituía senhorio da Casa de Vila Real, em descendentes da qual foi aliás criado no início do século XVIII o título de Conde de Valladares (o território designado por “Condado de Valadares”, entretanto, fora incorporado na Casa do Infantado, criada precisamente depois da extinção da de Vila Real, por traição ao rei D. João IV, com os bens confiscados a esta Casa)
Como também me intrigou o nome “Cames” copiei “à vista” o manuscrito nesse ponto e não tenho dúvida na leitura (comecei por pensar que seria deturpação de Gomes, mas a repetição inequívoca nos nomes do pai e filho não deixam dúvida). Mais um exemplo de como a Genealogia e a Heráldica se devem mutuamente apoiar e de como há concerteza muitas armas ainda desconhecidas no armorial português.
Um abraço,
Tó Bivar»
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