convento fundado por D. Afonso Henriques
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convento fundado por D. Afonso Henriques
Caros,
Saiu hoje (10/11/2003) no Publico edicao Minho uma noticia intitulada: "Convento fundado por D. Afonso Henriques à venda por 1 milhao".
Edíficio situado em Longos Vales, no concelho de Monção.
"O convento, classificado de interesse municipal, tem mesmo ao lado a igreja paroquial da freguesia, cuja capela-mor é monumento nacional, integrando os dois edifícios o roteiro "Românico da Ribeira Minho", elaborado pela RTAM".
Assim vai o NOSSO patrimonio Historico...
fernando pontes
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RE: convento fundado por D. Afonso Henriques
Caro Fernando
Sou licenciado em historia na vertente património, e muitas vezes sou confrontado com intervenções deste tipo neste forum e noutros, e creio que é importante fazer ver, que nunca como agora o património português foi tão bem tratado.
O convento de que fala não é nem uma quinta particular nem uma pousada (como 80% dos outros conventos) e pelos vistos está á venda.
Pergunto-me, qual é o mal? Há monges expulsos? O convento está clasificado, correrá algum risco de demolição? Creio que não.
Hoje em dia, as leis de classificação evitam grande numero de barbaries, e o gosto da nossa multipremiada arquitectura tem permitido intervenções de elevada qualidade técnica e artística, ainda que arrojadas e por vezes pouco ortodoxas, motivo de críticas dos sectores mais conservadores da nossa sociedade.
O apoio que o estado tem dado á criação de tursmos de habitação, as licenciaturas e pós-graduações em restauro de edificado e bens móveis, bem como um renovado gosto pela remodelação e beneficiação de fachadas, a par evidentemente dos multiplos aproveitamentos que pelo país fora tem sido efeitos de edificos historicos só nos pode fazer acreditar num país melhor para o seu património.
Na cidade onde vivo, o Porto, onde se demoliram sistematicamente ao longo do século XIX e XX palácios e monumentos, existem hoje leis e regulamentos, porventura duros, que proíbem demolições e obrigam ao absoluto respeito das volumetrias pré-existentes.
Outro exemplo são as gravuras de Foz Côa. Seria absolutamente impensável a sua manutenção há vinte ou trinta anos estando em causa uma barragem.
Para que conste, na décade de 80 do século 19 o mosteiro dos jerónimos esteve á venda, foi comprado pelo príncipe D. Fernando, e por inciiativa deste foi violentamente alterado e acrescentado, resultando dali a fraude arquitectónica face ao Rio Tejo ocupada actualmente pelo museu de arqueologia.
Nos anos 40 do século 20, uma direcção geral de edificios e monumentos nacionais construíu a partir de um rés-do-chão em Guimarães ocupado pela tropa um enorme palácio tão bonito como fictício, e que tão fraudulentamente se denominou Paço dos Duques.
Como vai o nosso património? Infinitamente melhor do que ia!
cumprimentos,
Rodrigo Ortigão de Oliveira
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RE: convento fundado por D. Afonso Henriques
Caro Rodrigo
Oportuna intervenção. Na realidade, porque não adaptar conventos em ruína para outros fins?
Desde que não se cometam "atrocidades" não vejo qual o problema. Tenho a impressão que a notícia é que foi dada de forma sensacionalista, embora a ideia seja boa.
Numa altura de finanças depauperadas temos que capitalizar aquilo que temos em termos de património.
Como já deve ter sabido, gosto muito de coisas antigas. Detesto "ruínas" ao abandono!
Quanto a volumetrias: só espero que a Câmara de Lisboa não caia em exageros, já que sei que querem "construir em altura". Espero bem que impere o bom senso!
Os meus parabéns, se me permite, pelas suas observações.
Um abraço
Artur
P.S. Como sabe, nós temos um amigo em comum. Trata-se do Pedro de Abreu Novais que namora com a minha sobrinha Margarida Cristina. O tio "Xaneco", irmão da Leonor (mãe do Pedro e da Margarida) está mal de saúde. Agradeço que fale com o Pedro: é sempre bom ouvir uma voz amiga nas alturas difíceis!
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RE: convento fundado por D. Afonso Henriques
Caro Ortigao e Artur
A noticia que reproduzi em parte foi de uma jornal prestigiado (Publico). Nao foi minha intencao torna-la sensionalista, mas somente tentar abrir um espaço de "dialgo/discussao" sobre o NOSSO patrimonio.
Conheco muito do Patrimonio nortenho e sei que muito dele esta em MUITO melhor estado de conservacao do que a uns anos atras. Nao ha duvidas!! ex: TIBAES, Rates, Rio Mau...
A minha duvida é a seguinte: o restauro e a conservacao de "certos" monumentos é para uso posterior da populacao em geral ou sera apenas para aqueles que têm dinheiro? ex: pousada de Stª Maria do Bouro - Amares.
Ha sitios que gostaria de visitar, mas com a conservacao do edificios e a passagem para outras maos os edificios que eram Publicos passaram a privados...
Nao tenho as minimas duvidas que temos em Portugal bons tecnicos de conservacao/restauracao de edificios de Patrimonio. So que gostava que esses mesmos edificios apos as obras ficassem nas maos de entidades publicas, para assim puder usufruir dos mesmos, ex: o Forte de S. Joao Baptista em Vila do Conde (minha terra) SO é visto actualmente (apos as obras) por quem paga para dormir, e ou almocar.
p.s.: este topico serve para divulgar ideias/opinioes....sejam elas de que indole for.
fernando pontes
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RE: convento fundado por D. Afonso Henriques
Caro Fernando Pontes
Sinceramente, também não é preciso ficar tão irritado. Era o que mais faltava que o confrade não se pudesse exprimir livremente!
De facto, o Estado destina pouco dinheiro para a Cultura. Temos que ser realistas: é preferível alienar do que deixar estragar (ainda mais...).
Melhores cumprimentos
Artur Camisão Soares
P.S. Não sou nenhum censor:-).
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RE: convento fundado por D. Afonso Henriques
Caro Artur
Nao estou irritado, nem chateado...apenas gosto de "discutir" ideias...
Censor?!?! Longe de mim trata-lo com esse termo.
A si ou a outra pessoa.
E alem do mais prezo MUITO as diversas opinioes do Forum.
Um bem haja,
fernando pontes
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RE: convento fundado por D. Afonso Henriques
Caro Fernando Pontes
É muito pertinente a sua questão. Por causa do problema que levanta a lei 13/85 que regulamentou durante bastantes anos o património português tornou compulsiva a abertura a visitantes de todos os monumentos/conjuntos/etc.. classificados. A excepção são os edificios cuja utilização interna é privada (e os monjes e proprietários de solares têm direito a vedar a entrada no seu espaço íntimo), mas até aí a visão inaugural tem que ser proporcionada. A igreja parece-me gozar de um estatuto especial que lhe permite cobrar entradas, apesar de eu desconhecer os parâmetros legais em que o faz. Creio que alega que as suas instalações são de certa forma museológicas.
As pousadas são disso um excelente exemplo: o Bouro é visitável sem que lá se almoçe (mas também poucos hotéis são fundamentalistas ao ponto de não deixarem "entrar para ver") e algumas delas têm alas inteiras onde não foi construída pousada mas apenas restaurado o monumento. Aí não se adapta o edificio a pousada, mas sim uma pousada ao edifício num meritório esforço de preservação, caso da tão notável como polémica Flor do Rosa no Crato.
O caso de que fala do Forte de Vila do Conde poderá ser eventualmente grave e merecedor de uma queixa á direcção geral de turismo e ao Ippar. A menos, claro, que não esteja classificado (pouco provavel).
melhores cumprimentos,
Rodrigo Ortigao de Oliveira
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RE: convento fundado por D. Afonso Henriques
Caro Artur
Obrigado pelas suas palavras. Tentarei falar com o Pedro, mas mande-lhe mesmo assim um abraço meu.
abraço,
Rodrigo
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