"Casa Fernando Pessoa"- efeméride

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"Casa Fernando Pessoa"- efeméride

#52662 | artur41 | 27 nov 2003 10:51

Caros confrades,


Faz hoje dez anos que foi inaugurado este espaço de cultura. É um local com o nome de um grande Homem!


Os meus melhores cumprimentos

Artur Camisão Soares

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RE: "Casa Fernando Pessoa"- efeméride

#241952 | arturcs | 14 ott 2009 14:56 | In reply to: #52662

Caríssimos Confrades,

Pretendem transformar a "Casa Fernando Pessoa" numa Fundação Municipal. O que vos parece?

Com os meus melhores cumprimentos,

Artur Camisão Soares

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RE:

#241957 | A. Luciano | 14 ott 2009 15:39 | In reply to: #241952

«O observador imparcial chega a uma conclusão inevitável: o país estaria
preparado para a anarquia; para a república é que não estava. Grandes são as
virtudes de coesão nacional e de brandura particular do povo português para
que essa anarquia que está nas almas não tenha nunca verdadeiramente
transbordado para as coisas!
Bandidos da pior espécie (muitas vezes, pessoalmente, bons rapazes e bons
amigos - porque estas contradições, que aliás o não são, existem na vida),
gatunos com o seu quanto de ideal verdadeiro, anarquistas-natos com grandes
patriotismos íntimos - de tudo isto vimos na açorda falsa que se seguiu à
implantação do regimen a que, por contraste com a monarquia que o precedera,
se decidiu chamar República.
A monarquia havia abusado das ditaduras; os republicanos passaram a legislar
em ditadura, fazendo em ditadura as suas leis mais importantes, e nunca as
submetendo a cortes constituintes, ou a qualquer espécie de cortes. A lei do
divórcio, as leis da família, a lei da separação da Igreja e do Estado -
todas foram decretos ditatoriais, todas permanecem hoje, e ainda, decretos
ditatoriais.
A monarquia havia desperdiçado, estúpida e imoralmente, os dinheiros
públicos. O país, disse Dias Ferreira, era governado por quadrilhas de
ladrões. E a república que veio multiplicou por qualquer coisa - concedamos
generosamente que foi só por dois (e basta) - os escândalos financeiros da
monarquia.
A monarquia, desagregando a Nação, e não saindo espontaneamente, criara um
estado revolucionário. A república veio e criou dois ou três estados
revolucionários. No tempo da monarquia, estava ela, a monarquia, de um lado;
do outro estavam, juntos, de simples republicanos a anarquistas, os
revolucionários todos. Sobrevinda a república, passaram a ser os
republicanos revolucionários entre si, e os monárquicos depostos passaram a
ser revolucionários também. A monarquia não conseguira resolver o problema
da ordem; a república instituiu a desordem múltipla.
É alguém capaz de indicar um benefício, por leve que seja, que nos tenha
advindo da proclamação da República? Não melhorámos em administração
financeira, não melhorámos em administração geral, não temos mais paz, não
temos sequer mais liberdade. Na monarquia era possível insultar por escrito
impresso o rei; na república não era possível, porque era perigoso, insultar
até verbalmente o sr. Afonso Costa.
O sociólogo pode reconhecer que a vinda da república teve a vantagem de
anarquizar o país, de o encher de intranquilidade permanente, e estas cousas
podem designar-se como vantagens porque, quebrando a estagnação, podem
preparar qualquer reacção que produza uma cousa mais alta e melhor. Mas nem
os republicanos pretendiam este resultado nem ele pode surgir senão como
reacção contra eles.
E o regimen está, na verdade, expresso naquele ignóbil trapo que, imposto
por uma reduzidíssima minoria de esfarrapados mentais, nos serve de bandeira
nacional - trapo contrário à heráldica e à estética, porque duas cores se
justapõem sem intervenção de um metal e porque é a mais feia coisa que se
pode inventar em cor. Está ali contudo a alma do republicanismo português -
o encarnado do sangue que derramaram e fizeram derramar, o verde da erva de
que, por direito natural, devem alimentar-se.
Este regimen é uma conspurcação espiritual. A monarquia, ainda que má, tem
ao menos de seu o ser decorativa. Será pouco socialmente, será nada,
nacionalmente. Mas é alguma coisa em comparação com o nada absoluto que a
república veio a ser.»

- Fernando Pessoa, "Da República"

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#241962 | arturcs | 14 ott 2009 16:49 | In reply to: #241957

Caro A.Luciano,

Pois é...; o facto é que o regime é republicano. Sou monárquico mas tenho que respeitar a ordem vigente. É "nesta" REPÚBLICA que vivemos!

O que acha da transformação em Fundação Municipal?

Meus melhores cumprimentos,

Artur Camisão Soares

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#241977 | Franca104 | 14 ott 2009 22:48 | In reply to: #241962

por mim acho mais uma trafulhice... fundações não pagam impostos.. teem muitas regalias... mais uma saco azul do governo...

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RE: Fundação

#241983 | A. Luciano | 14 ott 2009 23:56 | In reply to: #241977

Estado do Sítio

Offshore socialista

A última novidade do Governo socialista do senhor presidente do Conselho é uma coisa chamada Fundação para as Comunicações Móveis.
Esta entidade, cozinhada no gabinete do ministro Lino ex-TGV e ex-aeroportos da Ota e Alcochete, foi a contrapartida exigida pelo Governo a três operadores para obterem as licenças dos telemóveis de terceira geração. É privada, tem um conselho geral com três membros nomeados pelo Executivo e um conselho de administração com três elementos, presidido por um ex-membro do gabinete do impagável Lino, devidamente remunerado, e dois assessores do senhor que está cansado de aturar o senhor presidente do Conselho e já não tem idade para ser ministro.

Chegados aqui vamos à massa. Os três operadores meteram até agora na querida fundação 400 milhões de euros, uma parte do preço a pagar pelas tais licenças. O Estado, por sua vez, desviou para esta verdadeira offshore socialista 61 milhões de euros. E pronto. De uma penada temos uma entidade privada, que até agora sacou 461 milhões de
euros, gerida por três fiéis do ministro Lino, isto é, três fiéis do senhor presidente do Conselho. É evidente que esta querida fundação não é controlada por nenhuma autoridade e movimenta a massa como quer e lhe apetece, isto é, como apetece ao senhor presidente do Conselho.

Chegados aqui tudo é possível. Chegados aqui é legítimo considerar que as Fátimas, Isaltinos, Valentins, Avelinos e comandita deste sítio manhoso, pobre, deprimido, cheio de larápios e obviamente cada vez mais mal frequentado não passam de uns meros aprendizes de feiticeiro ao pé da equipa dirigida com mão de ferro e rédea curta pelo senhor
presidente do Conselho.

Chegados aqui é legítimo dar largas à imaginação e pensar que a querida fundação, para além de ter comprado a uma empresa uma batelada de computadores Magalhães sem qualquer concurso, pode pagar o que bem lhe apetecer, como campanhas eleitorais do PS e dos seus candidatos a autarquias, e fazer muita gente feliz com os milhões que o Estado generosamente lhe colocou nos cofres.
Chegados aqui é natural que se abra a boca de espanto com o silêncio das autoridades, particularmente do senhor procurador-geral da República, justiceiro que tem toda a gente sob suspeita. Chegados aqui é legítimo pensar que a fundação privada criada pelo senhor presidente do Conselho é um enorme paraíso fiscal, uma enorme lavandaria
democrática.

António Ribeiro Ferreira, Jornalista

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RE: "Casa Fernando Pessoa"- efeméride

#242007 | Chininuba | 15 ott 2009 14:00 | In reply to: #241952

Caro Artur Camisão Soares

A Casa Fernando Pessoa, Fundação ou não, sempre foi administrada peloa CML, os seus dirigentes sempre foram comvidados pelo Vereador de Cultura e/ou Presidente da CML, o património é gerido pela CML, etc...

Remeto os Cofrades para http://casafernandopessoa.cm-lisboa.pt/index.php?id=2258

Com os melhores cumprimentos

Maria Clara

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RE: "Casa Fernando Pessoa"- efeméride

#242015 | arturcs | 15 ott 2009 17:33 | In reply to: #242007

Cara Maria Clara,

Eu estou, como deve calcular, a par do que se vai passando(julgo eu...); o problema coloca-se ao nível da captação de verbas. De outra maneira como é que elas se poderiam obter?
Na minha maneira de ver, deveria haver uma "Autoridade" isenta para fazer certas avaliações: modelo de gestão; cargos por inerência e cargos por nomeação...

São ESCANDALOSAS as mútuas acusações; em suma, tem que se fazer uma gestão honesta que vise o fim primacial: a preservação dos bens materiais e a divulgação da "obra" de Fernando Pessoa!!

Uma questão relevante: por que é que a Fundação não pode ter um âmbito mais vasto!?

Meus melhores cumprimentos,

Artur Camisão Soares

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RE: "Casa Fernando Pessoa"- efeméride

#242057 | Chininuba | 15 ott 2009 23:12 | In reply to: #242015

Caro Artur:

Estou total e completamente de acordo consigo.Tanto quanto sei, as verbas que têm feito funcionar a Casa Fernando Pessoa, (além, claro, das atribuídas pela própria CML) têm vindo da venda revista, de exposições e outrps eventos, etc...
Mas, tal como muito bem assinala, têm sido escandalosas as acusações. Parte disso deve-se ao facto de quem dirige a Casa fazê-lo por convite o que, muitas vezes, leva a «fidelidades» indevidas a campos políticos. para já não falar nas mudanças que se verificam quando os executivos da Câmara mudam. Claro que, tal como acredito que o Artur também não, não seria o simples facto de transformar em Fundação que resolveria esses problemas.
Com os melhores cumprimentos

Maria Clara

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RE: "Casa Fernando Pessoa"- efeméride

#242061 | A. Luciano | 15 ott 2009 23:54 | In reply to: #242057

«Claro que, tal como acredito que o Artur também não, não seria o simples facto de transformar em Fundação que resolveria esses problemas.»

Um departamento ou empresa pública camarária está sujeita à disciplina de gestão do sector público estatal, nomeadamente nas aquisições, na contratação de pessoal e remuneração do mesmo e da direcção. Além da necessidade de visto prévio nalguns casos, as contas são depois sujeitas à aprovação do Tribunal de Contas.
Uma fundação evita todos estes "inconvenientes".

Cptos.
A.

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RE: "Casa Fernando Pessoa"- efeméride

#242089 | arturcs | 16 ott 2009 11:50 | In reply to: #242057

Cara Maria Clara,

Claro. É fundamental haver objectividade na análise e isenção!

Renovados cumprimentos,

Artur João

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RE: "Casa Fernando Pessoa"- efeméride

#242092 | arturcs | 16 ott 2009 12:12 | In reply to: #242061

Caro A.,

Não se esqueça do "Conselho Fiscal", e também da possibilidade de se fazerem auditorias. Seja positivo.

Melhores cumprimentos,

Artur Camisão Soares

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