Antigos Paços do Concelho em Bragança
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Antigos Paços do Concelho em Bragança
Ex.mos Srs.,
Poderá alguém elucidar-me sobre este edifício, ainda existente em Bragança ? Sabem dizer-me quem mandou construir e a quem pertenceu ?
Agradeço antecipadamente a atenção
Melhores Cumprimentos
E Peixoto
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RE: Antigos Paços do Concelho em Bragança
Caro Confrade:
Sugiro a leitura da "Memória Histórica" do Boletim nº 4 da DGEMN.
Transcrevo alguns parágrafos:
"Foi a necessidade de uma casa nobre para reunião do senado municipal o que, averiguadamente, determinou à construção do monumento? A carência de documentos, a que já aludimos, não permite que se responda com segurança a tão natural pergunta. A mais antiga referência aos Paços do Concelho de Bragança, até hoje descoberta em documentos públicos (pois o precioso depoimento que atrás mencionamos consta de um manuscrito particular) acha-se num título de venda, datado de 25 de Julho de 1503, em que aparecem como outorgantes vendedores Lopo de Sousa, governador e alcaide-mor da cidade, aio do duque D. Jaime, e sua mulher D. Beatriz de Albuquerque , e como compradores os representantes do concelho, que pretendiam, para a transformar em cadeia, certa casa de que os primeiros eram senhores. O instrumento desse contrato, escrito em pergaminho, conserva-se no Museu do Abade de Baçal.
Eis, com a ortografia actualizada, para mais fácil leitura, a parte essencial de tal documento.
«Saibam quantos esta carta de firme e pura venda virem que no ano do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de mil quinhentos e três anos, aos 25 do mês de Junho, na cidade de Bragança, na cisterna, estando aí Jerónimo Correia, juízes ordinários e Jerónimo Lopes, vereador, e Gonçalo Lopes, procurador, e logo por eles foi dito, e pelos juízes, vereadores, procurador e homens bons e oficiais da dita cidade, que foram no ano passado, foi feito um contrato de venda, segundo está acordado e assentado no livro da Câmara, sobre que os ditos oficiais compraram ao senhor Lopo de Sousa...»
O facto de ser designado por “cisterna”, nessa época, o local onde os representantes do concelho se reuniram para celebrar um contrato de tão manifesto interesse público, suscita desde logo fundadas dúvidas sobre o intuito que determinou a construção do monumento. Empreendendo-se tal obra, pretendeu-se, na realidade, dotar o concelho com uma casa onde o senado municipal pudesse realizar dignamente as suas reuniões, ou apenas edificar um abrigo forte, quase uma pequena alcáçova, para defesa, conservação e — digamos a palavra moderna, mas expressiva — municipalização efectiva da cisterna?
O digno director do Museu de Bragança, Sr. Dr. Raul Teixeira, a quem a arqueologia e a história dos costumes da província de Trás-os-Montes devem trabalhos muito valiosos, colocado em presença deste interessante problema, exprimiu nos termos seguintes um parecer que traduz, segundo cremos, a solução mais conforme com os elementos de elucidação existentes:
«O nome por que era conhecida deve explicar a origem da sua edificação. Assenta no cume do outeiro que mira, de nascente, o povoado bragançano. Na presumível abertura de cabou
cos para colocar os alicerces de qualquer construção de natureza castrense, a pequena profundidade foi encontrada uma nascente de água. Preciosíssimo achado esse foi, por inesperado em tal local e altitude, o que teria determinado o levantamento da grandiosa cisterna que abrigaria a linfa apetecida, de préstimo e utilidade de apreço raro, a garantir os moradores do burgo durante os longos assédios e perante as contingências dolorosas da vida aventurosa de antanho. Fechada a abóbada da cisterna, de capacidade elevadíssima, sobre ela se ergueu o como que alpendre fenestrado e coberto, a que foi dada a útil aplicação de recinto destinado às reuniões da assembleia popular municipal».
Notando o facto de nenhum outro arqueólogo ter aventado até hoje tão plausível opinião, o Sr. Dr. Raul Teixeira apresenta-o como natural consequência do desconhecimento de certas circunstâncias que só recentemente se revelaram. E explica:
«É que a cisterna, desde tempos bem remotos (não havendo tradição de alguém ter visto limpo o seu fundo), se mostrava ao visitante como um grande reservatório de águas pluviais entradas, bem como pedregulho, tijolo e telha, pelas três aberturas rasgadas no pavimento, uma das quais resguardada por parapeito circular. Uma vez limpa e enxuta em Setembro de 1927, em intenso período de estiagem, verificou-se que brotava água da rocha sobre que no ângulo noroeste assenta o alicerce da abóbada. Foi uma surpresa».
A Domus Municipalis é considerada o único exemplar da arquitectura românica civil existente no nosso país e até na península, embora algumas vozes tenham afirmado, sem nenhuma segurança ou êxito, a existência de outros de menor valia"
Cumprimentos,
J. de Castro e Mello Trovisqueira
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Domus Municipalis
Caro J. de Castro e Mello Trovisqueira,
Agradeço a sua resposta, mas estava a referir-me aos Antigos Paços do Concelho, edificio existente na Rua Direita.
Cumprimentos
E Peixoto
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RE: Antigos Paços do Concelho em Bragança
Caro confrade,
Lendo-o melhor reparei que o erro foi meu e logo inicialmente.
Pretendia saber sobre o anterior edifício da Câmara Municipal na Rua Direita, julgo que seja um edifício oitocentista(?).
Cumprimentos e mais uma vez apresento as minhas desculpas
E Peixoto
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RE: Antigos Paços do Concelho em Bragança
Caro E. Peixoto:
Apenas posso transcrever o que consta do "Guia de Portugal" 5ºvol, pag. 932- Ed. F. Calouste Gulbenkian:
".... estão os Paços do Concelho, num edifício relativamente espaçoso e de avantajado pé direito, mas destituído de qualquer interesse arquitectónico.
Era uma residência particular, construída pouco antes de 1910, que se destinava a receber nesse ano o último monarca da Casa de Bragança, visita suspensa pelo movimento político transmutante de Outubro desse ano. Nesse mesmo local existia a residência do Visconde de Ervedosa, fidalgo de reconhecido gosto artístico, filho do tenente-general Sepúlveda e seu braço direito na rebelião napoleónica. O edifício actual foi adquirido em 1924 pelo Municipio, para substituir as instalações bastante pobres que o mesmo possuía,a título provisório, num velho prédio da Rua Direita."
Cumprimentos,
JPCMT
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RE: Antigos Paços do Concelho em Bragança
Exmo Senhor
Julgo que quem mandou construir essa casa para receber D.Mánuel II foi Henrique da Cunha Pimentel Homem Carneiro de vasconcelos. Não tenho a certza e tb gostaria de saber. Sei que Henrique a habitou, entre outras, e foi seu filho Nuno que a vendeu
JCP
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RE: Antigos Paços do Concelho em Bragança
Exmo Senhor
Vejo que não consegui acrescentar mais elementos que realmente seraim tb do máximo interesse para mim. Já agora tenho curiosidade em saber a razão do seu interesse sobre este assunto. Melhores Cumprimentos
JCP
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RE: Antigos Paços do Concelho em Bragança
Exmo Senhor
Vejo que não consegui acrescentar mais elementos que realmente seraim tb do máximo interesse para mim. Já agora tenho curiosidade em saber a razão do seu interesse sobre este assunto. Melhores Cumprimentos
JCP
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RE: Antigos Paços do Concelho em Bragança
Caro Senhor
Venho insistir para saber se conseguiu reunir mais dados relativos à origem da Casa onde estiveram instalados os antigos Paços do Concelho de Bragança.
Desde já agradeço todas as informações que me possa facultar
Cumprimentos
JCP
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RE: Antigos Paços do Concelho em Bragança
Caro Confrade,
Tenho seguido este assunto à distância, mas sempre com interesse natural, eis o que encontrei algures num site da internet:
"Edifício setecentista , adquirido (1864) aos descendentes de um rico burguês de apelido Pereira, oriundo de Lagoaça e que vivia no Porto, para nele se instalar a Câmara. O primeiro museu, essencialmente arqueológico, denominado Museu Municipal, "viveu" no rés-do-chão. Foi inaugurado em 1897, sendo seu Director o Coronel Albino Lopo.
Fonte:Bragança Cidade (Publicação da CMB)"
E ainda...tirado das Memórias do Abade de Baçal:
"Os actuais Paços, onde funcionam a Câmara, Tribunal Judicial e
Conservatória, foram comprados pela Câmara Municipal de Bragança, em 3 de Março de 1862, aos herdeiros do comendador José António de Castro Pereira, por 12.000$000 réis, pagos em prestações; constava o edifício, que é de grande capacidade, de umas casas nobres de dois andares, com face para a rua Direita, e nesta janelas de sacada com balcões de ferro, e para a do
Espírito Santo. Na compra entravam também duas casas contíguas a estas, uma para o lado da rua Direita e outra para o da rua do Espírito Santo (572)."
Melhores Cumprimentos
Tiago Faro Pedroso
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