Familia Camisão
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Familia Camisão
Procuro maiores informações sobre a familia Camisão, se ainda existem descendentes em em portugal vivosou em outros paizes.
Agradeço a quem possa dar maiores informações
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RE: Familia Camisão
Caro Snr(a)
Ou és brincalhão e ninguém te vai responder, ou então caso não o sejas tens aqui neste forum 2 primos o Artur João e o Luis.
Um abraço
José Tomaz de Mello Breyner
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RE: Familia Camisão
Veja em.
http://www.geneall.net/P/forum_msg.php?id=3159
http://www.geneall.net/P/forum_msg.php?id=30473
e em.
http://genealogia.sapo.pt/pessoas/index.php?nome=camisao&tipo_pesquisa=..%2Fpessoas%2Findex.php&search=1
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RE: Familia Camisão
Olá José Tomaz....
Não sou brincalhão não.....apenas novato e curioso sobre minhas origens...não sei ainda como funciona o mecanismo do site e estou meio perdido aqui.....mas fico grato pela sua informação, e te pergunto como faço para contatctar esses primos....de onde eles são...onde residem....???......poderia me dizer...ou melhor ...me instruir.
Um grande abraço do amigo
Carlos A. Camisão
Rio de Janeiro - Brasil
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RE: Familia Camisão
Caro Carlos,
Não seja por isso!
Aqui está um, directamente de Portugal, e com um ramo Camisão no Brasil.
E o Carlos, descende de quem?
Sabe quem são os seus avós, bisavós, etc.
Cumprimentos
Luis Filipe Coelho de Araújo Camizão
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RE: Familia Camisão
Olá que satisfação em saber disso....sou descendente do general Osório Camisão...(guerra do Paraguai), meus avós paternos Homero Moreira Camisão e Leopoldina Ferreira Camisão, já falecidos.
E vc....descende de quem.....quais familias aqui no Brasil...?
Podemos trocar mais informações, sou novo aqui no site e não conheço bem o mecanismo...podes me auxiliar nisso...?
Um grande abraço
Carlos Alberto Abbaze Camisão
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RE: Familia Camisão
Caro Carlos Alberto,
Existem casos curiosos realmente.
Leia com atenção, pois talvez o seu avô paterno, Homero Moreira Camisão, possa descender de alguns destes Camisões, e sendo assim, quase de certeza que somos parentes.
Do Século 18/19, mas todavia parentes.
DESCENDÊNCIA DE JOSÉ MARIA DE ARAÚJO CAMISÃO
JOSÉ MARIA DE ARAÚJO CAMISÃO, nc 1768 f. 1819, c.c. MARIA LEONOR CAMISÃO, nc 1778 f. 1860
Filhos deste casamento:
JOSÉ MARIA DE ARAÚJO CAMISÃO, n. 1804 (Alferes, Cavaleiro Ordem Imperial do Cruzeiro 12.10.1827).
MARIA FRANCISCA DE ARAÚJO CAMISÃO, n. 1806 Rio de Janeiro, freguesia de São José, c.c. 8.7.1822 JOSÉ LEITE PACHECO (Marechal de Campo) n. Lisboa Nª Sª Ajuda, f. 14.05.1864, filho de JOSÉ LEITE PACHECO (Sargento Mór) e de Dª MARIA HELENA DA CRUZ.
LÁZARO MOREIRA LANDEIRO CAMISÃO, n. 1808 c.c. MARIA DE JESUS CAMISÃO
FRANCISCO ANTÓNIO DE SOUZA CAMISÃO, n.1809 (Major, Cavaleiro da Ordem de São Bento de Aviz, 11-05-1857-Cavaleiro da Ordem de Cristo, 17-08.1866-Cavaleiro da Imperial Ordem do Cruzeiro, 2-2-1860, c.c. LUCIANA DO ESPÍRITO SANTO CAMISÃO
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Filhos de MARIA FRANCISCA DE ARAÚJO CAMISÃO E DE JOSÉ LEITE PACHECO
ANA ADELAIDE LEITE PACHECO, n. Rio de Janeiro, freguesia de Santa Rita, c.c. 20.11.1856 Dr. CAMILO LIBERALLI
JOSÉ LEITE PACHECO JÚNIOR, n. Rio de Janeiro, freguesia de São José, alferes do exército, c.c. 14.10.1858 DONA CÂNDIDA DE TÁVORA NORONHA FREIRE DE ANDRADE ROHAN E VASCONCELOS, n. Rio de Janeiro, freguesia do Sacramento, filha de DOM JOSÉ ANTÓNIO FREIRE DE ANDRADE e de MARIA CÂNDIDA
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Filhos de LÁZARO MOREIRA LANDEIRO CAMISÃO E DE MARIA DE JESUS CAMISÃO
FRANCISCA DE PAULA CAMISÃO, nc 1837, freguesia de Santa Rita, Rio de Janeiro, c.c. 24.06.1871 TITO DE SOUZA CAMISÃO, nc 1838, freguesia de São João do Norte, Rio Grande do Sul, (Alferes, Cavaleiro da Ordem de Cristo, 13.04.1867), filho de FRANCISCO ANTÓNIO DE SOUZA CAMISÃO, e de LUCIANA DO ESPIRITO SANTO CAMISÃO
LEOPOLDINA CAROLINA CAMISÃO nc 1847 c.c. 1871 INÁCIO FRANCISCO DE ALBUQUERQUE FIGUEIREDO
CAROLINA LEOPOLDINA CAMISÃO f. 20.04.1869
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Filhos de FRANCISCO ANTÓNIO DE SOUZA CAMISÃO E DE LUCIANA DO ESPIRITO SANTO CAMISÃO
TITO DE SOUZA CAMISÃO, nc 1838, freguesia de São João do Norte, Rio Grande do Sul, (Alferes, Cavaleiro da Ordem de Cristo, 13.04.1867) c.c. 24.06.1871 FRANCISCA DE PAULA CAMISÃO, filha de LÁZARO MOREIRA LANDEIRO CAMISÃO e de MARIA DE JESUS CAMISÃO
Fontes: Arquivo Nacional do Rio de Janeiro, fundos do Ministério do Império, Ordem de São Bento de Aviz, caixas 1727, 1844,1856, Colégio Brasileiro de Genealogia.
Outro assunto, prende-se com o General Osório Camisão. Diz o Carlos, que ele participou na Guerra do Paraguai.
Terá algum parentesco com o famoso Carlos de Morais Camisão?
Em todo o caso, fica aqui um pouco da ascendência, e colaterais, do Coronel Carlos de Morais Camisão:
DESCENDÊNCIA DE JOSÉ CAETANO DE MORAIS CAMISÃO
JOSÉ CAETANO DE MORAIS CAMISÃO, nc 1759, c.c. FLORÊNCIA DE SANTIAGO CAMISÃO, nc 1759
Filhos deste casamento
JOAQUIM DE MORAIS CAMISÃO, n. 1789, Rio de Janeiro, freguesia de Santa Rita, f. 23.02.1865, Rio de Janeiro, c.c. 04.02.1815 ALEXANDRINA ROSA DE BARROS, n. Rio de Janeiro, freguesia Candelária, f. 1.02.1852 Rio de Janeiro
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FILHOS DE JOAQUIM DE MORAIS CAMISÃO E DE ALEXANDRINA ROSA DE BARROS
AUGUSTO DE MORAIS CAMISÃO n. Rio de Janeiro, freguesia do Sacramento
MARIA CAMISÃO n. Rio de Janeiro, freguesia do Sacramento
LUIZ DE MORAIS CAMISÃO, n. Rio de Janeiro, freguesia do Sacramento
CARLOS DE MORAIS CAMISÃO, n. 8.05.1821, Rio de Janeiro, freguesia do Sacramento, f. 29.05.1867, Paraguai, (Coronel do Exército, Cavaleiro da Ordem de Cristo, 21.01.1849-Cavaleiro da Imperial Ordem da Rosa, 16.03.1849, Cavaleiro da Ordem de São Bento de Aviz, 10.07.1860
ANA ISABEL CAMISÃO, n. Rio de Janeiro, freguesia do Sacramento, c.c. LUIZ CAETANO PEREIRA DE MELLO
JOÃO CAMISÃO, n. Rio de Janeiro, freguesia do Sacramento
CONSTÂNCIA ELISA CAMISÃO, nc 1824, Rio de Janeiro, freguesia do Sacramento, c.c. 14.04.1849 HERMANO DUTRA DE MELLO
JOAQUIM CAMISÃO nc 1836 Rio de Janeiro, freguesia do Sacramento
MANUEL CAMISÃO, n. Rio de Janeiro, freguesia do Sacramento
ADELAIDE CAMISÃO n. Rio de Janeiro, freguesia do Sacramento
ANTÓNIO CARLOS CAMISÃO, nc 1840, Rio de Janeiro, freguesia do Sacramento, c.c. 1867 Julia Julieta Vaz
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FILHOS DE ANA ISABEL CAMISÃO E DE CAETANO PEREIRA DE MELLO
GUILHERME CAMISÃO PEREIRA DE MELLO, n. Rio de Janeiro, c.c. 1862 AUGUSTA EUGÉNIA DA SILVA MELLO
Fontes : Arquivo Nacional do Rio de Janeiro, Arquivo Militar do Rio de Janeiro, Colégio Brasileiro de Genealogia.
Também lhe deixo o meu mail, para uma conversa mais privada.
camisao65@hotmail.com
Um abraço
Luis Camizão
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RE: Francisco António de Souza Camisão
Caro Carlos,
Apenas por curiosidade, e em complemento à minha mensagem anteri
Um dos filhos de José Maria de Araújo Camisão, Francisco António de Souza Camisão, irmão de Lázaro Moreira Landeiro Camisão, esteve também envolvido na guerra do Paraguai, conforme o seguinte documento:
"Reconstituir a vida de uma unidade militar de efetivos relativamente pequenos é uma tarefa difícil.
Lançada para lá e para cá no vendaval dos acontecimentos, dentre muitas outras unidades iguais que, por doutrina, são empregadas em grupos maiores, aquela determinada fração torna-se como que uma diminuta peça de uma grande máquina.
E que diríamos do homem dentro desta unidade?
Quando surge um memorialista arguto e um tanto sentimental como Dionísio Cerqueira, eis que se pode, contando também com outros documentos, reconstituir o grupo maior, a unidade como um todo, no caso o de sua unidade, o famoso 16º de linha. Entretanto, eis que entra em jogo o artifício valioso de considerar que o ambiente do 16º era um tanto ou quanto semelhante ao daqueles que viveram as dezenas de outras unidades de infantaria, constituídas, às vezes, de gente da mesma origem, gente humilde dos bairros pobres de Salvador ou do Rio de Janeiro, da pequena cidade de Cachoeira da Bahia, ou de Vassouras, muito próximo de Petrópolis.
Valendo-se das "Ordens do Dia" e das "Partes de Combate" das brigadas e divisões, é possível ao investigador reconstituir a cronologia e o papel relativo da unidade focalizada.
Falta-lhe, é claro, aquela particularidade que somente o testemunho pessoal pode dar ou, na ausência deste, uma ou outra parte de combate do batalhão. Entretanto, na voracidade do tempo que a tudo destrói e no proverbial desinteresse nosso pelo arquivismo e pela memória, perde-se, muito lamentavelmente, a oportunidade de se perpetuarem episódios de grande interesse para a compreensão de nosso curso histórico.
É daí que provém, em grande parte, este desinteresse pelo passado, em particular demonstrado pelos jovens ansioso do futuro, ou pelos maduros, um tanto desmotivados por esta "história" insípida ditada nos bancos escolares, quando nem sempre o professor busca motivações tocantes e humorísticas ou mesmo anedóticas que a vida sempre ofereceu, quanto mais na história de uma grande campanha militar. Não, basta de história erudita e vamos à história do homem, do homem brasileiro, este que traduz no seu comportamento incalculáveis qualidades e que, a rigor, comparadas as situações e nas devidas proporções do drama vivido, é tão heróico ou mais do que o europeu, ariano puro, ou o americano em seu puritano sistema, ou mesmo do que um cavalheiro medieval que consigo levava uma bagagem de ética superior e ingênua.
É neste batalhãozinho, composto de três ou quatro companhias de infantaria de cento e poucos homens cada, comandado por um tenente-coronel maduro, tendo atrás de sí, fiéis e imbuídos de grandes sentimentos patrióticos, um punhado de capitães, tenentes e jovens alferes, que podemos visualizar o drama de cada um.
É possível duvidar, à primeira mão, da capacidade daqueles soldados de porte irregular, pois que, aqui e acolá, entre os baixinhos, surge um sertanejo alto e magro, varapau e desajeitado. É possível duvidar, depois de uma análise superficial, da capacidade daqueles homens pequenos, sem unidade racial, sem a marcialidade napoleônica. Mas é possível que o observador arguto comece a duvidar de suas primeiras impressões ao reconstituir os combates nos quais participou este homem franzino, ao examinar, talvez admirado, a coesão do grupo, a esfusiante alegria dos acampamentos e o entusiasmo frenético que se espalha nas fileiras ao primeiro toque de corneta: “às armas”.
Penetrando nos acontecimentos, o investigador, se desprevenido ainda, surpreende-se com a dedicação daquela soldadesca simples ao serviço da Pátria, aos chefes e a sua bandeira ou estandarte da unidade. E não terá mais dúvidas ao vê-lo carregando a baioneta, cruzando juncais profundos, muitas vezes por cima dos cadáveres já deteriorados de seus companheiros, para tomar um fortim, subindo um parapeito, a peito aberto.
As cenas de uma guerra distante escapam ao povo, na mesma medida em que ele muda sua mentalidade e persegue outros objetivos, após desaparecido o impacto do insulto à Pátria e ter sido convencido, muitas gerações depois, que o objetivo agora é o bem estar, é o progresso, é a paz. Antes assim. Mas o objetivo mesmo daquele que se propõe a reconstituir antigos dramas do povo brasileiro é lembrar por mais superficialmente que seja, que houve gente então preocupada com o Brasil grande, como Brasil altivo e unido, cuja honra devia ser lavada. É para que não se esqueçam os brasileiros, jovens principalmente, que antes houve quem se sacrificasse e morresse para que eles, hoje, tivessem oportunidade de uma vida melhor.
Eis a motivação:
A história do 8º Batalhão de Infantaria de Linha servirá como uma mostra dos incontáveis sacrifícios que os nossos homens tiveram de suportar no distante Paraguai.
Juntos, nem sempre os mesmos, pois que, pela metralha ou pela peste, muitos eram substituídos, sem dúvida constituíram eles um organismo, pois moviam-se coerentes e, empregados, cumpriram uma finalidade, uma destinação que, na guerra, chama-se missão a cumprir.
Em sua maioria, o 8º de linha era constituído de soldados baianos que o tempo e os combates dizimaram em incalculáveis proporções dentro de seu pequeno universo.
Os recompletamentos, não se sabe ao certo, talvez nem da Bahia fossem. Nordestinos? Cariocas? Mineiros? Não se sabe nada, pois os registros, se é que existiram, não existem mais ou estão por aí perdidos.
Mas o fato é que aquele organismo combateu seis longos anos, sem interrupções prolongadas, e permaneceu por meia dúzia de anos mais nas terras do Paraguai, de onde se deslocou para sua nova sede, desta vez em Mato Grosso.
Ao roteiro deste Batalhão escapam poucas batalhas, dentre elas a de CURUPAITI, a maior derrota das armas aliadas. Mas esteve em TUIUTI, BOQUERÓN, LOMAS VALENTINAS, AVAÍ e BARREIRO GRANDE, afora as ações isoladas de POTRERO OBELLA e de TAJI.
Viveu o 8º de linha dias amargos de insônia, peste, fome, angústia e desespero. Perdeu um comandante em combate e teve a glória de participar efetivamente do cerco de HUMAITÁ, no Chaco Paraguaio. Ele foi além do Rio Paraguai.
Se considerarmos o combatente paraguaio então, teremos que aumentar o peso e o preço das vitórias. É, incontestavelmente, o soldado guarani um notável guerreiro e, na época, um inimigo respeitável. Conhecendo a sua gênese e o seu caráter, a sua língua, as suas predisposições, sente-se que constituiu um inimigo pertinaz, destemoroso e incansável.
E o 8º de linha apareceu neste cenário, para depois, passando pelas naturais reorganizações exigidas pela periódica modernização do Exército, constituir duas unidades hoje sediadas no Nordeste Brasileiro, o 59º BI Mtz em Maceió e o 16º BI Mtz em Natal.
São unidades irmãs, herdeiras das mesmas tradições que agora passaremos a rememorar.
A MARCA SOBRE CORRIENTES
Constava o 8º Batalhão de Infantaria de Linha no mapa da força do General Osório, em fins de setembro de 1865, nas margens do Arroio Mocoretá, Argentina. Recuperava-se o batalhão das canseiras da Campanha do Uruguai (1864/65), que terminara com a grande concentração nas proximidades de Montevidéu. Após uma série de movimentos até Concórdia e Mocoretá, uma parte das forças brasileiras seguira para Uruguaiana, onde uma coluna paraguaia, comandada pelo Coronel Estigarríbia, encontrava-se cercada por forças aliadas. Eram os elementos da Brigada Kelly, com posta do 5º de linha, do 7º de linha e do 3º de voluntários, sob o comando de Flores, posteriormente empregada em Jataí.
Coubera, entretanto, ao 8º de linha compor o Corpo-de-Exército de Osório, cuja missão era operar em Corrientes e concentrava-se, juntamente com as demais forças aliadas, para invadir o território paraguaio segundo os planos da Tríplice Aliança. Milhares de barracas brancas espalhavam-se pelo terreno úmido, castigado pela estação das chuvas, mal drenadas pelos baixios que conduzem ao Mocoretá e, mais adiante, algumas ligadas ao caudaloso Rio Uruguai. Tomavam-se todos os cuidados para a longa marcha até Corrientes por um território quase inóspito onde se sucediam, em grande monotonia, os esteiros, lombadas e pântanos, aqui e acolá separados por estreita faixa menos úmida, por onde deviam marchar as tropas entre juncos e matagais cerrados e infestados de mosquitos - eram 270 Km a vencer. O 8º de linha compunha a 8ª Brigada de Infantaria do Coronel José Baltazar da Silveira que, juntamente com a 5ª Brigada, formava a 3ª Divisão do General Antonio de Sampaio, grande unidade que iria cobrir-se de glória nas campanhas vindouras. Pertenciam, também, à 3ª Brigada, outros dois batalhões - o 16º de linha e o 10º Corpo de Voluntários da Pátria.
No dia 3 de outubro de 1865, o General Osório iniciou a sua marcha, que duraria 28 dias, atingindo Mercedes, um ponto, de passagem obrigatória de quem, do território uruguaio, desejasse chegar às margens do Rio Paraná.
Teve o 8º de linha de vencer, então, inúmeros sacrifícios impostos pelo terreno e pelas constantes chuvas e temporais tão freqüentes naquela época do ano, marchando légua e meia por dia em condições difíceis ou três e meia quando o tempo permitia. Dispunha, então, de 24 oficiais e 343 praças, num efetivo de 367 homens.
Após alguns altos de vários dias para a concentração dos Exércitos Brasileiro, Argentino e Uruguaio e sucessivas marchas em meados de novembro o 8º de linha, bem como todos os demais elementos do Corpo-de-Exército Osório, num efetivo de 22.000 homens (e mais 15.000 argentinos, e uruguaios), iniciou os preparativos para o cumprimento da primeira fase das operações em território Paraguaio - a Tomada de Humaítá - conforme fora acertado pelos aliados, a 1º de março daquele ano.
Grande atividade se desenvolvia no acampamento de Tala Corá, onde a 3ª Divisão instruía-se durante o dia em freqüentes exercícios de tiro, de formações de combate e de serviços em campanha. Reorganizava-se o Exército, estando agora o 8º de linha com seus efetivos sensivelmente aumentados - eram 33 oficiais e 535 praças, num total de 568 homens. O General Osório, incansável, tomava as medidas necessárias para a transposição do Rio Paraná com o apoio da Esquadra Brasileira. Trabalhava o Corpo de Engenheiros na construção de meios flutuantes, pontos de embarque e em reconhecimentos do terreno, enquanto uma vanguarda uruguaio-argentina dava segurança ao norte contra as freqüentes e arrojadas incursões de forcas paraguaias na margem sul do rio.
Habituavam-se os brasileiros com o constante trepidar dos tiroteios de fuzilaria, dos canhonaços de terra e da Esquadra, durante cinco meses.
A transposição do Rio Paraná, cuja margem oposta era defendida por um exército aguerrido, seria tarefa arriscada.
Nela teria início a fase mais difícil da guerra.
TRANSPOSIÇÃO DO RIO PARANÁ E COMBATE DE 17 DE ABRIL DE 1866
Na tarde do dia 15 de abril de 1866, o 8º de linha estava pronto para o embarque. No acampamento ficaram as mochilas e o material desnecessário ao combate; com os soldados apenas o armamento, a munição, as ferramentas de sapa individuais, compondo aquela apresentação marcial que precede as grandes ações militares - vestiam todos o mais novo e reluzente uniforme.
Sob o controle de uma comissão de engenheiros embarcaria primeiro a 3ª Divisão, através de um pequeno cais construído na barranca do Rio Paraná, nas primeiras horas de escuridão. Naquele cais havia quatro ancoradouros, num dos quais embarcaria a 8ª Brigada Baltazar da Silveira, no navio transporte "Wipper", fretado pela esquadra, junto ao qual flutuavam a chata "Rio Grande" e quatro canoas. Oficiais e soldados acomodavam-se no convés do navio e em duas canoas de cinqüenta homens cada uma. Na chata, 50 cavalos e nas demais canoas as ferramentas e munição de reserva (1). O 8º de linha passaria a noite de 15 para 16 de abril embarcado e em estrita disciplina de luzes à espera do dia seguinte que chegaria nublado - "nuvens de cinzento escuro toldavam o céu e escondiam o sol do Paraguai" (2). O General Comandante, naquela oportunidade, em proclamação às tropas, ressalta duas características que o 8º de linha podia considerar como suas: "Soldados e compatriotas. Tenho presenciado a vossa serenidade no meio das privações e a vossa constância no sofrimento" - SERENIDADE E CONSTÂNCIA.
Pois, na manhã seguinte surgiria a esquadra aliada, em sua absoluta maioria constituída de navios brasileiros, num total de quarenta vapores, num espetáculo jamais visto antes 'e que jamais será encenado de novo naquelas paragens. Era a operação de desembarque sob o apoio dos fogos da artilharia naval. Hábil manobra da Esquadra ilude o inimigo que nos esperava em Itapiru - Passo da Pátria. Os navios se acercam da margem esquerda do Rio Paraguai, distante uma légua das fortificações paraguaias e ali desembarcam os primeiros elementos, sendo Osório o primeiro homem a pisar em solo firme (3). O 8º de linha desembarca na segunda jornada daquele dia; é que coubera ao General Argolo constituir a vanguarda. Neste mesmo dia o Batalhão toma contato com o inimigo, pois, após urna curta marcha sob intensa chuva com granizo (do tamanho de ovos de pomba, segundo Dionísio Cerqueira), recebe sua primeira missão de combate: “reforçar a vanguarda da 1ª Divisão, juntamente com o 10º de voluntários ”. Era uma noite úmida e todos os soldados estavam completamente molhados. O Comandante do 8º Batalhão de Infantaria de Linha era o TENENTE CORONEL FRANCISCO DE SOUZA CAMISÃO. Ele conduzira seu batalhão ao combate do dia seguinte, 17 de abril, primeiro e importante encontro entre forças brasileiras e paraguaias naquela guerra, pois que as escaramuças no Rio G. do Sul e em Mato Grosso tiveram reduzidas dimensões. Estaria, assim, o 8º de linha, na vanguarda, por ocasião do batismo de fogo de nosso Exército (4). E, naquela noite de 16 para 17, a primeira em território paraguaio, "a vigilância era muita" (D. Cerqueira) - "uns velavam, enquanto outros repousavam das fadigas".
Tropas paraguaias escolhidas, comandadas pelo Ten Cel Basílo Benitez, constituídas de quatro batalhões de infantaria e dois regimentos de cavalaria (mais de 3.000 homens), iniciam o ataque. A peleja, segundo Centurion, foi uma das mais cruéis e renhidas de toda a guerra" (5).
O terreno não oferecia espaço para manobrar, pois estava confinado entre uma lagoa profunda e os matagais que cresceram nas margens do Rio Paraná. Mesmo assim, após sustentar a defesa com uma parte da vanguarda, o General Osório montou uma manobra que consistia num ataque ao flanco esquerdo paraguaio.
Esta ação, realizada pelo 1º e 13º de linha, teve como resultado uma inflexão no dispositivo atacante inimigo que, desta forma, apresentou seu flanco direito a Osório. Ordena, então, o General, um ataque pela Brigada José da Silveira (8ª) e entra em seu batismo de fogo, no Paraguai, o 8º de linha. Foi uma carga de baioneta que resultou na retirada da força paraguaia e na tomada de dois de seus canhões. Perderam os paraguaios 500 homens. Tivemos, em toda a batalha, 357 homens fora de combate. Segundo Schneider (op cit) “o 7º Batalhão paraguaio e o 20º Regimento (cavalaria) foram quase inteiramente destruídos... investidos à baioneta pelos batalhões 1º e 8º. De linhas” – morre no combate o jovem capitão Luciano Libório dos Passos, do 8º de Linha.
Em conseqüência deste combate e das manobras e bombardeios da Esquadra, o Marechal Lopez determina evacuação do Forte Itapiru e o retraimento de suas forças para o Passo da Pátria e, posteriormente, para o Estero Bellaco.
O 8º de linha contribuíra valorosamente para uma importante vitória brasileira, cujas conseqüências muito concorreram para o prosseguimento das operações:
- segurança para completar o desembarque dos restantes elementos aliados;
- abertura sobre Passo da Pátria para onde retraíra o inimigo;
- possibilidade de uma nova área de desembarque no Rio Paraná, com a ocupação do Forte Itapiru.
Seria o CORONEL FRANCISCO ANTÓNIO DE SOUZA CAMISÃO, Comandante do Batalhão, citado pelo General Osório, em sua Ordem do Dia nº 152, de 25 de abril, juntamente com outros comandantes de corpos - "mostraram-se dignos da confiança que até o presente têm merecido de S. Exa." O CORONEL SOUZA CAMISÃO comprovara seu valor militar comandando o 5º de linha, em Jataí, a 17 de agosto do ano anterior.
Mas, teria o 8º linha muito mais para fazer no futuro.
DO PASSO DA PÁTRIA AOS CAMPOS DE TUIUTI
Desde o dia 17 de abril, honroso Batismo de Fogo do 8º de linha na Guerra da Triplíce Aliança contra o Paraguai, até o dia 26 de mesmo mês, permaneceu parte da Brigada Silveira integrando a vanguarda do Exército.
Eram noites de vigília revezando-se as companhias nas posições avançadas em constante prontidão face ao inimigo
nas trincheiras de Passo da Pátria. Tiroteavam-se sempre os dois exércitos.
O Exército Aliado efetuava reconhecimentos constantes no terreno, em busca de passagens ou de vias de acesso para o ataque às posições inimigas. Preparava-se a tropa para o ataque quando, a 23 de abril, surgiu uma densa cortina de fumaça, lá pelas bandas de Passo da Pátria - o alarme ecoa em todos os corpos.
Entretanto, pouco depois, soube-se que o inimigo abandonara suas trincheiras na direção de Estero Bellaco, incendiando tudo que podia, salvando-se apenas uma pequena capela e a casa que servira de posto de comando do Marechal.
Naquele mesmo dia, instalam-se as forças aliadas no antigo acampamento paraguaio, coberto pela vanguarda do General Venâncio Flores, chefe uruguaio.
Esta vanguarda, reforçada por alguns batalhões brasileiros, suportou o ataque paraguaio de 2 de maio, posteriormente conhecido como Combate de Estero Bellaco, cujas perdas de parte a parte foram numerosas. Neste combate esteve o 8º de linha em condições de emprego. Tropas da Vanguarda, reforçadas por uma brigada, diretamente sob o comando do General Osório, foram suficientes para repelir o inimigo.
Quase um mês passariam os aliados ao sul do Estero Bellaco, diante de posição fortemente defendida pelos paraguaios, apoiados, que estavam em sua maior extensão naquele obstáculo natural. Sua intenção no entanto, como únicos conhecedores de terreno, era a de realizar uma defensiva obstinada e agressiva mais à retaguarda, apoiada numa região muito favorável, conhecida como Sauce-Boquerón, na famosa Linha Negra, onde ficaria detido todo o Exército Aliado por mais de um ano. Assim, a 20 de maio, ao alvorecer ainda, inicia o 8º de linha sua marcha de uns poucos quilômetros até o campo de Tuiuti, precedido por inúmeros corpos que constituíam a vanguarda. Uma pequena tropa paraguaia fez breve oposição, porém logo retira-se para o Sauce. Acamparam os 32.000 homens, dos quais 21.000 brasileiros, no local onde, quatro dias depois, seria travada a maior batalha campal da América do Sul - a Batalha de Tuiuti - orgulho de nossas armas.
Diante de inimigo cavam-se os fossos profundos de proteção à Artilharia de Mallet e tomam as tropas um dispositivo de segurança, reorganizadas agora para novas ações decisivas: à frente da 3ª Divisão (Sampaio), a artilharia e a 6ª Divisão. No flanco direito, forças argentinas de todas as armas. A esquerda elementos de segurança e a 4ª Divisão. À retaguarda, a 5ª e a 2ª Divisões de Cavalaria. Ao centro, como elemento capaz de intervir no combate em qualquer parte da frente, está a 1ª Divisão, sob o comando do General Argolo. Dela fazia parte agora a 3ª Brigada, sob o Comando do Coronel José da Silveira e o 8º Batalhão de Infantaria de Linha, então sob o comando do Major Joaquim de Azevedo. O 8º de linha passaria a integrar a 1ª Divisão, após compartilhar das glórias da 3ª de Sampaio.
Vésperas da batalha: "Ao toque de recolher, às oito horas da noite, todos os corpos formaram. Depois da chamada, os Sargentos puxaram as companhias para a frente da bandeira, e rezou-se o terço. Algumas praças, os melhores cantores, entoavam com voz vibrante, serena e cheia de sentimento, a velha oração do soldado brasileiro: "Oh, Virgem da Conceição, Maria Imaculada, vós sois a advogada dos pecadores, e a todos encheis de graça com a vossa feliz grandeza. Vós sois dos céus princesa, e do Espírito Santo esposa. Maria, mãe de graça, mãe de misericórdia, livrai-nos de inimigo e protegei-nos na hora da morte. Amém" (6). Do outro lado das trincheiras de Sauce, ao norte do Estero Rojas nas pequenas alturas que, naquela região, formam um só conjunto de Humaitá e Curupaiti, está o Marechal Lopez falando às suas tropas da brava gente guarani... "lhes dirigiu a palavra, recordando-lhes que, no dia 2, um pequeno número de tropas havia arrebatado ao inimigo seus canhões e suas bandeiras e, portanto, que se fosse realizado um ataque por uma grande força era incontestável que -elas destruiriam o Exército Aliado. Os soldados estavam muito entusiasmados e responderam que só esperavam suas ordens para marchar e liquidar a seus inimigos" (7).
Em Tuiutí dormia-se uma noite a mais sem que se pudesse pensar que, às 11:00 horas do dia seguinte, teria início a grande batalha, com um ataque paraguaio pelo centro, oeste e leste do dispositivo aliado. Lopez lançaria 24.000 homens na busca de uma decisão.
Dedicavam-se os corpos às suas tarefas normais, sob proteção de uma segurança sempre atenta.
O dia já estava avançado quando se ouviu um foguete seguido de um tiro de canhão, lá pelos lados de Sauce. O alarme ecoou em todo o acampamento pelas cornetas e clarins de cada brigada, de cada batalhão - às armas! Formidável espetáculo formou-se naquele distante rincão da América - ficariam fora de combate, no final daquela jornada, 14.000 homens. O ataque paraguaio mostrou-se por todos os lados possíveis. Do norte para o sul precipitaram-se Diaz e Marcó, com 9.300 homens. A leste, Resquim, à frente de 6.300 homens, em sua maioria de cavalaria e a oeste do nosso dispositivo, através de Potrero Pires e bosques vizinhos, vieram os soldados de Barrios, uns 8.700. Reagiram as divisões brasileiras, sob o comando do General Osório que, nesta batalha, tomou dimensões de um gigante. A 3ª Divisão (Sampaio) precipitou-se para frente, a 4ª Divisão (Guilherme de Souza) cobriu o franco esquerdo, junto com a cavalaria. Os fossos de Mallet protegiam a artilharia brasileira ao norte, juntamente com a 6ª Divisão (Monteiro) ali reunida. No flanco direito, suportam o ataque os argentinos. A 1ª Divisão, comandada pelo General Alexandre Gomes de Argolo Ferrão, consagrado condutor de tropas que impulsionara a arrancada do dia 16 de abril, ali estava, formada por brigadas batalhões rigorosamente alinhados na parte central e mais alta daquele sitio, aguardando ordem de interferir no combate como elemento de decisão. E assim aconteceria no momento preciso, sob as criteriosas ordens do General Osório que, nesta batalha, tomou dimensões de um gigante. A 3ª Divisão (Sampaio) precipitou-se para frente, a 4ª Divisão (Guilherme de Souza) cobriu o franco esquerdo, junto com a cavalaria. Os fossos de Mallet protegiam a artilharia brasileira ao norte, juntamente com a 6ª Divisão (Monteiro) ali reunida. No flanco direito, suportam o ataque os argentinos. A 1ª Divisão, comandada pelo General Alexandre Gomes de Argolo Ferrão, consagrado condutor de tropas que impulsionara a arrancada do dia 16 de abril, ali estava, formada por brigadas e batalhões rigorosamente alinhados na parte central e mais alta daquele sitio, aguardando ordem de interferir no combate como elemento de decisão. E assim aconteceria no momento preciso, sob as criteriosas ordens de Osório, que cavalgava constantemente de uma parte a outra do campo de luta.
Recebe Argolo ordens para intervir com uma brigada a noroeste, no flanco esquerdo da Divisão Sampaio, que suportava, naquele momento, o esforço do ataque paraguaio. Vai, em passo acelerado, a 10ª Brigada de Infantaria. Às 13:00 horas, vendo Osório que a artilharia mostrava-se insuficientemente protegida pela 6ª Divisão e que aumentavam as pressões sobre o flanco direito aliado, determina à 8ª Brigada que se desloque rapidamente para a região onde estava o 1º Regimento de Artilharia. Aí o 8º de linha tem seis praças fora de combate. Às 14:00 horas, em plena batalha, é o 8º de linha com seu comandante à testa, o Major JOAQUIM LUIZ DE AZEVEDO, mandado integrar as forças do General Venâncio Flôres, à esquerda dos fossos de Mallet e à direita da Divisão Sampaio. É como diz a ordem "... a fim de reforçar a linha do Exército Aliado colocado na frente sobre o flanco esquerdo" (8).
Muito próximo ao inimigo escondido e fazendo fogo de um bosque, recebe o 8º de linha uma ordem do próprio General Flôres, de abrigar-se melhor, pois estava exposto desnecessariamente. Aí perde quatro praças feridas. Às 17:15 horas, já nos últimos momentos do combate, o 8º de linha entrega, mediante solicitação, o Capitão Félix da Silva para comandar o 20º de voluntários que tem ferido o seu comandante. Pouco depois, recebe ordem toda a 8ª Brigada para recolher-se ao seu acampamento, no centro do sítio de Tuiuti. É incrível a cena que então se desenrola em torno. Centenas, milhares de corpos caídos e banhados em sangue. Ali estavam 3.011 brasileiros mortos ou feridos.
5 O COMBATE DE 16 DE JULHO (BOQUERÓN)
Uma semana após a Batalha de Tuiuti reuniram-se os chefes militares aliados em 30 de maio de 1866. Apreciou-se a situação das forças em presença, sendo as conclusões registradas em ata.
Era pacífico o entendimento de que Tuiuti fora uma vitória aliada, mas que servira para demonstrar as surpresas e dificuldades conseqüentes de uma prolongada campanha naquela terra desconhecida, palustre e desconfortável do sul paraguaio. Era também evidente que o desgaste imposto pelo inimigo, pelas condições do clima, pelo desconforto dos acampamentos e, sobretudo, pelas prolongadas vigílias, levaram à paralisação das operações ofensivas, pelo menos até que se conseguisse elevar novamente a mobilidade e o poder combativo da tropa. O Exército paraguaio, que se mostrava obstinado e destemeroso no combate, não poderia realizar, também, grandes operações ofensivas nem dispunha de condições de derrotar os aliados, a menos que estes alongassem demasiadamente suas distâncias de apoio, como seria o caso de uma marcha de flanco pela esquerda inimiga, sem a necessária mobilidade e cobertura.
Teve início, por estas razões, uma guerra de desgastes onde a usura predominava. Era o bombardeio, era a estabilização em posições e eram os pequenos combates e golpes de mão que, durante muito tempo, fixariam as atenções de todos os nossos combatentes. A guerra não seria decidida ali.
Tuiuti transformara-se num acampamento fortificado, onde viviam oficiais e soldados em meio aos comerciantes ambulantes e gente de toda natureza, lá pelas bandas do Passo da Pátria. O estado sanitário era precário, havendo ameaças de epidemias. Soldados recrutas recém-chegados para recompletamento dos batalhões e regimentos, caíam imediatamente enfermos. Havia aproximadamente 10.000 homens baixados aos hospitais. 1.500 eram oficiais. O moral da tropa caíra com a notícia de que o General Osório deixaria o Comando do 1º Corpo-de-Exército, passando-o para o General Polidoro.
Além disso tudo, era constante a inquietação provocada pelas forças Paraguaias em bombardeio e incursões diárias, algumas das quais tomavam dimensões de verdadeiros combates.
Assim viviam os homens do 8º Batalhão de Infantaria de Linha.
Às 11:00 horas do dia 14 de julho de 1866, formou pronto para o combate todo o Exército. O 8º lá estava na coluna aberta da 1ª Divisão, para receber a investida inimiga. Dionísio, em forma, muito perto do 8º de linha, testemunha a cena deste dia: "via voar sobre minha cabeça, seguidamente, sem interrupção, centenas e centenas de grandes projéteis, que iam explodir mais adiante, nos centros dos batalhões, espalhando a morte com os seus estilhaços. Outras vezes caíam na frente e vinham rasgar as nossas fileiras". Aliás, não era surpresa, pois os bombardeios já estavam se tornando rotina" ... as balas raras passavam sem merecer um olhar de curiosidade, nem mesmo de desprezo, entretanto, faziam das suas, de vez em quando" (9). Naquele dia, trabalharam 30 canhões, cada qual lançando 100 granadas em média. Foram mortos 10 soldados, ficando 7 oficiais e 55 praças feridas.
Além dos bombardeios, os inimigos realizavam golpes de mão protegidos pela escuridão da noite, agachados, deslizando pelos matagais à procura de uma sentinela menos, prevenida. Era terreno difícil de vigiar e combater. Dentro dos bosques e lombadas, às vezes impenetráveis, estava o inimigo vigilante e conhecedor do terreno.
Neste ambiente, decide o chefe paraguaio construir uma trincheira em Punta Ñaró (ponta zangada em guarani), a fim de barrar o avanço aliado por uma picada que perigosamente levaria os atacantes a seu flanco direito.
Distante apenas trezentos metros das posições aliadas, sob a cobertura de densa vegetação e da escuridão de uma noite sem lua, constroem os paraguaios sua trincheira, empregando alguns de seus batalhões que receberam, de reforço, 600 ferramentas de sapa.
Ao amanhecer do dia seis, estava o inimigo entrincheirado diante de nossas linhas.
Decidiram, então, os nossos chefes, tomar esta posição antes que para ela conseguissem reforços, inclusive porque eram maiores em artilharia.
É quando, neste dia 15, Osório passa o comando do 1º Corpo-de-Exército ao General Polidoro, fato recebido com muita tristeza pelos combatentes, em vista do prestígio adquirido por aquele ilustre soldado.
É Polidoro o homem que decidirá, de imediato, o ataque às trincheiras de Punta Ñaró e à outra linha de trincheiras também construída mais em profundidade. Era véspera de um dos mais sangrentos combates da guerra, o de 16 de julho, seguido, dois dias depois, de um outro combate a 18, que desfalcaram, ambos, um total de 4.621 combatentes aliados, dos quais 261 oficiais brasileiros.
Atacaria frontalmente, de surpresa, a 4ª Divisão, sob o comando do General Guilherme de Souza, enquanto a 5ª Brigada da 3ª Divisão, Oliveira Bello, atacaria de flanco.
Era uma madrugada escarlate e amarela - "Koe ju" para os paraguaios. Às 05:30 irrompe, feroz, o ataque, o 1º escalão, constituído pelo 20º de Voluntários (alagoanos) e o 31º, também de voluntários, assaltam as trincheiras e expulsam delas os defensores. Prossegue adiante o ataque, desta vez através da mata densa. Engaja-se toda a tropa em um combate inútil, para cuja solução decide o General Polidoro empregar a 1ª Divisão e mais a 7ª Brigada da 3ª Divisão. Às 07:45 o 8º de linha vai reforçar a Divisão Guilherme de Souza. Às 08:30 junta-se a ele o 16º de linha, assumindo o comando da frente o próprio General Argolo em substituição ao General Guilherme de Souza, cujas tropas estavam exaustas e engajadas num combate generalizado. “A luta dentro do mato teve todas as características de refrega em teatros desta natureza. Houve vai-e-vem de tropas, avanços e recuos, ataques e contra-ataques" (10).
Às 15:00, o 8º de linha, ao completar sua sétima hora de ação constante, encontrava-se, após atacar a segunda linha de trincheira e de ser contra-atacado, na primeira linha - Punta Ñaró. Sustentaria, então, quatro ataques inimigos pela frente e pelo flancos, apoiados por um terrível bombardeio que partia dos bosques vizinhos. E o 8º de linha manteve-se firme na posição, defendida à baioneta num feroz corpo a corpo.
Às 17:00 Argolo recebe quatro batalhões argentinos de reforço. A noite diminuía o fogo que aos poucos se extinguiria. Às 23:30 a Divisão Argolo era substituída pela 6ª Divisão de Vitorino Monteiro.
O 8º de linha contara 3 oficiais e 14 praças mortos. 6 oficiais e 81 soldados estavam feridos. Fora o seu combate mais mortífero desde o desembarque em Passo da Pátria (11).
Centurion, oficial paraguaio, comenta este combate. . . "até então tínhamos denegrido as tropas brasileiras e fazíamos dela pouco caso. Porém desta feita provaram o contrário, conquistando o mais elevado conceito como bravos e valentes" (12).
Dia negro para o 8º de linha teve inicio a 18 do mesmo mês. Nele morreria o seu comandante. Sua ação seria de cobertura de flanco pelos lados do Potrero Pires, junto com o 16º de linha e com o 10º de voluntários, reforçados por dois regimentos de cavalaria, tudo isso sob o comando do Brigadeiro Mena Barreto.
Feroz ataque foi realizado sobre uma forte trincheira paraguaia, naquele setor. O 8º de linha chegaria ao parapeito daquela trincheira, aguardando ordem de assaltar que não viria por motivo de estarem detidas, em toda a frente, grande parte de nossas forças. A ação duraria até às 12:30 quando o 8º de linha traria, morto, o seu comandante, o Major AZEVEDO.
6. A MARCHA DE FLANCO E OS COMBATES DE POTRETO OBELLA E TAJI
Teria início uma fase muito difícil para as forças brasileiras.
A situação estacionária da tropa em Tuiuti e a falta de meios para a realização de amplos movimentos por terrenos até então desconhecidos, pesavam sobre o Exército Aliado. A decisão de tentar a penetração no dispositivo inimigo pela via de acesso oeste, isto é, pela margem oriental do Rio Paraguai, redundara num grande malogro. Apesar do sucesso em Curuzu, a 3 de setembro de 1866, a conquista de Curupaiti mostrava-se impossível, a 22 do mesmo mês, com um total de baixas muito elevado – 1.961 só de brasileiros. Foi o Exército Aliado tão infeliz naquela jornada que, meses depois, o 2º Corpo, encarregado da operação, era evacuado para Tuiuti, deixando uma pequena guarnição em Curuzu.
Houve muitos fatos desagradáveis neste episódio, dos quais o 8º BI de linha não participara diretamente, por ser integrante do 1º Corpo-de-Exéreito.
Mas, nem tudo era desgraça. A 10 de outubro de 1866, o Imperador nomeia o mais insigne de nossos soldados - o Marquês de Caxias - comandante das Forças Brasileiras, inclusive da Esquadra. Com esta nomeação obteve-se a unidade de comando até então inexistente e colocou-se à frente da tropa não apenas um grande comandante, como também um excelente administrador.
Às 16:00 horas do dia 18 de novembro, chega Caxias ao Passo da Pátria e logo a Tuiuti, sendo recebido pelo General Polidoro e saudado por uma escolta de dois esquadrões de cavalaria.
O 8º de linha estava formado com o grosso do Exército para receber o grande chefe, com muito entusiasmo e fé no futuro.
No dia seguinte, Caxias assume o comando e encontra uma terça parte do Exército nos hospitais escalonados desde Tuiuti até Buenos Aires.
Teria pela frente a grandiosa tarefa de reorganizar seu Exército. Logo iniciou suas atividades, principalmente na qualidade de comandante-em-chefe agora, pela saída de Mitre no dia 9 de fevereiro de 1867. Em meio das grandes tribulações para fardar, equipar um exército inteiro, para levantar-lhe o moral, torná-lo móvel e operacional, surgiu uma novidade cruel - a 26 de março teve início a epidemia cólera-morbus no acampamento aliado. Todos os esforços possíveis, na época, foram feitos para salvar o máximo de vidas, porém quis o destino que, dos 4.000 atacados apenas 2.000 sobrevivessem.
Não é difícil imaginar o sofrimento e angústia daqueles oficiais e praças do 8º de linha. Quem não estava doente cuidava de atenuar o sofrimento de um camarada menos feliz. O acampamento transformara-se num grande hospital. "Em conjuntura tão triste, a resignação do soldado brasileiro foi igual ao seu valor diante do inimigo. Os que não foram tocados pelo mal, cuidaram dos enfermos com caridade evangélica" (13). A epidemia decaiu em fins de abril e desapareceu na primeira semana de maio.
No dia 18 de julho, chegou a Tuiuti o 3º Corpo-de-Exército de Osório, completando os 20.000 homens de reforços recebidos por Caxias, após o início de seu comando. Reorganizado e dotado o Exército, teriam novo impulso as operações militares.
A 10 de julho, teve início uma série de medidas preparatórias para a ofensiva próxima.
O 1º Corpo de Argolo foi então substituído pelo 2º de Porto Alegre. Assim, o 8º de linha deixava o contato com o inimigo para constituir parte da massa de manobra, conhecida com a "marcha de flanco".
No dia 22 do mesmo mês, teve início o movimento para desbordar as trincheiras inimigas de Sauce-Boquerón - Curupaiti. A 24, o grosso da tropa transpõe o passo Tio Domingos, atravessando inúmeros banhados e pântanos que caracterizam aquela região. Os soldados do 8º de linha, como todos daquele exército, estavam contentes a partir do momento em que pisaram em solo firme. Os que olhassem para trás quase poderiam ver os campos úmidos de Tuiuti onde momentos tão graves se distanciavam no tempo e no espaço.
Após alguns pequenos encontros de vanguardas, o grosso chega em Tuiu - Cuê (barro que desapareceu), no dia 31, e acampou em segurança. No dia seguinte, 1º de agosto, reassumiu o comando o General Mitre, chegado de regresso ao, Teatro de Operações. Em conferências prolongadas com Caxias e outros chefes, ficou decidida a confirmação da marcha, pois se constatara que as trincheiras paraguaias não terminavam ao sul. Elas circulavam todo o perímetro de Humaitá e somente o seu isolamento traria a decisão favorável aos Aliados. E o Exército fecharia Humaitá na margem do Rio Paraguai, enquanto a Esquadra deveria a ele juntar-se, ao norte daquela fortaleza.
A fase móvel da campanha destacava-se pelas longas marchas, pelas ações de cavalaria e pelas tentativas freqüentes dos paraguaios em atingir os comboios de suprimentos, vindos desde Passo da Pátria. A 29 de outubro, os Aliados conquistaram Potrero Obella e, a 20 de novembro, Taji, completando assim o cerco nas margens do Rio Paraguai e dando abertura para Pilar.
É nestes combates que o 8º de linha, mais uma vez, se destaca pela sua bravura.
Taji, na margem esquerda do Rio Paraguai, era o primeiro ponto à noite das fortificações de Humaitá que apresentava boas condições para a junção do Exército com a Esquadra que deveria transpor as fortificações. Para tomá-la, o Marquês de Caxias chamou à sua barraca de comando o Brigadeiro João Manuel Mena Barreto, a 28 de outubro, e entregou-lhe uma força-tarefa de 4.000 homens. A Brigada de Infantaria, comandada pelo Coronel Salustiano dos Reis, era constituída de sete batalhões de infantaria, dos quais o 8º de linha era um. Havia ainda suficiente cavalaria, artilharia, sapadores e elementos de saúde (14).
Na manhã do dia 29 se puseram em marcha, cavalaria à frente. Todos prontos para atuar em qualquer momento. Adiante, o desconhecido.
Transpuseram o Arroio Hondo (Arroio Fundo, Y Pypuce, em Guarani) e dirigiram-se à entrada do Porrero Obella, dominado completamente por uma fortificação preparada pelo inimigo. Tratava-se de um conjunto de trincheiras em forma de quadrilátero, protegido por fossos de água e obstáculos à progressão.
Mena Barreto monta a manobra. Um ataque de três batalhões rompendo pela picada em frente investiria as fortificações (2º, 7º e 33º). Outro ataque de mais três batalhões, vencendo um longo deslocamento pelo denso bosque, investiria pela retaguarda do inimigo, a fim de decidir o combate. Nele estava o 8º de linha e mais o 9º de linha e o 24º de voluntários, este comandado por Deodoro da Fonseca, já um famoso e valente guerreiro.
O 1º de linha seria a reserva enquanto a 2ª Divisão de Cavalaria cobria o flanco do ataque e impedia a fuga do inimigo.
A ação foi realizada conforme fora planejada. O ímpeto do ataque pela retaguarda, com o 8º em primeira linha, foi sangrento e difícil, porém conseguiu penetrar na fortificação e dela expulsar o inimigo ou destruí-lo na posição. Ficaram 83 mortos e 310 feridos entre os brasileiros.
Os paraguaios, também e sempre valentes, deixaram 143 mortos e mais uma centena de prisioneiros, quase todos feridos. Comenta o próprio Caxias em sua parte ao Ministro da Guerra: 'Foi de certo este combate muito mais sangrento do que deveria ser por motivo da posição que o inimigo ocupava, em uma picada de mato virgem, com os dois flancos apoiados em banhados quase invadeáveis, que os nossos tiveram que atravessar debaixo de fogo e com água até o pescoço".
Terminado o combate o General Mena Barreto determinou imediatamente a exploração de Pilar e Taji. Nestes dias que se seguiram, o 8º de linha percorria a área de Laureles - Taji, em busca do inimigo que tiroteava aqui e acolá e refugiava-se na mata abundante.
Taji fora fortificada por dois batalhões de infantaria guaranis desembarcados ali no dia 1º de novembro. Caxias determinara ao General Mena que destruísse aquele inimigo.
Às duas da madrugada, três linhas separadas de meia distância de um tiro de fuzil, aproximaram-se silenciosamente das fortificações e carregaram à baioneta, expulsando de suas posições o valente inimigo. Três navios paraguaios tentaram apoiar os defensores, mas foi impossível detê-los. Uma dessas colunas era constituída pelo 1º e pelo 8º Batalhões de linha, que se bateram com muita bravura no encontro. Tiveram os brasileiros 33 mortos e 93 feridos.
Vendo-se com sua retaguarda cortada pela margem esquerda do grande rio, Lopez tenta o grande ataque ao sul, denominado pela História como segunda Batalha de Tuiuti e sofre outra grande derrota. Era 3 de novembro de 1867.
7. O CERCO DE HUMAITÁ PELA MARGEM DIREITA DO RIO PARAGUAI - MAIO 1868
Taji fora ocupada após um sangrento combate e imediatamente fortificada e reforçada por elementos da Divisão Argolo. Estava o Exército Aliado debruçado sobre as barrancas do Rio Paraguai, a montante das fortificações de Humaitá. Fora um duro golpe no Exército Paraguaio, completado em seguida pela passagem da Esquadra Brasileira por aquelas fortificações, a 19 de fevereiro daquele ano, 1866, combinada com o sangrento e impetuoso ataque e tomada pelo Exército, de Estabelecimento, naquela mesma madrugada. A glória do comando geral fora, também, totalmente brasileira pois que, desde 13 de janeiro, Caxias era o Comandante supremo com o afastamento de Mitre, por razões de política interna Argentina - morrera, em Buenos Aires, o vice-presidente e havia acefalia no governo argentino.
Já no dia 24 daquele mesmo mês de fevereiro, nossa Esquadra aparecia em Assunção, promovendo um rude golpe no moral da brava população paraguaia. Lopez, percebendo sua situação em Humaitá, deixa nela uma pequena guarnição e, com o grosso de suas forças, escapa habilidosamente do incompleto cerco da fortaleza. Pretendia instalar-se defensivamente no Tio Tebicuari, mais ao norte, que é o maior rio essencialmente paraguaio. Fica com o seu posto de comando em São Fernando, onde ocorrem as atrocidades contra pessoas que possivelmente conspiravam contra o governo, no desejo de terminar com a guerra agora inútil, já que se perdera Humaitá e Assunção fora visitada por navios brasileiros. A 22 de março, os paraguaios retraem-se de seu perímetro defensivo e guarnecem um pequeno quadrilátero em volta de Humaitá, com sua reduzida guarnição, a hostilizar os navios e a lixar inúmeros elementos do Exército no seu cerco aproximado.
Resolve então Caxias passar uma força para a outra margem do rio e operar no Chaco, com a finalidade de completar o cerco de Humaitá, contribuindo para sua rendição com tomada por assalto. Visava a cortar a estrada do Chaco, por onde continuavam chegando abastecimentos que, em pequenas canoas e balsas, eram furtivamente introduzidos na fortaleza.
Para isso, organizou dois destacamentos, um dos quais comandado pelo General Rivas, com 1.500 argentinos que, pelo sul, após cruzar o rio, deveriam apossar-se de Andaí. O outro seria constituído por forças brasileiras, comandadas pelo Coronel Barros Falcão, e forte de cinco batalhões de infantaria dos mais aguerridos, dentre os quais estava o 8º Batalhão de Infantaria de Linha, comandado então pelo insigne Coronel Hermes Ernesto da Fonseca. Deste destacamento constavam, ainda, os 1º, 3º, 7º Batalhões, uma bateria de artilharia, elementos de sapadores e de saúde, num total de 2.500 homens.
A operação consistiria em transpor o Rio, Paraguai com o apoio da Esquadra, na região de Iuasil, ao norte de Andaí, e, posteriormente, operar para destruir forças paraguaias e bloquear a estrada do Chaco, tudo em coordenação com o Destacamento Rivas.
Era uma operação perigosa, realizada em região desconhecida e afastada das bases de apoio do grosso do Exército e contando apenas com o apoio de fogo e de transporte dos navios.
Ao entardecer do dia 1º de maio, o Destacamento Barros Falcão embarcou seus elementos em Estabelecimento, para iniciar o percurso fluvial até Araçá, onde esperavam os vapores Barroso, Tamandaré, Rio Grande e Paraná, prontos para levar nossos bravos soldados para a outra margem do rio.
Todo o 8º de linha embarcou tranqüilamente naquelas pequenas chalanas, espécie de canoas de fundo chato.
Lentamente deslizam nossos soldados, divididos entre aquelas diversas embarcações e remam através da lagoa Cierva e pelos esteros rasos, cobertos de juncos altos aqui e acolá, separados por passagens ou braços de riacho. Chegam ao Araçá, situado numa pequena nesga de terras altas que separa a lagoa do grande e largo rio.
Às 19:00 horas inicia-se o lento e silencioso embarque nos navios: não se fuma, não há luzes e evita-se o ruído denunciante, pois que por aqueles matos e vegetação ciliar estão espalhados os vedetes paraguaios.
O 8º de linha passou a noite nos tombadilhos à espera da hora da transposição. Ouviam-se os cochichos de alguns soldados e o sibilar da água passando pelos cascos. Em baixo, alguns vazamentos de vapor das caldeiras faziam lembrar o soprar de uma locomotiva estacionada. Aguardava-se a hora decisiva de um combate inusitado tal qual havia sido o desembarque do dia 16 de abril de 1866, seguido do combate do dia 17, jornadas gloriosas do Passo da Pátria.
Com as primeiras luzes do dia a refletir levemente na superfície das águas, deslocam-se os navios durante uns poucos minutos e chegam nas proximidades da outra margem, de onde parte a fuzilaria paraguaia de uma longa trincheira paralela à margem. Era o 7º Batalhão de Infantaria Paraguaio, agora também sob o bombardeio de canhões da Esquadra. É debaixo deste fogo que tem início o desembarque, ao mesmo tempo que se realizam demonstrações e ataques em Timbó, pouco mais ao norte, e em Humaitá, logo abaixo.
Desce às margens uma pequena vanguarda do 3º Batalhão para exploração e retirada de obstáculos e, em seguida, desembarcam o 8º e o 16º de linha, recalcando o inimigo de suas primeiras trincheiras. Trava-se o combate à baioneta, onde quer que esteja um pelotão de nossas forças. O inimigo é pouco a pouco recalcado, porém combate com vigor.
Já era dia claro, quando o 16º de linha é vigorosamente contra-atacado no nosso flanco direito. Para lá, segue em reforço, a 3ª Companhia do 8º linha. Surge um segundo contra-ataque e o restante do 8º de linha recebe ordem de cobrir o flanco direito do 16º, a luta generaliza e o inimigo é novamente repelido para os matagais próximos, deixando o campo de batalha cheio de heróicos soldados.
Ao anoitecer deste dia glorioso, no qual se combateu enquanto houve luz, estava estabelecida a cabeça de ponte necessária ao prosseguimento das operações. No dia seguinte, 3 de maio, foi realizada a junção dos dois destacamentos e brasileiros e argentinos trataram de fortificar Andaí e impedir o tráfego pela estrada do Chaco. A missão parecia cumprida mas, a 4 de maio, volta o inimigo a atacar, desta vez novamente na frente do 8º de linha e seu vizinho, o 16º. A vanguarda entrincheirada acolhe os elementos que cortavam árvores e melhoravam os campos de tiro à frente e rompe o violento fogo defensivo. O combate, dura o dia, pois foi constante o ataque inimigo que somava 300 mortos. Dionísio, oficial do 16º de linha, descreve o fim deste combate de Andaí: "As cornetas tocavam alvorada alegre. Era o sol da glória que raiava mais uma vez para o Brasil amado. O Hino Nacional repercutindo naquela mata, fazia vibrar de entusiasmo as fibras de nossos corações e era, ao mesmo tempo, a marcha fúnebre de centenas de valentes, cujos corpos sem vida se misturavam com os troncos caídos e a ramalhada ensangüentada (15). No dia 5 de maio, reorganizou-se a força brasileira e o Coronel Hermes passou a comandar a 6ª Brigada, a qual era integrada pelo 1º, 16º e pelo nosso 8º de linha. No dia 7, Caxias visitou Andaí. Estava encerrada mais esta página gloriosa de nossa História, da qual, com tanto brilho, participou o 8º de linha.
8. DE ANDAI A ASSUNÇÃO
Após duros combates no Chaco em busca do cerco definitivo de Humaitá, cortando as ligações entre a fortaleza incômoda e suas bases, o 8º de linha passaria por uma período de relativa tranqüilidade nas trincheiras de Andaí. Recompunha-se de suas perdas e reorganizava-se para o prosseguimento das operações.
De fato, a 25 de julho de 1868, Humaitá é ocupada pelo Exército Aliado e, a 17 do mês seguinte, arribaram as tropas na busca do inimigo agora fortificado ao norte do Rio Tebicuri, em sua foz sobre o Rio Paraguai.
As valentes e combativas forças paraguaias, comandadas pela mão de ferro do Marechal Lopez, no qual depositavam vida e morte, haviam perdido suas fortificações construídas para manterem o País isolado das pressões estrangeiras.
Vitória ou derrota? Considerando-se o desgaste dos Aliados e o prolongado tempo que haviam dedicado a transpor o obstáculo de Humaitá e, ainda, a inferioridade numérica e material de suas forças, julgavam-se os paraguaios vitoriosos nesta fase de dois anos e meio de campanha. Os Aliados, por sua vez, vislumbravam abertas as portas de Assunção e possuíam agora um Exército realmente adestrado, experiente e poderoso que seria imbatível até a vitória final. Caxias detinha em sua pessoa o comando de todas as forças em operações e estavam superados os problemas de falta de unidade durante a chefia de Mitre. Agora restava completar a guerra, abrindo uma nova campanha mais ao norte.
Vencendo o inimigo fortificado em Tebicuari e em outras posições montadas sobre obstáculos do Paraí, Surubi e outros mais, aproximava-se Caxias da verdadeira posição paraguaia de Piquissiri, onde Lopez desejava opor maiores dificuldades ao avanço aliado, pois que aí o terreno lhe parecera certamente muito vantajoso à defesa. Nesta fase, o Exército empreendia movimentos cautelosos porém firmes, precedido sempre por vanguardas de cavalaria. O 8º de linha integrava, então, as forças do General Argolo (2º Corpo), que guardavam a retaguarda do Exército, na, região de Humaitá.
Posteriormente, lança seu deslocamento mais para o norte, juntando-se ao grosso das forças. Caxias reorganizou seus corpos para a operação, da Dezembrada, campanha brilhante na qual seria o inimigo batido por uma manobra genial no Chaco, seguida pela transposição do Rio Paraguai, sobre Santo Antônio, e pelas batalhas de Itororó, Avaí e Lomas Valentinas.
A 3 de dezembro, antevéspera de grande desembarque, o 8º de linha fazia parte da 8ª Brigada, comandada pelo heróico Coronel Hermes Ernesto da Fonsêca, juntamente com o 10º de linha, dois Corpos de voluntários, o 32º e o 38º. Aquela Brigada fazia parte da 1ª Divisão comandada pelo General Gurjão.
"O tempo passava na sua marcha fatal; as águas do rio subiam e subiam sempre com crescente ameaça; e a estrada memorável do Chaco avançava a cada hora, demonstrando a tenacidade do General Caxias e a resistência do nosso soldado, que não tem que o exceda no valor, na abnegação e no estoicismo. Aproximava-se a hora da passagem do Exército para a outra margem..." comentaria Dionísio, então oficial subalterno, muitos anos depois.
Durante a noite do dia 4 após famosa marcha sobre o Chaco, percorrendo estradas previamente construídas pelas nossas forças a cargo de hábeis engenheiros militares, o 8º de linha embarcava em navio de Esquadra, ancorado naquela margem, nas proximidades de Villeta, para cruzar o Rio Paraguai sobre o Vilarejo de Santo Antônio, poucos quilômetros ao sul de Assunção.
Às 7 horas da manhã do dia 5 de dezembro, 8.000 homens lá estavam em terra, guarnecendo uma área e dando proteção às manobras da Esquadra e à continuação do desembarque. No fim do dia, 17 mil oficiais e soldados com seus petrechos concluíram aquela formidável transposição à retaguarda de Piquissiri, onde se concentrava o grosso das forças paraguaias - a surpresa estava consumada, pois não acreditara o Marechal Lopez na marcha do Chaco e na rapidez da travessia.
No dia seguinte pela madrugada o 2º Corpo-de-Exército de Argolo fazia a vanguarda e lá estava, entre seus batalhões, o 8º de linha, marchando por um caminho estreito, na direção geral do sul. Sucediam-se ondulações suaves do terreno, aqui e acolá semeado por mata densa e baixa e por "carandayty" - conjunto mais ou menos numeroso de “carandays”, espécie de coqueiro raquítico. À direita corria o grande Rio e à frente o Itororó, cujas margens encaixotadas o íngremes canalizavam o movimento a uma passagem obrigatória pelo grosso das forças - Itororó. Caminhos secundários eram desconhecidos até o inicio da invéstida sobre a margem oposta, onde se encontravam as forças paraguaias, 5.000 homens comandados pelo famoso Bernadino Caballero, herói guarani, ainda hoje cultuado por sua valentia na guerra e realização na paz, como Presidente da República e fundador do grande e atuante Partido Colorado, tempos depois.
Ali se travou um dos mais mortíferos encontros da guerra e inscreveram-se as mais belas páginas de heroísmo de ambas as partes - paraguaios e brasileiros.
A 1ª Divisão do 2º Corpo (vanguarda) é a primeira a transpor a ponte após deixar a 1ª Brigada (Miranda Reis) em defesa da artilharia.
Após os primeiros elementos de infantaria transporem a ponte, dentre eles uma parte da 13ª Brigada, Gurjão lança no jogo do combate o restante de suas forças - a 8ª Brigada, a qual pertencia o 8º de linha. Descreve Tasso Fragoso: "À testa, dessa infantaria, Gurjão expele o inimigo até uma grande distância além da ponte. Nesta refrega recebe um ferimento grave no braço esquerdo que o obriga a retirar-se. Então o comandante do 2º Corpo, o brioso Argolo, resolve entrar com as forças que se achavam no terreno na área do combate e vingar no sangue do inimigo a morte de tantos de seus bravos; mas ao passar a fatal ponte, foi também ferido e, quase sem sentidos, teve de ser conduzido pelo seus ajudantes-de-ordem para a retaguarda das linhas... O 2º Corpo estava quase todo consumido sem nenhum resultado decisivo" (16). Contra-ataques violentos faziam recuar as linhas brasileiras, enquanto o Corpo-do-Exército de Osório efetuava, uma marcha por caminho diferente, ameaçando o dispositivo inimigo. É quando Caxias transpõe a ponto de Itororó, em seu famoso gesto, seguindo-se a ele inúmeros batalhões e todos, como um único elemento, faziam retroceder o inimigo para dentro dos matagais. 1.806 foram as baixas brasileiras, dentro os quais 241 mortos, deixando os paraguaios 1.200 homens fora de combate.
Ficaria o 2º Corpo guardando a ponte e seus sítios mais próximos, enquanto o grosso do Exército marchou para lpané e, posteriormente, em trânsito para Villeta, encontraria uma força inimiga em Avaí, onde se travou uma sangrenta batalha.
No dia 9 de dezembro o 8º Corpo dirige-se para Ipané, sob o Comando do General José Luiz Mena Barreto, substituto de Argolo. Chega junto à capela daquele povoado às 08:30 da manhã e reúne-se ao grosso do Exército. Eram dias quentes e a tropa padecia com a falta de suas bagagens deixadas para trás na previsão de alcançar-se Villeta em dois ou três dias de marcha.
Na manhã do dia 11 de dezembro de 1868, marchou o Exército de Caxias na direção sudoeste com uma vanguarda do 3º Corpo (Osório) e um grosso constituído dos 1º e 2º Corpos, cobertos na retaguarda por elementos especialmente dispostos. Eram os preliminares de Avaí, batalha cujo nome deriva de um pequeno rio que por ali caminha na direção do Paraguai (quer dizer "rio do índio" Ava - índio, Y = água do rio).
O violento choque travado naquela manhã de tempestade foi uma completa derrota para as extenuadas tropas paraguaias que, mais uma vez, demonstraram grande coragem e obstinação. A manobra de Caxias executada com precisão, consistia em um duplo envolvimento à base de cavalaria e de um ataque frontal com os corpos onde predominavam as forças de infantaria. Nela tomaria parte o 2º Corpo como força de pressão. "Nada pode deter o arroio com que eles se atiraram ao combate. O ataque é impetuoso e a resistência obstinada e os combatentes dos dois exércitos se ilustram pelos mais belos feitos de armas". Assim descreve o citado manuscritos de 1869 (17).
Deixam os paraguaios 3.000 mortos e os brasileiros tiveram 729. Restava agora bater as posições de Piquissiri e tomar Valentinas (Itaibaté) onde se encontrava o grosso do Exército Paraguaio.
O 8º de linha vivera partes das glórias do 2º Corpo de José Luiz Bena Barreto disposto entre aquela formidável massa de batalhões atacantes (78).
Após um período de grandes chuvas que retardaram por dois dias o Exército Brasileiro, Caxias movimentou duas grandes colunas de infantaria na direção de Itaibaté (pedra alta) onde estava posicionado o exército de Lopez. Era o dia 21 de dezembro de 1868 e o tempo se mostrava limpo apresentando excelente visibilidade entre colinas verdes e extensas.
Marchava o Exército com seus "pelotões alinhados, guardando as distâncias; os comandantes à esquerda, os subalternos à retaguarda, todos alegres, animados, conversando e rindo" (19).
Na ordem do dia de Caxias estava a célebre frase: "Comandados. O inimigo vencido por nós na ponte de Itororó e no Arreio Avaí nos espera nas Lomas Valentias com o resto de seu Exército... Eia. Marchemos ao combate que a vitória é certa, porque o General e amigo que vos guia ainda até hoje não foi vencido".
O 8º de linha estava sob o comando do Major Antonio Joaquim Bacelar, compondo a 8ª Brigada do Coronel Hermes Ernesto da Fonsêca, juntamente com os 32º e 38º Corpos de Voluntários. A brigada (também 8ª) conduzida desde Humaitá pelo seu ex-comandante, Hermes, pertencia, por sua vez, à 3ª Divisão de José Auto Guimarães integrante da segunda coluna de Mena Barreto (2º Corpo-de-Exército), que, naquela mesma manhã radiosa de 21, encontraria o grosso do exército guarani nas Lomas e o atacaria às 15:00 horas após um duelo de artilharia e um ligeiro reconhecimento da frente pelo próprio Caxias.
A primeira coluna de Jacinto Machado estava à esquerda e iniciava uma série de ações para a conquista das alturas onde os defensores se encontravam entrincheirados.
À direita, atacava a segunda coluna com a 8ª Brigada em primeiro escalão. Adiante do primeiro escalão estava o 8º de linha que foi lançado na frente por uma picada, tendo ao seu lado, deslocando-se por diversas veredas, três corpos de voluntários, os 32º , 38º. e 39º, este último reforçando a brigada para as ações de ataque.
Apesar dos esforços dos atacantes, que em muitas partes chegavam a galgar e a dominar trincheiras, aquele dia sangrento não seria dos mais frutíferes para nossas armas, pois que a artilharia paraguaia, atirando de metralha, causava enormes danos. Aferravam-se ao terreno os atacantes na espera de novas ordens, resistindo nas posições conquistadas a quatro contra-ataques inimigos na noite de 21 para 22. Apesar do sucesso parcial e incompleto, havíamos capturado várias peças de artilharia, inclusive o famoso canhão 32, bandeiras e munições de toda espécie. Havíamos sofrido duras baixas: 1.312 oficiais e praças fora de combate, dos quais 152 mortos.
No dia 22 reorganizou-se a infantaria em duas fortes divisões, a 1ª do General Salustiano dos Reis com 3 brigadas e a 2ª do General José Auto Guimarães com 4 brigadas, uma das quais a nova 6ª Brigada de Hermes, a que pertencia o nosso 8º Batalhão de Infantaria de Linha, juntamente com o 10º de linha e o 50º Corpo de voluntários. Preparavam-se para as ações finais sobre Lomas Valentinas.
Nesta batalha do dia 27 de dezembro, precedida a 25 pelo mais intenso bombardeio de artilharia de toda a guerra (46 peças de todos os calibres), a superioridade numérica aliada era absolutamente esmagadora., Dispúnhamos de 23.406 homens, dos quais 15.954 brasileiros e o restante argentinos e uruguaios.
Separados da Argentina por uma manobra da cavalaria brasileira, o grosso das forças paraguaias preparava-se para o massacre, para comprovar, mais uma vez, a obstinação do Marechal Francisco Solano Lopez e a indômita bravura de seus soldados. A uma intimação de rendição imposta por Caxias a Lopez, responderam seus oficiais: "preferimos mil vezes a morte do que sofrer semelhante ignonímia".
O ataque do amanhecer do dia 27 de dezembro de 1868, realizado em três colunas, foi uma ação simples e que terminou com a fuga do Marechal Lopez para Cerro León e, posteriormente, para a Cordilheira, onde continuaria a guerra.
Estava aberta a porta para Assunção.
1.700 homens da brigada Hermes foram os primeiros a pisar na Capital guarani, na noite do primeiro dia do ano de 1869.
9 NA CORDILHEIRA
Na placidez das ruas de Assunção e nos vilarejos próximos de Luque e São Lourenço, viviam os oficiais e praças do 8º de linha. Imensamente distantes das terras de onde vieram, aqueles brasileiros mereciam agora uma trégua dos quatro anos de canseiras, em contato com uma população já pacificada, embora já sofrendo as misérias e as angústias de um pós-guerra. Viuvez, pobreza, desilusões dos laços de família desfeitos por um tremendo morticínio, cujas cansas variavam desde as feridas de guerra, pestes e fome. Embora discutidas, todas as estatísticas indicam que o desastre fora total; de 1.600.000 habitantes para 250.000 ou 800.000 para 148.000 habitantes, pouco importa a discordância, contanto que se imaginem os sofrimentos testemunhados pelos soldados que bivacavam nos arredores da capital paraguaia.
Tudo faziam os curtidos soldados para atenuar os horrores daquela gente.
Enquanto isto, processavam-se mudanças de comando e novas organizações dos elementos de tropa. Caxias passara o comando e seguira para Montevidéu, de onde viajaria com destino à Corte. Chega o Conde D´Eu e assume o comando, dirigindo os preparativos para última fase desta guerra, que ficaria conhecida como Campanha da Cordilheira.
Lopez, refugiando-se inicialmente em Cerro León, subira as elevações que, do vale de Pirais, estendem-se desde o Rio Paraguai até Paraguai infletindo sobre Ibicui. Na Cordilheira de Los Altos encontram-se as cidades e vilairejos de Valenzuela, Ascurra, Caacupê (por trás da selva), Peribebuí (palha leve) e Barreiro Grande também chamado de lqu Guazu (campo grande). Nesta área o obstinado Marechal dos paraguaios estava organizando um exército com o que restava de gente e material, na parte do País ainda não ocupada pelos aliados.
Quando o Exército abalou de Assunção para subir a Cordilheira, o 8º de linha, sob o comando de Antonio Joaquim Barcelar, integrava a 6ª Brigada de Infantaria da 3ª Divisão.
O objetivo era alcançar Peribebuí e cercar o inimigo em Ascurra. A vanguarda era constituída de elementos de todas as armas comandadas pelo Coronel Manoel da Cunha Wanderley. Entre os batalhões estava o 8º de linha a subir as encostas da Cordilheira em busca de um encontro com o inimigo, o que ocorre às três e meia da tarde daquele dia 06 de agosto de 1869. As resistências são vencidas pela manobra e prosseguem na marcha.
No dia 07, Valenzuela é um acampamento só, onde estão os corpos que avançam. No dia 8 continua a marcha e a vanguarda toma contato com a cidadela de Peribebuí, primeiro objetivo adiado. Dia 09 e para reconhecimento pela cavalaria e 12 é o dia do ataque. A superioridade é esmagadora. 21.000 aliados, dos quais 19.000 brasileiros atacarão 1.800 paraguaios que, firmes e obstinados como se
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RE: Familia Camisão
Caro Carlos Abbaze,
Meu caro, existe algo de muito importante...
-Quem pede ajuda, e busca por parentes, ou ascendentes, tem que responder a quem o ajuda.
Manifestamente, não foi o seu caso.
Infelizmente para si, e para todos aqueles que pretendem mais informações, os dados que dei, têm que ser complementados por outros, dos quais apenas eu possuo mais informações.
Como não entrou em contacto comigo, pois possivelmente seria "descoberta" a sua careca, lamento que tenha perdido o seu tempo, e a sua dignidade.
Só lamento que tenha colocado a boa vontade, e a ajuda que poderia ter (caso fosse o caso), muito abaixo do que era esperado.
Sabe, já tive bastantes "atentados" à minha família, e estou um bocado farto, tão farto que se não me der provas concretas da sua existência, estou disposto a avançar com um processo, não contra desconhecidos, mas contra alguns bem conhecidos.
Em todo o caso, fique o senhor sabendo, que realmente existiu um General Osório, mas que de Camisão nada tinha.
Se conseguir provar o contrário...
Atenciosamente, quem quer que seja,
Receba os meus cumprimentos
Luis Camizão
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RE: Familia Camisão
Meu caro amigo Luis Camizão,
Me perdoe a falta, mas como sou novo aqui no site e recebi varias correspondencias...fiquei um tanto confuso.......mas espero me ratificar com vc.
Vamos lá....meu nome é Carlos Alberto Abbaze Camisão, filho de Domingos Ferreira Camisão, neto de Homero moreira Camisão que era filho de Domingos Moreira Camisão...infelizmente é tudo que sei de minha familia , e tambem segundo meu avô, sou descendente do general Camisão cujo busto se encontra aqui no Brasil na Prai Vermelha Rio de janeiro e que ele participol da Guerra do Paraguai.
Espero ter me corrigido com vc, e mas uma vez me perdoe a falta
Um abraço do amigo
Carlos A. Camisão
Rio de Janeiro - Brasil
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RE: Familia Camisão
Caro amigo Zé Tomaz, não entendi seu e-mail.....só péço a todos que me perdoem, pois sou Brasileiro, natural do Rio de Janeiro, verdadeiramente interessado em descobrir minhas raizes, apenas como já falei anteriormente, não
conheço o mecanismo do site..por isso não sei como respondercertinho as pessoas que me enviam menssagens.
Um grande abraço...
Carlos A. Camisão
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RE: Familia Camisão
Caro Carlos,
Tudo bem, não se fala mais nisso.
Seria muito interessante, e aliás, vai ter que o fazer, tentar tirar uma certidão de nascimento do seu pai, e outra do seu avô.
A do seu avô, seria importante, pois ficaria a saber o nome dos seus bisavós, e possivelmente dos seus trisavós, e quem sabe, conseguir um entroncamento, com a família Camisão aqui em Portugal.
O apelido Moreira que consta no nome do seu pai e avô, é interessante, pois até pelo menos ao princípio do século 20, dois apelido da minha família, Moreira e Landeiro, mantiveram-se intactos.
Creio que pode obter a certidão do seu avô, na Cúria Metropolitana do Rio de Janeiro, ou mesmo na conservatória de nascimento do seu avô.
Quanto ao General, vamos devagar, pois a estátua que existe na Praia Vermelha, é a do Coronel Carlos de Morais Camisão, e que eu saiba, ele não deixou descendência.
A não ser que exista outro Camisão...
Um abraço amigo
Luis
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RE: Familia Camisão
Amigo Luis, que bom que vc compreendeu minha situação, obrigado !
Te agradeço tambem as informaçõesa remetidas, vou tentar conseguir as certidões, e caso queira meu E-mail para contatos é c.camisao@ig.com.br.
No mais um grande abraço, e mais uma vez ...obrigadão !
Carlos A. Camisão
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RE: Familia Camisão
Quem quiser gravar uns discos pode sempre dirigir-se a:
http://www.carloscamisao.ubbi.com.br/
Um abraço
ZT
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RE: Familia Camisão
Caro Zé,
Mas não sei se tem protocolos com o CM, DN, 24, JN, KAPITAL, PJ. etc.
Carlos, não leve a mal, estamos apenas a brincar um pouco.
Abraço
Luis
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RE: Familia Camisão
Ok Ok....fico feliz em saber disso.
Grande abraço
Carlos A. Camisão
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RE: Familia Camisão
Caro Carlos,
Tenho estado ausente. Já tinha ouvido falar, vagamente, deste tópico: só hoje é que o li.
Sou primo do Luís.
Para outros esclarecimentos envio-lhe o e-mail: arturcamisaoarrobanetcabopontopt
Melhores cumprimentos
Artur João Costa (de Araújo) Camisão Soares
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RE: Familia Camisão
Caros Confrades,
Tropecei casualmente na nomeaçao de Caetano Augusto de Araujo Camisão para o lugar de escrivão de fazenda no concelho de Ferreira do Zezere citada na sessao parlamentar de 5-2-1884. Esperando ser util aos investigadores desta familia despeço-me com amizade,
Paulo Alcobia Neves
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