Habemus Papa
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Habemus Papa
Foi hoje eleito como Papa o Cardeal Joseph Ratzinger.
Que Deus Nosso Senhor o ilumine e o ajude na sua dificil Missão.
JTMB
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RE: Habemus Papa
O Cardeal Joseph Ratzinger, nascido a 16 de Abril de 1927, na Alemanha, foi Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, Presidente da Comissão Pontifícia e da Comissão Teológica Internacional e Decano do Colégio de Cardeais. Foi ordenado padre a 29 de Junho de 1951.
Proveniente de uma família de agricultores da Baixa Baviera, Ratzinger estudou filosofia e teologia na Universidade de Munique. Obteve o doutoramento em teologia em 1953, e tornou-se professor universitário.
Em 1962, com apenas 35 anos, participa no Concílio Vaticano II, ao lado do Cardeal Joseph Frings.
Das suas numerosas publicações, destaque para "Introdução ao Cristianismo", publicado em 1968; "Dogma e revelação", uma antologia de ensaios, sermões e reflexões dedicados à acção pastoral, publicado em 1973.
Em Março de 1977, é nomeado Arcebispo de Munique e de Freising por Paulo VI, e a 28 de Maio de 1977 assume a responsabilidade da Diocese da Baviera.
No Consistório de 27 de Junho do mesmo ano é proclamado Cardeal por João Paulo II. O mesmo Papa que, em Novembro de 1981, o nomeou Perfeito da Congregação para a Doutrina da Fé, Presidente da Comissão Pontifícia e da Comissão Teológica Internacional.
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RE: Habemus Papa
Caro Zé Tomas
Joseph Ratzinger foi proclamado cardeal pelo Papa Paulo VI em 1977. nessa data ainda Carol Wojtyla estava na Polónia.
Que Deus abençoe o novo Papa!
Cumprimentos
Maria
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RE: Habemus Papa
Que Deus Ilumine o Novo Papa, que lhe mostre O caminho.
Que a metamorfose esteja completa de Cardeal Ratzinger para Bento XVI
Viva Bento XVI
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RE: Habemus Papa
Amemos Cristo neste homem, neste santo homem, agora escolhido para representar o Senhor na Terra e guiar os que O seguem. É o Papa com que Deus nos agraciou e devemos segui-lo com todo o nosso "eu."
Melhores cumprimentos,
Luís Froes
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RE: Habemus Papa
Cara Maria
Caro que sim, foi uma gralha. Peço desculpa
Cumptos
Zé Tomaz
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RE: De Bento I a Bento XV
Papa Benedito [ou Bento] I, o São Bento I
Papa italiano (575-579) da santa igreja apostólica fundada por Jesus Cristo nascido em Roma, que substituiu o papa João III, após mais de dez meses de vacância do trono da Santa Sé Romana, após a morte de seu antecessor. Além da invasão dos Longobardos, que impedia a a eleição do novo pontífice, era costume na época de se apresentar o nome do candidato ao imperador de Constantinopla, que dava estabilidade ao pontificado. Com muitas dificuldades e mesmo com a comunicação com Bizâncio impedida pelos bárbaros, um novo papa foi eleito. No campo religiosos confirmou o V Concílio Constantinoplano (533), como consta de uma carta de Gregório, por ele nomeado arcediago e que foi mais tarde o papa Gregório Magno. As guerras trouxeram a fome e a miséria generalizada. O imperador Justino II importou do Egito muitos navios carregados de trigo, mas as pressões dos Longobardos e o colapso total iminente da indefesa Roma, fizeram com que o venerado papa morresse após quatro anos de pontificado. Sepultado na sacristia da basílica de S. Pedro, é festejado como santo no dia 7 de julho.
Papa Benedito [ou Bento] II, o São Bento II
(~ 610 - 685)
Papa católico (684-685) nascido em Roma, que substituiu o papa Leão II, consagrado onze meses após a morte de de seu antecessor em virtude das dificuldades em fazer chegar a informação a Constantinopla e conseguir a anuência do imperador, costume da época. Desde a infância no serviço divino, era versadíssimo nas cerimônias, nas Escrituras e no canto religioso. Inicialmente o pontífices lutou contra essa prepotência imperial e conseguiu livrar a Igreja dessa imposição através de um edito do imperador Constantino Pogonato, o qual rezava que "o clero e povo de Roma deviam proceder sempre, e sem demora, à eleição e consagração do Papa". A renúncia de Constantino a esses direitos antigos, foi uma conseqüência de seus sentimentos religiosos sinceros. O imperador mandou ao papa cachos de cabelos de seus filhos Justiniano e Heráclio, simbolizando que os príncipes tornavam-se apadrinhados do pontífice. Enviou à Espanha as resoluções do VI Concílio de Toledo e o clero hispânico deu inteiro acatamento ao papa. Após esta grande vitória, na Páscoa seguinte (685), o papa distribuiu cargos e recompensas a diversas ordens do Clero. Morreu pouco depois, deixando 30 libras de ouro ao Clero, aos mosteiros, às diaconias e aos mansionários, leigos encarregados do serviço das igrejas. É festejado como santo no dia 8 de maio
Bento ou Benedito III, papa
( ? - 858)
Papa da Igreja Cristã Romana (855-858) nascido em Roma, consagrado papa em 29 de setembro como sucessor de São Leão IV (847-855), amado pelo povo, por suas virtudes. Eleito teve dificuldades com o Imperador da Alemanha que apoiou um antipapa, Anastácio, que no entanto não chegou a assumir plenamente suas funções. Apoiado pelos germânicos Anastácio marchou contra Roma e ordenou a prisão do papa, porém este foi defendido pelo povo e consagrado com muita festa, impossibilitando as pretensões do usurpador que retirou-se com menos de um mês de pseudo pontificado. No campo militar e diplomático o papa tentou reunir todas as facções na luta contra os sarracenos. Papa de número 105, morreu em 17 de abril, em Roma e foi sucedido por São Nicolau I, o Grande (858-867)
Bento ou Benedito IV, papa
? - 903)
Papa da Igreja Cristã Romana (900-903) nascido em Roma, escolhido em 1º de fevereiro (900) como sucessor de João IX (898-900), em meio à universal corrupção, ódios, intrigas e injustiças. Eleito papa diante de uma conjuntura totalmente desfavorável, soube conservar a integridade da Santa Sé e buscou o caminho da justiça. Durante seu pontificado, os sarracenos cruzaram toda a Europa. Consagrou Ludovico de Borgonha como imperador de Roma. Papa de número 118, morreu em julho, em Roma e foi sucedido por Leão V (903)
Bento ou Benedito V, papa
( ? - 964)
Papa da Igreja Cristã Romana (964) nascido em Roma, que foi escolhido em 22 de maio (964), ainda sob a desordem gerada durante o pontificado de João XII (955-963) e como sucessor de Leão VIII. Exilado em Hamburgo, por Oto I, com a morte de Leão VIII, o imperador reconheceu-lhe a autoridade pontifícia sob pressão dos francos e romanos, porém seu pontificado não duraria mais que poucos dias. Papa de número 133, morreu em 4 de julho, em Hamburgo, com fama de santidade, e foi sucedido por João XIII (965-972).
Bento ou Benedito VI, papa
( ? - 974)
Papa da Igreja Cristã Romana (973-974) nascido em Roma, que foi eleito em dezembro (972) e investido em 19 de janeiro (973), como sucessor de João XIII (965-972), eleição confirmada pelo Imperador Oto I, e cujo principal feito no campo espiritual foi converter ao cristianismo o povo húngaro. Após a morte de Oton I, desenvolveu-se um movimento antialemão comandado pelo patrício romano Crescêncio I, membro de uma influente e poderosa família de políticos romana e líder do partido popular. Essa revolta popular conquistou, e depois de um duro assédio, destituiu o papa (974) que foi levado para a fortaleza de Sant'Angelo, encarcerado e estrangulado na prisão por ordem de um dos seus sucessores, Bonifácio VII.
O papa de número 135, foi sucedido por Benedito VII (974-983).
Bento ou Benedito VII, papa
( ? - 983)
Papa da Igreja Cristã Romana (974-983) nascido em Túsculo e eleito em outubro (974) como sucessor de Benedito VI (973-974) e destacou-se como de grande inteligência. Bispo de Sutri, um conde de Túsculo, era conhecido como homem digno e simpatizante com as idéias do imperador Germânico. Apressou-se em outorgar a Oto II os privilégios que este desejava para Maguncia e Tréveris e nomeou um bispo para Praga e fechou o episcopado de Mersebourg. Combateu os abusos e a ignorância que reinavam na Itália e no mundo cristão e também firmemente a simonia, ou ato de Simão, isto é, o tráfico de coisas sagradas ou espirituais, tais como sacramentos, dignidades, benefícios eclesiásticos. Por exemplo, até aqueles tempos era natural afortunados pagarem por um cargo eclesiástico, uma paróquia ou uma diocese, e conservarem estes postos para sua família. Por isso é que foi tão importante adotar o celibato obrigatório, medida decretada definitivamente por Bento VIII (1022). Deu um grande impulso à agricultura e ajudou as ordens monásticas a preparar as reformas da Igreja. Também deu ajuda material à Cartago, quando houve fome naquela cidade do norte da África. Papa de número 136, morreu em 10 de julho, em Roma, e foi sucedido por João XIV (983-984). Curioso é que o patrício romano Crescêncio I, membro de uma influente família romana e líder do partido popular, cúmplice de Bonifacio VII em sua primeira usurpação (973) do trono papal após a morte de Benedicto VI, terminaria reconciliando-se com Benedito VIl e com Oto II, tomaria o hábito e que, convertido em um monje penitente, construiria o convento de San Alejo, em Aventino, onde morreria em 7 julho (984).
Bento ou Benedito VIII, papa
? - 1024)
Papa da Igreja Cristã Romana (1012-1024) nascido em Túsculo e eleito em 18 de maio (1012) como sucessor de Sérgio IV (1009-1012), sendo o papa que determinou que os padres não se casassem (1022). Filho do CondeGregório de Tusculum, e com predomínio dos tusculanos na eleição pontifícia, sua indicação deu origem a série de papas da corte de Túsculo. Guerreiro e calculador político mais que homem de igreja, representou o período de maior grandeza de sua casa, que, na luta contra o anti-papa dos Crescêncios, buscou o apoio do rei alemão, Henrique II, que se fez coroar em Roma. O rei germânico reconheceu-o como papa, contra o antipapa Gregório, pertencente a família inimiga, e por isso foi-lhe grato pelo resto da vida. Conseguiu assumir definitivamente (1014) e derrotou os sarracenos que estavam atacando o litoral da Itália. Apoiou os Normandos (1016), ligados aos lombardos, a invadirem a Apúlia na primavera. Foi à Alemanha para pedir auxilio alemão para a Itália meridional e celebrou a Páscoa na catedral de Bamberg, a predileta de Henrique, e consagrou em seguida a nova igreja de SãoEstêvao e juntos visitaram Fulda. Ambos reuniram-se ainda no sínodo de Pávia (1022) para discutirem sobre a Reforma e, coincidentemente, morreram dois anos depois (1024). Publicou leis contra a simonia e o dolo e, como o papa de número 144, morreu em 9 de abril, em Roma, sendo sucedido por seu irmão João XIX (1024-1032).
Bento ou Benedito IX, papa
(1020 - 1048)
Papa da Igreja Cristã Romana (1032-1044/1045/1047-1048) nascido em Túsculo, que dando seguimento a dinastia de Túsculo, era primo de João XIX e de Bento VIII, foi eleito papa três vezes. Elegeu-se pela primeira vez (1032) quando tinha apenas 12 anos de idade. Ordenou ao rei da Boêmia que transladasse a Praga as relíquias de Santo Adalberto. Como nada sabia sobre os deveres de um Papa, sua vida era um escândalo para a Igreja. Deposto (1044) pelo povo romano, foi expulso da cidade e refugiou-se no Mosteiro de Grottaferrata, e sucedido por Silvestre III, de Roma (1045). Foi eleito pela segunda vez em 10 de abril (1045), mas mais uma vez os romanos o obrigaram a renunciar em 1º de maio (1045), por interesses econômicos e políticos, e por corrupção. Foi sucedido por Gregório VI, de Roma (1045 1046) e por Clemente II, da Saxônia (1046 1047). Com a morte de Clemente II, retornou ao pontificado, eleito pela terceira vez em 8 de novembro (1047). Depois de oito meses, em 17 de julho do ano seguinte, renunciou ao pontificado, pelos conselhos de São Bartolomeu. Arrependido de sua vida turbulenta, fez-se monge de São Basílio, em Grottaferrata, onde morreu ainda bastante jovem e está sepultado. Papa de número 146/148/152, foi sucedido finalmente por Damasus II (1048).
Niccolò Boccasini, papa Bento ou Benedito XI
(1240 - 1304)
Papa da Igreja Cristã Romana (1303-1304) nascido em Treviso, eleito em 27 de outubro sucessor de Bonifácio VIII (1294-1303), um papa leal ao rei francês Filipe, o Belo, conhecido como o Abençoado. Seu antecessor morrera após ser seqüestrado e humilhado pelo exército francês durante conflito (1302-1303) com Felipe. Após assumir o trono de São Pedro, solucionou essa grave questão com o reino da França que enviou embaixadores a Roma para fazer as pazes com o Papa. Era um homem de paz, porém não encontrou paz em Roma. Foi continuamente perseguido por um grupo de conspiradores, e como papa de número 195, morreu envenenado em 7 de julho (1304), em Perúgia, e foi sucedido por Clemente V (1305-1314). Há uma versão de que sua morte teria ocorrido após comer, sem saber, vidro moído misturado com figos.
Jacques Fournier Novelli, o papa Bento ou Benedito XII
( - 1342)
Papa da Igreja Cristã Romana (1334-1342) nascido em Saverdun, Toulouse, sucessor de João XXII (1316-1334), autor da bula Benedictus Deus (1336), que pôs fim à controvérsia sobre a visão beatífica, condenando o erro de seu antecessor. Sua batalha contra as heresias, o nepotismo e a simonia, antes do pontificado, valeu-lhe a eleição para cardeal (1327). Papa de número 198, morreu Avignon e foi sucedido por Clemente VI (1342-1352)
Pier Francesco Orsini, papa Bento ou Benedito XIII
(1649 - 1730)
Papa da Igreja Cristã Romana (1724-1730) nascido em Gravina, Bari, sucessor de Inocêncio XIII (1721-1724). Descendente de uma família nobre e religioso convicto, renunciou à primogenitura para ingressar na Ordem dominicana. Cardeal com apenas 23 anos, ao ser eleito papa continuou a luta contra os jansenistas, confirmando as regras de fé contidas na bula Unigenitus de Clemente XI. Papa de número 246, morreu em Roma e foi sucedido por Clemente XII (1730-1740)
Prospero Lambertini, papa Bento XIV
(1675 - 1758)
Papa católico italiano (1740-1758) nascido em Bolonha, sucessor de Clemente XII, cujo pontificado foi marcado por atitudes moderadoras marcantes, que o tornaram respeitado até pelos seus adversários, em um período em que a igreja era fortemente criticada pelos iluministas e a autoridade papal era contestada pelos monarcas absolutistas. De origem nobre, doutorou-se em teologia e direito, em Roma, foi nomeado cardeal (1728) e arcebispo de Bolonha (1731) e depois eleito papa (1740). Dotado de grande equilíbrio e moderação, demonstrou essas suas qualidades tanto nas relações com os outros Estados, estipulando numerosos tratados e acordos com muitos soberanos europeus, como nas questões internas da Igreja, por exemplo, na controvérsia entre jesuítas e antijesuítas. Com a bula Omnium sollicitudinum (1744), condenou as teses jesuítas favoráveis aos ritos chineses e malabares. Além de sua inegável habilidade na administração interna da Santa Sé e nas relações pacíficas com o poder secular em diversos estados da Europa, demonstrou grande interesse pela ciência e pelos livros, fundou quatro academias em Roma e criou cátedras de física, química e matemática na universidade romana de Sapienza. Também é lembrado por sua apaixonada atividade de canonista e notável é a quantidade de suas obras nesse campo e morreu em Roma.
Giacomo della Chiesa, papa Bento XV
Papa católico italiano (1914-1922) nascido na localidade italiana de Pegli, Próximo a Gênova, então pertencente ao reino da Sardenha, cujo pontificado foi dedicado à reorganização da administração e ao estímulo às missões. Depois de ordenar-se em Gênova residiu em Madri, onde foi auditor do cardeal Rampolla e depois voltou a Roma (1887). Substituto na secretaria de Estado (1901-1907), o papa Pio X nomeou-o arcebispo de Bolonha (1907) e cardeal (1914) e foi eleito papa (1914) com o nome de Bento XV, sucedendo o próprio Pio X. Politicamente desenvolveu reconhecidos esforços pontifícios, embora inúteis, para salvar a Europa do desastre da primeira guerra mundial, tentando exercer o papel de intermediário entre os Estados beligerantes. Durante a Primeira Guerra Mundial manteve uma política de neutralidade. No âmbito religioso, favoreceu a reaproximação com as Igrejas orientais e promulgou o novo código de direito canônico (1917), a organização jurídica produzida pelo conjunto de normas que a autoridade da Igreja católica determina ou faz valer, normas essas que disciplinam a própria organização da Igreja e regulamentam a atividade de seus membros para que seus fins últimos sejam alcançados. Antes seu papado (1909) os atos do papa e da cúria passaram a ser editados nos Acta apostolicae Sedis, uma publicação oficial. Morreu em Roma e foi substituído por Pio XI (1922).
Fonte: Vaticano
Cumprimentos
Luis Camizão
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RE: De Bento I a Bento XV
Caros Confrades,
Que Bento XVI seja bem sucedido. Não vai ser fácil substituir João Paulo II, mas estou certo que Nosso Senhor o ajudará!
Melhores cumprimentos
Artur Camisão Soares
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RE: De Bento I a Bento XV
Caros Participantes:
Qual a forma correcta: Bento ou Benedito?
O significado será o mesmo (do latim) mas parece que ainda há algumas dúvidas em relação à tradução para a língua portuguesa.
Cumprimentos,
João Pombo
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RE: De Bento I a Bento XV
Caro João Pombo:
O Patriarcado de Lisboa, em comunicado, chama-lhe Bento
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RE: De Bento I a Bento XV
Caro Vik:
Obrigado.
Essa tem sido, de resto, a forma usada pela comunicação social nacional desde ontem.
João Pombo
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RE: De Bento I a Bento XV
Caro João Pombo,
Retirado da Catequese Católica:
- Benedito, Benito, Bento: Significa bendito, bento, abençoado, e indica uma pessoa que tem tendência a sair-se bem nas suas acções.(...) Acha que viver bem o presente é mais importante que economizar para o futuro.
Do latim "bendito", "abençoado".
Cumprimentos
Luis Camizão
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RE: De Bento I a Bento XV
Caros Participantes
Há muito tempo que Sua Eminência o Cardeal Ratzinger era alvo de uma campanha de difamação nos media.
Confesso que esperei que a eleição de Sua Santidade o Papa Bento XVI pudesse merecer um pouco de consideração e Lhe concedessem ao menos o benefício da dúvida.
Lamentávelmente não foi assim e a campanha redobrou de maldade e de intensidade, o que talvez seja o sinal de que o nosso Papa é um servidor de Deus e não dos "grandes" deste mundo.
Cumprimentos,
Miguel Vaz Pinto
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RE: De Bento I a Bento XV
Caros confrades:
Se repararem bem quem diz mal não é católico. Existe uma centenária luta para demolir a Igreja. Tentarem e tentam demolir por dentro e por fora. Todavia não acreditam no Evangelho: "as portas do inferno não prevalecerão contra ela". Tanto pior para quem anda por mal. Para já habemus papam. E bom.
Cumprimentos.
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RE: De Bento I a Bento XV
Caro Miguel Vaz Pinto,
Difamação motivada pela inveja.
A propósito de inveja, deixo-lhe aqui um texto, que considero bastante interessante, da autoria do Prof. Dr. Jorge Trindade, brasileiro, e fundador da Escola Superior do Ministério Público.
Melhores cumprimentos
Luis Camizão
"Génesis, que é uma tentativa de explicar como e por culpa de quem aparece o mal no mundo, refere-se à inveja como um dos primeiros pecados da humanidade. "Pela inveja do diabo", costuma dizer-se, entraram no mundo o pecado e a morte, pois o diabo, ao ser condenado a sua condição de anjo maligno, por ser demasiadamente soberbo, tenta fazer com que o ser humano caia no mesmo pecado, e deixe de gozar de um bem que lhe foi arrebatado. Caim, protótipo da inveja, amava a Deus, mas Deus preferiu a seu irmão Abel, o que fez com que Caim se enfurecesse e, cego de inveja, matasse seu irmão. A inveja é a tristeza pelo bem alheio, e é má. Por quê? É admissível entristecer-se porque os outros são mais privilegiados? A quem faz dano essa tristeza? Por que é um vício?
A tradição cristã classificou a inveja como um dos pecados capitais, o vício oposto à virtude da caridade. Tomás de Aquino, no entanto, pergunta por que o sentimento de tristeza tem que ser mau e pecaminoso. Acontece que a maldade não radica no sentir, ou na paixão, mas no que dela pode advir. Não é mau se entristecer, diz São Tomás de Aquino, porque os outros têm aquilo que me falta. A inveja é vício, em todo o caso, na medida em que compele o homem a agir - a agir mal - para remediar essa tristeza. O reprovável não é se sentir aflito pelo bem do outro. O sentimento é incontrolável; o pecado, ao contrário, está na aço que induz essa aflição, a qual é consentida, livre, e pode ser má.
Todos os filósofos têm condenado o vício da inveja, que, como assinala Descartes, não só prejudica os demais como também ao próprio indivíduo. O invejoso fica "com a pele roxa", quer dizer, entre amarelada e preta, como sangue coagulado. Por isso a inveja se chama livor ( líveo, "estar livído, pálido" ) em latim"3 . A inveja é tristeza que se torna ódio, "e o ódio nunca pode ser bom", diz, por sua vez, Spinoza, um ódio que afecta o homem de tal forma que ele não só se entristece pela felicidade do outro, senão que também "goza com seu mal"(4) . O filósofo mais duro é Kant, que qualifica a inveja como um "dos vícios da misantropia, directamente oposto à filantropia", um vício que se manifesta no ódio ao semelhante. Esses vícios misantropos, no juízo de Kant, "constituem a repugnante família da inveja, a ingratidão e a alegria pelo mal alheio". Ainda que reconheça nele o impulso "natural" do ser humano à inveja, não condena tal impulso, mas o "abominável vício de uma paixão humana que se atormenta a si mesma e que se dirige, ao menos como desejo, a destruir a felicidade alheia; portanto, opõe-se tanto ao dever do homem a si mesmo quanto ao dever do homem para com os demais"(5) . Em resumo, o mal não é sentir inveja, o mal é cultivá-la; a inveja é má, pois engendra ódio, e o ódio é destrutivo: destrói o próprio indivíduo e destrói a sociedade.
A condenação unânime da inveja, no entanto, não carece de matizes que venham aliviar o sentimento adverso. Aristóteles já insistia em que onde não há seres "semelhantes" não nasce a inveja. É impensável invejar o que está muito longe de si, pois, ou é muito superior, ou é muito inferior. Sente-se inveja do próximo e semelhante por nascimento, idade ou reputação, e acredita-se que se possa ser merecedor do quanto possuem os seus iguais. A indignação que produz a inveja não é por si mesma detestável . Ao contrário, "os que têm carácter servil, baixo e sem ambição não se indignam, pois nada há do que acreditam ser dignos"(6). É ambicioso aquele que pensa não ter o que merece, o que sofre pelo bem do outro, pois o vê como uma afronta à sua própria dignidade. O mesmo Descartes, em que pese ironizar inclusive com a aparência física do invejoso, crê numa inveja justa: aquela que deriva precisamente do reconhecimento de que não há justiça no mundo, ou de que a distribuição dos bens está feita de tal modo que favorece àqueles que são incapazes de fazer um bom uso dos bens gratuitamente recebidos.
Alguém pode entristecer-se porque os bens estão mal repartidos, quer dizer, não estão repartidos de acordo com critérios racionais ou de acordo com as necessidades de cada um. Outro pode entristecer-se por não haver justiça. A inveja, em tal caso, seria boa e proveitosa, pois impulsionaria acções destinadas a remediar a injustiça. Isso é interessante, não só porque redime a inveja de sua condição de pecado capital, senão porque põe ênfase no carácter reactivo da justiça. Não seria uma virtude espontânea e natural no homem, mas uma atitude derivada do ressentimento e dos ciúmes, do rancor e da indignação pela má sorte de alguns perante os outros. Assim entendida, a justiça obedeceria ao imperativo de igualar artificialmente -mediante leis- o que, por natureza, é desigual. Nietzsche é o exemplo mais expressivo de uma concepção de moral baseada no ressentimento. A seu juízo, a obsessão moralizante por igualar todos os humanos procede do ressentimento do débil, que há de criar valores que promovam a auto-aniquilação, a fim de afirmar a si próprio e negar o outro. A justiça, assim, opõe-se à graça, favor concedido por quem não necessita desse movimento de reacção contra o outro. Aquele que outorga algo gratuitamente está por cima de quem recebe, não se compara com ele, nem lhe olha sequer. O que reclama justiça, ao contrário, contempla-se no outro e indigna-se por sua inferioridade diante dele. A graça é a auto-supressão da justiça e consiste no "privilégio do mais poderoso, que vai além do direito"(7) .
Não é só o aristocrático Nietzsche que concebe a moral nesses termos. Também Marx entende que a primeira etapa do comunismo está inspirada na inveja aos que têm mais. Freud, de outra forma, dirá algo parecido: a inveja é a origem da justiça, quer dizer, do compromisso de igual tratamento, posto que a desigualdade, e, sobretudo o ódio que essa gera, são auto-destructivos. Algo não muito distante da "guerra de todos contra todos" que definia o estado de natureza hobbesiano e constituía, por essa mesma definição, o fundamento da lei e da ordem, ou seja, da justiça. Ainda que Spinoza tenha insistido em que "o ódio nunca pode ser bom", no entanto, não tem sido menos defensável a ideia de que o ódio , a guerra, a indignação, é o que move -talvez somente o que move- a justiça, e, portanto, também podem ser bons.
Mas a ideia de que do mal nasce o bem é desconcertante e contraditória. Só os pensadores extremistas, mais válidos por suas críticas do que por suas propostas -penso em Nietzsche ou em Marx-, atrevem-se a sustentá-la. Os demais preferem outra explicação, mais coerente com as verdades de sempre, mais ortodoxa. Ficam com a explicação de que a inveja é tristeza, tristeza pelo bem do outro, vale dizer, ódio e sede de destruição. A inveja boa, aquela que não produz destruição, senão que, pelo contrário, exige a reordenação do mundo de acordo com critérios mais igualitários é filosoficamente débil. Como basear uma virtude tão sólida como a justiça na suspeitosa tese de que os vícios privados produzem virtudes públicas? Um exemplo da resistência em aceitar que a justiça seja um produto ou uma máscara da inveja é John Rawls. Em primeiro lugar, Rawls adverte contra o erro de confundir a inveja com o ressentimento. A inveja não é um sentimento moral, mas o ressentimento sim: um sentimento que incita buscar uma ordem social mais justa. Ademais, essa justiça que parece surgir da inveja não é o que Rawls entende por justiça, mas sim, "igualitarismo político" que funde suas raízes na inveja. O igualitarismo não tem nada a ver com a equidade - que é a ideia de justiça defendida por Rawls -.É a igualdade requerida por quem se sabe incapaz de superar sua própria mediocridade ou a mediocridade do mundo em geral, e assim, toma-a como medida da justiça em si mesmo. A justiça distributiva consistiria em privar os poderosos de tudo o que falta aos outros, não para que todos sejam igualmente poderosos - extremo por demais impossível -, mas para que ninguém tenha nada que não possam ter todos. Frente a essa justiça igualitarista, Rawls defende outra justiça, baseada em alguns princípios escolhidos num hipotético estado de imparcialidade , no qual a inveja não pode, de nenhum modo, mover-se, já que os seres que ali se encontram desconhecem todas as contingências de sua vida futura. Mas, não é só esse extremo que se deve demonstrar. Rawls não se preocupa somente em deixar claro que sua ideia de justiça não procede da inveja, mas sim, sobretudo, que sua sociedade " bem ordenada", essa sociedade que supostamente se governa pela aplicação dos princípios da justiça, não irá gerar mais inveja do que a normal. Seria absurdo que um sistema social que aspirasse a ser justo incitasse a comportamentos que logo teria de reprimir. Assim, deve-se provar que esse sistema corrige por si mesmo os vícios mais ancestrais, aqueles que acabariam se voltando contra o próprio sistema. Para Rawls não é difícil provar isso, pois ele está convencido de que na sociedade "bem ordenada" não se darão - ou tenderão a desaparecer - as condições em que se produz a inveja. A saber, a falta de confiança e de segurança em si mesmo, unida a um invencível sentimento de impotência e a estruturas sociais de desigualdade, que levam os menos favorecidos a não ver alternativa. Rawls crê que seus princípios de justiça mitigam essas condições, e, assim, vão impedindo que surjam invejosos. A propósito, Rawls - como bom "neocontratualista"- não crê que exista uma injustiça "natural". As desigualdades "naturais"seguirão acontecendo na sociedade bem ordenada, posto que são irremediáveis, mas não produzirão inveja, dado que sua razão de ser não é uma má distribuição dos bens imputáveis aos atroes sociais.
Até aqui contemplamos as duas interpretações da inveja mais assentadas: a inveja como paixão detestável, que produz ódio e destruição, e a inveja como impulso para transformação dos valores estabelecidos, sancionadores das desigualdades existentes. Como ocorre com todas as teorias filosóficas, nenhuma das teses está de todo errada e nenhuma é de todo convincente. Tampouco satisfaz dizer que a inveja é positiva ou negativa segundo os casos, podendo dar-se uma sã e santa indignação, e outra indignação absolutamente improdutiva, nefasta e desaconselhável. Uma aclaração do problema pode ser dada pela análise dos motivos da inveja. Se os motivos são racionais e justos, a inveja será sã, pois tenderá a remover a injustiça, enquanto que, se a causa for irracional, a inveja será pecaminosa e destrutiva. Mas não basta se fixar nos motivos e nas consequências previsíveis da inveja. Devem ser vistas outras coisas, como, por exemplo, se a inveja propriamente dita é equiparável ao sentimento de injustiça, ou se está tão clara a tese de Rawls de que, na sociedade justa, desaparecerão os invejosos. Se ambas as ideias podem refutar-se, a tese de que a inveja nasce da injustiça, e se propõe a acabar com ela, parecerá mais discutível. Vejamos por separado cada um dos três pontos.
1. INVEJA E DESIGUALDADES
"A inveja nasce de uma desigualdade", diz Helmut Schoeck, autor do livro mais destacado sobre o tema(8) . A desigualdade é, pois, o motivo fundamental da inveja. Em consequência, a inveja levaria a reduzir as diferenças, propiciando uma sociedade mais justa, estimularia uma agressividade dirigida a mudar os valores estabelecidos ou a transmutar as hierarquias existentes. A tese é, sem dúvida, simplista. Reconheçamos que nem toda desigualdade gera essa agressão. A competição própria do mercado ou a típica disputa do esporte divide os competidores em ganhadores e perdedores. Em que pese não sentirem inveja e ódio do ganhador, sentem desejos de competir com ele e de auto-superar-se. Algo muito parecido ocorre com a competição esportiva. O perdedor pode invejar o ganhador, mas não quer destruir as regras do jogo, que considera correctas e indiscutíveis. Em ambos os casos os critérios estão claros; de antemão se têm aceito as regras e ninguém deseja transmutar os valores. A má preparação ou a má sorte dão lugar a uma desigualdade com a que se pode contar, pois é a consequência necessária da competição. O esporte tem algumas regras claras, e somente se o triunfo deve-se a algo alheio a essas regras - ganha o mais malandro ou o mais rico - pode produzir-se um sentimento de rancor e ódio próximos da inveja: algo não controlável, que não entrava no jogo, interferiu e desbaratou todas as previsões. Quanto ao mercado, onde as regras são mais sujas e pouco claras, tudo está permitido. No cálculo económico não contam somente a competência profissional, a capacidade de previsão, a sensatez ou a sorte, mas a astúcia e as más artes.O perdedor, que entrou voluntariamente no jogo, sentir-se-á desfraldado, mas não envolvido pela inveja e pelo ódio no sentido de um sistema inaceitável, mas incitado a seguir nele e a tornar-se mais hábil9 . Como já viu Luís Vives, a inveja perverte o juízo e anula o indivíduo, fazendo-o fixar-se em coisas pequenas, e impedindo-lhe de competir e ganhar. Assim, quem entra em tais competições sabe que não se pode permitir ser invejoso.
As leis de mercado ou as regras dos esportes são duras, selvagens, "injustas", porém inquestionáveis.
Padecem da imparcialidade e da objectividade próprias do que, por definição, está além de critérios morais. Não tem sentido interpelar o mercado, pedindo-lhe que favoreça o mais pobre, nem exigir dos campeões esportivos que os êxitos sejam equitativos. No mercado, vale o que se vende, enquanto no futebol é melhor a equipa que faz mais golos. O resultado produz uma desigualdade -digamos- inquestionável desde a perspectiva do mercado ou do esporte precisamente por não existir um ponto de vista ou um critério de onde seja lícito julgar esses fenómenos.
São desigualdades mais radicais as que geram uma inveja com força revolucionária. A inveja e o ódio do outro, que se confunde com o ressentimento ou com o sentimento de injustiça - com um sentimento moral, portanto -, é a do que se encontra totalmente fora das regras e cálculos estabelecidos: fora do mercado, fora do desporto, fora do poder, fora de qualquer oportunidade. Aquele que sente que nenhum dos valores ou modelos impostos pela sociedade são acessíveis para ele. É o débil de Nietzsche ou o proletário de Marx, para quem a única possibilidade de sobressair passa pela transvaloração de todo o existente. É o escravo hegeliano, que só se pode afirmar aniquilando o seu amo. Em tais casos, a suposta inveja é elevada a outra categoria: começa negando o valor do outro para solicitar uma revisão total dos valores que esse outro está encarnando. Precisamente por não estar tão claro que esse movimento possa identificar-se com a inveja, passamos ao segundo ponto.
2. A INVEJA E O SENTIDO DA JUSTIÇA
Certas desigualdades são injustas; outras não o são, ou são incompatíveis com a justiça. O que significa que o sentimento de tristeza pelo bem alheio, que define a inveja, nem sempre coincide com a constatação da injustiça.
A justiça sempre se entendeu como imparcialidade. É representada com os olhos vendados, sinal de que seu juízo não se pode basear nas predilecções nem nos interesses a que todo o ser humano está sujeito. Mas nenhum humano pode ser imparcial. Todos nascemos sendo sujeitos de interesses que dirigem nossas eleições e preferências. O esforço da imparcialidade é desumano, impossível. Rawls, para imaginá-lo, tem que idealizar um insólito estado de natureza, onde os seres se acham cobertos pelo "véu da ignorância", véu que garante sua opção pela equidade. Na realidade, no entanto, essa visão cega qualquer parcialidade, não é possível nem com a melhor boa vontade. Os pensadores mais lúcidos e realistas têm defendido, em consequência, que o egoísmo e as paixões da misantropia que esta pode encerrar -entre as quais estaria a inveja-, é a única explicação da moral e da lei. Defendemos uma igualdade de direitos, prevenindo-nos, no caso de termos de arcar com a pior parte. Se, por desgraça, já nos encontramos na condição de menos afortunados, há razões de sobra para que a inveja e o ressentimento sobre os mais favorecidos provoquem em nós o desejo de acabar com as injustiças. Desta forma, a inveja viria a ser o recurso humano para exigir justiça. Se não existisse esse ódio, que produz a inveja, talvez nada mudaria nunca, pois cada qual se conformaria com a própria sorte. É o que ocorre, parece, nas sociedades primitivas, onde as hierarquias e desigualdades se mostram intocáveis. Nesse caso, a mesma desigualdade freia a agressividade, pois cada um sabe quais podem ser as suas previsões e esperanças. De novo aparece, aqui, a ideia de que o mal, quer dizer, a inveja, o ódio, o egoísmo, produzem um bem mais extenso. As situações hipotéticas, como a imaginada por Rawls, seriam, se as aceitarmos, falsas, pois inviáveis. Não é o reconhecimento da injustiça o que nos leva a querer um mundo diferente, mas o mal-estar que sentimos pelo bem-estar não compartilhado, o que produz o desejo de mudar nossa própria condição, e, com ela, - mas isso , na realidade, importa menos -, a de toda a humanidade.
Para que isso ocorra, a inveja deve transcender seu objectivo individual e transformá-lo ou sublimá-lo em ideal colectivo. Alberoni nota muito bem como a inveja individual não pode ser revolucionária, mas conservadora. O invejoso concentra-se em seu mal, monta estratégias para derrubar ao outro, mas só, não pode nada.
Necessita o consenso social para conseguir algo. Quer dizer, a inveja deve transformar-se em "movimento social" para ser revolucionária. Em tal caso, o que, a princípio, é só agressividade individual dirige-se a um inimigo colectivo e transforma-se em "inveja colectiva". Ocorre, então, que é o movimento social o que provoca a inveja, e não o contrário. Somente quando se consegue agrupar o deserdado e fazer-lhe tomar consciência de sua condição, que ele sentirá o ressentimento, a agressividade e o ódio, que caracterizam a inveja(10) .
3. A INVEJA, APESAR DA JUSTIÇA
Mesmo que estejamos de acordo com a ideia de que é a indignação que produz um movimento - acertado ou não - em direcção à justiça, há de se temer que os invejosos seguirão existindo nas sociedades mais justas. É o que Rawls pretende negar: a sociedade bem ordenada não produzirá mais inveja, pois tenderão a ser eliminadas as condições que abonam a sua aparição. Recordemos que essas condições eram de tipo psicológico, umas - a insegurança unida a impotência por vencê-la -, e de carácter social, a outra - as estruturas desiguais que provocam desesperança ante a possibilidade de melhorar a própria situação -. Pois bem, essa segunda causa - a social - seria a mais remediável a partir de um projecto de justiça, sendo, na realidade, a causa de desigualdade e de inveja que estamos analisando até agora. Mas a outra causa - a psicológica - é mais complicada e menos controlável. São Tomás de Aquino dizia que a inveja era "soberba", "presunção desesperada de superar a todos", um desejo de excelência desordenado, que não nasce do ter, mas do querer mais. Isso explica, inclusive, porque aqueles que têm muito são invejosos, pois temem perder o que tem ou não poder conservá-lo. E mais, o desvantajado não deve sua condição somente a uma injusta distribuição dos bens, mas também a deficiências ou carências que não têm remédio. A sociedade valoriza a beleza, a inteligência, o brilho social, a juventude, a saúde. Que fazer quando faltam essas condições elementares de felicidade? Que fazer contra a má sorte? É reprimível, em tais casos, a inveja, o ódio, a tristeza por um bem que nunca será meu?
Penso que o argumento decisivo é o da incompatibilidade de princípio entre um pecado - a inveja - e uma virtude - a justiça -. Para explicar como e porque o mal se converte em bem, há que se ver de outra forma: a inveja não deve consistir na indignação de Caim contra Abel, o preferido de Deus, mas na indignação e tristeza ante um mundo injusto e desigual, onde há seres mais favorecidos que outros. Deve-se fazer com que a inveja se converta para que seja santa. E, ainda assim, não está claro que um sentimento pessoal de inveja tenha que ser necessariamente motivo de transformações. De fato, os movimentos igualitários e comunitários que no mundo têm havido, como o cristianismo, não parecem ter surgido da inveja, mas da fraternidade. Pensemos que a inveja não é só tristeza pelo bem alheio, mas, alegria pelo mal do outro. O "mal do olho" seria fruto da inveja.
Tudo isso me leva a uma ideia conclusiva. A sociedade meritocrática, que aceita como critério de justiça o mérito de cada um, é uma sociedade baseada numa ética da competição, mais parecida com as leis de mercado, onde - como se disse - não teria lugar a inveja, posto que haveria de se reconhecer e aprovar os resultados desiguais do princípio adoptado. Mas, esse critério de justiça não é o único, nem o mais convincente. É o critério próprio de um liberalismo ultrapassado, onde a liberdade de cada um é o primeiro e único direito. Para uma sociedade que não comungue com o liberalismo descarnado, a justiça é a de Marx: "A cada qual segundo suas necessidades, de cada qual segundo suas capacidades". Mas, em uma sociedade onde regesse tal princípio, seguiria havendo desigualdades e seguiria tendo invejosos. Talvez as palavras nos traiam, e a palavra "inveja" esteja tão carregada de desqualificações que será difícil redimi-la. Se, como acreditou Heráclito, a guerra é o pai de todas as coisas, também deve ser o pai no sentido moral. Mas, talvez, o questionável seja o carácter belicoso e conflitivo da inveja. Como têm repetido unanimemente os filósofos, a inveja é ódio e tristeza mais tendente a destruir o bem que eu não tenho do que a procurar que esse bem seja compartilhado por todos.
(1) Victoria Camps, Cátedra de Ética. Facultad de Filosofia. Universidad Autónoma de Barcelona. La envidia. Coord. Carlos Castilla del Pino. Alianza Editorial, Madrid, 1994.
(2)Tradução e adaptação autorizadas para: Jorge Trindade, Professor-Fundador da Escola Superior do Ministério Público UFRGS e Ulbra.
(3)E segue, com mais detalhe: “isso coincide perfeitamente com o que disse antes sobre os movimentos do sangue na tristeza e no ódio, pois este faz com que a bílis amarela, procedente da parte inferior do fígado, e a preta, procedente do baço , passem do coração às veias através das artérias, fazendo com que o sangue das veias tenha menos calor e circule mais lentamente que o normal, o quanto basta para deixar a cor lívida. Posto que a bílis, tanto amarela como preta, também podem chegar às veias por outras causas e como a inveja não a impulsiona até elas na quantidade suficiente para mudar a cor da tez, a não ser que seja muito grande e de larga duração, não devemos pensar que todos os que têm essa cor são propensos à inveja”(As paixões da alma. Ed. de bolso, p. 118-119.
(4)Spinoza, Ética, III, XXIII, IV, prop. XLV.
(5)Kant, Metafísica dos costumes, I, p.36.
(6)Aristóteles, Retórica, 1387b-1388a.
(7)Nietzsche, A genealogia da moral, tratado segundo, p.10.
(8) Ambos os tipos de inveja têm recebido respostas muito distintas na filosofia. O primeiro, o vício da inveja, tem sido combatido pelo estoicismo e pelo cristianismo com o conselho de aceitar a realidade como é, e reprimir a paixão. A solução para o pecado é a transformação do homem. Recorde-se o “não cobiçarás os bens alheios”. O segundo tipo reconhece a positividade da inveja para transformar a realidade. A solução não é espiritual, mas materialista. São duas visões tão díspares que nos obrigam a perguntar se realmente estamos falando das mesmas coisas. Trata-se sempre de inveja?
(9) Helmut Schoeck, Envy, Cambridge University Press.
(10)Francisco Alberoni, en Gli invidiosi (Garzanti, 1991), alude repetidamente a ambos os exemplos como amostra de que nem sempre as desigualdades produzem agressividade contra o sistema.
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RE: De Bento I a Bento XV
Caro Luís Camizão:
Obrigado pelo esclarecimento adicional.
Cumprimentos,
João Pombo
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RE: De Bento I a Bento XV
Sem Cristo o homem deixa de ser... homem
A instrução não encerra em si a moralidade, não é senão um sentido, uma faculdade a mais, um instrumento tanto de perdição como de salvação...
Não é a instrução que moraliza, mas a educação e sobretudo a educação religiosa. A instrução, só por si, pode ser funesta! Instrução pois, mas também educação, educação da vontade, da consciência, do coração, do carácter.
Educação pelos meios naturais e pelos meios sobrenaturais. Educação pela presença de Deus, pela Oração, pelos Sacramentos...
Cumprimentos.
QTATAE
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RE: De Bento I a Bento XV
Existe a tendência actual de julgar que uma pessoa é boa porque tem muitos sentimentos. Sentimentos toda a gente os tem, mas o que define a bondade de uma pessoa é a capacidade de renunciar á acção de acordo com os sentimentos e praticá-la em função do Amor e da Caridade. E é preciso um grande exercício de espírito de sacrifício e renúncia para os pôr á frente de todos os sentimentos. Poucos o conseguem... Quantas vezes confortamos a nossa inveja com ódio e o ódio com inveja. Entramos num ciclo de auto-destruição de espírito do qual só podemos sair fazendo um esforço para amar e gratificar o próximo. É isso que nos ensina Cristo e a Igreja. A nossa humanidade (boa ou má) não está, portanto, nos nossos sentimentos mas sim na maneira como lidamos com estes.
Deus abençoe o Papa Bento XVI e a Igreja.
Melhores cumprimentos,
Lopo PA
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RE: De Bento I a Bento XV
Caro Luiz Camisão
Muito agradeço o texto com que nos presenteou mas, muito francamente, não me parece que no ataque arrasador de que a Igreja vem sendo alvo desde a revolução francesa a inveja seja o motor principal.
Inveja de quê? Estamos a falar de uma pessoa que consagrou a sua vida a Cristo e que nas próprias palavras é "um trabalhador da vinha do Senhor".
Melhores Cumprimentos,
Miguel Vaz Pinto
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RE: De Bento I a Bento XV
Caro Lourenço
Não tinha visto o seu e-mail por razões que lhe explico na resposta já enviada.
Um abraço,
Miguel
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RE: De Bento I a Bento XV
Caro Miguel Vaz Pinto:
Os ataques arrasadores de que a Igreja Católica vem sendo alvo nos últimos séculos e concretamente nas últimas décadas tem, para mim, uma explicação principal - as expectativas.
Efectivamente, ninguém espera muito de outras confissões religisosas, mesmo as mais difundidas e a começar pelas religiões monoteístas.
Contra o Islão as principais críticas são conhecidas de todas, e estão cada vez mais na ordem do dia.
Os protestantes estão divididos por inúmeras confissões e seitas, e em relação ao Judaísmo ninguém aponta críticas sobretudo depois do Holocausto.
Mas tal não acontece em relação à Igreja Católica.
O Papa é por inerência um Chefe de Estado e um actor principal no teatro mundial.
Dificilmente um Papa não estará no rol das 100 pessoas mais influentes no Mundo.
Da Igreja Católica tudo se espera. Desde os esforços missionários até à manutenção e criação de escolas pelo Mundo fora, sobretudo no Terceiro Mundo.
Ora, quando a Igreja Católica mantém posições seculares apesar do avanço civilizacional (ou recuo...) é de prever a imediata reacção da sociedade, dos católicos aos protestantes, passando por ateus e agnósticos.
Em suma, os ataques à Igreja Católica não se devem, no essencial, a inveja ou outro tipo de sentimentos menores. Estou convencido - até pela vivência quotidiana - de que no cerne de tantos ataques estão expectativas frutradas.
Termino com o exemplo mais básico que se pode dar: a questão do preservativo.
Fará sentido ouvir quase todos os dias tantas críticas à Igreja Católica (e ao Papa, como Líder) pela sua posição nesta matéria, quando o Islão praticamente que passa incólume, apesar dos exemplos sinistros que quase todos os Países Islâmicos nos dão? Desde a total subalternização da Mulher às mutilações genitais e sem esquecer a aplicação generosa da pena de morte que, quer se queira, quer não, o Corão acaba por incentivar?
Cumprimentos,
João Pombo
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RE: De Bento I a Bento XV
Caro João Pombo
Gostei, especialmente, apesar de ser apologista de "nunca nivelar pela negativa", do último parágrafo.
Com os melhores cumprimentos.
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RE: De Bento I a Bento XV
Meu Caro João Pombo,
Devo dizer que não concordo com a sua tese, assim como me não parece ser a inveja a causa do anti-clericalismo.
A questão central é que o Mundo não compreende a linguagem cristã. A questão do preservativo, a questão do celibato obrigatório ou a da ordenação das mulheres são amendoíns, são consequências da obtusidade dos homens de hoje. O Mundo actual, perdido no desejo de igualitarismo e democraticismo para tudo (o que é no fundo um totalitarismo), não consegue compreender a proposta cristã. Isto não é uma crítica à democracia como regime político (parece-me claro que hoje é o mal menor), mas uma crítica à ideia - exigência - de que tudo tem de ser elegível e democrático.
Para que o Mundo perceba o cristianismo, é preciso voltar aos elementos originais do mesmo. É preciso perceber o coração do cristianismo. O cristianismo, o coração do cristianismo não é um pensamento, mas o anúncio do Deus que se fez homem. Deus, Criador do homem, da Terra, dos planetas, das estrelas, das galáxias, do Universo, fez-se homem, morreu e ressuscitou para se fazer companhia para a história dos homens. Esta é a vitória de Cristo sobre o Mundo: a sua identificação com um Povo que o segue. Que o segue.
Ora, o cristianismo não é uma doutrina, não é um moralismo, uma filosofia de vida ou mesmo um conjunto de regras para a salvação. É uma presença, uma pessoa. É um facto concreto, e não uma ideologia. Desde o humanismo renascentista que se reduz o cristianismo a uma mera forma de pensar e de agir. É um erro. O cristianismo é uma coisa muito maior. Cristo não veio propor um conjunto de regras nem uma moral, mas uma companhia que responde ao drama existencial do homem, que corresponde à exigência, à pergunta que enche o coração do homem.
E o método que Jesus Cristo usou para se dar a conhecer foi o método da preferência. O termo preferência designa uma escolha, uma decisão. Jesus não se dirige aos homens tratando-os da mesma forma. O maior educador português do século XX, o Padre Américo, costumava dizer que "cada um é como cada qual e deve ser tratado consoante." Este é o método cristão. Não é um método democrático, que se consubstancia em eleições e votos. Jesus não pediu que votassem os doze, escolheu-os. Escolheu-os com toda a sua autoridade e com toda a sua amizade. E dentro desses doze preferiu três. E desses três preferiu um, que fundou a Sua Igreja. Deus escolhe. Deus dá-se a conhecer a três para se dar a conhecer a mais setenta. Não é um desprezo pelos outros. Escolhe alguns para se dar a conhcer a outros. O Mundo de hoje, perdido num igualitarismo mentiroso e idealista, nega a preferência e com isso nega a gratuidade. Já nada pode ser feito sem se receber algo em troca. E com isto desaparece a amizade, que é o fundo da experiência cristã. Jesus não se dirige a nós perguntando o que fizemos, se cumprimos com as regras, mas se O amamos e queremos segui-Lo. Esta atitude escandaliza o Mundo, que vive agarrado a preconceitos de ordem moral.
O Mundo de hoje reduz o cristianismo a uma teoria e por isso não compreende a linguagem e o método cristãos.
No entanto, não é o Mundo que tem a palavra final sobre mim. Porque eu, dentro de todo o meu limite e fragilidade, posso dizer uma última palavra, um juízo último sobre a vida, uma afirmação de uma positividade última do destino, que melhor se consubstancia na expressão: "eu sou feliz!" A certeza desta felicidade vence o Mundo, porque lhe diz com incomparável clareza: "não és tu que tens uma última palavra sobre mim, mas a misericórdia de Deus." Diante deste anúncio do Deus que é misericórdia, eu estou feliz.
Viva Bento XVI!
Melhores cumprimentos,
Luís Froes
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RE: Entrevista de Joseph Ratzinger
O prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé emite seu ponto de vista sobre a situação da Igreja Católica Radicalização do laicismo, abandono do sagrado, crise de vocações, mas também sinais de renovação: ao final do grande jubileu do ano 2000, o abade Claude Barthe entrevistou o cardeal Joseph Ratzinger que lhe mostrou seu ponto de vista sobre a situação da Igreja Católica. (Publicado no "Spectacle du monde" n°464 de janeiro 2001, p.68)
Abade Claude Barthe (C.B.) — Mons. Billé, presidente da Conferência dos Bispos da França, na última assembléia em Lourdes [novembro de 2000], falou da "radicalização" e de vexames de que a Igreja é objeto: "acusação, deboche, desconfiânça, dissimulação, ostracismo...". Ele analisava este fenômeno, há décadas muito marcante em relação à "mentalidade liberal e individual, que respiramos como o ar." Como exemplo, ele se referiu à receptividade, com muitas reservas, do documento "Dominus Iesus", sobre Jesus Cristo, como único meio de salvação, que foi totalmente rejeitado por pessoas que não o leram, para as quais, só o fato de saber que a Igreja não preconiza o pluralismo religioso, é insuportável.
Cardeal Joseph Ratzinger (J.R.) — Sim, há uma radicalização evidente do laicismo, do secularismo, que se opõe à presênça da fé na nossa sociedade, laicismo e secularismo que querem "sectarisar" a fé católica, se assim podemos dizer, e reduzir a Igreja católica ao estado de seita. A mentalidade geral, proponderante no Ocidente, cada vez mais se distancia da fé da Igreja. Isto é um fato. Noto que, se atacam a declaração "Dominus Iesus", como expressão de intolerância, na realidade o contrário é verdadeiro: não se tolera mais que a Igreja católica possa se exprimir sobre sua própria identidade e sobre sua própria fé, que, aliás, ela não impõe a ninguém, mas que ela afirma e defende. Quanto à tolerância, ao menos, parece-me que a idéia geral do Ocidente é de que se possa exprimir sobre sua própria fé.Estes violentos ataques mostram que, além da fé, no centro desta marginalização, há uma forte realidade. Não seria necessário atacar a Igreja e a fé se elas fossem realidades abandonadas ou a ponto de desaparecer. Portanto, estes ataques são também um sinal da vitalidade da fé e da força que ela mantém no mundo espiritual.Eu acrescentaria que esta marginalização da Igreja não é igual em todas as regiões da Europa, nem em todas as partes do mundo. Assim, há uma paganização na Alemanha, principalmente nas regiões antes sob o domínio dos comunistas e, de maneira geral, no norte do país, onde o protestantismo se decompõe e cede lugar a um paganismo que não tem mais necessidade de atacar a Igreja, porque a fé, aí, tornou-se de tal modo ausente que não acham mais necessário agredi-la.Mas há, também, situações totalmente diferentes. Pode-se constatar, hoje, novas manifestações de fé em fortes movimentos juvenis, que mostram a realidade sempre presente de um desejo do absoluto, com uma redescoberta da beleza da fé e do sagrado. Este anseio do sagrado, do redescobrimento de todas as belezas perdidas, está muito presente na nova geração. Neste sentido, o panorama está diversificado. Há, de um lado, como bem descreve Mons. Billé, este novo radicalismo do secularismo, que queria triunfar definitivamente, e impor seu domínio, tornando inacessível, inaceitável e intolerável, a realidade da Igreja.De outro lado, sem o apoio total da mídia, mas com uma força interior profunda, há um ressurgimento da fé. A Igreja estará, certamente, em situação minoritária no nosso continente, mas reforçando-se espiritualmente e interiormente, tornando-se, assim, uma esperança para o bem dos homens.
C.B. — Esta renovação, de que o Sr. fala, se manifesta na França por um certo florescimento de comunidades, por uma manifestação de muitas forças vivas. Mas elas estão dispersas, até mesmo separadas, à espera evidente de uma afirmação cristã, clara e firme, dos pastores.
J.R. — Acho que se pode falar de uma geração um pouco desanimada, a geração do Vaticano II que, na época do Concílio, concebera grandes esperanças, um pouco irrealistas, esperando um novo acordo entre a Igreja e o mundo. A decepção que se seguiu, destas esperanças mal interpretadas, foi muito grande, e hoje não se encontra mais a força interior da fé, que nunca contou com fácil aceitação do mundo, apesar de ser ela a resposta às grandes questões que sempre os homens apresentam. Na nova geração, há muitas vocações, um pouco espalhadas. Nas dioceses há menos vocações porque nelas encontramos um clero desanimado e comunidades aflitas. A atração, antes exercida pelo trabalho paroquial, se exerce hoje na direção de comunidades vivas, nas quais se encontra uma fé e uma alegria intensas, embora, na verdade, dispersas. Mas, me parece, que esta forte pujança de vocações, embora de poucos e um tanto marginalizadas, terá um grande peso no futuro.
C.B. — Há uma estatística que impressiona os bispos da França: num total de 120 padres ordenados por ano, incluindo todas as tendências possíveis, da Fraternidade S. Pio X aos mais progressistas, 20 a 25 ¾ portanto 1/5 ¾ são ordenados no rito tradicional. E, dos 4 restantes, 2 são muito sensíveis à liturgia tradicional. Nos seminários de Paris ou de Ars, uma parte não desprezível (às vezes, um pouco mais da metade dos seminaristas) pensaram em se formar num seminário da Fraternidade S. Pedro ou da Fraternidade S. Pio X. Não o fizeram porque isto reduziria e marginalisaria seu apostolado. Não seria, então, o momento de mudar alguma coisa no terreno litúrgico paroquial?
J.R. — Parece-me que mudar não é a prioridade. Foi o erro que se cometeu depois do Concílio. Pensou-se que a reforma consistia, primeiramente, na mudança.
C.B. — Eu não me referia aos textos, mas a mudanças concretas, como o retorno do altar, o silêncio no canon, o ofertório.
J.R. — Isto deve ser, naturalmente, a conseqüência de uma nova presênça do sagrado nos corações. Mudou-se o sentido do altar porque tinha-se uma nova sensibilidade, mais didática, diria um pouco mais racionalista. Pensou-se a Missa como um diálogo com o povo. Devia-se entender tudo; devia-se, pois, "abrir" tudo, para ser entendido. E perdeu-se, assim, aquela sensibilidade, pelo fato de se pensar que entender a realidade litúrgica, seria entender as próprias palavras da liturgia. Uma piedosa velhinha pode entender muito bem a profundidade do mistério, sem, no entanto, entender o sentido de todas as palavras. Foi o que aconteceu depois do Concílio. O Concílio se manteve ainda muito equilibrado. Mas, depois do Concílio, prevaleceu a idéia de que era preciso abrir tudo, entender tudo, proveniente de uma noção superficial da compreensão da liturgia e da sua mensagem. A liturgia é também uma mensagem, é verdade. Mas é uma mensagem diferente. Portanto, é muito importante que as novas vocações descobrem que uma liturgia racionalisada, uma liturgia na qual tem-se somente a preocupação de se fazer compreender, do ponto de vista da razão, do ponto de vista intelectual, não tem mais a profundidade daquela realidade que me toca no meu coração até o nível da presênça de Deus em mim. Se nós voltamo, assim, à uma visão muito mais profunda da liturgia como mistério, no sentido que esta palavra tem no Novo Testamento, se nós reencontramos o essencial deste contato entre o povo e o padre no Senhor, e se é o próprio Senhor que nos toca, então o mais importante estará feito. Eu acho, portanto, que uma nova sensibilisação às realidades da liturgia, ao seu mistério, juntamente com uma nova educação litúrgica, são as primeiras coisas a fazer. E não pensar primeiramente e imediatamente em mudanças.Se reencontramos uma compreensão mais profunda, as mudanças necessárias serão decorrentes.
C.B. — Mudar os corações antes de mudar o altar. Mas, a simbologia litúrgica ajuda muito.
J.R. — Certamente, o símbolo ajuda porque somos feitos de corpo e alma, e as coisas devem ser assim expressadas.
C.B. — Vós sois especialmente sensível ao entendimento da leitura da Escritura na Igreja. Ora, a recente edição de uma das mais célebres Bíblias em françês, contem notas que afirmam que tal ou tal passagem do Evangelho de S. João (bem como o louvor?? do capítulo 2 da epístola aos Filipenses) negam a divindade de Cristo. Esta notas foram redigidas por um dos exegetas franceses mais conhecidos, que afirma que há tres níveis de redação neste Evangelho: João I, que não acreditava na divindade de Cristo, João II, que nela acreditava, João III, judeu-cristão, que não acreditava.
J.R. — Sim, nós devemos reencontrar uma leitura eclesial da Escritura. Portanto, isto que o senhor fala restabelece, é claro, a leitura da Escritura de outra forma. Trata-se de um puro historicismo que se revela nestes desdobramentos muito arriscados. Quem prova, primeiro, a existência destes três níveis de redação? São reconstituições feitas com um método literário absurdo, visto unicamente do ponto de vista do trabalho do historiador. Além disto, hoje o estudo literário dos textos passa por uma renovação que se mostra fecunda, mesmo para a Bíblia. Compreende-se que não é possível fixar seu sentido reconstruindo um momento histórico. De resto, como reconstruir este momento? As hipótese de reconstrução, como puras hipóteses, mudam todos so dias. Não é dessa forma que se pode esgotar uma obra literária, Dante, Racine; não é assim que pode-se entender a Bíblia. Não é possível entrar no dinamismo interior de um texto do Antigo ou do Novo Testamento, se não se entende uma coisa — verdadeiro sob o ponto de vista histórico —,a saber que estes livros nasceram na fé, no seio do povo de Deus, no interior de uma comunidade crente. Não são invenções; não se está na presênça de um autor depois de outro, que escreveram livros como podem professores podem fazê-lo. Estes textos fotam produzidos na fé e pela fé da Igreja, e eu não posso comprende-los senão entrando neste mesmo dinamismo da fé. Esta fé é a fé de uma instituição — a Igreja — que existia e existe ainda. Conseqüentemente, a contemporaneidade, o sincronismo, com o sentido dos textos sagrados, não são alcançados com reconstruções — mais uma vez, absurdas para mim —, mas pela identidade e sincronismo da Igreja como tal. Parece-me, portanto, que a leitura a que o senhor se refere, teve seu tempo. Ela não traz nada a ninguém, mesmo historicamente. São jogos do espírito que não têm nenhuma consistência histórica. É preciso voltar a uma visão mais profunda: conhecero tema que está na origem deste livro, a natureza deste tema. É somente do seu interior, da Igreja, que eu posso realmente compreender a Escritura. Eis porque, a leitura litúrgica, na qual as palavras são presênça e realidade, é, historicamente, a leitura mais realista e a mais fiel.
C.B. — Um dos aspectos, e não dos menores, da crise da transmissão da fé, não está numa predicação estéril, uma "predicação Walt Disney", como diz o cômico cristão, Henri Tisot: "todo o mundo é gentil; é preciso ser gentil com todo o mundo"?
J.R. — Sim, tem-se medo, hoje, de falar de pecado, porque tem-se medo de dar uma visão negativa da vida e não se quer impor ao homem moderno, que já padece muito, uma predicação onerosa da parte da Igreja. Mas, nós devemos entender bem estes sofirmentos muiro reais que afetam o homem na sociedade de hoje. Defenitivamente, eles são a ausência de Deus. E isto é a essência do pecado: viver na ausência de Deus. Há, portanto, um otimismo falso e muito articial nesta forma de pregar, supondo que tudo é bom e que nós somos todos gentis. Esta não é a realidade do homem de hoje. Sem isto, não haveria a droga, o suicídio...
C.B. — o aborto, que na França, atingiria uma mulher em duas...
J.R. — ... e tudo aquilo que faz com que os homens da nossa sociedade sofram e que ele precisa entender. Sofrimentos profundos, como mostra a intensa procura de respostas aos seus males na psiquiatria, na psicanálise. É preciso, pois, tomar precauções com este otimismo falso e fatal. Como seria preferível falar somente de coisas belas e boas! Mas, os homens veem a nós porque eles sofrem. Eles querem ter uma resposta verdadeira para este sofrimento profundo. Eles nos procuram para descobrir que a raíz daquilo que padecem é a ausência de Deus. Porque, se Deus não existe, que faço? Qual é o sentido da minha vida? Onde ir? Por que? Tudo torna-se inútil e inaceitável. Trata-se, para nós, de fazer conhecer que o mal da vida, o pecado, é a perda de Deus, e de fazer conhecer este Deus que perdoa o pecado. O perdão é uma cura para a qual eu devo colaborar com Deus na penitência. Eu creio que é preciso encontrar um novo realismo para se falar do pecado. Se dele nós falamos com fórmulas inacessíveis ao homem de hoje, elas continuarão sendo fórmulas do passado, vazias de significado.
C.B. — Encontrar uma linguagem pastotal realista, que correnponda ao ouvinte e à realidade, não vale também para o que vós vos referistes no início, ou seja, em relação à confrontação entre a Igreja e a sociedade?
J.R. — Certamente. O Senhor enviou seus discípulos "pregar e curar os doentes". É uma parte essencial da missão dos apóstolos. Isto não quer dizer que nós tenhamos que substituir os médicos do corpo: eu falo da verdadeira doença da vida. Fica, portanto, claro que a fé que nos foi dada não foi feita para um mundo fechado. Ela é sempre dada para o homem. Não é intolerância da nossa parte, mas exercício da responsabilidade que nós temos em relação aos outros, de lhes anunciar esta possibilidade de ser curados no Senhor. É preciso ter nova coragem, é preciso nos convencermos que realmente nós temos nas mãos os meios para curar os homens, que é nossa obrigação de lhes dar esta palavra de Saúde, e que isto verdadeiramente muito necessário ao homem. É preciso novo ímpeto missionário. Não se gosta mais de falar de conversão, mas esta é a realidade: nós temos uma responsabilidade universal. Nós não podemos extirpá-la de nós mesmos. Seria muito cômodo se pudessemos fazer isto, mas nós somos obrigados a oferecer aos outros aquilo que o Senhor nos deu para os outros.
C.B. — Eminência, vós sabeis que vós sois um cardeal muito popular: uma pesquisa na Internet revela que, sobre 57000 respostas, 28% são de opiniões favoráveis a vós, logo após o cardeal Martini, na frente, com 32%. Ora, especialistas dizem que nas respostas espontâneas, as opiniões ditas "de esquerda" se manifestam sempre mais livremente... Digo isto pelo alegre da anedota, mas também para salientar o eco das vossas proposições. Vós falais, pois, para pastores de amanhã de uma nova coragem no anúncio da fé.
J.R. — Absolutamente. Com a certeza que o Senhor está conosco, nós poderemos enfrentar os problemas do novo milênio. Em relação a canditaduras e sondagens, eu as acho ridículas: nós temos um papa e é o Senhor quem decide em tudo, quando e como. Mas é verdade que ser pastor hoje na Igreja, exige uma grande coragem. Com nossa fraqueza — eu sou um homem fraco — nós, assim mesmo, poderemos correr o risco de cumprir nosso dever de pastores. Porque é o Senhor que age e que disse aos seus apóstolos que na hora da confrontação, eles não se preocupassem com a dúvida de como se defender e que dizer, mas que o Espírito lhes insinará aquilo que é preciso dizer.Isto é, também para mim, algo muito real. Mesmo com minha pouca força, diria até, por causa disto, o Senhor poderá fazer em mim aquilo que Ele quizer. Na Escritura nós vemos sempre acontecer assim: o Senhor escolhe para agir aqueles que em si não poderiam jamais fazer grande coisa. É nesta fragilidade humana que Ele mostra sua própria força, como disse S. Paulo. Neste sentido, penso que um pastor nunca deve ter medo, na medida em que ele deixa agir, em si mesmo, o Senhor.
Cumprimentos
Luis Camizão
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RE: De Bento I a Bento XV
Caro Luís Froes:
Li com atenção o seu texto, de resto muito bem escrito.
Concordo em grande parte com o que diz. É, pelo menos, uma forma possível e mais que legítima de viver e sentir o Cristianismo.
Sucede que não vejo em que medida tal possa contraditar o motivo que, modestamente, apontei.
E apontei com base em conversas concretas que mantive e continuo a manter com pessoas de várias confissões, mas sobretudo com católicos (praticantes e não-praticantes) e agnósticos.
Todos esperam muito da Igreja Católica, do Vaticano e do Papa, seja ele qual for.
Contrariamente, muito pouco se espera das outras confissões.
Permita-me usar esta imagem, talvez fora de contexto, mas que pode dar algumas luzes:
Eu já vi muitas pessoas de raça negra em Portugal a usarem roupa com os dizeres "Black is beautiful", e sem qualquer censura ou recriminação.
O Luís, sendo branco, experimente ir passear na rua com uma peça de roupa a dizer "White is beautiful"...
Lembre-se também que as mais fortes críticas à Igreja Católica vêm do Mundo Ocidental, do Mundo Cristão.
Cumprimentos,
João Pombo
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RE: De Bento I a Bento XV
Caro João.
Concordo com tudo o que expôs.
Melhores cumprimentos,
Luís Froes
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RE: Habemus Papa
"Habemus Papa" ou "Habemus Papam"?
Qual a forma correta?
Frederico
Rio/Brasil
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RE: De Bento I a Bento XV
Caro Luis
Não quero deixar de te enviar um grande abraço de parabens pela GRANDE qualidade do teu texto.
Zé Tomaz
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RE: Habemus Papa
Monsieur,
Se ecrive habemus papam comme jura meu frere que ser aussi um tres bom trolha.
Complimentes,
Maurice Biscateiro de Torres
Beaulieu-Sur-Mer
France
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RE: Habemus Papam
Caro Frederico,
Recordando o latim dos tempos do colégio:
A forma correta é "habemus Papam". "Papa" é o nominativo, que seria usado se "Papa" fosse o sujeito da frase. Como é objeto direto (temos Papa), o caso a empregar é o acusativo, que para a primeira declinação (palavras terminadas em "a") tem a desinência "m".
O anúncio do novo Papa feito em latim foi o seguinte (conforme o site do Vaticano):
“Annuntio vobis gaudium magnum; habemus Papam:
Eminentissimum ac Reverendissimum Dominum,
Dominum Josephum Sanctae Romanae Ecclesiae Cardinalem Ratzinger
qui sibi nomen imposuit Benedictum XVI”
Cumprimentos,
Geraldo Caldas,
Florianópolis
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RE: De Bento I a Bento XV
Caros Luís Froes e João Pombo
Não concordo com as vossas interessantes teses.
O mundo moderno não rejeita o Cristianismo, o Cristianismo é que rejeita a sociedade de monstros que estamos a construir sob uma capa de bondade e de pureza democrática.
Claro está que sob a capa não existe nem democraia nem pureza.
Um dos requisitos fundamentais da democracia é que qualquer poder tem que ter um conta-poder como Montesquieu propugnava no seu "Espírito das Leis".
Essa premissa já desapareceu do mundo actual em que 3/4 da informação é veiculada pelas televisões; ora, o único controle a que as televisões estão sujeitas vem dos estados que, num aparente paradoxo, é quem atribui as licenças e escolhe os operadores de televisão.
A eleição de S.S. Bento XVI como Papa foi um exemplo gritante da forma como os media manipulam toda a informação: nós não fomos autorizados a saber que a esmagadora maioria dos católicos ficou muito contente com o novo Pontífice.
Os donos da informação só nos permitiram saber que os anti-católicos ficaram fora de si.
Quanto à explicação do João Pombo sobre as expectativas do mundo a respeito do papel da Igreja, penso que é interessante mas também aí os media fazem um jogo pouco limpo ao exagerar as expectativas.
A criação, pela comunicação social, de verdadeiras miragens a respeito do poder temporal e espiritual da Igreja nada tem de inocente. É simplesmente a melhor maneira de garantir a frustração de todos os que acreditaram em promessas irrealizáveis mas amplamente difundidas.
Podíamos também falar da crescente falta de democraticidade nas estruturas políticas mas prefiro não sair do espírito do tópico.
Melhores Cumprimentos,
Miguel Vaz Pinto
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RE: De Bento I a Bento XV
Meu Caro Miguel Vaz Pinto,
É com alegria que volto a falar consigo.
Concordo com o que diz, mas repare, o cristianismo nunca se guiou pelos critérios do mundo. Os critérios do Mundo não são os critérios da Igreja. Os homens de hoje não compreendem o critianismo e, pior, tomam-no como adquirido.
Melhores cumprimentos,
Luís Froes
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RE: De Bento I a Bento XV
Meu Caro José Tomaz,
Muito obrigado. É o texto de um cristão, somente isso.
Cumprimentos,
Luís
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RE: Habemus Papam
Prezado GERALDO,
Muito obrigado!
Estava mesmo achando q um site católico não erraria a frase.
Cumprimentos,
Frederico
Rio de Janeiro/Brasil
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RE: De Bento I a Bento XV
Caro Luís Froes
Tambem tenho sempre gosto em falar consigo.
O Cardeal Ratzinger definiu aquilo que o Luís sente numa expressão magistral - a
"ditadura do relativismo" -que aliás tambem se aplica a assuntos que em tempos tratámos noutro tópico.
A expressão foi usada na homilia da véspera da Sua eleição como papa.
Um abraço,
Miguel Vaz Pinto
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RE: Habemus Papam
O vício é o castigo do vício.
Ser católico não é uma afirmação meramente verbal, é demonstrar por actos que se é e, sobretudo, estar intrinsecamente de acordo com as suas regras! De forma sucinta; para se jogar num clube de futebol há que ter jeito e vocação e concordar com as suas normas, processos e ser produtivo. Para se trabalhar numa empresa, o mesmo, etc.. Quem não concordar ou não for capaz só tem um caminho...
A luta para perverter o cristianismo é e será, naturalmente, implacável, de morte!
Muitos dos seres humanos reduzem tudo à fornicação ou quase, sendo este o objectivo principal das suas vidas. Pois bem, que o façam mas deixem a Igreja e os que não pensam do mesmo modo em paz! (Claro, que nunca deixarão, pois este é o seu “destino”...)
A única esperança do Mundo - decente está na Igreja. Sem esta, o planeta estaria há muito transformado em sociedades, mais ou menos, à Sodoma e Gomorra... E algumas não estão hoje em dia muito distanciadas... É ver a estarrecedora percentagem de casos de SIDA que avança galopantemente em certos países!
O grande milagre do Diabo foi ter convencido muita gente que não existe... Existe, intervem, tem muitíssimos seguidores, inclusive dentro da Igreja e acompanhará sempre o ser humano; pois ele foi o príncipe deste universo antes da luta.
Este Papa trouxe um grande temor aos ditos “progressistas” e ainda bem! Isto só significa que ele é a pessoa mais certa e ajustada para o cargo. Veremos, se, finalmente, os pontos serão colocados nos is para que não subsistam mais confusões e falsas expectativas, e que cada um vá à sua vida pela via que mais lhe convém, sem se meter com a dos outros.
Para se colher tem que se semear... É isto que não é entendido ou se tenta evitar a todo o custo!
Viva o Papa e que Deus lhe proporcione muitos anos de vida com muita saúde e determinação.
Boa noite.
QTATAE
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RE: Habemus Papam
A todos os confrades e especialmente ao confrade Conde
Bonito, é o adjectivo que me ocorre ao ver os comentários, alguns de altíssimo nível, acerca da eleição do novo Santo Padre. Pelo interesse, pela erudição, pela cultura evidenciada e pela seriedade.
A propósito dos "ataques" à personalidade do agora Papa, eles não vêm somente de sectores alheios à Igreja...
VD as opiniões dos Exmos. Srs. Melícias e Januário.
Que, aliás, são para mim um excelente augúrio. Se qualquer uma destas celebridades mediáticas o tivesse elogiado, então sim haveria que pensar.
Cumprimentos
Luis Canavarro
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RE: De Bento I a Bento XV
Caro João Pombo,
Concordo no que diz a respeito à oposição a uma instituição ser proporcionalmente directa ao seu poder e influência.
Mas na minha opinião, o ódio à Igreja advém também da Verdade de que é dotada. Uma pessoa que está conscientemente em pecado, odeia que lhes seja apontada a verdade e a razão, tal como um bêbado odeia que lhe digam o quão bêbado ele é.
Tanto conhecemos os nossos erros e tanto nos deixamos perseguir por eles que nos tentamos convencer de que não são erros. A voz da razão é sempre repudiada nestas alturas porque faz-nos sempre lembrar que os erros que cometemos serão sempre erros e que não cabe a nós decidir o certo e o errado. A Igreja tem esse papel na Humanidade: carrega a difícil tarefa de representar a Lei de Deus, que é intemporal e universal.
Mas a grande origem desta raiva é muito antiga. Não é por causa de inquisições, cruzadas, imperialismo cultural ou oposição à evolução. Vem desde a Paixão de Cristo e os tempos que se seguiram. Nenhum poder tinha a Igreja nessa altura e ainda assim foi fortemente perseguida e repudiada. Parece razoável, como católico, acreditar que este sentimento não tem origem humana, pois não se pode definir num patamar meramente racional, mas sim origem no inimigo de Deus.
Com os melhores cumprimentos,
Lopo Pacheco de Amorim
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RE: Habemus Papam
Os padres que se manifestarão, salvo raras excepções, são tudo menos ortodoxos. Os jornalistas, pois está claro porquê, gostam deles. Querem polémica. Prefiro não dizer nomes, mas vê-se bem que gostam muito de fazer correcções doutrinárias. Já o fizeram aquando do pontificado de SS o Papa João II e continurão a fazê-lo com SS Bento XVI. O rumo da Igreja quem o dita é o Espírito Santo, e os homens estão cá para o pôr em prática. Era bom que de uma vez por todas se percebesse que quem diz aos católicos o que eles devem fazer é o Papa, e não o contrário. Enquanto se reduzir o cristianismo a um mero acrescento, a uma filosofia de vida, a um conjunto de regras para a salvação, há-de se dizer as maiores asneiras. Perceber que o Papa é muito mais do que um assistente social ou um activista da paz é meio caminho andado para se perceber que o que ele nos propõe é a posição justa para o nosso coração sobre toda a nossa vida.
Bento XVI será com certeza um grande Papa e precisa da nossa oração. Antes de mais, é esse o nosso dever. Amar este Papa sem condições, sem juízos, sem pesar. Servir Cristo neste homem é o que o Senhor nos pede.
Luís Froes
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RE: Habemus Papam
Caro Luís Canavarro
Concordo inteiramente com tudo o que diz; só discordo com o facto de dar nomes a essa gente pois esse é precisamente o alimento de que vivem: publicidade gratuita.
Se não os nomearmos terão bastante mais trabalho em difundir a sua acção corrosiva e destrutiva.
Melhores Cumprimentos,
Miguel Vaz Pinto
P.S. Estes agentes infiltrados na Igreja nem são os piores, os piores trabalham em silêncio e a sua actividade é bem mais difícil de detectar.
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RE: Habemus Papa
Bonsoir,
Merci. Langue avec futuro.
Complimentes,
Maurice Biscateiro de Torres
Sanremo
Italie
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RE: Habemus Papa
Na estrada, alguns metros antes de uma curva, dois frades seguravam um cartaz que dizia:
O Fim Está Próximo! Arrepende-te e Volta Para Trás!
Passou um automobilista e mostraram-lhe o cartaz.
O do automóvel deu uma gargalhada, mandou-os à fava e seguiu em frente. No momento seguinte, ouviu-se um grande estrondo para lá da curva.
Então um dos frades disse para o outro:
-E se puséssemos antes um cartaz a dizer:
Atenção! A Ponte caiu!
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RE: Habemus Papa
Muito interessante, esta anedota!
Viva Bento XVI!
Que o seu reinado se prolongue por muitos anos!
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RE: Habemus Papam
Artigo de Fundo do Corriere della Sera de 21.4.2005, traduzido pelo nosso confrade Prof. Eduardo Arantes e Oliveira, com a devida vénia.
Os muitos preconceitos a remover
A VERDADEIRA MODERNIDADE DE BENTO XVI
Ao eleger como Papa José Ratzinger, a Igreja Católica mostrou acima de tudo a sua vitalidade histórica e a sua reconhecida sabedoria como corpo político, seja esta embora de um tipo especialíssimo. Confrontada de facto com uma difícil sucessão, a sua assembleia suprema não se intimidou no que se refere a compromissos ou meias medidas. Cortou resolutamente o nó, mostrando o que significa uma relação antiga e consciente com a dimensão da leadership, e escolheu.
Escolheu, não um arqui-conservador, ou um cego inquisidor: apesar de muitos temores e de muitos preconceitos, Joseph Ratzinger não é nada disso. O que ele é principalmente é uma testemunha da nossa dramática época, um homem consciente de que universos históricos, bem como mundos antropológicos e culturais, que durante séculos se foram plasmando, ameaçam virem a ruir e a desaparecerem totalmente; e sente que, longe de corresponder a qualquer progresso, isso não fará mais que abrir caminho para a destruição. A par de uma parte significativa da elite intelectual europeia e americana que o sentiu de modo semelhante, também Ratzinger, nos anos 50 e 60, imaginou outros horizontes que, para essa elite, foram os horizontes da emancipação social através da rotura política, e que para ele foi o Concílio. Mas, depois, também ele teve de tomar consciência da história e da atmosfera diferente dos tempos; e, como outros, também ele compreendeu a necessidade de sínteses e pensamentos, certamente novos, mas susceptíveis, antes de tudo, de não perderem a ligação com o passado e com aquilo de que provém a nossa identidade.
É próprio da redescoberta comum da essencialidade das raízes, e da parte que nestas tem a herança judaico-cristã para a cultura laica, e o depositum fidei para a cultura religiosa, o sentido da inesperada reaproximação entre as duas, reaproximação esta que constitui um dos fermentos novos dos tempos que se anunciam e que talvez já tenham chegado. O intelectual teólogo Ratzinger, alimentado da grande tradição de cultura da sua - e nossa - Alemanha, foi um dos actores decisivos nessa descoberta e nessa reaproximação. O seu célebre diálogo com Jürgen Habermas, um dos maiores pensadores laicos contemporâneos, sobre os grandes problemas da ciência e da transmissão da vida, está destinada muito provavelmente a ficar como uma página altamente simbólica das vicissitudes intelectuais dos nossos dias.
Entre os preconceitos do discurso público da actualidade está o de que aqueles que não estão dispostos a desfazer-se do passado e dos seus valores são inimigos da modernidade e, por conseguinte, da felicidade humana. Mas, em cada dia que passa, as relações entre modernidade e felicidade tornam-se mais ambíguas; com demasiada frequência, todo o nexo entre ambas parece desvanecer-se e passar a não existir. Bate, em resumo, à porta do nosso presente a urgência de uma modernidade diferente. Sermos modernos, isto é, livres e iguais, mas sem a tutela protectora do poder e sem a invasão "chantagista" da técnica; sermos modernos, isto é, tornar verdadeiramente universal - mas sem ter que passar por sanguinolentos recontros mundiais - o "adquirido para sempre" da civilização que, historicamente, a nossa parte do Mundo desenvolveu para ela própria e para as outras; sermos modernos, mas sem roturas irreparáveis, e construindo um novo sentido dos limites. Eis o que quer dizer não podermos deixar de nos reconhecermos numa história e numa memória iniciada por um jovem judeu há dois mil anos na Palestina, história e memória que hoje esperam da inteligência e do coração de Bento XVI o impulso necessário para continuarem a fazerem parte do nosso presente.
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RE: Habemus Papam
Comentário à tradução:
"depositum fidei" diz-se em português "depósito da Fé".
Devo acrescentar que, tirando esta minudência, achei a tradução excelente, o artigo bastante interessante e muito simpática a iniciativa da sua colocação neste forum.
Cumprimentos,
Miguel Vaz Pinto
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RE: Habemus Papam
Meu Caro Geraldo:
Desculpa o recta-pronuncismo, no meio de um tópico que celebra a grande alegria pela eleição do nosso Santro Padre o Papa Bento XVI; o anúncio feito ao mundo pelo cardeal diácono terminava em "Benedicti decimi sexti" e não "Benedictum decimum sextum". De facto "nomen" é acusativo mas o nome que se segue julgo que deve ser genitivo pois é complemento de nome: "impôs-se o nome de Bento XVI" e não "impôs-se o nome Bento XVI". Não sei se a explicação é esta mas o que ouvi foi de facto "Benedicti" e não "Benedictum"; fico curioso de saber se o site do Vaticano alterou o que foi de facto dito e, nesse caso, se é o cardeal diácono ou o site que tem razão...
Um grancde abraço do primo
Tó
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RE: Habemus Papam
Meu caro António,
Lendo tua mensagem recordei-me de também ter ouvido “Benedicti decimi sexti” no anúncio feito pelo Cardeal chileno Jorge Arturo Medina Estevez. Agora há pouco, pelo vídeo, pude confirmar que realmente foram estas as palavras. Foi um momento que ficou marcado para todos nós católicos pela beleza e pela emoção.
Com relação à questão do latim, dentro de meus conhecimentos limitados, parece-me que a forma apresentada por escrito no site do Vaticano também está correta. Uma possível tradução seria:
“Anuncio-vos uma grande alegria; temos Papa:
O Eminentíssimo e Reverendíssimo Senhor, Dom José Cardeal da Santa Igreja Romana Ratzinger, que se deu o nome Bento XVI”
Creio que na versão escrita procurou-se apresentar o nome escolhido e pelo qual passou a ser conhecido o novo Papa em latim: Benedictum XVI.
Que o Papa Bento XVI seja iluminado pelo Espírito Santo para conduzir a Igreja de Jesus Cristo!
Um grande abraço do primo
Geraldo
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