Évora - Escola Infantil Imaculada Conceição

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Évora - Escola Infantil Imaculada Conceição

#103939 | RCR | 27 out 2005 09:54

Um pouco da história da Escola Infantil Imaculada Conceição de Évora (e do Colégio Nuno Alvares) ou, como lhe chamávamos, do colégio da “Maria do Céu” chegou-me recentemente às mãos, por via da Aldinha de quem todos os que por lá andaram se lembram. Como sei que vários confrades deste fórum vão recordar bons tempos, aqui vai:
Publicado no jornal “A Defesa” de 14/09/1957 quando da instalação da Escola da Imaculada Conceição no edifício do colégio dos Meninos do Coro, vindo da Rua Mendo Estevens, onde está instalada actualmente a Misericórdia.

“Num esforço de melhor servir as crianças e as famílias de Évora a Escola Infantil “Imaculada Conceição”, vai mudar as suas instalações para o antigo Colégio Nuno Alvares, junto à Sé, que, para esse efeito, está a ser profundamente remodelado.
Foi também profundamente remodelado o quadro de professoras, sendo agora todas diplomadas.

Do Colégio dos Meninos do Coro à Escola Infantil da Imaculada Conceição

Separada apenas do claustro trecentista da Catedral eborense por um terraço, hoje já todo empedrado, encontra-se a sul a imponente fábrica seiscentista do Colégio dos Meninos do Coro, começado pelo Arcebispo D. Frei Luís da Silva Teles e acabado pelo seu sucessor D. Simão da Gama, bisneto do grande Vasco da Gama, em 1708.
Não datam somente de então os meninos do Coro da Sé de Évora.
Já na Idade Média estavam quatro por conta do Mestre Escola. No princípio XVI o Bispo Mecenas, d. Afonso de Portugal, acrescentou-lhes quatro. O Cardeal d. Henrique ajuntou mais quatro e congregou-os nas casas situadas junto da Torre de Sertório e da primitiva Sé, onde ora está a Biblioteca Pública.
O Arcebispo d. José de Melo, reformador do velho Paço gótico na forma barroca actual, ordenou-lhes Estatutos em 1617, mostrando neles a utilidade e a excelência deste Colégio, que dera músicos famoso e mestres de capela célebres não só em Portugal como em Espanha.
Eram já nesse tempo 14, visto que o Arcebispo D. João de Meneses, sucessor do Cardeal d. Henrique, acrescentara mais 2.
Ao princípio nem todos os meninos do coro passavam a ser colegiais. Mais tarde, porém, após quatro anos de estudo de música, trocaram a batina vermelha pela presta e foram ...(cópia interrompida)
Deles diz o Padre António Franco na “Évora Ilustrada”, escrita em princípios do século XVIII: “Poucos são os que deles não se ordenam (sacerdotes), porque a boa criação que ali têm chega quase sempre aos altares”.
Contava então o Colégio dos Meninos do Coro com músicos insignes, como Filipe de Magalhães, Manuel Mendes, Manuel Rebelo, Francisco Martins e Diogo dias Melgás, mestres famoso da polifonia contrapontista da Escola de Évora e dois deles mesmo – Francisco Martins e Manuel Mendes – mestres de capela da Sé, onde se fizeram alguém.
Foram estas as tradições brilhantes que o Colégio dos Meninos do Coro manteve na sua nova casa, a partir de 1708, visto que a antiga ameaçava ruína, e que veio a ser transformada em celeiro dos Arcebispos e, desde D. Frei Manuel do Cenáculo, em Biblioteca.
Na linda Capela do colégio, encostada à linda Capela do Fundador do Claustro da Sé, e dedicada ao Menino Jesus Perdido, rezavam continuamente o terço e cantavam aos sábados a ladainha de Nossa Senhora e a Salve Rainha.
Na Sé celebravam sempre com muita solenidade a festa de Santo António de Lisboa, que ali se venera vestido de Menino do Coro, com sua batina vermelha e barrete semelhante a uma mitra, e o Menino nos braços.
Na sacristia da Sé de Braga há uma imagem semelhante de Santo António, mas sem barrete.
+++
Diminuindo o esplendor do culto na Sé com a penúria causada pelo advento da República desapareceram também os Meninos do Coro, que hoje só se encontram na paroquial, com sede na igreja do Carmo, mas sem aquelas funções específicas de cantores, que outrora lhes deram nomeada e ainda hoje ouvimos enlevados cantar no estrangeiro, por exemplo em Lourdes, para não falar nos célebres agrupamentos, de Évora felizmente conhecidos, os “Pequenos Cantores da Cruz da Madeira” e os “Pequenos Cantores de Viana”.

O Velhos casarão dos colegiais passou sucessivamente por vários inquilinos:
Asilo da Infância Desvalida, moradias de particulares e residência do Pároco da Sé e de vários sacerdotes há cerca de trinta anos, estando instalada desde 1931 a Sopa dos Pobres.
Em 1935 voltou o edifício seiscentista à função de Colégio, mas desta vez para o ensino primário e liceal com a instalação do colégio Nuno Álvares. Muitas gerações de rapazes passaram por ali e subiram para a vida nestes vinte e dois anos.
Duas dezenas encontram-se já formados com cursos superiores e outras tantas professores do ensino primário.
É agora a vez da Escola da Imaculada Conceição retomas a chama sagrada da educação cristã e o ardor da devoção ao culto litúrgico, que durante séculos brilharam intensamente à sombra dos negros muros da vetusta Catedral.
Pelas tradições já gloriosas da Escola Infantil da Imaculada conceição, a que a sua sábia e desvelada directa, Sra. D. Maria do Céu Sampaio de Lemos, soube imprimir um surto notável de fervor litúrgico, estamos certos que o antigo Colégio dos Meninos do Coro vai reviver horas benditas de acrisolada vida cristão no culto ...(cópia interrompida)

Melhores cumprimentos
Rita

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RE: Évora - Escola Infantil Imaculada Conceição

#103953 | JCC | 27 out 2005 11:46 | Em resposta a: #103939

Rita

Por favor continua a história. Com está a Aldinha? Há imenso tempo que não a vejo. Estive a fazer umas contas rápidas e ele já foi minha professora há 45 anos e já não era nova. Quantos anos terá hoje?.

Era giro fazer-se a história do colégio, com a genelaogia dos alunos e professores... Não queres pegar nisso?

Um beijinho

João

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RE: Évora - Escola Infantil Imaculada Conceição

#104014 | RCR | 28 out 2005 09:12 | Em resposta a: #103953

João

Não tenho como continuar a história. A Aldinha deu-nos uma fotocópia da notícia que estava ligeiramente "cortada".

A Aldinha está óptima, com os seus 80 anos. Está igual, por incrivel que pareça.

Seria realmente engraçado fazer-se a história do colégio. Tratas da lista de subscritores?

(!)
Estou a brincar. Mas fiquei a pensar nisso.
Bjs
Rita

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RE: Évora - Escola Infantil Imaculada Conceição

#104027 | JCC | 28 out 2005 15:10 | Em resposta a: #104014

Rita

Vamos a isso. Podemos fazÊ-lo ameias, era capaz de dar uma artigo giro para ma revista da especialidade.

Fazes ideia quem terá as listas de alunos? Depois e´bastante mais fácil pois, como sabes, os parentes são mais que muitos e as genealogias são quase sempre as mesmas...

Bjs

João

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RE: Évora - Escola Infantil Imaculada Conceição

#104119 | RCR | 30 out 2005 08:29 | Em resposta a: #104027

Querido João

Teria o maior prazer em trabalhar contigo.
As listas de alunos, a haver, estarão ou com a Aldinha ou com a irmã da Maria do Céu (mãe da Rita e do Nuno, que por sinal está agora a viver em Évora).
É certo que haveria grandes economias de escala - as famílias de Évora naquela altura eram gigantes!
Vou investigar, sem compromisso - actualmente vou pouco a Évora, e sempre cheia de programas - mas talvez consiga "cravar" uma das minhas irmãs. Depois contacto-te para o teu mail.
Bjs
Rita

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RE: Évora - Escola Infantil Imaculada Conceição

#207197 | Zé Alentejano | 04 set 2008 05:25 | Em resposta a: #104119

Fiz todo o antigo 2º Ciclo no Nun'Álvares (anos 60) tendo como companheiros o Pedro Cordovil e os irmãos Câmara Pereira (Nuno, Gonçalo e o menorzinho acho que se chamava David).
O professor que mais me marcou foi o Pe. José Luiz Barroco, que também era o responsável pela Secretaria e que fazia plantão no Jornal A Defesa como Editor (ou Redactor)
Alguém sabe alguma coisa dele?
Imagino que se estiver vivo deva estar com uns 80, 85 anos.
Obrigado e um abraço.

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RE: Évora - Escola Infantil Imaculada Conceição

#207212 | JCC | 04 set 2008 12:08 | Em resposta a: #207197

Caro Zé Alentejano

O Pedro Cordovil, meu primo é monge Caruxo, em Espanha. Os manos Camara Pereira penso que saberá pelos jornais e revistas (já agora o mais novo, que refere, não seria o Vasco?).

O P. Barroco faleceu há alguns anos.

Cumprimentos

João Cordovil Cardoso

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RE: Évora - Escola Infantil Imaculada Conceição

#207324 | Zé Alentejano | 05 set 2008 04:39 | Em resposta a: #207212

Caro João,
Realmente confundi o nome do Vasco mas ele era miúdo e eu convivia pouco com ele (o que marcou com ele era a pena que eu sentia porque a roupa velha do Nuno era passada para o Gonçalo, e a destes dois para o Vasco... rss). Quanto aos outros dois sei que estão bem. Estive com o Nuno em São Paulo em 87 na Livraria Marconi por ocasião do lançamento do primeiro DVD dele no Brasil e depois em Lisboa, quando passei o todo o ano de 2000 lá.
Lamento pelo Pe.Barroco (uma "figura" preciosa). E pelo meu amigo e seu primo Pedro que merecia melhor sorte... (brincando... rss).
Obrigado pela atenção de ter-me prestado estas informações.
Um abraço e felicidades.
José Manuel Vinagre

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RE: Évora - Escola Infantil Imaculada Conceição

#207325 | Zé Alentejano | 05 set 2008 04:40 | Em resposta a: #207212

Caro João
Esqueci de comentar que eu também fui aluno do Colégio da D.Maria do Céu por 2 anos (pré-primário).
Um abraço - Zé Alentejano

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RE: Évora - Escola Infantil Imaculada Conceição

#207366 | JCC | 05 set 2008 15:32 | Em resposta a: #207324

Caro José Manuel Vinagre

Bons tempos esses em que éramos ensinados a poupar e partilhar... Hoje é cada um a quere a marca mais cara! E não creio que tivéssemos ficados diminuidos por usar as roupas dos nossos irmãos ou primos mais velhos.

Já agora:
Este seu Vinagre não será Cordeiro Vinagre?

Abraço

João Cordovil Cardoso

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RE: Évora - Escola Infantil Imaculada Conceição

#207423 | Zé Alentejano | 05 set 2008 22:31 | Em resposta a: #207366

Quase... Cordeiro (rss), mas na verdade sou Couceiro, bisneto de Paiva Couceiro.
E você, João, tem razão. Foram óptimos tempos.
Até hoje mantenho hábitos de economia que me foram ensinados pelos meus pais como não desperdiçar (especialmente comida), desligar o interruptor do ambiente que estiver deixando, etc.
Hoje as coisas são e estão diferentes, até porque aquela foi uma época em que tanto os nossos pais quanto os nossos professores, familiares, amigos e vizinhos ainda "sentiam" as dificuldades e as limitações que lhes foram impostas pela 2ª Grande Guerra.
Um abraço e até um dia.
José

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