Um "Gayo" para o séc. XXI - Genea Portugal
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Um "Gayo" para o séc. XXI - Genea Portugal
Caros amigos,
Com o título em epígrafe, e da autoria de João José Cordovil Fernandes Cardoso, foi publicado um artigo no último número da prestigiada revista "Raízes e Memórias", órgão da Associação Portuguesa de Genealogia.
O artigo descreve em linhas gerais o âmbito e a forma do Genea Portugal, abordando de forma mais detalhada o "Fórum" e a "Livraria".
Acrescenta ainda três "Sugestões de Melhoria", duas delas relacionadas com o conceito de Família (que na base de dados do Genea se confunde com a partilha de um apelido), e uma relacionada com a óbvia dificuldade dos donos do projecto para "terem mãos a medir" com o volume de tudo o que lhes é solicitado.
A respeito deste último ponto, tenho constatado que alguns frequentadores se têm publicamente disponibilizado a ajudar os proprietários do Genea, nomeadamente na gestão da base de dados. Da eficácia desse tipo de colaboração existe um bom exemplo em França: refiro-me à base de dados Roglo, que actualmente contém 1.413.933 pessoas, na qual os dados são introduzidos e actualizados por um grupo de colaboradores, eles próprios investigadores e amadores de genealogia.
É curioso que, tal como em muitas outras circunstâncias da vida, há afinal muita gente pronta para dar, mas há também muita gente que não quer ou não sabe receber.
Com os melhores cumprimentos,
Pedro Girão
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RE: Um "Gayo" para o séc. XXI - Genea Portugal
Caro Pedro Girão,
Penso que a sua intervenção tem toda a pertinência e actualidade, tendo eu por diversas vezes discutido esta problemática entre amigos, sem ainda ter chegado a conclusões definitivas por não ser de solução fácil.
Embora seja apenas um amador de genealogia, arrisco a dar um pequeno contributo para o tema.
Assim, deixando de parte a hipótese de algum amante da Genealogia, suficientemente carola e rico para oferecer esse projecto à Comunidade, penso que um Gayo electrónico para o século XXI só poderá aparecer por três vias:
1- Pela via 'Oficial / Estatal' (Torre do Tombo, Arquivos e Universidades) na sequência de algum projecto aprovado com apoio da CEE no âmbito das tão propaladas novas tecnologias.
2- Pela via 'Privada' (como tenta fazer o Site Genea) baseado numa estrutura empresarial, em que os recursos vêm da publicidade, comissões de vendas, taxas de acesso ao serviços, etc.
3- Pela via 'Associativa' (como tenta fazer o Site dos amigos de Roglo), sem fins lucrativos, com taxação dos associados conforme as categorias e que pode ser complementada com outros rescursos (publicidade, etc.).
Qualquer das via, com as suas vantagens e inconvenientes, poderia em princípio atingir o tal objectivo, embora eu pessoalmente pudesse achar mais interessante a última via pela possibilidade de participação mais activa.
De qualquer forma, penso que a principal dificuldade, comum a todos eles, é o da introdução, validação e aceitação dos dados pela Comunidade.
Com efeito, embora os dados e entroncamentos das gerações mais recentes baseados em registos não levantassem muitos problemas (nomeadamente com a disponibilidade dos registos pela Net, como indico noutra mensagem), já os dados mais antigos dificilmente seriam aceites universalmente, como comprovam os diferentes nobiliários, as intervenções apaixonadas e os melindres de que o Genea e outros fóruns são uma montra.
Deixo pois aberta à discussão, esta última questão prévia, para ver se chegamos a alguma conclusão, que depois as outras dificuldades parecem mais simples de resolver.
Com os melhores cumprimentos,
Ângelo da Fonseca
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Dificuldade de aceitação dos dados
Caro Ângelo da Fonseca,
Obrigado pela sua resposta. Parece-me particularmente interessante a sua reflexão acerca da dificuldade que possa haver na aceitação dos dados, ou seja, na ausência de consensos acerca de determinadas ligações genealógicas nas gerações mais antigas.
Respondo-lhe com uma questão: o que entender por "antigas"? Estaremos a falar de tudo o que seja anterior aos "assentos paroquiais"? É que, meu caro, eu já me daria por muito satisfeito se houvesse uma base impecável e inatacável da época paroquial... (digamos, para simplificar, desde o início do séc. XVII). Nessa "base de dados ideal", a fonte citada poderia ser absolutamente verificável, do tipo "fregª X..., Lv. ..., fl. ..."
Note que ao dizer isto estou a suprimir as vozes que digam que os paroquiais têm erros, que muitos dos párocos eram pouco mais do que ignorantes, etc., mas uma coisa é certa: se entrarmos na discussão do que é verdade e do que é mentira, nada se fará, porque muitas vezes há meias-verdades e meias-mentiras, ainda que sejam supostamente oficiais e comprovadas, não é assim?
Uma base de dados é sempre um conjunto de muitíssimas contribuições (bibliográficas ou "esporádicas"), por vezes contraditórias, implicando esforços de conciliação e implicando necessariamente juízos e decisões. O caminho não é, portanto, fácil. Qual é a alternativa? Deixar cada um dizer "a sua verdade"? Desistir de qualquer projecto unificador?
Com os melhores cumprimentos,
Pedro Girão
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RE: Um "Gayo" para o séc. XXI - Genea Portugal
Caro Pedro Girão
Muito obrigado por esta referência e este meu pequeno contributo para a divulgação do Genea que, na minha opinião, merece bastante mais do que aquela meia dúzia de palavras.
Cumprimentos
João Cordovil Cardoso
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RE: Dificuldade de aceitação dos dados
Caro Pedro Girão,
Estou de acordo consigo!
Acho que o problema de algumas genealogias, "pós-tridentinas", é que tem que ter referência obrigatória da folha e do livro paroquial onde se encontra o assento e nas "pré-tridentinas" a referência á fonte de onde se foi tirar a informação!
Esta regra devia ser seguida por todos, pois quando ás vezes vamos conferir uma informação, num livro paroquial ou noutra fonte escrita de uma data referida num livro qualquer, temos uma desilusão:não está lá!
Não devemos desistir de um projecto unificador mas ele têm que ser baseado pelo menos na "verdade documental"
Com os melhores cumprimentos
José António Reis
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RE: Um "Gayo" para o séc. XXI - Genea Portugal
Caro Pedro Girão
Meus cumprimentos.
Eis um propósito levantado pelo seu tópico que me confirma na minha opinião sobre portais como a Genea. Permita-me exprimi-la.
A exemplo do que foram os trabalhos dos consagrados genealogistas do passado, e hoje de alguns outros na actualidade, embora que poucos, não poderá haver um outro Gayo XXI, enquanto interesses comerciais possam sem confundidos com objectivos genealógicos. Os compromissos e os conflitos de interesses são evidentes, e por isso mesmo, a colaboração tão desejada a que refere não será nunca um incentivo suficiente nem uma garantia da fidelidade dos membros.
A meu ver, só uma estrutura de tipo associativo composta de membros devidamente acreditados e imputáveis a uma cota, seja ela elevada, poderá garantir o nível de credibilidade e de pessoal suficientes para operar uma grande soma de dados que deverão ser idealmente et préviamente confirmados ou obedecer a regras estritas de lançamento.
Não esqueçamos a este respeito, o problema de exactidão dos nossos próprios dados lançados neste portal, que actualmente, e no caso de muitos, são recuperados e transcritos com erros incompreensíveis, que perduram, mesmo após vários pedidos de correcção. Note-se que nem mesmo a base de dados «Roglo» aqui referida, garante a exactidão dos dados nela transcritos.
É a natureza mesmo deste tipo de produto; e é que nos leva finalmente a optar paralelamente pela construção de sites pessoais, verificáveis, corrigíveis e melhoráveis por sugestão de terceiros, mas sempre sob o controlo do seu autor, e não o contrário. Por outro lado, dados de interesse geral (histórico e social) encontrarão sim, plena justificação em sites como a Genea, e naturalmente contra uma retribuição de serviços, pois que melhor e mais facilmente controláveis no tempo e na qualidade pelos seus próprios detentores.
Cordialmente,
Victor M. Pinheiro
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Associações, Roglo e credibilidade
Caro Victor Pinheiro:
Uma estrutura do tipo associativo, diz-nos - concordo inteiramente. Essa era aliás uma as 3 soluções preconizadas pelo nosso amigo Ângelo da Fonseca na sua intervenção de ontem neste tópico. Entre outras, essa solução tem a vantagem de poder ser "implantada" numa solução do tipo privado pré-existente, como seja o caso do Genea. Voltando ao exemplo da base francesa Roglo, é um pouco isso do que se trata: a associação "Les amis de Roglo", formada por genealogistas de créditos reconhecidos, desenvolveu o trabalho inicial do Daniel de Rauglaudre, que continua a ser ainda o "proprietário" (ignoro muitos dos detalhes desta estrutura).
Já que falamos da Roglo, concordo inteiramente consigo quanto à possível inexactidão dos dados que apresenta. Tem a óbvia vantagem de em cada página aparecer uma "Fonte" que nos diz a fonte exacta ou, em alternativa, nos indica o nome do membro da associação que assume o responsabilidade do que é dito nessa página.
No fundo, é muito isso que está em causa, seja na Internet como num Livro: na ausência de dados incontroversos, e mesmo na sua existência, a assinatura do autor credibiliza mais ou menos o que é dito. Esse "julgamento" público da credibilidade de cada um de nós só se torna definitiva e estável a longo prazo, mas é inexorável - e que melhor exemplo para isto do que o próprio Felgueiras Gaio, permanentemente crucificado pela sua falta de credibilidade?...
Numa palavra: se se quiser credibilizar um trabalho da dimensão da base de dados do Genea, uma associação de genealogistas credíveis parece-me a melhor solução - mas não nos podemos esquecer de que estamos a falar de algo que não nos pertence!
Com os melhores cumprimentos,
Pedro Girão
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RE: Dificuldade de aceitação dos dados
Caro José António Reis,
Diz você muito bem: a referência é o cerne da questão! Há muitos exemplos na base de dados do Genea em que a referência apresentada é do género "NFP-vol. III-pg. 290 (Cardosos)", o que está perfeito quanto à fonte de informação; infelizmente, nunca aparece a referência paroquial, e já me aconteceu várias vezes detectar que não existe tal nascimento em tal paróquia nem em tal data (nem perto disso!).
Há um outro problema: nesta base, há referências que muito simplesmente não existem nem podem existir ("vão no Batalha", diríamos nós por cá!). É o que acontece quando os administradores resolvem copiar grandes quantidades de informação que recolheram "online" noutros "sites" - sou testemunha da existência de um caso recente. Não sei se está a ver: aí, não há referência bibliográfica nem paroquial que nos valha, e trata-se da forma mais perigosa de alargar uma base, uma vez que se candidata a repetir erros alheios. Para esse perigo já nos alertava Camilo Castelo Branco, com a sua sabedoria mordaz: "A Genealogia é uma ciência muto cómoda, porque basta mentir uma vez"...
Um abraço,
Pedro Girão
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RE: Associações, Roglo e credibilidade
Caro Pedro Girão
Teria apreciado trocar mais algumas opiniões sobre o assunto mas é-me impossível fazê-lo de imediato. Encontro-me neste momento em preparativos de viagem e durante os próximos dias ficarei ausente da net. Mas quero desde já dizer-lhe que existe um organismo nacional relativamente recente, associado ao ANTT, de estrutura semelhante à que abordamos e que possivelmente já conhece; ver 3wpontoaattpontoorg.
Procurarei saber um destes dias a sua opinião sobre o dito.
Cordiais saudações
Victor M.Pinheiro
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RE: Bases de dados genealógicas
Caro Pedro Girão,
Tenho seguido as intervenções com agrado, mas só volto aqui espaçadamente para não monopolizar e dar tempo a que apareçam mais ideias sobre a temática.
Tenho achado interessantes as várias questões entretanto levantadas por si e outros confrades, mas, mais que uma resposta, venho agora tentar dar mais uma achega ao tema que levantei da introdução, validação e aceitação dos dados genealógicos.
Assim, antes do mais, parece-me importante distingir três tipos básicos de informação com relevo para a Genealogia em geral e portanto também para a criação de um Gaio Electrónico, a saber:
1- Paroquiais, Certidões e outros documentos que atestem inequivocamente o nascimento/baptismo, casamento/relação e morte/enterro de indivíduos.
2- Inquirições (de génere, Santo Ofício, etc.), Mercês, Títulos/Morgados/Senhorios, CBA's, Nomeações (militares e civis), Doc. Notariais (Testamentos, etc.), Jornais e todas as restantes fontes de informação que complementem o conhecimento do ponto anterior (por vezes substituí-lo na ausência dele), que permitam fazer as biografias, a estabelecer as relações familiares, etc.
3- Genealogias em Nobiliários, Livros, Estudos, Teses, Trabalhos, Documentos de família, e todas as restantes fontes credíveis com levantamentos genealógicos de famílias, apelidos, zonas, épocas, etc.
Voltando ao Gayo Electrónico do séc. XXI (englobando as genealogias do sec. XVII em diante), qualquer que seja a sua modalidade, penso que, previamente ao seu arranque, deveria ser constituída, de modo independente, uma base de dados Nacional com o tipo de informação no ponto 1), eventualmente extendida a parte da informação do tipo 2) numa 2ª fase.
A informação teria de ser devidamente tratada por técnicos reconhecidos e aceite como a fonte prioritária da Genealogia e deste modo, no futuro, qualquer pessoa entrada no tal 'Gayo Electrónico' deveria ter nas fontes, prioritariamente, um link para a referida base de dados.
Isto resolveria uma parte dos problemas da introdução, validação e aceitação dos dados genealógicos, e penso que a tecnologia actual permitiria fazê-lo, aliás os primeiros passos estão a caminho (http://genealogia.netopia.pt/forum/msg.php?id=115042).
Sem este passo, acho muito difícil qualquer construção dum Gayo do séc. XXI, nomeadamente, querendo tratar as genealogias recentes.
Por agora fico-me por aqui, mas brevemente voltarei para continuar sobre a construção do Gayo Electrónico, propriamente dito.
Cumprimentos,
Ângelo da Fonseca
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RE: Um "Gayo" para o séc. XXI - Genea Portugal
Caro Pedro Girão,
A génese do site de Daniel de Rauglaudre - a cujo nascimento assistimos - é muito diferente da do nosso e essa é, desde logo, uma diferença essencial.
Daniel de Rauglaudre é o engenheiro informático criador do site e não um genealogista, como ele incansavelmente informa para que não haja dúvidas. Mantem o site alojado no servidor do INRIA onde ele próprio trabalha e não é ele que introduz os dados mas, como também refere, uma "equipa". Vasta, aliás. Ultrapassa neste momento uma centena de pessoas. Com o risco de exagerarmos, qualquer pessoa se pode habilitar a inserir dados no site. Mais recentemente, em 2003, foi criada a Associação de Amigos do Roglo essencialmente com os mesmos objectivos com que em 2002 criámos o Clube Guarda-Mor que evoluiu depois para a navegação por Níveis.
O Genea Portugal é um projecto diferente, com objectivos diferentes. Desde logo, e exactamente ao contrário do Daniel de Rauglaudre, os proprietários do site são genealogistas e recorreram a um informático para a concepção do site, de acordo com as directrizes que lhe transmitiram. E com o apoio desse mesmo informático o têm regularmente adaptado às necessidades impostas pelo seu crescimento. Daniel de Rauglaudre, enquanto informático, precisou do apoio de genealogistas para se desenvolver.
Enquanto genealogistas que somos, o Genea Portugal é uma obra que queremos desenvolver por nós próprios sem nos sentirmos pressionados ou forçados a partilhar com outros autores a responsabilidade deste trabalho. Atitude que tomaríamos da mesma maneira se, em vez de termos optado pela suporte "netiano", tivéssemos decidido a divulgação pelos meios meios tradicionais, ou seja, a publicação em livros, revistas, fascículos, etc. É uma escolha nossa. Asseguramos com isso uma maior uniformidade na base de dados e acautelamos melhor, na nossa perspectiva, a credibilidade da informação que disponbilizamos. E apesar da nossa base de dados crescer todos os dias em quantidade de informação disponibilizada - leia-se, oferecida, dada - "há também muita gente que não quer ou não sabe receber." É exactamente essa a sensação que temos ao ler muitas intervenções que passam por este nosso Forum.
O site arrancou há 5 anos, na altura com 20.000 registos de pessoas. Ultrapassou, no fim do ano passado, os 500.000, colocando o Genea como 2º maior site de Genealogia na net. Mas nem por isso parece satisfazer alguns dos nossos visitantes, sempre mais e mais exigentes, insatisfeitos com os resultados alcançados.
Tal como a Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira levou 60 anos a alcançar os 60 volumes que agora estão disponíveis ou o "Carrafa" - com os 88 volumes que não foram terminados por força da morte dos autores e estão agora a ser continuados por outros autores que, ao ritmo que a vida lhes permite, vão lançando novos volumes, também a obra que aqui estamos a desenvolver vai crescendo todos os dias, não podendo nunca considerar-se terminada pela própria natureza da Ciência que aborda. Terão os autores daqueles dois trabalhados recebido as mesmas "reclamações"? Terão aqueles dois projectos recebido ofertas de colaboração para acelerarem ou anteciparem a sua publicação? Receberiam os seus autores, a todo o momento, doutas opiniões sobre como as suas obras deveriam ser redigidas, divulgadas, anotadas, geridas?
Não temos nem pretendemos ter o monopólio da Genealogia na net. Mais: disponbilizámos software e espaço no nosso servidor para quem pretenda pôr on line as suas genealogias próprias, fazendo-o facilmente, sem necessitar de passar pelas "dificuldades" de criação de uma página web. Além, pois, da nossa página pessoal que é o Genea Portugal, mais de duas centenas de outras páginas de Genealogia têm sido criadas pelos seus respectivos autores, contando com o nosso apoio e as ferramentas que disponibilizamos mas sem qualquer interferência nossa nos respectivos conteúdos ou juizos de valor sobre a credibilidade dos dados aí divulgados.
Em todas as nossas páginas pomos à disposição um link que permite transmitirem-nos sugestões de correcções. Ao criá-lo, pretendíamos que fosse utilizado para a efectiva correcção de erros detectados ou para a comunicação de actualizações. Essa funcionalidade foi, no entanto, subvertida: muito raramente é utilizada para aqueles dois objectivos e, com honrosas excepções, tem sobretudo servido para nos serem transmitidos dados que constam de trabalhos publicados - e, portanto, ao nosso alcance - procurando impôr o desenvolvimento da transcrição de outras obras que não as que tínhamos como prioritárias no início do site. Curiosamente, as reclamações de atrasos na edição dessas "correcções" partem sempre de quem já dispõe da informação publicada, que pretende ver no site, e não de quem a não tem e gostaria de poder aceder a ela (que é afinal, em última análise, o nosso "público" alvo), pretendendo por esta forma transformar-nos em depósito ou em editores de genealogias alheias. Acrescentaremos apenas que, apesar dessa "subversão", as sugestões de correcções que recebemos até hoje vão sendo por nós analisadas, têm sido divulgadas, sendo irrisória a percentagem que faltará editar relativamente ao que já está disponível.
Relativamente ao artigo do nosso amigo João Cordovil Cardoso: o Nobiliário de Felgueiras Gayo - que está praticamente transportado para a nossa base de dados - tem tido no Genea Portugal, enquanto "laboratório de Genealogia", a possibilidade de ser anotado e corrigido, confrontando-o com outras fontes, com o fruto de investigações mais recentes. Pela preocupação que temos tido em atribuir datas prováveis de nascimento, tem também sido possivel detectar diversos anacronismos, não poucas vezes com intervalos de 2 ou 3 centenas de anos entre o pai e o filho que é atribuído nesse indiscutívelmente monumental trabalho de Genealogia redigido há cerca de 200 anos sem acesso aos instrumentos de comunicação que existem nos dias de hoje.
Quanto ao título "Um "Gayo" para o séc. XXI" este também se justificará pelo facto de a informação contida nos 12 volumes do famoso Nobiliário já estar praticamente toda disponibilizada no nosso site. Mas também porque a grande maioria das linhas familiares que aí são tratadas está desenvolvida até à actualidade. Porque muitos erros detectados foram corrigidos. Porque muitas descendências não desenvolvidas naquele trabalho foram aqui incluídas e acrescentadas. E também porque, além do "Gayo" - ele próprio uma compilação de inúmeras genealogias da responsabilidade de outros autores, que Manuel Felgueiras Gayo analisou, transcreveu, criticou, ou rectificou, também no Genea temos recolhido, analisado, criticado e divulgado informação contida em centenas de outras obras entretanto publicadas, que alarga substancialmente o universo de pessoas e famílias estudadas. E tal como Felgueiras Gayo incluíu investigação da sua lavra, também nós aqui disponibilizarmos permanentemente os resultados das nossas próprias investigações e essas, completamente inéditas.
A referência que JCC faz ao conceito de Família "que na base de dados do Genea se confunde com a partilha de um apelido", tem uma justificação: em 2000, por altura do acordo com a PT para o alojamento do nosso site enquanto Portal de Geenalogia do Sapo, existia em simultâneo um Portal da PT no Brasil, onde o Genea era também o Canal de Genealogia. "Apelido", no Brasil, tem um significado completamente diferente do que tem em Portugal. O termo Família, latu sensu, resolvia plenamente a questão. Está no senso comum que, por exemplo em Portugal, os milhões de Silvas que existem não se consideram todos primos entre si e, naturalmente, o trabalho que dá o título a este tópico se chamou "Nobiliário das Famílias de Portugal" e, ao longo daquelas páginas, muitas são as famílias que partilham um mesmo apelido sem que existam ou se conheçam quaisquer vínculos familiares entre si. Deveria ter-lhe chamado Nobiliários dos Apelidos de Portugal?
Concluindo: por um lado a dimensão que o site alcançou e, por outro, a interactividade que permitimos - seja através do Forum, seja através das sugestões de correcções, - tem gerado nalgumas mentes a ideia de que o Genea Portugal é uma espécie de "património de todos" - o que nos sensibiliza - não se coibindo alguns, também, de utilizar o espaço que disponibilizamos para desferir contra nós todo tipo de ataques - o que naturalmente nos desilude e desagrada. Disso mesmo é testemunho este tópico. Na sua segunda intervenção, reforçando e insistindo na pouca credibilidade que nos reconhece, termina acrescentando que "não nos podemos esquecer de que estamos a falar de algo que não nos pertence". E esse é o ponto essencial que importa não perder de vista: o Genea Portugal é um projecto nosso, concebido de raiz por nós e por nós mantido. É assim que tem sido desde o início e é assim que pretendemos que continue a ser. Registamos as generosas ofertas de colaboração. Se as declinamos, não pretendemos sequer ser especialmente originais nem diferentes de todos os outros autores de Genealogia que, aceitando e agradecendo informações que lhes enviem e enriqueçam os seus trabalhos, nem por isso se dispõem a partilhar com outros os trabalhos a que decidiram dedicar-se. Não deixando, evidentemente, de noticiar e particularizar contributos específicos e consistentes de trabalhos cedidos por amigos do Genea, como, ao longo destes cinco anos, foram casos de tantos autores que consideramos.
Para terminar e já sem grandes ilusões, vamos esperando que, tal como escreve na sua intervenção, haja cada vez menos gente que não saiba receber o muito que aqui já démos e tencionamos continuar a dar.
Cumprimentos,
Luis Amaral
Marcos Soromenho Santos
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RE: Um "Gayo" para o séc. XXI - Genea Portugal
Caros Luis Amaral e Marcos Soromenho Santos,
Muito obrigado pela vossa intervenção. O meu único "protesto" desta vez é: com uma intervenção tão clara, praticamente "fecham-me" um tópico onde se anunciava uma boa e saudável troca de impressões!
Só não concordo com a vossa expressão acerca da pouca credibilidade que vos reconheço... Seria estranho que fosse essa a minha opinião considerando o que, dentro das minhas limitações, procuro fazer para a melhoria dos dados constantes na base. Não envio sugestões de correcções para sítios que não sejam credíveis!
Em tudo podemos ver diferentes níveis de discussão, e neste tópico é também assim: os casos concretos são sempre pretexto para discussões mais genéricas (como estava a ser o caso), assim como falar dos outros (de vós, neste caso) é sempre um modo diferente de falar acerca de nós próprios.
Com os melhores cumprimentos,
Pedro Girão
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RE: Um "Gayo" para o séc. XXI - Genea Portugal
Meus caros Luis e Marcos (e demais confrades)
Acho oportuna a vossa intervenção e, pela minha parte, constato terem compreendido a razão do título que dei ao meu trabalho, ao contrário de alguns dos que aqui escreveram
De facto, ao usar a palavra "Gayo" pretendi sublinhar o facto de o Genea Portugal ser um acervo enorme de informação (tal qual o "Nobiliário" o foi nos seus tempos), de ter informação recolhida pelos autores e também proveniente de outras fontes e de usar a teconolgia disponível (a escrita, então, a Net, hoje).
E, claro, a existência de alguns erros (lol, lol).
E, já agora, a talhe de foice, não posso deixar de referir que, apesar de o Roglo ser aqui referido e muito elogiado, e não menosprezando o seu valor, numa pequena pesquisa que fiz sobre a minha família, logo detectei um erro. Aparece um João Esteves quando o seu nome verdadeiro é José Estevão.
Com este detalhe apenas quero realçar que erros existem em toda a parte e só os não comete quem nunca fez investigação.
Um abraço
João Cordovil Cardoso
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