Lista dos membros da Maçonaria de Lagos em 1823
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Lista dos membros da Maçonaria de Lagos em 1823
Caros colegas:
Pelo seu interesse para investigações genealógicas, deixo aqui a transcrição do "Extracto da copia do quadro da R. L.: Philantropia ao Or.: de Lagos N.º 2600, remettida á Correcção de Lagos pela Intendencia Geral da Policia". Esta lista reporta-se à devassa efectuada em 1823 contra os maçónicos de Lagos, e encontra-se na p. 403 da "Monografia de Lagos", de Manuel João Paulo Rocha.
A ortografia e as abreviaturas vão conforme consta da referida obra. Nos casos em que o original tem aspas indica-se entre parêntesis o significado.
Numeros, Nomes (Maç.º. / Prof.º.), Graus, Dignidades e Officios da L.º., Empregos Civis, Residencias.
2601, Guilherme Telle, MANOEL BERNARDO CHABI, 7, -, Coronel Governador de, Lagos.
2602, Publicula, JOSÉ ANTONIO FERREIRA BRAK LAMY, 7, -, Desembargador e Ouvidor das, Alagoas.
2603, Melchiades, MATHEUS ANTONIO PEREIRA DA SILVA, 7, 2.º. Vig.º., Juiz de fóra de, Lagos.
2604, Catão, JOÃO BAPTISTA DA SILVA LOPES, 7, Secret.º., Proprietario, » (Lagos).
2605, Annibal, RODRIGO VITO PEREIRA DA SILVA, 7, Ven..º., Coronel d'infantaria n.º 2, » (Lagos).
2606, Pompeu, PEDRO MASCARENHAS, 4, Arq.º. Dc.º., Tenente-Coronel Reformado, Faro.
2607, Francklim, JOAQUIM ANTONIO VALINHO, 3, » (Arq.º. Dc.º.), Cónego da Sé de, » (Faro).
2608, Asmódeo, ANTONIO CORRÊA DE MENDONÇA PESSANHA, 3, Chanc.º. Arq.º., Guarda-mór de Saude de, Lagos.
2609, Tito, JOÃO JOSÉ ANTUNES GAIVÃO, 3, » (Chanc.º. Arq.º.), Coronel aggregado de milicias de, » (Lagos).
2610, Nevton, JOÃO ROSENDO DE MENDONÇA PESSANHA, 3, » (Chanc.º. Arq.º.), Tenente-Coronel Graduado d'infantaria n.º 2, » (Lagos).
2611, Pithagoras, PEDRO ALEXANDRE PEREIRA DA SILVA, 3, G.ª. Int.º., Major Graduado d'infantaria n.º 14, Tavira.
2612, Fabricio, MANOEL GOMES XAVIER, 3, G.ª. Ext.º., Alferes d'infantaria n.º 14, » (Tavira).
2613, Graccho, D. BARTHOLOMEU SALAZAR MOSCOSO, 3, » (G.ª. Ext.º.), Major Graduado d'infantaria n.º 2, Lagos.
2614, Sertorio, JOSÉ QUINTINO DIAS, 3, 2.º Exp.º., Tenente d'infantaria n.º 2, » (Lagos).
2615, Bruto, FRANCISCO CORRÊA DE MENDONÇA PESSANHA, 3, 1.º Vig.º., Major de Milicias de, » (Lagos).
2616, Washinton, JOSÉ BENTO DE BARAHONA FRAGOSO, 3, M.º. de Cer.º., Deão da Sé de, Faro.
2617, Esculapio, FRANCISCO MANOEL DA CRUZ, 3, » (M.º. de Cer.º.), Medico, » (Faro).
2618, Caligula, JERONYMO JOSÉ CARNEIRO, 3, » (M.º. de Cer.º.), Deputado em Côrtes, Lisboa.
2619, Eli, JOSÉ PEDRO DA SILVA GONÇALVES REIS, 3, Thez.º., Prior da, Villa do Bispo.
2620, Viriato, JOAQUIM NEVES, 3, Ter.º., Tenente de milicias de, Lagos.
2621, Numa, D. NICOLAU MORAL, 3, Hosp.º., Medico, » (Lagos).
2622, Lysanias, JOSÉ D'ABREU MACHADO, 3, Orad.º., Juiz de fóra de, Tavira.
2623, Alcibiades, MANOEL JOSÉ PEIXOTO, 3, 1.º Exp.º., Corregedor de, Lagos.
2624, Scipião, JOSÉ FRANCISCO DA COSTA, 1, » (1.º Exp.º.), Alferes d'infantaria n.º 14, Tavira.
2625, Solon, MANOEL MASCARENHAS ZUZARTE LOBO, 1, » (1.º Exp.º.), Proprietario, Lagos.
2626, Leonidas, MANOEL ALEXANDRE TRAVASSOS, 1, » (1.º Exp.º.), Ajudante d'infantaria n.º 14, Tavira.
2627, Galeno, PAULO JOSÉ DE BARROS, 1, » (1.º Exp.º.), Cirurgião-mór d'infantaria n.º 14, » (Tavira).
2628, Cornelio, FRANCISCO JOAQUIM NOGUEIRA MIMOSO, 1, » (1.º Exp.º.), Pagador d'infantaria n.º 14, » (Tavira).
2629, Aurelio, FR. VICENTE DE LIRA, 1, » (1.º Exp.º.), Prior do Convento da Graça, » (Tavira).
2630, Aquilles, JOAQUIM JOSÉ JORDÃO, 1, » (1.º Exp.º.), Cirurgião-mór d'infantaria n.º 2, Lagos.
Tenho informações adicionais sobre alguns deles, que passo a indicar.
JOÃO BAPTISTA DA SILVA LOPES (2604) - autor da "Corografia do Reino do Algarve", e da "História do Cativeiro dos Presos de Estado na Torre de S. Julião da Barra", onde esteve preso entre 1828 e 1833 por ter sido acusado na devassa contra os apoiantes da causa liberal no Algarve.
JOSÉ QUINTINO DIAS (2614) - General. Filho de José Quintino Dias e de D. Teresa Dionísia Mascarenhas. Foi agraciado com o título de Barão de Monte Brasil. A sua irmã D. Maria do Carmo Quintino casou em 1806 com o Alferes Jaques de Oliveira Travassos, irmão de Manuel Alexandre Travassos, abaixo.
MANUEL ALEXANDRE TRAVASSOS (2626) - Brigadeiro. Nasceu em 3 de Fevereiro de 1796 em Santa Maria, Tavira. Filho do Brigadeiro Alexandre Magno de Oliveira e de D. Rosa Caetana Travassos.
FRANCISCO JOAQUIM NOGUEIRA MIMOSO (2828) - Capitão. Nasceu cerca de 1780 em Castro Marim. Filho do Sargento-Mor Manuel Nogueira Mimoso e de D. Luísa Teresa Mascarenhas de Figueiredo. Casou em 1805 com D. Maria Máxima do Paço. Acusado na devassa contra os apoiantes da causa liberal do Algarve, foi preso em S. Julião da Barra onde veio a falecer em 17 de Setembro de 1832 após quatro anos de cativeiro.
Espero que estas informações sejam úteis.
Rui Pereira
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RE: Lista dos membros da Maçonaria de Lagos em 1823
Caro Rui,
como posso saber se um avó meu pertenceu a uma casa maçonica?
um abraço
André Mergulhão O
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RE: Lista dos membros da Maçonaria de Lagos em 1823
O melhor é dirigir-se pessoalmente a uma dessas casas, bata à porta ou toque à campainha, e faça a pergunta directamente.
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RE: Lista dos membros da Maçonaria de Lagos em 1823
Meu caro,
como é que eu posso saber onde são essas casas maçonicas??
mto agradecido
André
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RE: Lista dos membros da Maçonaria de Lagos em 1823
Caro André Mergulhão O:
Pode consultar as obras de A. H. de Oliveira Marques "Dicionário de Maçonaria portuguesa" (2 volumes) e "História da Maçonaria em Portugal" (vários volumes), onde encontrará os nomes de muitas centenas de membros da Maçonaria em Portugal ao longo dos últimos séculos. Se o seu avô pertenceu à Maçonaria é possível que o seu nome aí apareça.
Cumprimentos,
Rui Pereira
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RE: Lista dos membros da Maçonaria de Lagos em 1823
Mto agradecido pela informação!!
E já agora...sabe alguma coisa sobre a legião Portuguesa?
Desde ja agradeço
André M.O
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RE: Lista dos membros da Maçonaria de Lagos em 1823
Caro André Mergulhão O:
Relativamente à Legião Portuguesa não o posso ajudar. Mas verifiquei que, como habitualmente sucede neste Fórum, já obteve informação de conhecedores do assunto.
Cumprimentos,
Rui Pereira
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RE: Lista dos membros da Maçonaria de Lagos em 1823
Olá, complementando as curiosidades, em relação a Maçonaria portuguesa...
Segundo diz o dr. José de Arriaga na Historia da revolução portuguesa de 1820, foi à ilha da Madeira uma das primeiras terras de Portugal em que a maçonaria encontrou mais favorável acolhimento. Em 1770, havia já uma loja maçônica na Madeira, da qual faziam parte Aires de Ornelas Frasão, Francisco de Alincourt e Bartolomeu Andrieux, segundo se vê de um oficio dirigido pelo Governador João Antonio de Sá Pereira ao marquês de Pombal em 3 de Dezembro desse ano, e em 14 de Abril de 1792 queixava-se o Governador D. Diogo Forjaz Coutinho a Martinho de Melo e Castro de que o francês João José de Orquiny tinha estabelecido uma loja maçônica nesta ilha, pertencendo a maior parte dos associados ás classes da nobreza e do clero.
Os referidos Frasão, Alincourt e Andrieux foram presos em 1770 como pedreiros livres, por ordem do Governador, sendo o primeiro remetido para Lisboa, mas vê-se de um documento madeirense que o Marquês de Pombal não só mandou soltar o segundo destes maçons, como o restituiu ao cargo que desempenhava de sargento-mor engenheiro, o que faz crer que outro tanto sucedesse aos outros dois presos.
Quanto ao francês Orquiny, era grão-comendador do Grande Oriente da França, e conseguiu ser nomeado pelo governo de D. Maria I para estudar a flora madeirense e o seu valor terapêutico. Chegou á Madeira em 1789, mas do que ele cuidou desde logo foi de transplantar para esta ilha as instituições, maçônicas francesas, o que conseguiu facilmente, não sendo igualmente feliz em Lisboa, para onde partiu em 1792, pois que ai a policia descobriu os seus desígnios, prendeu-o nos cárceres da Inquisição e expulsou-o depois para o estrangeiro.
Os maçons madeirenses sofreram em 1792 uma grande perseguição. Mal o bispo D. José da Costa Tôrres teve conhecimento de que se havia constituído uma loja maçônica no Funchal, e que dela faziam parte o juiz de fora, o corregedor, vários eclesiásticos, muitos filhos de casas nobres, homens de letras, etc., instou com o inquisidor geral, diz o dr José de Arriaga, «para que este publicasse um edital contra os pedreiros livres e convidando; os cidadãos da ilha a denunciar perante a inquisição todos aqueles que soubessem pertencer á maldita seita, que tinha pacto com Satanás e era excomungada. O edital não se fez esperar e apareceu naquele ano. Houve pânico geral, porque já uma grande parte da ilha pertencia á maçonaria, e o edital ia com efeito causar graves perturbações no seio das famílias e ser origem de acontecimentos desastrosos».
«Imediatamente se seguiram as prisões, continua o mesmo autor. O vigário geral, o juiz dos resíduos e o visitador do bispado foram demitidos dos seus lugares e suspensos de pregar e confessar, podendo no entanto dizer missa. Muitos vigários foram presos em suas freguesias e metidos em processo, outros foram suspensos de pregar e confessar fora da sua jurisdição; os capelães da Sé foram depostos das suas capellanias, os curas dos seus curatos, e muitos eclesiásticos suspensos de pregar e confessar em todo o bispado, sendo notados de heresia e incursos na excomunhão».
Muitos maçons, entre os quais diferentes oficiais militares e funcionários públicos, fugiram da Madeira por essa ocasião, tendo alguns deles seguido para os Estados Unidos da América, acompanhados de suas famílias, onde foram bem recebidos.
O Governo pôs termo, por considerá-la impolitica, á perseguição movida contra os maçons, e em 23 de Junho de 1792 chegou á ilha o perdão para todos os membros das sociedades secretas, devendo estes abjurar das heresias de que eram acusados. O bispo recusou-se a reintegrar os sacerdotes por ele demitidos ou suspensos, mas estes recorreram para a Coroa, que lhes deu provimento.
O poeta madeirense Francisco Álvares de Nóbrega e o deão da Sé do Funchal, João Francisco Lopes Rocha, padeceram bastante por ocasião da referida perseguição, tendo este ultimo dirigido uma carta ao ministro José de Seabra da Silva, datada de 16 de Outubro de 1793, em que amargamente se queixava do Bispo por lhe manter a suspensão do exercício de seus ofícios sacerdotais e dos respectivos vencimentos, com manifesta violação das leis portuguesas e das expressas determinações do governo da Rainha. Esta carta, publicada muitos anos depois no tomo III do Campeão Português em Londres, é documento importante para o estudo das instituições maçônicas na Madeira.
O Bispo D. José da Costa Tôrres foi 4 anos depois da perseguição, em 22 de Tunho de 1796, transferido para o bispado de Elvas, e, diz um manuscrito da época, citado pelo Dr. Azevedo, «sahiu (da ilha da Madeira) na noite de 6 de Outubro de 1796, sem se despedir de pessoa alguma, nem do S. S.mo Sacramento: e thé gora ignora-se o motivo deste afetado embarque de noite, e por portas travessas». D. Diogo Pereira Forjaz Coutinho só deixou de ser capitão-general das ilhas da Madeira e Porto Santo quando faleceu em 30 de Março de 1798.
Diz o Dr. Álvaro Rodrigues de Azevedo no artigo Madeira, publicado no Dicionário Universal Português, que tudo faz crer que o impulso maçônico nesta ilha foi de origem francesa, e que, se o Marquês de Pombal, e, depois, os ministros de D. Maria I não quiseram contrariá-lo abertamente, é porque viram nele o meio de contrabalançar o absorvente predomínio dos mercadores britânicos. Se foi êste, porém, o intento dos aludidos ministros, êle malogrou-se, pois que a ocupação inglêsa e a protecção concedida mais tarde por varios individuos da mesma nacionalidade aos liberais madeirenses, criou entre estes o partido britanico, que, como diz o mesmo erudito investigador, só pouco a pouco se desfez, por efeito da queda do govêrno de D. Miguel, em 1834.
A maçonaria reorganizou-se enquanto a Madeira esteve ocupada por tropas britanicas (1801 a 1802 e 1807 a 1814), datando provavelmente dessa epoca a fundação da loja Unido, da qual sairam as lojas Constancia e Fidelidade, estabelecidas durante o periodo liberal. Agostinho de Ornelas foi o primeiro veneravel dessa loja, e tanto ela como as suas filiais parece que estiveram subordinadas ao Grande-Oriente de Lisboa, ou, pelo menos, trabalbaram de acôrdo com êle, enquanto o pais se regeu por instituições liberais.
A alçada que o govêrno absoluto mandou á Madeira em 1823 dispersou os mações e condenou muitos deles a degrêdo, mas já em 1825 havia aqui uma sociedade secreta denominada dos Jardineiros, organizada por bacharéis e estudantes da Universidade. Vê-se de um antigo documento que em 1824 os mações se reuniam em casa do inglês Gran, que era também pedreiro livre.
A constituição maçonica foi impressa na tipografia do Patriota Funchalense em Janeiro de 1823, e entre os mações condenados pela alçada que veio á Madeira nesse ano, avultam o Dr. Nicolau Caetano Pita, redactor daquele jornal, o Dr. Francisco de Assis Saldanha,juiz de fora, o Padre Gregorio Nazianzeno Medina e Vasconcelos e o Padre Tomé João Pestana Homem de El-Rey, vigario do Campanario.
A maçonaria, diz o Dr. Alvaro Rodrigues de Azevedo no Diccionario Universal Portugues, resurgiu robusta em 1826, tendo á sua frente João do Carvalhal, mas os acontecimentos politicos de 1828, a alçada que neste ano veiu á Madeira, a pronuncia de 216 e a prisão de 101 liberais e mações, os degredos e prisões a que estes foram condenados, a emigração e o homisio dos não presos, o terror dos cadafalsos em que tantos portugueses foram mortos e emfim os cinco anos de sanguinario despotismo do govêrno de D. Miguel, dizimaram e dispersaram a maçonaria madeirense, assim como, por causas identicas, a do continente do reino o havia sido.
«Quando em 5 de Junho de 1834 as instituições liberais foram estabelecidas na Madeira, poucos mações aqui existiam; consta, porem, que ainda assim duas lojas se levantaram, mas já longe do antigo espirito de unidade maçonica; não verdadeiras lojas, senão clubes facciosos, e que, porisso, em pouco foram absorvidos pelos clubes partidarios propriamente ditos, prevalecendo a todos o celebre Club do Carmo, onde suas armas estrearam os já agora falecidos caudilhos politicos madeirenses da geração anterior á que principiou na vida militante pelos anos de 1846 e 1847».
Em 1843, não existia nenhuma loja maçonica na Madeira, e assim se mantiveram as cousas até 11 de Março de 1872, em que alguns homens estranhos á politica, dirigidos pelo tenente-coronel reformado José Paulo Vieira, instalaram no Funchal a loja capitular Liberdade, da qual foi primeiro veneravel o dito tenente-coronel.
A 16 de Abril de 1873 instalou-se no Funchal a loja Trabalho, a 23 de Maio de 1877 a loja União Liberal e a 13 de Abril de 1878 a loja Cinco de Junho, mas estas três lojas fundiram-se pouco depois de 1880, ficando existindo desde então uma unica loja com a denomição de Trabalho, que teve curta duração.
A maçonaria madeirense montou em 1872 uma tipografia, na qual publicou primeiro a Madeira Liberal e depois o Oriente do Funchal, sendo esta fôlha continuação daquela, e se as lojas «não fossem abandonadas, dizia em 1882, o Dr. Azevedo, abandonadas por quem tinha o imperioso dever de dar-lhes conselho, direcção, força, seriam hoje gloria da Maçonaria Portuguesa».
Além da loja capitular Liberdade, de que falámos atrás, existem hoje (1921) no Funchal a loja Trabalho, o Gremio 5 de Outubro, a Britannic Lodge e a loJa Patria Portuguesa, tendo a primeira destas associações maçonicas sido fundada em Junho de 1901, a segunda em 13 de Outubro de 1911, a terceira em 29 de Dezembro de 1913 e a última em 12 de Janeiro de 1916. A loja Revoluçao e Progresso, fundada em 1899, durou apenas 6 ou 7 meses, e a loja Britanica, criada, segundo cremos, em Junho de 1908, foi substituída pela Britannic Lodge, cujos obreiros são na quasi totalidade inglêses e obedecem ao Grande Oriente da Inglaterra.
Tal é, em resumo, o que tem sido a maçonaria madeirense desde a fundação da primeira loja, nos fins do terceiro quartel do século XVIII, até a actualidade (1921). Sendo os seus fins identicos aos da maçonaria portuguesa, um dos artigos do seu programa é pôr em obra os principios avançados, e porisso teve de sofrer grandes perseguições e vexames antes de conquistar as liberdades que de há muito desfruta na nossa ilha.
Carlos Eduardo Monteiro de Barros
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