Gil Eanes -Navegador

Este tópico está classificado nas salas: Pessoas | Famílias

Gil Eanes -Navegador

#137169 | JoãoGaspar | 13 dez 2006 19:21

Caros Confrades,

Gostaria de saber se existe algum estudo sobre a genealogia de Gil Eanes e seus familiares, Ascendentes e descendentes.

"Navegador Português, escudeiro do Infante D. Henrique, que pela primeira vez passou além do Cabo Bojador, dissipando o terror supersticioso que este promontório inspirava e iniciando assim a época dos grandes Descobrimentos (1434)."


Desde ja agradeço qualquer ajuda,

Cumprimentos

João Paulo

Resposta

Link directo:

Gil Eanes -Navegador

#137175 | Lourval | 13 dez 2006 20:10 | Em resposta a: #137169

Caro João Paulo,
Na Torre do Tombo on line há vários documentos de um Gil Eanes da Costa ou Gil Anes da Costa. Seria Gil Eanes e Gil Eanes da Costa a mesma pessoa?
Cumprimentos
Lourval

Resposta

Link directo:

RE: Gil Eanes -Navegador

#137180 | JoãoGaspar | 13 dez 2006 20:48 | Em resposta a: #137175

Caro Lourval,

Ja investiguei no TT on-line, mas não creio ser o mesmo.
Acho estranho que uma personagem tão importante dos Descobrimentos Portugueses seja simplesmente invisivel não acha?

Cumprimentos

João

Resposta

Link directo:

RE: Gil Eanes -Navegador

#137214 | loureiro | 14 dez 2006 10:14 | Em resposta a: #137169

Caro João Paulo

Creio que Gil Eanes é natural de Lagos.

Cumprimentos

José de Castro Canelas

Resposta

Link directo:

RE: Gil Eanes -Navegador

#137228 | feraguiar98 | 14 dez 2006 12:26 | Em resposta a: #137169

Caro João Paulo,

Pouco ou nada se sabe de Gil Eanes.
Familiarmente, Eanes é patronímico de João e nada diz. Também nada me lembro de ter visto sobre casamento e/ou descendência.

A historiografia oficial fá-lo de Lagos, onde teria vivido e tinha negócios(?!). Teria, a mando do Infante D. Henrique, efectuado uma 1ª viagem numa barca mas não passara das Canárias. Em 1334 dobra o Bojador. Depois de um decénio de silência, em 1444 acompanha Afonso Baldaia e é o porta-bandeira da batalha que se travou mas, logo regressa alegando a proximidade do inverno e a fragilidade do seu navio. Teria sido escudeiro do Infante D. Henrique que depois o acrescentara a cavaleiro e o "agasalhara" muito bem.

Seria absolutamente necessário consultar a documentação existente para confirmar a sua situação de escudeiro e depois cavaleiro da casa de D. Henrique e verificar as datas dos documentos para confirmar esta versão oficial. Isto porque a fonte é a Crónica dos Feitos da Guiné, de Zurara que, pessoalmente, não me inspira confiança.

Abro um parêntesis para alertar que, entre outros, Luís de Albuquerque seguiu Zurara mas que, não o tendo lido neste particular, não sei se com reticências. Este parêntesis destina-se a tentar evitar alguma reacção furiosa dos "compères" de outros tópicos que correm.

A minha falta de confiança deve-se a algumas circunstâncias insólitas em relação ao que julgo saber.

No início - descontando a plantação do pinhal de Leiria por D. Dinis e a contratação do almirante Pessanha que alguns vêem já como preparação dos descobrimentos - as navegações com alguma continuidade ou mesmo obedecendo já a um plano, devem-se ao Infante D. Pedro. De facto, foi este que, gozando da grande confiança de seu Pai D. João I - que lhe concedeu cartas de crédito ilimitadas sobre banqueiros italianos com que adquiriu e encomendou mapas que sumariavam o conhecimento de então - e depois de seu Irmão D. Duarte - que, além dos muitos que já tinha como Duque de Coimbra, lhe concedeu praticamente todos os senhorios marítimos da costa portuguesa, com únicas excepções dos que pertenciam à Ordem de Santiago e a Castro Marim, da Ordem de Cristo - e com os seus rendimentos do ducado de Coimbra, fomentou e impulsionou as navegações. Nesse tempo. o Infante D. Henrique, uma apagada e secundária figura, com muito menos importância real que o Infante D. João que apesar de mais novo era Mestre de Santiago e Condestável do Reino, era contra a política de navegações ou, pelo menos, apenas se manifestava a favor das campanhas no Norte de África, de funestas consequências a diversos títulos.

Entretanto, a Ordem de Cristo, toda ela com senhorios interiores, com a excepção de Castro Marim de onde se praticava navegação Mediterrânica sobretudo com galés, era alheia às navegações pois não tinha nem pilotos nem carpinteiros navais habilitados para navios de mar aberto. Esses, com predominância dos de Buarcos e de toda a costa até Ílhavo e reforçados por contratados oriundos do Golfo da Gasconha, estavam no Ducado de Coimbra e na Ordem de Santiago. É certo que o Infante D. Henrique foi especialmente sensível ao lucro que a captura de escravos podia proporcionar - terá sido um dos argumentos de D. Pedro para evitar a oposição do irmão - e apadrinhou até expedições particulares como a de Baldaia mas daí a aparelhar navios com gente da sua Casa, poderia ter ocorrido mas pouco e nunca sistematicamente.

Assim o dobrar do Bojador em 1334 por um Gil Eanes de Lagos e escudeiro de D. Henrique, parece um bocado insólito. Nem quero acreditar que a especial missão de dobrar o Bojador pudesse ser cometida a um piloto que não tivesse larga experiência de navegação atlântica.

Sabe-se que as navegações abrandaram muito no final da década de 30 - correspondendo ao difícil externa e internamente período do final do reinado de D. Duarte, tendo depois acelerado - eu diria vertiginosamente - na década de 40, correspondendo exactamente aos 9 anos da regência de D. Pedro.
Após a morte de D. Pedro em Alfarrobeira, foram então cometidas à Ordem de Cristo e e logo se reduziram até ao extremo de terem sido entregues a um particular - um Fernandes de ascendência hebraica - com a obrigação de descobrir umas tantas milhas de costa todos os anos. Os rendimentos da Ordem de Cristo seriam então para outros fins ... Esta situação só se alteraria quando D. Afonso V entrega a responsabilidade das navegações a D. João, futuro D. João II, e lhe confirma os senhorios do extinto ducado de Coimbra.

A seguir a Alfarrobeira, a memória de D. Pedro é literalmente apagada da história de Portugal - só muito recentemente se começa timidamente a recuperá-la - chegando-se ao cúmulo de todas pedras de armas das suas casas terem sido picadas e destruídas. Muito mais tarde, a mesma alta nobreza que combatera e matara D. Pedro, chefiada pelos Braganças, conspira em Castela contra D. João II e este acaba envenenado. D. Manuel, uma criança impreparada e da família que conspirara contra D. João II sobe ao trono e dá-se nova tentativa de apagamento de memória, desta vez de D. João II. Rui de Pina é censurado, chegou a ser preso, desapareceram crónicas de que hoje apenas se sabe terem existido por referências indirectas, e Zurara, já no tempo de D. Manuel, torna-se o cronista "oficial" de D. Henrique. Assim se cria uma das mais conseguidas fraudes históricas de todos os tempos: "Prince Henry, the Navigator".
Já vê que tenho fortes razões para desconfiar da versão oficial de Gil Eanes de Lagos.

Pelos motivos do parênteis anterior, acrescento ainda que o prof. Luís Albuquerque não perfilhou nada disto e, com algumas cautelas, manteve-se fiel á historiografia oficial e cujo "Gabinete Real de Censura" tem sido desempenhada pela Comissão dos Descobrimentos. É claro que discordo, neste particular de Albuquerque e acho que, de duas uma, ou não teve interesse ou não teve grandes qualidades para interpretar este tipo de factos, o que é bem possível porque, sendo uma pessoa simples e, creio, intrinsecamente boa, estaria alheio à maldade inerente às lutas pelo poder. Mas, independentemente da sua posição, independentemente do que possa ter querido ou defendido, é ele o principal responsável por esta revisão da historiografia. Como aliás, todas as pessoas inteligentes e sensíveis - Sophia Mello Breyner, por exemplo - que se debruçam sobre este período, era já admirador de D. Pedro mas foi ele com a sua rigorosa e científica investigação no campo da cartografia, com as precisas datações, quem mais contribuíu para que hoje se possa afirmar quando foram as navegações impulsionadas e quando foram negligenciadas.

Cumprimentos,
Fernando Aguiar

Resposta

Link directo:

RE: Gil Eanes -Navegador

#137236 | JoãoGaspar | 14 dez 2006 13:33 | Em resposta a: #137228

Caro Fernando Aguiar,

Muito obrigado pela sua resposta e visão sobre este assunto.
Eu concordo consigo e acho muito estranho varios acontecimentos da época, tal como é o caso de Gil Eanes ou o mais comentado Mistério de Cristovão Colon.
Quando o confrade diz 1334 quer na realidade dizer 1434,sim?
Este caso torna-se mais estranho quando tento entender uns Eanes que tenho na vila de Alhos Vedros.
Sei que Dom Afonso 1º Duque de Bragança , morava na Vila de Alhos Vedros, onde o seu pai se refugia após a morte da Rainha, e onde os seus meios irmãos vão pedir ordem a seu pai para a tomada de Ceuta.
O condestavel Dom Nuno Alvares Pereira tinha vinculos em todo o Antigo Concelho do Ribatejo, que era composto pelas Vilas de Alcochete, Alhos Vedros, Lavradio, Aldeia Galega até Palmela.
Ora a mãe de Dom Afonso chamava-se Inês Pires, filha de Pero Esteves e Maria Eanes. Na mesma Vila de Alhos Vedros e do seculo XIV encontra-se o Panteão da Familia Casal e Pereiras de Alcochete, instituido por Sancho Pires (?).
No seculo XV encontro varias gerações de Escrivões de apelido Eanes na Vila de Alhos Vedros, começando por um Gonçalo Eanes, depois um Pedro Eanes e depois Gil Eanes (?)
Depois tenho uns sobrinhos do Condestavel ,( netos da sua irmã Dona Inês Pereira casada com Pedro Afonso do Casal) um deles chamado Manuel Pereira ,Filho de Afonso Alvares Pereira, e neto paterno de Fernão Alvares Pereira e de sua mulher Branca Eanes, e neto materno do Cavaleiro Vasco Eanes Maio.(?)

Não sei se estou a conseguir esplicar-me nas minhas duvidas, mas gostaria de saber se é somente uma coincidencia na mesma Vila cruzarem-se tantos Eanes e Pires ligados às familias do Mestre de Avis e dos Pereiras filhos do Prior do Crato, ( duas Ordens Avis e Hospitalares) em terras da Ordem de Santiago ?

Cumprimentos

João Paulo

PS: desculpe as minhas confusões.

Resposta

Link directo:

RE: Gil Eanes -Navegador

#137242 | feraguiar98 | 14 dez 2006 14:08 | Em resposta a: #137228

Errata:

1. Onde está 1334 ler 1434;

2. As duas referências a Baldaia, são bem a Lançarote, almoxarife em Lagos. Com Afonso Baldaia navegara no ano seguinte a dobrar o Bojador e teriam percorrido 50 léguas de costa (valor que parece muito exegerado). Nada encontraram de interesse a não ser vestígios (cabanas abandonadas e pegadas de camelos, possível indício de caravanas) no entanto este magríssimo resultado é apresentado por Zurara como fortemente motivador para D. Henrique.

3. Não é apenas a documentação henriquina que deve ser consultada mas uma rigorosa análise crítica à mesma. Gil Eanes, coexistiriam vários dada a vulgaridade dos nomes e o próprio Zurara refere também outro; não seria assim impossível - não digo que seja - que tivesse havido um escudeiro Gil Eanes e que, tivesse sido acrescentado a cavaleiro para ou porque foi porta-bandeira na batalha de 1444. O que dobrou o Bojador poderia ter sido outro e nada ter tido a ver com Lagos.

Cumprimentos,
Fernando Aguiar

Resposta

Link directo:

RE: Gil Eanes -Navegador

#137245 | josemariaferreira | 14 dez 2006 15:21 | Em resposta a: #137228

Caro Fernando Aguiar

Assim se cria uma das mais conseguidas fraudes históricas de todos os tempos: "Prince Henry, the Navigator".


Parabéns pela sua originalidade.
Por vezes é preciso uma pedrada no charco!

Disso é sintomático, que o mesmo Infante D. Henrique apesar de ter desenvolvido a agricultura na Madeira e Açores, não haja uma única prova que o mesmo tenha estado alguma vez naquelas Ilhas. Sabe-se por outro lado que acompanhava à distancia as culturas que então aí se introduziam e que era um excelente e inovador agricultor ou melhor empresário agrícola, onde não faltaria obviamente a pecuária que ele também desenvolveu não só no Alentejo, como a expandiu às Ilhas onde mandou que se soltassem rebanhos de ovelhas e outros animais, com vista à exploração pecuária daquelas mesmas Ilhas. Os pastores do Infante D. Henrique eram tão numerosos que houve necessidade de legislar sobre os seus privilégios.
Quem lhe pôs aquele chapéu e o meteu a navegar de certeza que não percebia nada da arte do mar, pois o vento não lhe consentiria tal chapéu e as trajes em caso de naufrágio o afundariam no mar!!!

Cumprimentos

Zé Maria

Ah!, já me esquecia, também tinha rebanhos nas terras em que Vasco Martins Moniz era comendador.

Resposta

Link directo:

RE: Gil Eanes -Navegador

#137262 | feraguiar98 | 14 dez 2006 17:25 | Em resposta a: #137236

Caro João Paulo,

Repare que está a lidar com patronímicos de nomes muito vulgares: Pero, João e Gil (Gil é nome e também patronímico do mesmo). Nessa época o uso dos patronímicos já não era rigoroso e estes ainda não estavam consolidados como apelidos. As hipóteses eram assim demasiadas.
A não ser com uma inusitada sorte documental, dificilmente poderá concluir seja o que for.

Cumprimentos,
Fernando Aguiar

Resposta

Link directo:

RE: Gil Eanes -Navegador

#137270 | feraguiar98 | 14 dez 2006 19:15 | Em resposta a: #137245

Caro Zé Maria,

A única coisa de original que posso ter - e nem isso garanto - é o estilo.
O conteúdo está publicado em livros e nem sei se acessível na NET, particularmente alguma da muita coisa do prof. Pinheiro Marques.

O que acontece neste regime em que vivemos é que quase(*) tudo o que não interessa à "comunidade científica" e a outras comunidades difusas, é apenas ignorado: não se critica, não se nega, não se discute, não se noticia. Um muito próximo amigo chama-lhe a técnica do "olvidamento" e garante que é muito mais eficaz do que a censura do dr. Salazar.

Assim de repente, lembro-me, além do citado Pinheiro Marques, um livro do arq. Rui Palma Carlos "Eu fui ao fim de Portugal" um notável livro do prof. Luís Filipe Thomaz (título? ... esta memória de velho!) sobre o problema político de Timor e o livro de Rui Mateus, em tempos responsável pela política internacional do PS em que conta interessantes histórias sobre o processo Melancia - um dos que convenientemente prescreveu - e sobre a empresa criada em Macau que adquiria mercadorias, incluindo armamento para Savimbi.

(*) Como já vi que é sensível a estórias de animais deixo-lhe uma de ratos: garantiu-me um especialista que se eu topar um rato no celeiro, existem asseguradamente mais nove que não se deixaram ver.
Sendo Colombo o caso visível, referi-lhe 4 livros esquecidos; este ano foram afastados por corrupção 14 magistrados; a Judiciária tem vindo a aumentar as quantidades apreendidas de droga, em particular cocaína e sintéticas (ecstasy, etc.). Está a ver?

Cumprimentos,
Fernando Aguiar

Resposta

Link directo:

RE: Gil Eanes -Navegador

#137319 | JoãoGaspar | 15 dez 2006 10:18 | Em resposta a: #137262

Caro Fernando Aguiar,

Mais uma vez obrigado pela sua atenção neste tópico.
Na verdade eu tenho consciencia que o patronimico Eanes e Pires eram bastante comuns na época, dai que a minha esperança fosse um estudo sobre a ascendencia e descendencia de Gil Eanes Navegador.
Quanto ao Infante Dom Henrique, o facto de o conhecermos como o "Navegador" não devemos entender a expressão de modo literal, mas sim como um adjectivo por tal Infante ter patrocinado na realidade varias expedições ultra marinas. Sagres é de facto um lugar mal estudado , entendido e preservado. Pegando na sua estoria do rato, acho que 90% da nossa verdadeira historia esta por ser contada.
Quanto aos enormes rebanhos,como devem os confrades saber, era das tecnicas mais antigas de conquista territorial, desde tempos muito antigos que os Romanos usavam a tecnica dos rebanhos em novos territórios conquistados, resumidamente se um rebanho prospera-se em novas terras queria dizer que as aguas, clima, ares e terras eram boas para o desemvolvimento de uma nova comunidade.
Afinal Dom Henrique era mais um cientista e um bom conhecedor de varias matérias que um vulgar promotor de rebanhos com fins comerciais.

Cumprimentos,

João Paulo

Resposta

Link directo:

RE: Gil Eanes -Navegador

#137327 | feraguiar98 | 15 dez 2006 12:22 | Em resposta a: #137319

Caro João Paulo,

De facto essa técnica dos rebanhos teve vida longa. Não sabia que vinha já dos romanos mas ainda foi utilizada por mais talvez 2 séculos e, designadamente na Ilha da Boa Vista, em Cabo Verde. Agora se o objectico era a avaliação ou mesmo o rendimento, tenho algumas dúvidas.

Quanto a D. Henrique, faça-me a justiça de nunca o ter imaginado literalmente navegador embora essa seja a 1ª imagem adquirida pelos milhões de pessoas de cultura inglesa. Depois, os que estudam melhor, voltam a obter outra imagem incorrecta: "O príncipe que nunca pôs os pés num convés mas que descobriu meio mundo".
Esta última ideia - ignorando as passagens ao norte de África - estuda-se também nos liceus de alguns países árabes.

E também não pretendi dizer que nada teve a ver com as Descobertas nem com navegações. Por tudo o que se sabe dele, era sensível a lucros, ou rendimentos se assim preferir e certamente estaria envolvido nalgum comércio marítimo mediterrânico ou talvez mesmo - como gentilmente me lembraram por e-mail privado a propósito deste tópico - na navegação de cabotagem que já desde o séc. XIV ligava o mediterrâneo ao Báltico tendo Lisboa como ponto (um dos?) central.

O que defendo é que D. Henrique, por circunstâncias políticas que, embora variassem, mantiveram o mesmo efeito até aos nossos dias, foi o beneficiário histórico não só do que tinha feito mas também do que D. Pedro fez e até de parte do que fez D. João II. Mais: que enquanto D. Pedro, por iniciativa voluntária, iniciou as navegações como um política, uma alternativa à política do Norte de África; enquanto D. João II tinha um "plano da Índia" (escrito ou apenas mental mas tinha); D. Henrique, partidário do Norte de África, aceitava as navegações pelo lucro que pudessem gerar e não como um meio de obter resultados grandiosos, nem como missão nem como ideal.

Como igualmente me sugeriram "ficou com a criança nos braços" após Alfarrobeira e fez o que podia nas circunstâncias. Pessoalmente, sou um pouco menos favorável a D. Henrique e preferia dizer que fez o que lhe deixaram e era capaz e que isso era muito pouco. E acho perfeitamente incrível que ele, o parceiro menor do tríptico, tenha ficado uma grande figura da história mundial enquanto D. João II ficou internacionalmente desconhecido e D. Pedro, até o ficou nacionalmente.

Voltando a Gil Eanes, dificilmente poderá ter sorte. Se fosse de facto de Lagos e ligado à casa de D. Henrique e se tivesse tido descendência, quase certamente alguma dela seria conhecida e teria pedido alguma recompensa "pelos serviços de seu pai (ou avô)"; se fosse de algum porto do ducado de Coimbra, tivesse ou não estado em Alfarrobeira, a sua memória perdeu-se.

Cumprimentos,
Fernando Aguiar

Resposta

Link directo:

RE: Gil Eanes -Navegador

#137328 | Mavasc | 15 dez 2006 13:02 | Em resposta a: #137228

Caro Fernando Aguiar

Para variar, concordo consigo. Zurara deve ser lido com reticências, mas é o que temos. Quanto a D. Pedro, o das Sete Partidas, muito há a investigar e, pela minha parte, quero dizer-lhe que é a figura que mais me interessa dentro da chamada "Ínclita Geração", seguida de seu irmão D. João.
E , agora para variar, de novo, e apelando aos seus parêntesis, uma calma reacção da " compère": Luís de Albuquerque, que não era uma pessoa nada simples, mas intrínsecamente boa, fez a tal rigorosa investigação científica no campo da cartografia com as preciosas datações que nos permitem saber quando foram impulsionadas e negligenciadas as navegações. Era matemático e engenheiro geógrafo, e foi nessa base que trabalhou e investigou. Não extravasou o método científico, ao qual dedicou toda a sua vida, investindo por terrenos aventurosos e miríficos que, em nada, se coadunavam com a sua maneira de ser.

Melhores cumprimentos

Maria Benedita

Resposta

Link directo:

RE: Gil Eanes -Navegador

#137332 | JoãoGaspar | 15 dez 2006 13:39 | Em resposta a: #137270

Caro Fernando Aguiar,

Mais uma vez obrigado e terei de dizer que em boa parte concordo consigo. O meu favoritismo vai para o Principe Perefeito Dom João II, e a sua mente brilhante. Mas este por estar envolto num enorme secretismo consciente é uma personagem menos conhecida. Acho que estamos aos poucos a conhecer este grande Monarca. Mas por concordar que Dom Pedro ou Dom João foram grandes do seu tempo na Historia Mundial, não consigo pensar que Dom Henrique era somente um oportonista por ser o unico a colher os lucros da Epopeia Maritima. Acho que foi o rosto mais visivel de uma historia contada com um proposito maior.
Não posso tambem ignorar que foi Grão Mestre da Ordem de Cristo, e que pertencia a outras Ordens Militares como a da Jarreteira e a do Tosão de Ouro fundada pelo seu cunhado o Duque Filipe de Borgonha, ordens estas alem de militares e Cristãs eram tambem centro de estudos e segredos, deslocavam-se entre o mistico e o cientifico, espiões e falsas verdades. Dizem ser um Católico Ferveroso, guerreou no Norte de Africa onde o seu irmão mais novo fica cativo, poderia se facilmente pensar que era movido por um odio irracional contra Muçulmanos e Judeus como os seus parentes os Reis Católicos de Espanha, mas ao mesmo tempo deu lugares de destaque em Sagres a matemáticos , astronomos e outros cientistas de outras religiões que não a Igreja de Roma.
Quanto aos comentarios sobre as roupagens e chapeus de Dom Henrique entendo que os confrades devem estar a brincar, o humor é salutar, mas devo esclarecer para os menos conhecedores que para os retratos oficiais se usavam roupas oficiais, logo duvido que Dom Henrique se vestisse assim todos os dias, e recomendo tambem a verem os retratos oficiais de Dom Afonso V que se apresentava com roupas e chapeus semelhantes aos do seu tio, sabe é que isto das modas não é de todo um fenómeno recente!

Cumprimentos

João Paulo

Resposta

Link directo:

RE: Gil Eanes -Navegador

#137571 | S.João de Rei | 18 dez 2006 11:18 | Em resposta a: #137169

Na Monografia de Lagos, de Manuel João Paulo Rocha, consta Gil Eanes de Vilalobos como natural de Lagos.
É-me agradável pensar que descenderei deste parente Vilalobos. De acordo com a minha primeira quebra de varonia. A partir do casamento dos meus 5º avós, Maria Manuel da Cunha (Azevedo Coutinho) nascida em Mazagão, falecida em Lagos em 1745 e casada com Simão Manuel de VilaLobos. COC, secretário do Governo dos Algarves e Provedor das Almadravas (Pesca de Atum) no próprio Algarve.
Cumprimentos,

José de Azevedo Coutinho

Resposta

Link directo:

Mensagens ordenadas por data.
A hora apresentada corresponde ao fuso GMT. Hora actual: 02 dez 2024, 06:48

Enviar nova mensagem

Por favor, faça login ou registe-se para usar esta funcionalidade

Settings / Definiciones / Definições / Définitions / Definizioni / Definitionen