Colombo, visto pelos coevos
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Colombo, visto pelos coevos
Caros confrades,
perante o avolumar de mensagens no tópico que temos utilizado mais frequentemente nos últimos tempos e como não sou eu o único a queixar-me de perder demasiado tempo para ler todas as mensagens, tomei a iniciativa de abrir este novo tópico. Dei-lhe este nome pois é isso essencialmente que tem sido discutido.
Sugiro que as questões ainda em aberto no tópico "Cristóvão Colon: novos factos e pistas a seguir" transitem para aqui.
cumprimentos
Carlos Calado
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Gallo pôs o Ovo de Colombo
Caros confrades,
publiquei hoje no blog Colombo-o-Novo mais um artigo de análise crítica, de que aqui transcrevo alguns parágrafos.
Um dos pilares da história oficializada do Colombo tecelão genovês é um documento de duas páginas divulgado por Muratori, já no séc. XVIII e incluído numa colectânea de textos, como tendo sido escrito em 1499 por Antonio Gallo, cronista e chanceler do Banco de S. Giorgio em Génova.
Dessas duas páginas sem data, pretensamente um capítulo da obra “Comentariolus”, conserva-se uma cópia (má sina, a dos documentos originais referentes a Colombo) no Arquivo do Estado de Génova, mas sem que alguma vez tenha havido verificação e comprovação científica da sua autenticidade.
O texto completo está publicado no blog Colombo-o-Novo
cumprimentos
Carlos Calado
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Nega para Senarega
Caros confrades,
publiquei hoje no blog Colombo-o-Novo outro artigo de análise crítica, que aqui transcrevo na íntegra, apesar de estar limitado na utilizalão de cores e formatos distintos. para melhor leitura ver o blog "colombo-o-novo.blogspot.com"
NEGA PARA SENAREGA
Na lista de referências coevas que servem de suporte ao Colombo genovês inclui-se mais um cronista conterrâneo daquele tecelão: Bartolomé Senarega, chanceler da República de Génova.
Não é tão conhecido e invocado como Giustiniani ou Gallo, mas também figura na extensiva listagem efectuada por Sanfuentes y Correa em 1918, como sendo uma das testemunhas mais importantes para comprovar que o Almirante descobridor tinha sido o tecelão genovês.
Para Sanfuentes y Correa o testemunho de Senarega apresenta um tríplice valor: primeiro porque era um escritor reconhecido pela sua seriedade, segundo porque também era genovês e contemporâneo de Colombo, terceiro e mais importante porque tinha escutado dos lábios dos Embaixadores da República de Génova, Francisco Marchesio e António Grimaldo, regressados da Corte de Espanha, o relato de que o descobridor era o genovês Colombo.
Atentemos então nos factos e nos relatos
Estes dois Embaixadores regressaram da Corte de Espanha no final de 1493, como também consta na obra “Castigatissimi Annali ... di Genoa”, de Agostino Giustiniani.
Teriam, portanto, tomado conhecimento directo dos relatos sobre a viagem do descobrimento, a primeira viagem do Almirante Colón.
O relato de Senarega, incluído em “De rebus genuensis conmentaria ab anno MCCCCLXXXXVIII usque ad annum MCCCCCXIIII” (ou seja, acontecimentos entre os anos 1498 e 1514), na sua tradução castelhana diz:
«Regressaram por esse tempo (1493) Francisco Marchesio, ilustre jurisconsulto e Juan António Grimaldo, ambos homens eminentes e Embaixadores da Pátria ante os Reis de Espanha, com quem tinham firmado uma paz conveniente. Eles asseguraram como coisa certa o encontro feito pelo genovês Colombo de ilhas não conhecidas.
Os irmãos Cristóvão e Bartolomeu Colombo, genoveses de modesta ascendência e que viviam do comércio da lã…
Bartolomeu, o mais novo, dirigiu-se a Portugal e por fim estabeleceu-se em Lisboa…»
O primeiro aspecto intrigante neste relato é a inclusão de acontecimentos ocorridos em 1493, em crónicas referentes ao período decorrido entre 1498 e 1514. Dá a sensação que qualquer oportunidade servia para tentar divulgar e impor uma teoria. Não sabemos se pelo próprio autor dos “genuensis conmentaria” ou por alguma mãozinha marota.
O segundo aspecto que nos atrai a atenção no relato de Senarega na sua versão original (?) em latim é a utilização de frases praticamente decalcadas (ou vice-versa) dum escrito atribuído a António Gallo, já abordado em artigo anterior.
Senarega:
«Christophorus et Bartholomeus Columbi fratres, Genue plebeiis parentibus orti, et lanificio mercede victitarunt...
Sed Bartolomeus minor natu in Lusitania, demum Ulissipone constitit...»
Gallo ( ??) :
«Christophorus et Bartholomeus Columbi fratres,... ac Genue plebeis orti parentibus, et qui ex lanificii, ..., mercedibus victitarent...
Sed Bartolomeus minor natu in Lusitania, demum Ulissipone constitit...»
Este decalque a papel químico põe-nos perante um dilema: quem copiou quem?
Já vimos anteriormente que aquele capítulo dos Comentariolus de Gallo não foi produzido na data que lhe quiseram atribuir (1499), sendo uma falsificação posterior efectuada umas décadas depois. Admitimos então que o falsário se baseara nas palavras de Senarega. Ficamos agora na dúvida se não se terá tratado de uma falsificação múltipla, afectando obras dos vários autores.
O terceiro aspecto incongruente tem a ver com o próprio conteúdo do relato atribuído aos Embaixadores, onde “asseguram como coisa certa o encontro feito pelo genovês Colombo de ilhas não conhecidas”
Quanto à nacionalidade do descobridor, duas hipóteses se colocam
1) Os Embaixadores tiveram contacto directo com o Almirante Colón, que reconheceram como sendo o tecelão genovês Colombo
2) Os Embaixadores não tiveram contacto directo com Colón e ouviram, ou foi-lhes comunicado oficialmente, em Espanha, que era o tal genovês.
Em qualquer destas duas hipóteses, os Embaixadores teriam chegado a Génova com a grande notícia. Toda a República ficaria a saber, a família do tecelão exultaria, a sua terra natal ficaria mundialmente conhecida. Não faltariam festas e celebrações.
Mas sobre isto, nada consta. Os acontecimentos posteriores mostram que os Colombos de Génova não se identificaram com o Almirante do Mar Oceano. Sobre a sua terra natal, sempre pairaram disputas entre várias localidades, o que demonstra que nenhuma o seria. Nunca se teria mantido o mistério em torno das origens do descobridor se a sua família e a sua terra natal fossem aqueles. Mesmo que, por hipótese, os Embaixadores apenas tivessem ficado a saber que era genovês, sem mais detalhes.
Se fossem os Embaixadores a reconhecê-lo como genovês, então a Corte de Espanha ficaria também a sabê-lo. Mas a sua nacionalidade ficou sempre incógnita nos documentos oficiais da Corte.
Se, por outro lado, fosse a Corte a comunicar aos Embaixadores, ou se estes tivessem ouvido, então é porque já se sabia em Espanha que o Almirante era genovês. Mas nunca se soube! Nunca lhe atribuíram essa nacionalidade.
Quanto à descoberta: “asseguram o encontro de ilhas não conhecidas”
Então mas o Almirante não afirmou que regressara das Índias? Não o sustentou durante o resto da sua vida? Não estavam os Reis de Espanha convencidos de que o navegador chegara às Índias? Não lhe entregaram, vários anos depois, uma mensagem para quando se cruzasse nas Índias com Vasco da Gama?
Como poderiam então, em 1493, os Embaixadores fazer referência à descoberta de ilhas desconhecidas? Porque não disseram que encontrara as Índias?
Senarega poderá ter ouvido o relato dos Embaixadores, mas não ouviu certamente dos lábios dos Embaixadores que o descobridor era genovês nem que tinha encontrado ilhas não conhecidas.
Isso ouviu Senarega já muitos anos mais tarde, quando escreveu a sua crónica, e por isso já sabia que se tratava efectivamente de ilhas desconhecidas, e por isso já ouvira o boato insistentemente propalado de que o descobridor era genovês.
Perante um relato tão fraco, ou talvez seja um copianço, só posso atribuir nota negativa a Senarega.
NEGA para Senarega !
cumprimentos
Carlos Calado
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RE: Nega para Senarega
Caro carlos Calado
Excelente, como é seu timbre. Esmiuçando uma a uma as crónicas e cartas detetam-se as maiores incongruências e incompatibilidades. Nos ultimos anos é assim: caem um a um os pilares da teoria genovesa. O boato do genovês espalhou-se como fogo mas agora cai-lhe forte e feio o rigor.
Quanto a Las Casas deixo-lhe uma dica. Investigue o que pensava Pidal dele ;)
Em breve faço a transcriçao.
PMarinho
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RE: Colombo, visto pelos coevos
Caro Carlos Calado,
Quer Senarega quer os autores do documento Assereto estavam convencidos que Espanha era uma nação. Para Senarega, Fernando e Isabel eram "Reis de Espanha" e para o autor do documento Assereto, CC era "Almirante de Espanha". Para se vingarem, os cronistas portugueses inventaram outra nação, a Itália, de onde vinham os "yitalianos".
Cumprimentos,
Francisco
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RE: Nega para Senarega
Caro Carlos Calado,
Isto é o tal caso de "armas de destruição em massa" alguém decidiu que esta seria a história a ser escrita e começou a escrever-la.
A seguir todos os genoveses do mundo escreveram relatos e boatos aos quatro ventos afirmando, confimrmando e aceitando um "Colombo Genovês Laneiro".
Depois todos os outros reinos não tendo nem os factos verdadeiros, nem meios de corraborar os boatos, nem razões para suspeitar dos boatos foram na mesma linha.
Só depois da burla estar bem plantada é que se começa a ver as falhas e as afirmações sem base.
Igual ás "armas de destruição em massa" só depois do perjiizo estar feito é que se pode ver o erro.
Cpts,
Manuel Rosa
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Laneiro Navegador RE: Colombo, visto
Caros Confrades,
O mais interessante de tudo é que os factos verdadeiros têm o poder de negar essas crónicas de um "plebeu tecelão".
1- Colon não era um plebeu qualquer mas um homem muito culto e instruido
2- Colon não era um Laneiro mas um dos maiores dos navegadores e pilotos do seu tempo
3- Estava casado em 1479 com uma dama membro de Santiago
4- Nenhum cronista refere-se á vida Portuguesa do Almirante (censura?)
Cpts.
Manuel Rosa
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Casamentos de Capitães
Caros Confrades,
(Transcrevo de novo aqui a minha mensagem para não termos que seguir o outro tópico)
Como provámos no livro "O Mistério Colombo Revelado", Filipa Moniz não poderia casar sem autorização do Mestre de Santiago sende esse mesmo D. João II porque ela era uma membro de Santiago.
A não ser membro de Santiago teria restrições em se casar com qualquer pessoa por não somente ser uma nobre mas ser filha de um Capitão do reino o que requeria a intervenção de D. Afonso V.
Quem não entendeu que a classe nobre tiha restrições e que os casamentos eram alianças de poder tal como recompensas feitas pelos reis é que aceitou a fantasia de um plebeu qualquer se casar com Filipa Moniz. Foi uma história escrit ano ar sem base na verdade.
Uma ilustração disto é que o seu filho, D. Diego Colon, não casou com quem ele queria casar em Castela. Tanto ele, como seu pai, como o pai da noiva escolhida foram negados o casamento pelo rei D. Fernando de Castela.
E D. Diego Colon foi FORÇADO a casar com aquela noiva que o rei escolheu para ele, D. Maria de Toledo y Rojas, neta do 1º duque de Alba.
MAS a noiva escolhida pelo pai, D. Cristóvão Colon, pelo ele, D. Diego Colon, e pelo desejoso sogro, Juan Alonso de Guzman, 3º duque de Medina Sidonia, era filha desse mais poderoso homem em Castela: D. Mécia de Guzman .
Cristóvão Colon alertava o filho para desistir das negociações com o rei dizendo:
"En lo de tu casamiento, si Sus Altezas te fablan o mandan a fablar, responde que yo suplico a Sus Altezas que manden que esté suspenso hasta que Nuestro Señor me traya."
Depois o Duque de Medina Sidónia tambºem tentou intervenir sem resultados:
"Hayer el señor Duque enbló por mi mujer e le dixo cómo avía supido que el Rey, nuestro Señor, quería casar allá al señor don Diego y mostrava mucho enojo, y mi mujer le acordó que lo devía serar cuando tenía tiempo, porque agora no stará en manos de Vuestra Señoría si el Rey nuestro Señor lo mandara; y entonzes el señor Duca dixo que faría tanto que lo suyo passería adelante, aunque supiese pedirlo al Rey nuestro. Señor, y a cuantos grandes fusen en la Corte y para esto el señor Duque enbía a'la Corte a Stopiniana ......
Las oraziones que mi muger faze y faze fazer'son tantas, que es cosa de 'no creer, porque ella es toda de corazón de la casa de Niebla y desea antes acá que allá.
.......Relata Bardi, con suficiente detalle, la intervención de su mujer y el disgusto del duque de Medina Sidonia ante las noticiasque llegaban de la Corte y que hacían peligrar el casamiento de su hija, doña Mencía de Guzmán, con el heredero de los Colón
Mas não serviu de nada o Rei casou-o não com a noiva escolhida mas com quem e quiz e D. Mécia de Guzman acabou por ser casada com Pedro Tellez-Giron, 3º conde de Ureña.
http://genealogia.netopia.pt/pessoas/pes_show.php?id=112388
Cpts,
Manuel Rosa
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A Farsa de Bobadilla contra Cristóvão Colon
Caros Confrades,
Para se entender a farsa do Julgamento de Bobadilla contra Colon basta ver o que se passou com o Grande Duarte Pacheco Pereira no reinado de D. João III.
Duarte Pacheco não foi só um grande cosmógrafo que estimou o tamanho do grau equatorial com um erro de só 4% mas foi um dos homens da Junta de D. João II e seu guarda costas junto com Afonso de Albuquerque, Fernão Mascarenhas e Pedro Correia da Cunha o cunhado de Colon.
Em 1519 foi nomeado capitão e governador de São Jorge da Mina pelo Rei D. Manuel I,
Em 1522 veio sob prisão para Portugal por ordem de D. João III, pela "falsa" acusação de contrabando de ouro, embora atualmente ainda não se conheçam os reais motivos de tal decisão do monarca não deixa de ser uma farsa para que este novo rei que assumiu o trono um ano antes podesse conseguir a sua QUEDA e subsititui-lo com um dos seus homens.
Quando libertado por ordem do Rei, recebeu 300 cruzados a título de parte de pagamento por jóias que tinha trazido de São Jorge da Mina e havia confiado à Casa da Mina para serem fundidas.
Como se vê o rei manda-o prender e depois perdou-a-o e paga-lhe 300 cruzados.
Mas o importante estava feito a queda do mito "Grão Pacheco Aquiles" concretizada.
Aplica-se o mesmo padrão á prisão de Colon. Foi prsso a mandado dos reis para destitui-lo do seu poder e libertado e recompensado ao chegar a Castela porque era uma prisão injusta mas serviu o seu propósito.
O Almirante nunca mais se apoderou dos seus territórios.
Cpts,
Manuel Rosa
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RE: Nega para Senarega
Caros Pedro Marinho e Francisco
com algum tempo e um bocadinho de paciência, vamos conseguir algo que parece ficção: viajar no tempo.
Os "coevos", deixam de pertencer ao período de 1500 para ficarem umas décadas (no mínimo) mais novos.
A vingança dos que inventaram os ytalianos serviu bem para a época, mas agora dá-nos água pela barba.
cumprimentos
carlos calado
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RE: Gallo pôs o Ovo de Colombo
Caros confrades,
porque num outro tópico relativo a Colombo voltei a referir este artigo que está publicado no Blog Colombo-o-Novo, decidi, apesar das limitações derivadas da impossibilidade de aqui utilizar diferentes tipos e tamanhos de letra, publicá-lo na íntegra neste tópico.
GALLO PÕS O OVO DE COLOMBO
Um dos pilares da história oficializada do Colombo tecelão genovês é um documento de duas páginas divulgado por Muratori, já no séc. XVIII e incluído numa colectânea de textos, como tendo sido escrito em 1499 por Antonio Gallo, cronista e chanceler do Banco de S. Giorgio em Génova.
Dessas duas páginas sem data, pretensamente um capítulo da obra “Comentariolus”, conserva-se uma cópia (má sina, a dos documentos originais referentes a Colombo) no Arquivo do Estado de Génova, mas sem que alguma vez tenha havido verificação e comprovação científica da sua autenticidade.
Antonio Gallo, sendo chanceler do Banco de S. Giorgio, deveria ser um profundo conhecedor das questões relativas ao Almirante Don Cristobal Colón, pois seria este o Banco onde o Almirante teria (supostamente) ordenado depositar as rendas do seu Morgadio.
Na sua obra “Castigatissimi Annali ... di Genoa”, publicada em 1537, Agostino Giustiniano escreveu: «E Colombo, na sua morte, fez como um bom patriota porque deixou por testamento ao Banco de S. Giorgio a décima parte das suas rendas perpétuas, se bem que o Banco citado (não sei porque razão) não recebeu este legado, nem fez nada para o receber».
Se não fosse já conhecido que esse testamento de Colombo onde se menciona Génova , datado de 1498, é um testamento falso, aqui teríamos mais um forte indício para duvidar da sua autenticidade.
Voltando aos “Comentariolus” de Antonio Gallo, neles se lê:
«Christophorus et Bartholomeus Columbi fratres, natione ligures, ac Genue plebeis orti parentibus, et qui ex lanificii, nam textor pater, carminatores filii aliquando fuerunt, mercedibus victitarent, hoc tempore per totam Europam, audacissimo ausu et in rebus humanis memorabili novitate, in magnam claritudinem evasere....»
Traduzindo para português a partir da versão castelhana obtemos:
«Os irmãos Cristoforo e Bartolomeu Colombo, lígures de nação, nascidos em Génova com origem plebeia, e que viviam do comércio da lã, em que o pai foi tecelão e os filhos, num tempo, cardadores, alcançaram em toda a Europa, nos tempos a que chegámos, uma grande celebridade pela sua coragem e por um descobrimento que será um marco na história da humanidade».
Tem sido geralmente aceite pelos genovistas que este texto atribuído a Antonio Gallo com a data de 1499 terá servido de suporte aos escritos de Agostino Giustiniano e Bartolome Senarega, umas décadas depois.
De facto, uma das frases na obra de Senarega “De rebus genuensis conmentaria ab anno MCCCCLXXXXVIII usque ad annum MCCCCCXIIII”
«Christophorus et Bartholomeus Columbi fratres, Genue plebeiis parentibus orti, et lanificio mercede victitarunt...»
é praticamente retirada daquela frase dos “Comentariolus”.
A autenticidade dos “Comentariolus” de Antonio Gallo é colocada em causa por vários motivos, desde a inexistência de exames comprovativos para a respectiva datação, até ao seu próprio conteúdo, porque Gallo mostra nada saber de Colombo, apesar de se gabar da sua amizade com aquela família.
Há, porém, um aspecto que nos demonstra que, ao contrário do que tem sido defendido pelos genovistas, não foram Giustiniano e Senarega que se basearam em Gallo, mas foi sim o falsificador que forjou o falso excerto do “Comentariolus” de Gallo quem se baseou nos escritos de Giustiniano e Senarega.
É que essas duas páginas soltas do Comentariolus afirmam que os irmãos Cristoforo e Bartolomeu Colombo alcançaram em toda a Europa uma grande celebridade pela sua coragem e por um descobrimento que será um marco na história da humanidade.
Mas, pura e simplesmente, é bem sabido que Bartolomeu Colón / Colombo nunca fez qualquer descobrimento nem alcançou nenhuma celebridade.
O falsificador que forjou o documento baseou-se nos relatos que colocavam Bartolomeu a desenhar mapas em Lisboa, nos relatos do descobrimento que designavam o descobridor por Colombo e lhe atribuíam origem genovesa, e vai daí decidiu, ele próprio, juntá-los na mesma viagem histórica de 1492.
E coitado do irmão Giacomo que não teve direito ao mesmo reconhecimento. A “sua” metamorfose em Don Diego deve ter confundido o “amigo íntimo” da família, a ponto de este não o identificar...
Tal como o episódio do Ovo de Colombo se passou com outro personagem, assim um qualquer falsário atribuíu a Gallo um relato que este não fez.
As duas páginas soltas do “Comentariolus” de 1499 são mentirosas.
É caso para dizer que este Gallo pôs o Ovo de Colombo!
cumprimentos
Carlos Calado
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