A estrutura do Y ADN/DNA português

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A estrutura do Y ADN/DNA português

#199596 | Ricardo de Oliveira | 07 jun 2008 14:28

A estrutura do Y ADN/DNA português em sua distribuição por haplogrupos em duas amostras diferentes:

1 - Y-chromosome Lineages from Portugal, Madeira and Acores Record Elements of Sephardim and Berber Ancestry

Rita Gonçalves et al.

Annals of Human Genetics, Vol. 69, No. 4. (July 2005), pp. 443-454.

Total de indivíduos testados = 553

A (M91) – 3 – 0,5%
C (M216) – 2 – 0,3%
E1 (M33) – 5 – 0,9%
E3a (M2) – 1 – 0,18%
E3b* (M35) - 8 – 1,44%
E3b1 (M78) – 26 – 4,7%
E3b2 (M81) – 30 – 5,4%
E3b3 (M123) – 4 – 0,7%
E3b3a (M123) – 5 – 0,9%
E3b (todos acima) - 73 – 13,2%
F* (M89) - 2 – 0,3%
G (M201) – 34 – 6,1%
I (M170) – 36 – 6,5%
J* (M304) - 1 – 0,18%
J1 (M267) – 16 – 2,89%
J2 (M172) – 33 - 5,96%
J2f (M67) – 15 – 2,7%
J2 (todos acima) – 8,6%
K2 (M70) - 6 – 1,08%
L (M61) – 2 – 0,3%
N3 (Tat) – 3 – 0,5%
Q (P36) – 1 – 0,18%
R1* (M173) - 7 – 1,2%
R1a (SRY 1532) – 7 – 1,2%
R1b3 (M269) – 304 – 54,97%
R1b3f (SRY2627) – 2 – 0,3%

2 -Projecto do DNA de Portugal fevereiro/março 2008

Total de indivíduos testados = 96

A – 1 – 1,04%
E1 – 1 – 1,04%
E3b – 13 – 13,54%
G – 5 – 5,02%
I – 6 – 6,25%
J1 – 5 – 5,02%
J2 – 11 – 11,45%
K2 – 2 – 2,08%
L – 1 – 1,04%
R1a – 3 – 3,12%
R1b – 48 – 50%

Portugal está feito. Sérgio Pena, o pioneiro da genealogia genética brasileira, declarou que o Brasil é o refúgio da masculinidade portuguesa porque ele calculou a presença de 8 vezes mais cromossomos Y DNA portugueses no Brasil do que em Portugal. Certamente que o Brasil só pode ser conquistado, colonizado e defendido após guerras e desafios, com a contribuição Ameríndia e Africana, responsáveis pela criação do último País Monstro do Planeta, especialmente no mtDNA, distribuído quase em um terço ameríndio, europeu e africano.

Retrato Molecular do Brasil

Agora é tempo de desenvolver e aprofundar os estudos de subgrupos em termos de SNP’s e mais marcadores. A fase inicial das descobertas está concluída.

No conjunto português há dois pequenos grupos muito curiosos e extremamente originais no cenário da Europa Ocidental

Um é o Y DNA J1b M365+ e que eu possivelmente o identifico com a migração de grupos Alanos, acompanhando os Suevos, no Norte de Portugal. Este no movimento demográfico, no século 5, formou o Reino Suevo, o Estado precursor de Portugal. J1b foi descoberto na Anatólia Oriental e na Geórgia apenas, antes de ser detectado em Portugal.

Outro grupo específico é o Y DNA E1 M133+ e que pode ser muito antigo na Península Ibérica, ou ser identificado historicamente com os Almorávidas em suas invasões no século 11. A Península Ibérica e regiões do Mali e Senegal estiveram vinculadas nesses movimentos e no deslocamento de pessoas entre as duas regiões. Foram encontrados haplogrupos europeus em grupos africanos como os Fulbas, talvez mulheres ibéricas trazidas nas ondas Almorávidas ou Almoádas. Estas invasões foram um fator fundamental no nascimento do Estado Português. E1 é encontrado em maiores freqüências no Mali e é muito raro na Europa Ocidental.

Precisamos pesquisar muito mais porque o blocão dos R1b portugueses ainda não foi examinado e investigado adequadamente em seus subgrupos e SNPs disponíveis no mercado. Diferentes camadas etnohistóricas podem aparecer dentros dos R1b de Portugal. Faltam testes !

Um novo marcador genético redefine a pré-história do haplogrupo R1b, o mais freqüente em Portugal. Foi recentemente descoberto por genealogistas genéticos amadores o rs34276300+, denominado pela Ethnoancestry como (S116+), o que pode causar uma modificação na interpretação da pré-história do povoamento da Península Ibérica. A nova empresa DECODEME oferece seqüências maiores do cromossomo Y DNA, o que permitiu a nova descoberta ao se comparar os diferentes haplótipos. Algumas estimativas apontam o surgimento deste marcador há cerca de quatro mil anos atrás apenas. Se a maioria dos R1b ibéricos forem positivos para este marcador, a cronologia de povoamento do haplogrupo R1b rs34276300+ (S116+) na Península Ibérica mudará para praticamente a época da neolitização da península. O que pode significar uma onda relativamente recente de povoamento da península, com a provável introdução das línguas indo-européias célticas, da agricultura e do marcador rs34276300+ (S116+) no mesmo processo migratório. Alguns casos de rs34276300- (S116-) foram encontrados no Norte da Itália e na Suíça, no caso são ancestrais, mais antigos do que os positivos, deles descendentes rs34276300+ (S116+) . A maioria da população ibérica pode ser tão recente quanto o neolítico, superando a antiga imagem de um povoamento ibérico R1b ligado ao paleolítico ou ao mesolítico. Quem pintou as cavernas antigas da Europa e os cro-magnons não eram antepassados dos atuais rs34276300+ (S116+) e nem poderiam pertencer ao haplogrupo R1b.

A FTDNA também já faz o teste com o novo marcador rs34276300

A atual estrutura do haplogrupo R1b proposta pela ISOGG

• • R1b M343
• • • R1b* -
• • • R1b1 P25
• • • • R1b1* -
• • • • R1b1a M18 (location relative to P297 uncertain)
• • • • R1b1b P297
• • • • • R1b1b* -
• • • • • R1b1b1 M73 (formerly R1b1b)
• • • • • R1b1b2 M269, S3, S10, S13, S17 (formerly R1b1c)
• • • • • • R1b1b2* -
• • • • • • R1b1b2a S127, S128, S129 (not in Karafet 2008)
• • • • • • • R1b1b2a* -
• • • • • • • R1b1b2a1 M405/S21/U106 (formerly R1b1c9)
• • • • • • • • R1b1b2a1* -
• • • • • • • • R1b1b2a1a M467/S29/U198 (formerly R1b1c9b)
• • • • • • • • R1b1b2a1b P107
• • • • • • • • R1b1b2a1c DYS439(null)/L1/S26 (formerly R1b1c9a)
• • • • • • • R1b1b2a2 S116 (new - not in Karafet 2008)
• • • • • • • • R1b1b2a2* -
• • • • • • • • R1b1b2a2a M37 (formerly R1b1c1)
• • • • • • • • R1b1b2a2b M65 (formerly R1b1c2)
• • • • • • • • R1b1b2a2c M153 (formerly R1b1c4)
• • • • • • • • R1b1b2a2d M167/SRY2627 (formerly R1b1c6)
• • • • • • • • R1b1b2a2e M222/USP9Y+3636 (formerly R1b1c7)
• • • • • • • • R1b1b2a2f P66 (formerly R1b1c8)
• • • • • • • • R1b1b2a2g S28/U152 (formerly R1b1c10)
• • • • • • • • • R1b1b2a2g* -
• • • • • • • • • R1b1b2a2g1 M126 (formerly R1b1c3)
• • • • • • • • • R1b1b2a2g2 M160 (formerly R1b1c5)
• • • • • • • • R1b1b2a2h S68 (formerly R1b1c11)
• • • • R1b1c M335 (formerly R1b1d; location relative to P297 uncertain)

Analisando a estrutura portuguesa do cromossomo Y DNA já é possível um cálculo da freqüência e diversidade das linhagens, desde que haja um certo número de indivíduos testados disponíveis.

No meu caso, pertencendo ao marcador M365, J1b, encontrado em dois casos em 461 portugueses testados pela FTDNA e em 2 casos de 611 brasileiros testados pela SMGF, a estimativa é que o meu grupo seja encontrado em cerca de 0.5% (ou um pouco mais ou menos) da população masculina de origem portuguesa, basicamente 40 milhões no Brasil e 5 milhões em Portugal, o que seria um cálculo de cerca de 225.000 (ou um pouco mais ou menos) indivíduos com o M365 na população de origem portuguesa em Portugal e no Brasil atualmente. O M365 não foi encontrado na Espanha e nem nas populações hispânicas na América (já bastante testadas).

Quanto mais pessoas forem testadas maior será a acuidade e o entendimento das camadas populacionais pré-históricas de origem portuguesa.

Ricardo Costa de Oliveira

Projeto Brasil FTDNA de Genealogia Genética

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RE: A estrutura do Y ADN/DNA português

#205425 | pbrehm | 15 ago 2008 14:58 | Em resposta a: #199596

Por curiosidade, o meu DNA mitocondrial é do haplogrupo J1b e o do cromossoma Y
my Y-chromosome do haplogrupo I .

O meu irmão António é um dos autores do estudo referido no post anterior, daí saber esta identificação

Cumprimentos,
Paulo B rehm

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RE: A estrutura do Y ADN/DNA português

#205504 | Ricardo de Oliveira | 16 ago 2008 17:52 | Em resposta a: #205425

Caro Paulo Brehm

Li alguns artigos do seu irmão António Brehm. Muito bom.

O ISOGG já apresenta os seguintes subgrupos do haplogrupo I :

I M170, M258, P19, P38, P212, U179 (P38 formerly I1)
• I* - (unobserved)
• ; I1 M253, M307, M450/S109, P30, P40, S62, S63, S64, S65, S66, S107, S108, S110, S111 (formerly I1a)
• • I1* -
• • I1a M21 (formerly I1a2)
• • I1b M227 (formerly I1a1)
• • • I1b* -
• • • I1b1 M72 (formerly I1a1a)
• • I1c P109
• • I1d P259
• I2 M438/P215/S31 (formerly I1b)
• • I2* -
• • I2a P37.2 (formerly I1b1)
• • • I2a* -
• • • I2a1 M423 (not on Karafet 2008)
• • • • I2a1* -
• • • • I2a1a P41.2/M359.2 (formerly I1b1a)
• • • I2a2 M26 (formerly I1b1b)
• • • • I2a2* -
• • • • I2a2a M161 (formerly I1b1b1)
• • I2b M436/P214/S33, P216/S30, P217/S23, P218/S32 (formerly I1b2)
• • • I2b* -
• • • I2b1 M223, P219/S24, P220/S119, P221/S120, P222/U250/S118, P223/S117 (formerly I1b2a - old I1c)
• • • • I2b1* -
• • • • I2b1a M284 (formerly I1b2a1)
• • • • I2b1b M379 (formerly I1b2a2)
• • • • I2b1c P78 (formerly I1b2a3)
• • • • I2b1d P95 (formerly I1b2a4)


A genealogia genética está avançando rapidamente !
Se todos contribuírem poderemos conhecer muito mais do passado pré-histórico !

Abraço

Ricardo Costa de Oliveira

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RE: A estrutura do Y ADN/DNA português

#205508 | Philippe-Emmanuel | 16 ago 2008 19:11 | Em resposta a: #199596

Carissimos,

Li com particular interesse os vossos comentàrios e devo confessar o meu espanto para com o avanço da tecnologia. Realmente seria deveras interessante conhecer o seu proprio patrimonio genético e haplogrupos a que pertence. Mas, indago-me eu enquanto principinate nestas lides, onde/como obtem o famigerado resultado do teste genético? é fiàvel? Nao corremos o risco de ficarem com nossos dados para outros usos? em termos de propriedade do resultado, como é? confesso que me faz certa confusao.

Se alguém tiver a amabilidade em explicar como funciona a genética aplicada à genealogia, ficar-lhe-ia muitissimo grato!

Para que conste, jà fiz minha arvore genealogica.

Melhores cumprimentos,
Philippe Cardoso Pereira

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RE: A estrutura do Y ADN/DNA português

#205536 | Ricardo de Oliveira | 17 ago 2008 13:50 | Em resposta a: #205508

Caro Philippe Cardoso Pereira

Há vários laboratórios realizando exames genético-genealógicos.
O maior laboratório mundial (em termos de pessoas examinadas) é a Family Tree DNA, hoje com 132667 indivíduos testados (Y DNA) e 74709 registros mitocondriais mtDNA. Os dados são atualizados semanalmente e crescem regularmente.
A genealogia genética revela o haplótipo da sua linhagem e mostra qual foi o itinerário geográfico percorrido. As combinações genético-genealógicas mostram as linhagens e os parentescos efetivamente encontrados desde a pré-história e a sua real distribuição contemporânea.
É uma ciência em pleno desenvolvimento e atualização.

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RE: A estrutura do Y ADN/DNA português

#205564 | Philippe-Emmanuel | 17 ago 2008 23:44 | Em resposta a: #205536

Caro Ricardo,

Muito agradecido por se disponibilizar em elucidar sobre este tema. Confesso que ainda tenho mais umas questoes:

- este exame genético-genealogico permitir-nos-à saber/identificar nossos antepassados em termos de geraçoes? Digamos, a partir de 10, 20, 30 50 ou mais geraçoes?

Permitir-nos-à, igualmente, saber/identificar concretamente a região geogràfica o mais preciso possivel (seria uma pena afirmar ainda que hipoteticamente que antepassados sao oriundos da Europa sem no entanto precisar a regiao geogràfica. e sobre a etnia?

Finalmente, nao menos importante, ao acordar fazer um teste genetico-genealogico, preoupa-me que o laboratorio proponente possa usar o dito exame para outros efeitos sem o nosso acordo prévio. Serà fiàvel que nao o usem para outros efeitos? afinal, é todo nosso patrimonio e como tal, hà direitos de propriedade que deverao ser respeitados.

o intinerario geogràfico percorrido é em termos de anos, séculos, milénios? Se quiser saber sobre antepassados no século XII por exemplo, com que exactidao é-nos dada a informaçao?

Agradeço mais uma vez pela disponilidade

Melhores cumprimentos,
Philippe Cardoso Pereira

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RE: A estrutura do Y ADN/DNA português

#205574 | Ricardo de Oliveira | 18 ago 2008 01:27 | Em resposta a: #205564

Philippe

A genealogia genética ainda está se desenvolvendo e crescendo.
Em primeiro lugar é necessário conhecer qual o seu haplogrupo (SNP- single nucleotide polymorphism, deep clade) detalhado ao máximo.
Recomendo a página da internet do ISOGG (International Society of Genetic Genealogy), lá se encontram todos os tipos de haplogrupos e seus subgrupos.
Quanto maior o número de marcadores do cromossomo Y especificados, maior será a acuidade comparativa. A FTDNA oferece a base inicial com 12 marcadores e quem quer mais profundidade comparativa deve ir até os 67 marcadores.
De posse das informações do seu haplogrupo/subgrupo e com 67 marcadores é possível verificar com quem os seus resultados combinam. Os resultados revelarão as linhagens portuguesas presentes há séculos no Oeste da Península Ibérica e a ciência conhecerá as proporções e aspectos da pré-história das linhagens.
Se em 67 marcadores houver combinações muito próximas é prova da proximidade do parentesco. Duas pessoas com o mesmo haplogrupo e seus SNP's definidos e combinando até uns sessenta em sessenta e sete (67/60) é prova de parentesco no último milênio. Quanto maior a distãncia dos marcadores, maior será a distância temporal.
Os haplogrupos definem origens continentais entre a Eurásia, África e América.
Os laboratórios seguem rigorosas políticas de privacidade e as informações e testes são autorizados somente pelos clientes. A FTDNA tem um brasileiro na diretoria. O DNA fica armazenado em até 25 anos, o cliente pode solicitar diversos exames com a mesma amostra recolhida pelo esfregaço bucal e enviada ao laboratório.
Atenciosamente

Ricardo

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RE: A estrutura do Y ADN/DNA português

#205696 | Philippe-Emmanuel | 19 ago 2008 11:41 | Em resposta a: #205574

Carissimo Ricardo,

Muito agradecido por se disponibilizar em esclarecer. é muito amàvel da sua parte. Realmente a genético-genealogia é fascinante.

Um grande bem haja!

Atenciosamente,
Philippe

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