Veríssimo de Moraes - Testamento (Aveiro 1782)

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Veríssimo de Moraes - Testamento (Aveiro 1782)

#208049 | PTM1 | 11 set 2008 23:41

Caros Confrades,
Consegui fotocópias do testamento de um dos meu avôs em 6.º grau, VERÍSSIMO DE MORAES CABRAL, datado de 25 de Agosto de 1782, o qual tem alguns aspectos interessantes que gostava de partilhar e de obter esclarecimentos/opiniões:

1 - Qual a correspondência do dinheiro doado para valores actuais;
2 - A importância/significado das peças de vestuário doadas a dois dos seus familiares;
3 - O que é "melanio azul"

Nesse documento, do qual cito apenas o mais relevante e com actualizaçõea ortográficas, pode-se ler:
- (...) que se dê esmola a todos de cento e cinquenta réis a todos que dissrem missa pela minha alma (...)
- E que à Ordem Terceira (de Aveiro) se dêem de esmola quatro mil réis por uma só vez com a obrigação de me dar a sepultura.
- E que se dê aos Religiosos de Santo António (...) três mil e duzentos réis por uma só vez.
- E que sê dê a cada um dos pobres do Hospital de S. Brás cinquenta réis.
- E quero que a minha nora Luisa do Valle se dêem três mil e duzento réis de uma só vez.
- E que a minha filha Joana casada com João Luís de Faria se dêem outros três mil e duzentos por uma só vez.
- E quero que os meus vestidos sejam vendidos para missas e esmolas para os pobres necessitados, exceptuando o casacão, o colete, o calção de cetim, o chapéu de pele e uns sapatos que se darão ao meu filho António
- E a meu genro João Luís o meu vestido inteiro de "melanio azul" (?)

Agradeço as contribuições que me possam dar para perceber este documento nas suas perpectivas sociais, económicas, etc.

Cumprimentos.
Pedro Teixeira de Morais

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RE: Veríssimo de Moraes - Testamento (Aveiro 1782)

#208208 | PTM1 | 14 set 2008 12:13 | Em resposta a: #208049

Boa-tarde,
Neste mesmo testamento, para além das doações referidas na outra mensagem,
Veríssimo de Moraes Cabral institui como sua legitima testamenteira a sua mulher, Josefa da Silva.
Se alguém for ao Arquivo Distrital de Aveiro, e me puder fazer o favor de verificar este testamento, peço que me informe.
Obrigado.
Pedro Teixera de Morais

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RE: Veríssimo de Moraes - Testamento (Aveiro 1782)

#208264 | Trindade | 14 set 2008 22:25 | Em resposta a: #208049

Caro confrade
Procurando responder/esclarecer as dúvidas do testamento:
"- (...) que se dê esmola a todos de cento e cinquenta réis a todos que dissrem missa pela minha alma (...)" - parece referir-se a missas gerais (pelo espaço de uma semana ou 1 mês após a morte do testador); Qualquer clérigo de missa que dissesse missa nesse espaço de tempo por alma dele receberia os 150 reis; também é conhecida por trintário ou trintanário (se durar 30 dias)
"- E que à Ordem Terceira (de Aveiro) se dêem de esmola quatro mil réis por uma só vez com a obrigação de me dar a sepultura." - a ortdem terceira é uma instituição religiosa de leigos (seguem a regra da ordem mas fazem vida civil - não estão no convento, grosso modo) que ficou com a obrigação de organizar o funeral e enterrá-lo numa das igrejas (que ainda hoje existem, tal como essa ordem terceira). Pelo serviço 4000 reis... - simples
"- E que se dê aos Religiosos de Santo António (...) três mil e duzentos réis por uma só vez." - os frades franciscanos do convento anexo às igrejas da ordem terceira (hoje sede da PJ em Aveiro) recebem de esmola os tais 3200 reis. Provavelmente com alguma obrigação de missas...
"- E que sê dê a cada um dos pobres do Hospital de S. Brás cinquenta réis." - Habitual deixar esmolas aos pobres. Escolheu os "frequentadores" do hospital/asilo/albergaria de S. Braz, no centro da cidade, junto à matriz S. Miguel. Já nada disto existe. Hoje o espaço do Hospital de S. Braz está ocupado com a escola Homem Cristo. Podia ter escolhido outro hospital/albergaria ou mesmo de outro convento. Qualquer coisa o inclinou para ali...
"- E quero que os meus vestidos sejam vendidos para missas e esmolas para os pobres necessitados, exceptuando o casacão, o colete, o calção de cetim, o chapéu de pele e uns sapatos que se darão ao meu filho António" - também habitual, para evitar querelas entre herdeiros...
"- E a meu genro João Luís o meu vestido inteiro de "melanio azul" (?)" - a minha interpretação é de que se trataria de um gabão de lã escura (azul escuro) típico da região. Uma peça valiosa... - Malanio está ligado a lã ou seda mas inclino-me mais para a lã.

Quanto ao valor da moeda e sua equivalencia - cada 1000 reis correspondia e 1 escudo - cada escudo equivale hoje a meio centimo.
Masa o melhor é fazer contas com valores da época. Posso dar como referencia que no século XVIII(não sei a data) o mosteiro de S. Domingos foi vítima de um incendio grande que o deixou muito danificado. Para a sua reconstrução foram gastos 12 500 reis!!...
Já dá para ter uma ideia

Espero ter ajudado alguma coisa

Trindade

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RE: Veríssimo de Moraes - Testamento (Aveiro 1782)

#208674 | PTM1 | 18 set 2008 22:23 | Em resposta a: #208264

Caro Confrade,
António Verissimo de Moraes Cabral faleceu a 7 de Abril de 1807.
«Meirinho Geral do Eclesiastico desta cidade, da rua de Santa Catharina desta freguesia de Sam Miguel: jas em caixam nesta igreja de que fis este assento aos dia, mes e era ut supra com o ofício de corpo presente. Prior António Dias Ladeira de Castro»



Cumprimentos.
Pedro Teixeira de Morais

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