Familia Cavalcanti
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Familia Cavalcanti
Caros Confrades,
Procuro informações sobre os ascendentes de Maria Francisca da Hora Correa Cavalcanti, natural de Vila Viçosa, no Bispado de Pernambuco.
Foi casada com João de Figueiredo Loja, nascido em Ferreiros, Serrazes em 14/9/1792 e falecido em Lisboa em 20/5/1875.
Este casal teve uma filha, Mariana Jovina de Figueiredo, casada com António Ribeiro Cardoso.
Agradecido
Fernando Figueirinhas
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RE: Familia Cavalcanti
Olá Fernando,
Copiei e colei sua mensagem no Forum de Genealogia Nordestina, e pedi ajuda para você. Fazem parte daquela lista de discussão os mais ilustres conhecedores da genealogia do nordeste brasileiro e há muita possibilidade de que alguém possa ter uma resposta para você. Vamos torcer. Saudações
Celina da Cunha - Belém - Pará - Brasil
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RE: Familia Cavalcanti
Fernando,
Eis as respostas que recebi: uma aula de história e uma orientação para busca, enviadas pelos amigos Fábio e Doria. Verifique se não é no Ceará o local que você menciona. Há bons e consistentes motivos para que assim seja. Saudações
Celina
RES: [genordes] Quem pode ajudar?
Celina,
Não seria Vila Viçosa Real no Ceará?
VIÇOSA DO CEARÁ
História - Município localizado na Mesorregião da Ibiapaba. Suas origens,
pelo menos em termos indígenas, datam do Século XIV, quando em suas descidas
em busca de paz aí se instalaram os Índios Tabajaras. Esses Índios têm como
procedência as regiões são-franciscanas, onde parte de suas aldeias e em
número considerável se localizavam. Desavenças tribais terão sido os
principais motivos do seu desagregamento e consequente formação de outros
grupos.
Segundo informações coevas o itinerário percorrido entre o ponto de origem e
o estabelecimento final, terá ocorrido por etapas, acostando inicialmente no
litoral rio-grandense e em seguida a buscar o oeste do setentrião, alcançando
o que posteriormente seriam o Cariri e a Ibiapaba. Durante quase dois séculos e
a ignorar que a chamada civilização existia, permaneceram sem ser molestados,
vivendo ou vegetando à sombra da Natureza.
No limiar do Século XVI surgiram os primeiros indícios de colonização não
propriamente no Ceará, mas em outras Capitanias. Os donatários ou
colonizadores que buscavam terras cearenses, desistiam do empreendimento ou, se
tentavam, eram repelidos pelas hordas nativas ou destroçados por águas
agitadas dos mares desconhecidos.
Domínio Francês - Por volta do ano de 1590, estabeleceram-se na Grande-Serra
franceses originários do Maranhão, firmando suas bases junto às principais
lideranças da grei Tabajara. Esses franceses, em número de dezesseis
milicianos, tinham no comando o seu compatriota de nome Adolf Montbille.
Lideravam os nativos o Índio Jurupariaçu e o irmão de nome Irapuã, também
conhecido por Mel Redondo, se bem que o primeiro tivesse suas possessões no
reduto da Baepina ou Ibiapina. O reduto principal, tronco certamente de passadas
gerações, havia tomado como locativo o apelido de Irapuã, chamando-se, então
de Mel Redondo. Ibiapaba viria posteriormente, quando da aplicação do idioma
Tupy, falado pelos indígenas, seria formada a composição toponímica, cujos
expoentes envolvem dois elementos: ibi = terra + apaba = terminar, findar,
acabar, donde se obtém lugar onde a serra termina.
Colonização do Reduto - Mesmo sem se conhecer, em profundidade, dos objetivos
dessa projeção flamenga, sabe-se que que nas testadas norte da Grande-Serra
existia ouro em abundância (Mina da Pedra Verde). Seria, então, esse o móvel
da aventura. De qualquer modo, essa presença francesa junto aos seus aliados
Tabajaras estimularia o plano de colonização, atraindo de outras procedências
novos agregados. Transformou-se o reduto em verdadeira cidade, contendo cerca de
doze mil indivíduos e a desenvolver diversos misteres. Até rabinos,
calvinistas e católicos se confundiam em suas batalhas de pregação. Deu-se ao
lugar certo perfil urbano, com alinhamento de casebres e ruas, dentre estas a
Rua de Paris, local de tavolagem, embriaguez e desordens ou réplica da vadiagem
parisiense e Rua da Pedra Lipse, antro prostibular da "cidade". A denominação
da rua tem origem no conceito popular segundo o qual se associa, a certas
doenças venéreas, a emprego desse brutal medicamento na cura dos engalicados.
Comunicação - No tocante aos índices culturais, de aproveitamento e
distribuição dos bens nativos e regionais, criou-se o sistema de postas,
ligando o planalto serrano ao litoral. Dois pares de Índios eram colocados em
espaços de légua em légua, um que descia em busca da praia e outro que
retornava. A dupla praiana conduzia nas costas o peixe, o sal e quinquilharias
do agrado nativo. A dupla serrana conduzia gêneros alimentícios e frutas. Por
ocasião do encontro de cada par, dava-se a troca de produtos, de sorte que ao
final de cada jornada não faltavam bens comestíveis de uma ou de outra
região.
Expulsão dos Franceses - Esse tipo de civilização perdurou por espaço de
quatorze anos, quando para infortúnio dos Tabajaras deu-se o desagregamento do
qual se tem como responsável o aventureiro Pero Coelho. Em janeiro de 1604 e em
data que a História não registra, montou seu acampamento ao sopé da montanha,
banda leste e a medir cerca de dois quilômetros dos alojamentos franceses. Pero
Coelho fazia-se acompanhar de aproximadamente cinco mil indivíduos, entre
militares, índios válidos, velhos, mulheres e crianças. Mandou tocar a
corneta mincha, notificando a se rederem os ocupantes do reduto, porém estes
não concordaram. Deu-se o confronto. Do lado de baixo estrondeavam os
morteiros. De cima os céus se enegreciam cruzados de flechas. Ao cabo de seis
meses, em que baixas se registraram em ambas as facções, triunfou a supremacia
lusa. Os franceses, aprisionados e algemados foram conduzidos a Pernambuco, onde
deveriam tomar novos destinos. Quanto aos líderes indígenas, estes foram
submetidos e levados a juramento de fidelidade ao monarca português, perdendo
dos seus domínios a soberania.
Missão Jesuítica - Em 1607 e após o fracasso indígena e o malogro
expedicionário de Pero Coelho surgiu a Companhia de Jesus em termos de
catequese. Chefiavam a Missão os padres Francisco Pinto e Luiz Figueira. Após
longo martirológio, entre o rio Mossoró e a projeção intermediária do
Maranhão, tiveram na Ibiapaba fraternal recepção Diabo Grande (Jurupariaçu)
e Mel Redondo (Irapuã), além da magistral recepção, proporcionaram-lhes os
meios de que necessitavam para concretização dos seus ideais. Batizaram os
nhemongaraíbipireíma (pagãos), uniram em matrimônio os
nhemboaguaçareímbara (amigados), fizeram pregações, celebração missa
diariamente, instituíram aulas de cânticos aos jovens e transformaram em
catecúmenos vários neófitos.
Contrariamente a todos esses esforços, aliados à convicção de que a Ibiapaba
estaria definitivamente evangelizada, viria o imprevisto. A caminho do
Maranhão, distante do reduto Tabajara em apenas seis léguas, seria trucidado
pelos Tucurujus o padre Francisco Pinto. Novo período de abandono assume o
comando da Ibiapaba, durante quase meio século, quando por determinação do
Superior da Missão no Maranhão, o tribuno e inconformado padre Antônio
Vieira, tenta resgatar o tempo perdido,
Vieira na Ibiapaba - Prestigiado pelo Governo do Maranhão e a manter estreito
relacionamento com os Tabajaras, Vieira empreendeu e realizou sofrida jornada à
Ibiapaba (1660). Teve magnífica recepção. Ao deixar o reduto, fato que
deverá ter ocorrido no começo de junho de 1660 e a pedido das lideranças
indígenas, deixou Vieira, além dos padres Pedro de Pedroso e Gonçalo de
Veras, nova organização missionária.
Missão de São Francisco Xavier - Instalada a Missão, ainda com a presença de
Vieira no reduto e sob a responsabilidade dos precedentes coadjutores, tratou-se
de sua complementação eclesial, erigindo-se o nicho tosco e abrigando os dois
missionários em choupanas de igual estrutura. Houve relativo progresso. Índios
de várias Nações, agregados aos Tabajaras em seus fraternais desígnios,
colaboraram de modo decisivo no sentido de que a recém-instalada Missão
prosperasse, excetuando-se desses o famoso e reacionário Cacique Simão
Tamonhobá. Não se sujeitou às regras segundo as quais teria que abjurar do
seu regime de mancebia. Missão e recalcitrantes da facção oposta entraram na
faixa de colisão. Vieram o desassossego missionário, as increpações
malévolas e as constantes ameaças de morte. E, se como isso não bastasse,
surgiram as pressões exercidas pelo recém-instalado Governador do Maranhão,
Rui Vaz de Siqueira, provocando nas hostes de redenção nativa os maiores
atropelos que se poderia imaginar.
Ocupação Militar - Pretextando a colheita de âmbar, produto que jamais a
Ibiapaba havia conhecido, instalaram-se no reduto quatrocentos homens em armas,
tendo por comandante o atrabiliário cabo Manuel de Carvalho. Essa horda infrene
e largada ao talante de suas brutais atitudes, não respeitou idade, religião
ou sexo, contanto que os seus objetivos fossem alcançados. Instalou-se o
terror, não apenas em decorrência de ações isoladas, como oficialmente
através de suplícios vários e até de enforcamentos, tendo como instrumento
de vindita o Pelourinho.
Reação Indígena - Diante da resistência, envolvendo a facção tendente ao
protecionismo missionário, assim como aos demais índios, paralelamente seus
inimigos, resolveram estes recorrer aos préstimos do Morubixaba camocinense D.
Simão Taguaibuna. Seria entregar a este a opção de matar dois coelhos de uma
só cajadada, expulsando os intrusos milicianos, subjugar os seus desafetos
ibiapabanos e expulsar os missionários. Atendeu. Declaram-se em guerra.
Deram-se sangrentos combates, reunindo no conflito militares e Índios de
várias Nações. Os invasores desertaram. Taguaibuna, então, livre das tropas
maranhenses, voltou-se contra os seus desafetos serranos. Dominou o reduto. Mais
atropelados que de início, Pedro de Pedroso e Gonçalo Veras resolveram
abandonar a Ibiapaba e tomar de volta o caminho do Maranhão, levando no seu
cortejo quatrocentas famílias indígenas.
Retorno Missionário - A batalha de retorno ao Jesuísmo na Ibiapaba, não
obstante a deserção de seus dois lídimos representantes e o posterior
falecimento do padre Pedro de Pedroso, além do longo espaço vazio, não
desapareceu das cogitações missionárias. Dois estreantes em terras cearenses
foram nomeados no sentido de preencher a lacuna. O primeiro deles e que deveria
permanecer na Ibiapaba, consta como sendo o padre Manuel Pedroso Júnior,
sobrinho do seu precedente de nome Pedro de Pedroso. A segunda escolha recaíra
na pessoa do padre Ascenço Gago, paulista que muito se destacaria pelos tempos
adiante e antes designado para supervisionar os trabalhos catequéticos na sede
da Capitania.
A indicação desses dois missionários, ainda dependente de aprovação da
Corte, deu-se através do veterano Jesuíta Roque Monteiro Paim, indicação
esta a contar com o aval do Capitão-General de Pernambuco. Desse modo e
vencidas as barreiras protocolares, chegou-se aos objetivos colimados.
Expediente, datado de 20 de julho de 1690, não somente Pernambuco referendou,
favoravelmente o petitório, como ainda recomendou a participação jesuítica
no processe de assistencialidade social aos nativos. Não era, entretanto, o
estágio final, uma vez que em última instância deveria ser ouvido Portugal.
Cumprida essa diligência e colocado em apreciação o processo, pronunciou-se
favoravelmente o Conselho Ultramarino (08-01- 169l).
Em carta Régia, datada de 13 de março de 1691, endereçada ao Capitão-General
de Pernambuco, recomenda a Corte sobre como deverão proceder as autoridades,
não apenas do Ceará como também do Rio Grande com relação à obediência
missionária, destacando especificamente a subordinação jesuítica. Esta
recomendação, no entanto, em que pese o interesse de preservar o bem-estar
nativo, não deixaria de produzir afeitos ambivalentes, criando inamistosidade
entre o poder eclesial e a temporalidade governamental. Disso faz conhecer o
próprio Governador de Pernambuco, conforme expediente endereçado à Corte,
relatando os ciúmes ou guerras surdas de preeminência com relação aos
Capitães-Mores coloniais e os verdadeiros fins a que se propunham os
missionários.
Decisão Final - Em Portaria de 23 de março de 1691, assinada pelo Governador
de Pernambuco e endereçada ao Provedor da Real Fazenda, determina aquela
autoridade sejam entregues ao padre Manuel Pedroso J únior as provisões de que
ncessitaria esse religioso no sentido de levar adiante o seu projeto. Serão,
especificamente, meia arroba de pólvora e uma arroba de chumbo, além da
quantia de seis mil réis, importância esta que deveria ser aplicada nas
despesas de movimentação do contingente entre Fortaleza e a Ibiapaba.
Em reforço complementar, ao disciplinamento da expedição e em expediente
datado de 25 de março de 1691, dirige-se o Marquês de Montebelo ao
Capitão-Mor do Ceará, recomendando fosse concedido ao padre Manuel Pedroso o
que se fizesse necessário ao sucesso do empreendimento.
Essas recomendações, não obstante a promessa de apoio por parte de algumas
aldeias da Ibiapaba, tinham por escopo prevenir contra possíveis obstáculos,
levando-se em consideração os naturais polos de resistência. Designou-se,
então, uma expedição militar ou escolta de acompanhamento, de sorte que
nenhum imprevisto viesse a comprometer o itinerário previsto. Essa expedição
deveria constar, ainda nos termos da vontade do Marquês, de cento e cinquenta
índios domesticados ou o que nessário se fizesse mister, contanto que os
trabalhos de realdeamento nativo fossem realizados.
Deslocamento Missionário - Pedroso Júnior desloca-se de Fortaleza em data
precisamente não identificada, porém ainda no curso do ano de 1691, não se
sabendo igualmente se o efetivo designado o acompanharia. Sabe-se, entretanto,
que ele comandou uma Bandeira de Pacificação e que, somente em 1692 são
conhecidas as primeiras informações, não apenas sobre o acolhimento indígena
como também com relação às invasões de colonizadores paulistas. Dessas
possíveis invasões tem-se como resposánsável Francisco Dias de Siqueira,
agente provocador e a implantar a insegurança entre os nativos. Essas
informações, no entanto, não passavam de rebates falsos, continuando Pedroso
Júnior em sua tarefa de evangelização do gentio.
Assenso Gago - Quanto ao padre Ascenço Gago, a quem inicialmente coubera
missionar os silvícolas dos arredores de Fortaleza, suas preocupações ainda
se dividiam entre manter em definitivo o domínio jesuítico, contra as
pretensões do clero secular e batalhar em oposição aos que relutavam com
vistas à exploração nativa. Em arrimo a esse seu entendimento, constava de
sua autoria expediente segundo o qual ele se dirigira à Corte denunciando as
crueldades praticadas contra o gentio, envolvendo não apenas o Governo do
Ceará como também o seu colega do Maranhão. Em razão dessa denúncia e
contrariamente ao procedimento governamental, a Corte expediu Carta Régia,
documento através do qual o monarca luso determina ao Capitão e
Governador-General de Pernambuco sejam adotadas as providências que forem
necessárias (23-03-1693).
Dentre as medidas propostas deveriam ser ouvidos em auto de declarações, além
do denunciante os governantes do Ceará e do Maranhão, considerando que sobre
estes pesavam acusações em relação à pilhagem de índios moradores na
Ibiapaba. Não se conhecem maiores resultados dessa auditagem, sabendo-se, no
entanto, que em Carta Régia, datada de 23 de novembro de 1693 e endereçada ao
Capitão- Governador do Maranhão, Diogo Coelho de Albuquerque, proíbe a Corte
a entrada de bandeiras na região ibiapabana.
Essa proibição, pelo menos com relação ao Capitão-General do Maranhão
produziu os efeitos que se desejava, porém, no tocante ao preador de índios
João Velho do Vales não houve o Régio acatamento, selecionando e tocando como
escravos vinte e cinco casais de Tabajaras. Esses índios, embora coagidos e
maltratados durante a preagem, retornariam ao seu ponto de origem.
Quanto, finalmente, à questão sobre privilégios missionários, arguída na
denúncia, decidiu favoravelmente a Corte, expedindo Carta Régia, documento
segundo o qual o direito de missionar os nativos cearenses ficaria sob a
responsabilidade dos filiados da Companhia de Jesus, determinando, outrossim, a
ingerência do Estado em assuntos missionários (1694).
Missão Itinerante - No curso dos anos, entre 1605 e início de 1700, permaneceu
na Ibiapaba o padre Manuel Pedroso Júnior. Ascenço Gago, transferido da sede
da Capitania para o reduto ibiapabano (1605), resolveu deixar o seu colega onde
já se encontrava e desceu em busca das terras agropastoris do sertão, onde
deveria prover os meios de sustentação próprios dos nativos e da Companhia.
Seria desenvolver, através do trabalho remunerado indígena (díaria de um
tostão), a pecuária e a agrilcultura, contando para tanto com as doações
territoriais e as liberalidades beneméritas dos fazendeiros já estabelecidos.
Iapara - Estabeleceu-se no lugar Igapara, no contorno de um rio seco (Sairi) e
em terras impróprias no tocante aos seus objetivos. Demorou-se ano e meio.
Construiu capela, erigiu casa de morada, alojamentos indígenas, levantou
currais de madeira e conseguiu as primeiras cabeças de gado vacum. Veio o
período de estiagem, secando águas e varrendo pastagens, forçando-o a
procurar putro local.
Bracutiara - Neste sítio, não muito distante do primeiro e situado nas margens
do rio Coreaú, procedeu tal como o fizera antes, divergindo apenas no tempo de
permanência. As terras não ofereciam estabilidade agroprodutiva e o rio
dependia dos invernos bonaçosos, de modo que nova deserção se processa.
Tabainha - Diversamente das localizações anteriores, essa nova tentativa
buscou a chamada Serrinha de S. Simão, não tão fria quanto a Ibiapaba, mas
climaticamente suportável por índios de várias procedências sertanejas.
Reditou-se o procedimento anterior. Não foram obtidos resultados
satisfatórios. Os índios ibiapabanos reclamavam da falta de espaço, enquanto
que os nativos do sertão reclamavam pela falta de liberdade em seus rotineiros
movimentos. Deu-se a defecção gregária. Aos índios serranos transferiu para
os pontos de origem. Aos demais, permanecendo ainda por algum tempo na Tabainha,
ele os realdeou posteriormente no Rio da Cruz, lugar que em breve tomaria o nome
de Macaboqueira (Granja).
Missão da Ibiapaba - Em seus aspectos funcionais a Missão se instalou,
preliminarmente, entre os meses de janeiro e fevereiro de 1700. Edificou-se, em
termos provisórios, a capela, cujo orago dedicou-se em honra de Nossa Senhora
da Assunção, constando como data inaugural o dia 15 de agosto desse ano.
Vieram em seguida a Casa dos Padres (Casa Paroquial) e residência dos
itinerantes ou pessoas em trânsito, comumente a se hospedarem em casa dos
índios e usurparem a fidelidade conjugal de suas mulheres.
Divisão Urbana do Reduto - Como forma de se evitarem querelas entre graduados
indígenas residentes no povoado, resolveu Ascenço Gago redimensionar as áreas
de ocupação, utilizando-se dos seguintes critérios: 1) - Quadra Leste - D.
Jacobo de Sousa; 2) - Quadra Oeste - D. Salvador Saraiva; 3) - Quadra Sul - D.
Simão de Vasconcelos; 4) - Quadra Norte - Igreja e prédios adminstrativos ca
Missão. Com esse procedimento, não apenas desapareceriam as discussões sobre
posse, como delegava-se a cada proprietário o dever de defender contra a
invasão de terceiros os seus respectivos domínios.
Evolução Patrimonial - Montados socialmente os instrumentos de funcionalidade
gregária tratou o Padre Ascenço Gago de prover os meios de sustentação
missionária. Apelou para a benevolência dos fiéis. Em quisições sucessivas
ocorreram as seguintes doações: 1) - Fazenda Tiáia - quatro léguas de terras
em quadro, quatrocentos e cinquenta cabeças de gado vacum, 27 cavalos, um
escravo angolano chamado José e uma cadela rajada amestrada na captura de
onças. Essa doação, acrescida das imagens de São José, Santo Antônio e
Nossa Senhora da Assunção, consta como tendo sido feita pelo fazendeiro
piauiense Francisco da Cunha, no ano de 1710, e a exigir como retribuição
três missas anuais por ocasião dos festejos oficiais de cada titular celeste;
2) - Fazenda Umbuzeiro - Três léguas (adquiridas por compra pelo padre
Francisco de Lira). 3) - Fazenda Missão - três léguas (doadas pelos irmãos
Manuel e Miguel Machado Freire; 4) - Fazenda Pitinga - duas léguas -
(aquisição do padre Francisco de Lira. 5). Outras doações e aquisições em
operações de compra e venda junto ao reduto da Ibiapaba. Essas terras, somente
na Fazenda Tiáia, totalizavam doze léguas em quadro, todas destinades às
atividades agropastoris e povoadas de densos carnaubais.
Declínio Missionário - Entrou em sobreaviso com o falecimento do padre
Ascenço Gago, desfecho que se registra no ano de 1717. Assumiu em seu lugar o
padre Francisco de Lira. Faleceu em 1733. Assumiu o padre Manuel Batista.
Permaneceu até 1741. Assumiu o padre José da Rocha. Permaneceu até 1753.
Assumiu, finalmente, o padre Rogério Canísio, último da série missionária e
a sofrer os atropelos pombalinos, tendo como responsável direto o desembargador
Bernardo Coelho da Gama e Casco (1759).
Inventário Patrimonial - Por ocasião do arrolamento dos bens patrimoniais da
Companhia, o primeiro em valores cadastrais, registrou-se o seguinte volume: 1)
- na Fazenda Tiáia -720 vacas de cria, 290 bois, dezoito éguas, 44 cavalos. 2)
- Na Fazenda Umbuzeiro - 1.240 vacas de cria, 321 bois, 15 éguas, 16 cavalos,
33 cabras, 40 chibatos (bodes) - 3) - Fazenda Missão - 1.435 vacas de cria, 445
bois, 134 éguas, 43 cavalos, 50 cabras e 37 chibatos. 4) - Fazenda Pitinga -
238 vacas de cria. Resumindo tudo a termos práticos, teremos: a) - 4.709
cabeças de gado vacum; b) - 270 cavalos e éguas; c) - 150 cabras e chibatos.
Este inventário patrimonial, que outra finalidade não tinha a não ser a
divisão de seus conteúdos entre os apaniguados da usurpação, seria rateado,
equipendentemente, entre os participantes da operação, a contar do menor ao
maior na escala da ierarquia dominante, exceto com relação à Fazenda Tiáia,
adjudicada à Coroa Lusa.
Evolução Política - Ibiapaba desde os albores da colonização, autônoma em
todos os seus aspectos e a formar o Estado dentro do próprio Estado Português,
teve a sua elevação à categoria de Vila, com o nome de Vila Viçosa Real,a
partir da Carta Régia, de 14 de setembro de 1758, documento através do qual se
delegam semelhantes poderes ao desembargador Gama e Casco. E este, em
cumprimento ao disposto no Régio documento, firmou como data inaugural o dia 7
de julho de 1759, restando desse evento a Ata que abaixo se transcreve:
" Termo em que se erigiu e criou essa Aldeia em Vila com o título de Vila
Viçosa Real.Aos sete dias do mês de julho de mil setecentos e cinquenta e
nove, em esta Aldeia da Ibiapaba, no lugar da Igreja-Matriz de Nossa Senhora da
Assunção, defronte das Casas que interinamente hão de servir de Paços do
Conselho desta nova Vila, de que fica sendo orago a mesma Senhora, adonde foi
vindo o Dr. Desembargador e Ouvidor Geral da Comarca de Pernambuco, Juiz
Executor desta Diligência e sendo ahi comigo o Escrivão do seu cargo e
Meirinho Manuel Pereira Lobo, estando junto e convocado, a toque de sino, todo
este povo, logo o dito Dr. Desembargador e Ouvidor Geral, em virtude das Ordens
Régias que já foram publicadas pelas quais manda Sua Majestade Fidelíssima
reduzir a liberdade de suas pessoas, bens e comércio a todos os índios que
assistiram neste Continente do Brazil para se regerem e governarem por si,
sujeitos só à Jurisdição Real, como forâneos dela, mandando criar em Vila e
lugares as Aldeias em que os sobreditos assistem e em virtude das ditas Ordens
Régias mandou ele, dito Dr. Desembargado e Ouvidor Geral, na presença de todo
esse povo levantar o Pelourinho alto, de madeira, com seus braços, por não
haver pedras com suficiência, o que se praticou no referido lugar da Praça
desta Vila, que denominou, com todo o seu Termo, Distritos e demais logradouros
de que está de posse, com o título de Vila Viçosa Real, para daqui em diante
se fazerem, junto ao dito Pelourinho todas as arrematações e mais atos
judiciais que pertencerem tanto à Justiça quanto à Real Fazenda e tudo o mais
que for em benefício comum deste povo na forma de que se pratica nas demais
cidades e vilas destes Reinos a quem o dito Senhor concedeu a graça e
privilégios de que todos ficaram entendidos e cientes, dizendo em altas vozes:
Viva o Senhor Rei, D. José de Portugal, Nosso Senhor, que a mandou criar, e
para que todo tempo conste de todo o referido, mandou fazer este termo, que
comigo Escrivão e Meirinho assinou, ordenando se registre, com as ditas Ordens
Régias no Livro de Registro da Câmara desta Vila. Eu, Luiz Freire de
Mendonça, Escrivão desta Diligência o escrevi e assino. Bernardo Coelho da
Gama Casco. Manuel Pereira Lobo"
Em ato subsequente procedeu-se à eleição da Câmara, cuja composição consta
dos seguintes membros: 1) - Mestre-de-Campo Filipe de Sousa e Castro - Juiz
Ordinário; 2) - Sargento-Mor Antônio da Rocha Franco - Juiz Ordinário; 3) -
Agostinho de Brito Passos - Vereador; 4) - Sargento-Mor João de Vasconcelos -
Vereador; 5) - Capitão Manuel Machado de Sousa - Vereador; 6) - José de Sousa
e Castro - Procurador; 7) - Pedro Machado de Sousa - Escrivão.
A elevação da Vila à categoria de Município, com o nome de Viçosa, ocorreu
segundo Lei Provincial nº 1.994, de 14 de agosto de 1882.
Igreja - Calcada em precedentes de efêmera existência, fixou-se a partir de
fevereiro de 1700, com inauguração a 15 de agosto do mesmo ano, data
consagrada a Nossa Senhora da Assunção, padroeira da cidade. A Freguesia,
dentro da nova configuração política, tem como instrumento de apoio a
Provisão de 7 de julho de 1757, sendo seu primeiro vigário o padre Luiz do
Rego Barros (Vigararia Geral).
Economia - Fundamenta-se, basicamente, em três fatores de vital importância,
tendo como precedentes esponenciais as condições fisiograficas do Município.
No primeiro estão inseridas terras frescas e ubérrimas, envolvendo contornos
montanhosos e baixios, cujas águas têm como ponto de apoio as vertentes em
descontínua perenização. No segundo e no terceiro, não menos favorecidos
pela Natureza, concentram-se os vales sertanejos, mantendo de verde e de seca os
seus componentes de extensão hidrográfica. Nas arestas, ocupadas por tipos de
solos diversificados residem as terras argilosas, terras areníferas e planas e
serrotes pedregosos, porém a registrar densa vegetação.
Nessa porção concentra-se ponderável cota da economia do Município, donde
prosperam a pecuária e a agricultura, havendo como destaque, no que concerne a
esta última, a cana-de-açúcar e sua larga produção de aguardente e
rapaduras. Nos demais setores agroprodutivos desenvolvem-se os plantios de
arroz, de milho, feijão e mandioca, além das chamadas safras-de-verão,
sazonalmente produzidas nos vales frescos e colhidas antes do período hibernal.
Na porção serrana três aspectos devem ser geologicamente analisados. No
primeiro estão concentradas as serras-raízes, Serra de São Joaquim, Serra da
Timbaúba, Saraiva, Vereda de Dentro, Cordão do Trapiá, Buíra Grande, Uruoca,
Formigas, parte da Serra do Covão e Serra das Flores. Nessas projeções e à
exceção da Serra da Timbaúba, estruturada em rochas desnudas, prosperam o
criatório e a agricultura em geral. Nas demais, extensas áreas são
economicamente rentáveis, como por exemplo, Buíra Grande e Uruoca. Nessas,
além da cana-de-açúcar, do milho e do feijão, tem-se a produção
frutícola, notadamente com relação a banana, o abacate, laranja,
primenta-do-reino e espécies diversificadas e em quantidades menos
apreciáveis. A partir da sentada, nas chãs em busca do Morro do Chapéu,
somente campos improdutivos existem, pelo menos até o encontro com o Boqueirão
do Juá e logo a seguir o Brejo dos Pacheco, regiões produtoras da
cana-de-açúcar, do milho e da mandioca, além do criatório estabular de
bovinos.
Na área inerente ao primeiro tópico, situada no que se poderia classificar de
coração do Município, situam-se as terras geologicamente privilegiadas, mesmo
nas elevações e boqueirões existentes. Prosperam nesse complexo a
fruticultura em geral, a cana-de-açúcar, espécies agrícolas, além do
babaçu cuja produção preenche satisfatoriamente o lugar que ocupa. Em
espaços ainda virgens, restam sinais de antiga floresta driática e de
esplendor de sedutora atração, de cujos aspectos e na embriaguez vate luso dos
Sermões diria Vieira em suas elucubrações: Se paraíso terreal existe será
este e não outro.
Tabelamento de Preços - Semelhante ao procedimento ocorrido na Vila de Icó,
resolve a Câmara Municipal de Viçosa, em Resolução baixada pelo seu
Presidente, Sargento-Mor Luiz de Barros Amorim tabelar os seguintes bens de
comumo (14-08-1786):
1) - sabão - libra - três vinténs
2) - doze bananas graúdas ou quinze miúdas - um vintém.
3) - vinte laranjas da China ou limas - um vintém
4) - uma vela de estearina, contendo dois palmos ou uma de cera de abelhas,
contendo vara e meia de comprimento - um vintém
5) - quarenta goiabas - um vintém
6) - um frasco (duas e meia garrafas) de azeire de carrapato (mamona) - uma
pataca.
Crime Hediondo - Assassinado barbaramente o padre Martiniano José de Walcacer,
vigário interino da Paróquia desde 14 de abril de 1841, crime ocorrido a 19 de
setembro de 1842.
Chacina da Tabatinga - Residia no sítio Tabatinga, próximo a Vila, o Major da
Guarda Nacional Inácio José Correia, conhecido popularmente por Macaxeira
(branco). Era proprietário de engenho, com larga produção de aguardente e
rapaduras. Na mesma área residia o indivíduo Francisco Gonçalves Costa,
conhecido por Juriti e membro apximado dessa nação tapuia. Uma porca, de
propriedade do índio Gonçalves Costa, funcionara como dique, separando o
relacionamento que iria transformá-los em desafetos. O animal focinhava as
plantações do Major, este reclamava, porém nuna fora atendido. O major mandou
matar a porca. Gonçalves Costa prometeu vingança. Cumpriu. Em meio ao negrume
de alta noite, a 6 de outubro de 1878, quando na Casa-Grande todos dormiam,
Gonçalves Costa, acompanhado do seu bando, cercou a casa e amontoou bagaço de
cana, tomando todas as portas. Deu início ao massacre. Quando o Major, seus
familiares e demais pessoas perceberam os rumores sinistros tentaram escapar em
desesperada fuga. O chefe da turba e seus comandados os aguardavam do lado de
fora. Foram assassinados a golpes de foice e de terçado, inicialmente, o Major
Correia e quatro acompanhantes. O facínora, então, autorizou o incêndio.
Morreram incinerados 14 pessoas, inclusive a mulher, um filho homem e três
menores, além de um forasteiro que pedira rancho e dormia no alpendre,
perfazendo desse modo 19 vítimas fatais.
Levados os facínoras a julgamento, todos foram apenados, cabendo ao chefe do
massacre o prêmio de galés perpétuas, porém na cadeia de Sobral onde
findaria seus dias como artífice, especializando-se em artefatos de couro.
Topônimo - O nome atual, acrescentando do Ceará, em virtude de outras Viçosas
mais antigas, ocorreu segundo Dec-Lei nº 1.114, de 30 de dezembro de 1943,
tendo como seu defensor intransigente o Tabelião e líder político Francisco
Caldas da Silveira (Aragão - Fichário - História - Obr. Cit. 3ª Ed. - Pág.
190/245 - 351/356).
De: genordes@... [mailto:genordes@...] Em nome de
Francisco Antonio Doria
Enviada em: quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009 18:34
Para: genordes@...
Assunto: Re: [genordes] Quem pode ajudar?
Tem um forum sobre os Cavalcantis? Uma lista?
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RE: Familia Cavalcanti
Fernando, eis a resposta de um estudioso das famílias cearenses. Infelizmente, ele nada encontrou nas fontes que pesquisou. Quanto à localização, só ratifica o que Fábio postou. Ficarei uma semana fora e portanto sem acessar a internet, por isso não estranhe se não responder qualquer indagação sua. Saudações
Celina da Cunha - Belém - Pará - Brasil
Re: [genordes] Quem pode ajudar?
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Fernando, Celina e Fábio,
Viçosa do Ceará, limite com o Piauí, como bem explicou o companheiro
Fábio. Nas fontes secundárias, Sadoc, Soares Bulcão, Mons. Martins, Padre
Frota, nada encontrei sobre o português João de Figueiredo Loja, sua mulher,
sua filha e seu genro. Os Livros eclesiais de Viçosa do Ceará estão em
Sobral, sede do Bispado.
Cordialmente,
Fco. Augusto, Guaramiranga, Serra de Baturité, Ceará, 18.02.2009
genealogia@...
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RE: Familia Cavalcanti
agradeço mais uma vez e aguardo qualquer informação que possa ainda receber.
Fernando Figueirinhas
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RE: Familia Cavalcanti
Caros Confrades,
A indicação que tenho é que Maria Francisca Cavalcanti era filha de António Luis Cavalcanti. Talvez esta informação possa ajudar.
Fernando Figueirinhas
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RE: Familia Cavalcanti
Celina,
A indicação que tenho é que Maria Francisca Cavalcanti era filha de António Luis Cavalcanti.
Será que através do António Luis se consigue obter a informação sobre os outros ascendentes de Maria Francisca ?
Cumprimentos
Fernando Figueirinhas
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RE: Familia Cavalcanti
Caros Confrades,
Maria Francisca Cavalcanti terá sido filha de António Luis Cavalcanti.
Será que esta informação poderá ajudar a encontrar os seus ascendentes ?
Fernando Figueirinhas
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RE: Familia Cavalcanti
Sou de Viçosa do Ceará e me interesso por assuntos ligados à genealogia e à história de Viçosa. Quem é o autor do texto publicado em 19.02.2009 sobre Viçosa do Ceará?
Ronald Fontenele
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