Vilar das Amoreiras,freguesia de Portela do Fojo

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Vilar das Amoreiras,freguesia de Portela do Fojo

#229342 | fmcarita | 14 mai 2009 16:11

Caros confrades

Onde se encontram os registos paroquiais referentes a Vilar das Amoreiras ,freguesia da Portela do Fojo?


atenciosamente
fmcarita

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RE: Vilar das Amoreiras,freguesia de Portela do Fojo

#235396 | FIGUEIRA | 31 jul 2009 14:38 | Em resposta a: #229342

Caro(a) F. M. Carita,

Não sei como este tópico passou-me ao lado e nem dei por ele.
Eu tenho os assentos paroquiais da Portela do Fojo todos levantados, sendo que alguns deles já foram publicados.
Que informações deseja?

Cumprimentos,

Nuno M. Figueira

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RE: Vilar das Amoreiras,freguesia de Portela do Fojo

#237926 | FIGUEIRA | 31 ago 2009 22:09 | Em resposta a: #229342

Caro(a) fmcarita,

Pedi o seu mail ao moderador para poder contactá-lo.

Cumprimentos,

Nuno M. Figueira

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RE: Vilar das Amoreiras,freguesia de Portela do Fojo

#309584 | hmrb | 04 jul 2012 00:04 | Em resposta a: #235396

Olá Nuno

Estava a ler alguns assentos de casamento da Portela do Fojo e achei uma coisa curiosa que me deixou intrigada. No final de um livro está escrito o seguinte:

"Até aqui vão os assentos sem irem em seu lugar competente por causa do inimigo por não haverem livros que tinham retirado para outra provincia donde esteve com seguro o dito inimigo mas todos os ditos assentos estão feitos com clarezanecessária e do modo possível"

Nuno o que poderemos interpretar deste texto? De que inimigo se trata? Já tinha visto este texto?

Cumprimentos
Herminia Barata

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RE: Vilar das Amoreiras,freguesia de Portela do Fojo

#340163 | FIGUEIRA | 30 dez 2013 15:53 | Em resposta a: #309584

Olá Hermínia,

Tratam-se dos franceses.
Em 2009 publiquei um artigo no jornal "Serras da Pampilhosa" sobre essse assunto.

Cumprimentos,

Nuno M. Barata-Figueira

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RE: Vilar das Amoreiras,freguesia de Portela do Fojo

#340166 | FIGUEIRA | 30 dez 2013 16:12 | Em resposta a: #309584

OS INIMIGOS
(As invasões francesas na Portela do Fojo)


Embora haja notícia que as tropas napoleónicas passaram nos termos das principais vilas – Alvares, Álvaro, Pampilhosa da Serra, Pedrógão Grande e Pedrógão Pequeno – que ladeiam a freguesia da Portela do Fojo, nunca houve qualquer informação fidedigna que tenham percorrido o território que então constituía a recém-criada paróquia de Nossa Senhora da Paz da Portela do Fojo do Vilar das Amoreiras, a não ser uma historieta ou outra, a nosso ver, sem quaisquer fundamentos, e que por não merecerem qualquer crédito já quase entraram no esquecimento da memória colectiva dos portelafojenses.
Uma primeira história diz-nos que uma rapariga foi abusada por um soldado francês, lá para as bandas do Indioso, mais especificamente no Vale da Gata, tendo nove meses depois nascido um menino com tez muito clara, olhos azuis e cabelo ruivo, e outra história idêntica parece ter ocorrido no Cabeço, sendo que os descendentes destes soldados ficaram conhecidos como os franceses ou os ruivos (1). À parte não haver conhecimento dos soldados franceses terem passado pela Portela do Fojo, mais elementos nos levam a refutar esta história. O primeiro é que nem o Cabeço nem o Vale da Gata existiam à época – estes dois lugares localizados a norte da freguesia só surgem na segunda metade do século XIX. Posto isto, só nos resta ver nos lugarejos circundantes e, nessa altura, só temos o Indioso e o Soutelinho, pois a Amoreirinha, o Ribeiro de Além, o Ribeiro do Indioso e o Seladinho também ainda não existiam. Um outro elemento é a consulta do Livro de Registos dos Assentos Paroquiais: dos Baptismos (1793-1815); da Paróquia de Nossa Senhora da Paz, na Freguesia da Portela do Fojo (2), através da qual constatamos que nessa época só havia uma mulher em idade fértil no Casal do Indioso. O outro é que todos os seus filhos são legítimos, não tendo o Cura registado uma única violação. No Casal do Soutelinho podemos verificar o mesmo, pelo que também aqui a “história dos franceses ruivos” seja de refutar.
Uma segunda história diz-nos que quando os soldados franceses se aproximaram das aldeias da Portela do Fojo o povo correu a esconder-se no meio do mato e, quando as tropas napoleónicas foram entrando pelas aldeias desertas dentro, um soldado, que muito bem sabia falar português, gritava para o meio do mato: – “Não tenham medo porque os Franceses já foram embora! Não tenham medo e apareçam!”. Mas, ao que parece, ninguém caiu nesta emboscada e a população só retornou às suas casas quando efectivamente as tropas de Napoleão Bonaparte já tinham partido (3). Também esta história não nos merece crédito, pois não há qualquer registo documental que os Franceses tenham passado na Portela do Fojo, ou que tenham feito estragos materiais ou até mesmo causado mortes [não está registado um único óbito como baixa de guerra em toda a freguesia nessa altura, como se pode constatar no Livro de Registos dos Assentos Paroquiais: dos Óbitos (1793-1860); da Paróquia de Nossa Senhora da Paz, na Freguesia da Portela do Fojo (4)]. Além disso, o facto da freguesia da Portela do Fojo ser uma península encravada entre os rios Unhais e Zêzere e ter escassas vias de comunicação com o exterior muito contribuíram para o seu isolamento e, neste caso, quiçá, para a sua salvação.
Contudo, apesar dos Franceses não terem marchado no território que constituía a freguesia da Portela do Fojo, temos provas documentais que houve pelo menos o receio que eles por lá passassem e por isso mesmo foram tomadas medidas concretas para a salvaguarda dalguma documentação paroquial. Essa prova encontra-se no Livro de Registos dos Assentos Paroquiais: dos Casamentos (1794-1872); da Paróquia de Nossa Senhora da Paz, na Freguesia da Portela do Fojo (5), onde no verso da folha 22 consta o seguinte: «Até aqui vão alguns assentos sem irem no seu lugar competente por causa do inimigo por não haverem livros, pois tinham-nos retirado para outra província onde estivessem seguros do dito inimigo; mas todos os ditos assentos estão feitos com as clarezas necessárias e do modo possível.». Deste excerto, pequeno em tamanho mas rico no conteúdo, constatamos que, ainda que os Franceses, o dito inimigo, não tivessem passado pela Portela do Fojo, houve temor que isso acontecesse, e, por isso mesmo, como medida de prevenção, o livro dos assentos paroquiais de casamento foi guardado noutra província, o que terá sido uma medida bastante sensata, pois o Franceses, por todo o Reino, saquearam e destruíram igrejas e incendiaram os seus arquivos, tendo se perdido documentos importantíssimos para sempre. Esta menção explica porque motivo, entre 12 de Outubro de 1807 e 29 de Abril de 1813, exclusivé, os nove enlaces matrimoniais celebrados nesse período foram registados cronologicamente fora de ordem. Daqui se constata que em 1807/1808 o livro foi levado para fora da freguesia, para outra província, só tendo voltado em 1813/1814, tendo o Reverendo Pároco da freguesia da Portela do Fojo, o Reitor Padre Cura Frei Francisco Estêvão da Serra, professo na Sagrada Ordem de Malta, recorrido à sua memória para registar os casamentos quando o livro de registos voltou à sua posse.
Pela análise dos assentos paroquiais podemos perceber que os paroquianos continuaram a levar a sua vida normal e, posto isto, podemos assim concluir que o inimigo pouco ou nada afectou a vida dos portelafojenses por altura da Guerra Peninsular.


Notas:
(1) Relato oral recolhido em 08 de Dezembro de 2001 a D.a Maria de la Salette do Sacramento, das Felgueiras (freguesia da Portela do Fojo), por António Amaro Rosa.
(2) FIGUEIRA, NUNO M.: ASSENTOS PAROQUIAIS DISPERSOS (PORTELA DO FOJO – PAMPILHOSA DA SERRA); Raízes & Memórias – órgão periódico da Associação Portuguesa de Genealogia, N.o 23 – Dezembro de 2007, pp. 251-291.
(3) Relato oral recolhido em 05 de Fevereiro de 2008 ao Sr. Artur Dias Barata Figueira, dos Padrões (freguesia da Portela do Fojo), por Nuno M. Figueira.
(4) Centro de História da Família da Biblioteca Genealógica “Estaca” de Lisboa (Mórmones); Microfilme n.o 1 461 076, Item n.o 10.
(5) Centro de História da Família da Biblioteca Genealógica “Estaca” de Lisboa (Mórmones); Microfilme n.o 1 461 076, Item n.o 8.

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