Interpretação de Assentos de Baptismo - pedido de ajuda.
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Interpretação de Assentos de Baptismo - pedido de ajuda.
Caríssimos,
Necessito de uma pequena ajuda na interpretação de assentos de baptismo:
1. Quando aparece num assento de baptismo, por exemplo: "(...) moradores no lugar de Louredo d' esta freguesia, onde foram recebidos, e naturais aquele d'esta, e esta da de Bustello (...)", o que significa a indicação «foram recebidos»? Já se sabe a morada e a naturalidade, qual é pertinência desta indicação?
2. Nalguns assentos de baptismo que tenho encontrado, por volta de 1835, não existe a indicação clara da naturalidade ou de onde é que moravam, por exemplo: "Quitéria filha legítima de Joaquim Ferreira e de Maria Rosa do lugar de Louredo desta freguesia, neta paterna de Manuel Ferreira e de Ana Joaquina da freguesia de Santa Marta, e materna de Manuel de Sousa e de Ana Joaquina do lugar da Ranha freguesia de Milhundos (...).
Neste caso, como é que devo interpretar? Que todas as indicações de lugar e freguesia são apenas indicações do local onde moram ou é a indicação das suas naturalidades?
Agradeço alguma explicação.
Com os meus cumprimentos, PP.
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RE: Interpretação de Assentos de Baptismo - pedido de ajuda.
ex.mo sr
recebibos= casados
com os melhores cumprimentos
Manuel
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RE: Interpretação de Assentos de Baptismo - pedido de ajuda.
Caro PP
A expressão "onde foram recebidos" significa "onde casaram".
Para um genealogista esta informação é bastante pertinente, na medida em que mais facilmente permite a localização do assento de casamento. No exemplo que deu, se não tivesse sido referida tal informação, poderia "andar às voltas" à procura do assento de casamento na freguesia de naturalidade da mãe do neófito ou noutra qualquer quando na realidade casaram na freguesia que corresponde à naturalidade do pai e naturalidade do filho.
Se nos reportarmos aos assentos mais actuais (séc. XIX), geralmente a informação que consta nos assentos de casamento, para efeitos de progressão nas linhas ascendentes, não lhe fornece grande contribuição, partindo do pressuposto de que a grande maioria desses assentos de baptismo também mencionam o nome dos avós. Todavia, quando se pretende fazer um estudo o mais profundo e completo possível, assume importância a descoberta, além de nomes, de outros elementos, tais como datas, profissões, nome de padrinho e testemunhas, parentescos, etc, etc.... Como tal, a importância de tal expressão depende muito daquele que for o objectivo do seu estudo.
Importa, contudo, sublinhar que nem sempre o padre que lavrava o assento dava tiro certeiro, muitas vezes deparamo-nos com informações que não correspondem absolutamente à realidade...
Quanto ao segundo ponto, a situação não é assim tão linear... quando se refere " do lugar de..." poderá significar que eram naturais desse mesmo lugar, mas também poderá significar que apenas ali eram moradores!
Quando me deparo com uma expressão dessas (que, aliás, é bastante vulgar) depreendo que o pároco quis dizer que o indivíduo X era natural daquele lugar. Quando não era natural desse lugar mas apenas morador, surge geralmente a expressão "moradores..." ou "de onde eram (ou são) moradores", todavia, já me tenho deparado com inúmeras situações nas quais venho a comprovar que, de facto, assim não era... mas, enfim, sugiro que tenha em conta a informação prestada, mas sempre com alguma desconfiança e que, sempre que possível, procure comprovar a mesma.
E, ainda assim, damos graças pelo facto de muitos assentos mencionarem tais informações, porque à medida que recuamos nas linhas ascendente as informações começam, de sobremaneira, a escassear... e nesse caso, a malha começa a apertar...
Espero ter ajudado.
Cumprimentos,
Luís Projecto Calhau
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RE: Interpretação de Assentos de Baptismo - pedido de ajuda.
Caro Luís Projecto,
Uma vez mais agradeço a sua gentil e preciosa colaboração no esclarecimento das minhas dúvidas.
O seu «mini-guia» sobre pesquisa genealógica que me indicou, com todos aqueles truques e dicas, revelou-se decisivo na compreensão de como se avança numa pesquisa genealógica. Assim, avancei rapidamente, estando agora já na 7.ª geração. O número de indivíduos encontrados foi muito significativo, utilizando a sua estratégia.
Embora tendo a certeza que a minha família paterna é bastante grande, fico desconfiado pela quantidade de elementos encontrados. Tal levou-me a criar uma pasta intitulada «Documentos Validados» onde coloco apenas os documentos conferidos sobre os quais não tenho nenhuma dúvida quanto ao relacionamento.
Agora encontro-me num impasse: não sei como devo validar ou que estratégias devo utilizar para um determinado indivíduo que me parece sinceramente o mesmo, mas que de assento para assento dos seus filhos ou nos assentos de casamento destes aparece com um sobrenome diferente ou, por vezes, com uma naturalidade (ou morada) diferente.
Já que, de certa forma, tem-se revelado um «padrinho de baptismo» nesta minha aproximação à genealogia, posso transcrever aqui dois assentos e pedir-lhe a sua opinião sobre os mesmos? (Posso/devo fazê-lo aqui no fórum?)
Quanto ao objecto de estudo que fala, extraio toda as informações que puder. Por exemplo: já reparei que apontar os padrinhos é muitas vezes decisivo para validar um determinado indivíduo e sobretudo para estabelecer relacionamentos entre famílias.
Devo inclusive confessar-lhe que o entusiasmo é tal, que tenho lido, nalguns casos, anos completos de livros paroquiais.
Cumprimentos, Paulo Pacheco.
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RE: Interpretação de Assentos de Baptismo - pedido de ajuda.
Caro Luís Pacheco
Entrei no seu Tópico com a enorme curiosodade de no mesmo poder embeber um pouco mais de aprendizagem sobre a genealogia. E de facto por intermédio do confrade Luís Projecto já aprendi mais. Não podendo ajudá-lo muito, já que estou no início da minha aprendizagem, queria referir-lhe algo que num outro tópico aprendi. Refiro-me ao Inventários Orfanológicos.
Em baixo transcrevo parte sobre o assunto dando ao seu dono a referida assinatura, deixando para sí leitura de todo o tópico cujo o nome è "5 vilas - Invetários Orfanológicos".
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Os "Inventários Orfanológicos" são uma preciosa fonte de "material genealógico". Eles aconteciam por força da lei quando ocorria a morte de um (ou dos dois) cônjuges e sempre que ficassem filhos menores, afim de salvaguardar os seus direitos. E repare-se que ser menor, em determinada época significava ter menos de 25 anos de idade.
Este "material" é importante, porque vem recheado de nomes, pois para além dos intervenientes neste processo burocrático (Juízes, Escrivães, Testemunhas, Louvados, Procuradores, Advogados, etc.), consta o nome do Inventariado (a pessoa falecida) e dos seus filhos (os herdeiros), bem como o inventariante (normalmente o cônjuge ou outro parente mais próximo), e ainda o "concelho de família" que era nomeado (entre os parentes ou pessoas mais chegados) com o intuito de garantir que os órfãos ao chegarem à maioridade não ficariam desfalcados nos bens a que tinham direito. O interesse destes documentos, tem a ver com a possibilidade de reconstituir as relações de parentesco de toda uma família, e isto tem um interesse acrescido quando existem falhas nos livros dos Registos Paroquiais que nos impedem de reconstituir todo o quadro familiar, pois estes documentos referem os nomes, estados, moradas e idades dos herdeiros à data do óbito, bem como os nomes e moradas dos parentes mais próximos. Por outro lado, e quanto a mim o mais importante, é que nos permite fazer uma "radiografia" da forma como a família vivia nesse tempo, pois estes inventários contêm obrigatoriamente a relação dos bens móveis e imóveis do casal e depois a sua repartição pelos vários herdeiros, bem como o valor atribuído a cada um desses bens.
Estes documentos judiciais, têm uma vantagem em relação aos paroquiais, pelo facto de não terem de esperar 100 anos, afim de serem remetidos aos Arquivos Distritais.
Cordiais saudações,
Henrique Dias
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Esta será uma das minhas estratégis futuras. Como disse não podendo ajudar muito, deixo a contribuição para o sucesso das suas investigações
Carlos Silva da Fonseca
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RE: Interpretação de Assentos de Baptismo - pedido de ajuda.
Caro Paulo Pacheco
Por lapso escrevi mal o seu nome. As minhas desculpas
Cordiais Cumprimentos
Carlos Silva da Fonseca
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RE: Interpretação de Assentos de Baptismo - pedido de ajuda.
Caro Paulo Pacheco
Fico-lhe grato pela gentileza das suas palavras e bastante satisfeito por saber que aquelas pequenas dicas que, humildemente, procurei partilhar consigo foram, de alguma forma, úteis nessa sua empreitada.
Caso venha a precisar da minha ajuda sobre alguma situação e coloque reservas em relação à publicação de dados pode sempre contactar-me através de luismcalhau(arroba)hotmail(ponto)com
Em todo o caso, reconheço que sou apenas um mero aprendiz e curioso que muito tem bebido dos ensinamentos que são gerados permanentemente por este fórum e que ainda existem nesta área muitas vertentes que não domino. No entanto, contamos neste sítio com a colaboração de vários experts que nunca se escusam a dar uma ajudinha a quem realmente precisa. É essa atitude, muitas vezes de partilha desinteressada, que me faz orgulhar de ser um assíduo frequentador deste espaço.
Cumprimentos,
Luís Projecto Calhau
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RE: Interpretação de Assentos de Baptismo - pedido de ajuda.
Caro Carlos Silva da Fonseca,
Agradeço o seu contributo, até pelo facto de não ter conhecimento desses documentos «Inventários Orfanológicos».
Parece-me muito interessante, sobretudo, pelo facto de apresentarem as relações de parentesco entre indivíduos.
Fiquei com a ideia de que são documentos muito descritivos e, por isso, de valioso recurso.
Agradeço uma vez mais a sua atenção.
Com os meus cumprimentos, Paulo Pacheco.
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RE: Interpretação de Assentos de Baptismo - pedido de ajuda.
Caro Carlos Silva da Fonseca
Pode por favor me dizer onde posso consultar os (Inventarios Orfanológicos
Com os meus cumprimentos Carlos Luiz
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RE: Interpretação de Assentos de Baptismo - pedido de ajuda.
Caro Carlos Luiz,
Com o devido pedido de permissão ao confrade Luís Pacheco, moderador deste tópico e respondendo à sua questão, os inventários orfanológicos encontram-se tal como os registo paroquiais nos Arquívos Distritais. Apenas os mais recentes se encontram nos tribunais das comarcas correspondentes.
Também é possivel encontrar uma informação sumária de alguns registos na TTOnline. Em baixo transcrevo um exemlpo retirado da TTOnline
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CódigoReferência PT-ADAVR-TJCALB/82/1998
Título Inventário orfanológico
Datas 1825
NívelDescrição Documento Composto
DimensãoSuporte 1 proc. (300 x 197 mm); papel
CódigoReferAlternCota Tribunal Judicial da Comarca de Albergaria-a-Velha, Inventários obrigatórios, mç. 2, proc. 52
ÂmbitoConteúdo Inventariado: Joaquim Dias Branco. Inventariante: Maria Nunes de Jesus.
EntidadeDetentora Arquivo Distrital de Aveiro
Aviso Registo migrado de base de dados Microsoft Access
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No caso estamos na presença de um registo no A.D.AVEIRO, refente ao concelho de Albergaria-a-velha.
Cordiais Cumprimentos
Carlos Silva da Fonseca
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