Marquêz de Linda-a-Velha

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Marquêz de Linda-a-Velha

#258772 | zamot | 16 jul 2010 17:18

Caros Participantes,

Há dias num forum de uma rede social perguntaram-se se eu sabia quem era o actual Marquêz de Linda-a-Velha. Como nunca ouvi falar deste titulo venho por este meio pedir a vossa ajuda para saber se conhecem este titulo, e em caso afirmativo quem era o seu titular.

Obrigado

JTMB

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RE: Marquêz de Linda-a-Velha

#258774 | Conde de Granada | 16 jul 2010 17:28 | Em resposta a: #258772

Caro confrade José Thomaz,

Parece cer o título de um fado, veja os resultados do Google: http://www.google.com.br/search?hl=pt-BR&q=%22Marqu%C3%AAs+de+Linda-a-Velha%22&aq=f&aqi=&aql=&oq=&gs_rfai=&gs_upl=3445%2C321%2C2%2C0%2C446%2C891%2C6%3A1

Não encontrei quaisquer referências a um título nobiliárquico relacionado.

Melhores cumprimentos,

Granada

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RE: Marquêz de Linda-a-Velha

#258775 | Conde de Granada | 16 jul 2010 17:30 | Em resposta a: #258774

Corrigindo:

Parece "ser", ao invés do aberrante "cer."

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RE: Marquêz de Linda-a-Velha

#259660 | zamot | 30 jul 2010 19:21 | Em resposta a: #258775

Caros Amigos

Porque continuo a encontrar no Facebook um Marquez de Linda-a-Velha, resolvo colocar-lhe a pergunta sobre este misterioso titulo directamente e eis a resposta que obtive :

(...)terei muito gosto de lhe responder da velha procedência deste título atribuído ao Marquês de Pombal, para além de outros muito mais conhecidos, portanto referindo-me ao Primeiro-Ministro de El-Rei D. José... Tendo em conta que quando D. Maria II subiu ao trono, e devido às graves questões da côrte portuguesa e não o terem aceite o Marquês condignamente, afastando-o até de Lisboa para o seu Palácio, quase como prisioneiro domiciliário, creio que Sua Magestade a Raínha não querendo desonrá-lo de todo, porque, efectivamente, o reino devia-lhe tanto trabalho devotado e positivo, obrigou-o, para que ele pudesse manter os títulos que lhe foram atribuídos no tempo de seu Augusto Pai, El-Rei D. José, particularmente o do Marquês de Pombal, sendo ele também Conde de Oeiras, e não só, ordenou que ele entregasse a seus descendentes ou ascendentes os títulos que possuía, cabendo a um tio avô meu (sem filhos) que, por sua vez, passou a hereditariedade desse antigo título (não deixando de estar rodeado de polémicas) a meu avô materno, o qual nunca o usou por não desejo próprio. Com ou sem problemáticas, com incidência um primo meu costuma "brincar" com este título apesar de coberto de algumas saliências menos explicadas, mas, com ou sem essas atribuladas confabulações, possuo advindo de uma herança materna a Carta de Armas, assinada e chancelada pelo chanceler real, devidamente emoldurada numa casa que possuo nos Açores que é meu berço natal. Peço desculpa de não lhe poder dar mais explicações detalhadas sobre esta questão, mas parece que o João Ferreira-Rosa, nosso querido e bem amado fadista, tinha certa razão quando canta ele o que canta àcerca de uma "lenda" relacionada com este título que foi dado, salvo erro, por cinco gerações, mas indirectamente herdadas e, não reclamadas, e devidamente estudadas!

Coisas que a própria História da Nação apaga da memória colectiva!

Espero poder conhecê-lo um dia e, consigo directamente, ter oportunidade de lhe com muito gosto mostrar algumas coisas de eventual interesse(...)

O que acham desta explicação?

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RE: Marquêz de Linda-a-Velha

#259661 | LBolacha | 30 jul 2010 19:31 | Em resposta a: #259660

Acho que não custaria nos tempos de hoje, em que todas as pessoas possuem uma máquina fotográfica digital, pedir para ver uma foto da dita Carta de Armas...

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RE: Marquêz de Linda-a-Velha

#259668 | Conde de Granada | 30 jul 2010 22:16 | Em resposta a: #259660

Caríssimo confrade José Tomaz,

Certo é que não existe qualquer bibliografia que dê conta da existência desse título marquesal. Em papel, ele não existe. É patente que, e todos os nobiliários o afirmam, Sebastião José de Carvalho e Melo foi agraciado oficialmente com apenas dois títulos, o de Conde de Oeiras (17 de julho de 1759) e o posterior de Marquês de Pombal (16 de setembro de 1769). Apenas um título, o de Conde de Santiago de Beduíno, foi acrescido à Casa de Pombal, através do 6º marquês, António de Carvalho Melo e Daun de Albuquerque e Lorena (1850-1911).

Mas, há um erro histórico nas (um pouco confusas) afirmações do dito senhor, como, por exemplo, falar que Maria II subiu ao trono após D. José I. Ora, certamente que é D. Maria I!

A carta de armas ("herança materna") a que ele se refere, de acordo com as próprias palavras do dito senhor, não possui quaisquer relações com o suposto título de Marquês de Linda-a-Velha, apenas ele o cita querendo afirmar possuir outra linha de nobreza.

Provavelmente, dando algum ou pouco crédito às palavras dele, tal título foi "dado de boca", ou seja, algum monarca pode tê-lo prometido, mas, jamais, saiu do plano da manifestação verbal para o da material. Ora, não se pode passar a frente, hereditariamente, um título, até melhor estudo, inexistente. Ele mesmo afirma que "passou a hereditariedade desse antigo título [...] a meu avô materno, o qual nunca o usou por não desejo próprio" e "este título que foi dado, salvo erro, por cinco gerações, mas indirectamente herdadas e, não reclamadas, e devidamente estudadas!". Assim, como herdar uma mercê que jamais foi atribuida oficialmente?

Se ele puder provar, não ousarei discordar. Mas, repito: jamais alguém foi encartado em tal título.

Além do que, ele mesmo dilui tal "certeza" com termos como "não deixando de estar rodeado de polémicas", "Com ou sem problemáticas", "apesar de coberto de algumas saliências menos explicadas", "com ou sem essas atribuladas confabulações" e etc.

Vou pesquisar mais profundamente e, havendo frutos, não deixarei de avisá-lo.

Espero poder ter lhe sido útil de alguma forma.

Melhores, respeitosos e cordiais cumprimentos de,

Granada

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RE: Marquêz de Linda-a-Velha

#259679 | LBMS | 30 jul 2010 23:44 | Em resposta a: #259668

Caros confrades,

Toda essa história é um pouco bizarra e nem sequer condiz na sua essência cronológica, já que Linda-a-Velha só começa a ser chamada como tal em pleno seculo XIX... Antes, e de tempos imemoráveis, as aldeias junto a S. Romão de Carnaxide, chamavam-se Ninha a Velha e Ninha a Pastora. "Ninha" em português antigo significa menina, o mesmo significado da palavra "niña" em espanhol. No seculo XIX houve corrupção do nome e passaram a chamar-lhes Linda (em vez de menina)

A primeira referencia que se conhece do local onde é actualmente Linda a Velha é sobre a “Herdade da Ninha de Ribamar” e é referida numa carta de concessão emitida no Reinado de D. Afonso III, no século XIII, ano de 1254.

No Reinado de D. Dinis esta Herdade foi doada a um dos seus servidores como prémio pelos serviços prestados.
Nos séculos XVII e XVIII começou a ser designada de Casal Grande e Quinta do Casal Grande de Ninha Velha, sendo esta última designação que está nas origens do topónimo de Linda-a-Velha, surgindo, pela primeira vez, em documentos do século XIX.

No ano de 1750 foi esta Herdade doada a Alexandre de Gusmão, Secretário Particular do Rei D. João V, que ali construiu um Solar. Tendo morrido no ano de 1753, supõe-se que nem sequer chegou a habitá-lo. Assim, e por heranças a Quinta acabou nas mãos dos Viscondes de Rio Seco.

Em pleno século XX, na década de sessenta, foi adquirido pelo Professor Dr. Mário Júlio da Cunha Gonçalves, que fez uma restauração profunda, mantendo, contudo, grande parte dos alicerces e a lindíssima Capela em Honra de Nossa Senhora do Rosário, que conserva ainda o majestoso altar de madeira policromada da segunda metade do século XVIII. Este é o actual Palácio dos Aciprestes, ex-libris de Linda a Velha, ou de Ninha de Ribamar...

Cumprimentos

LBMS

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RE: Marquêz de Linda-a-Velha

#259681 | Conde de Granada | 31 jul 2010 00:02 | Em resposta a: #259679

Caríssimo LBMS,

Está, então, resolvido!

Grato, recebas os cumprimentos de,

Granada

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RE: Marquêz de Linda-a-Velha

#259702 | zamot | 31 jul 2010 13:29 | Em resposta a: #259681

Recebi entretanto no Facebook mais uma resposta da pessoa que diz deter este titulo, e que partilho aqui com vocês que são mais especialistas que eu :

(...)Efectivamente, o título não foi registado nem sequer perante a corte proferido, porque culminou com os derradeiros momentos anteriores à morte a de El-Rei D. José... Ora, nesse quadro de absoluta e incontrolável situação política já por si própria muito complicada em relação às inimizades entretanto fortemente conquistadas pelo então (saudoso Marquês de Pombal), e pela sustentadas pela vontade de quase vingança da nova Rainda, Senhora D. Maria II, que nada gostava dele, tendo a ajuda intrépida e poderosa de sua mãe, foi então ele afastado, direi até, exilado ou domiciliaramente (como hoje se poderia afirmar) detido para os seus domínios onde neles parece que permaneceu até à sua morte... Mas, a Senhora D. Maria II não ficou por aí, penso que dado aos pesados errendos da corte e os ajustes de contas por medidas tomadas pelo Maruêm em questão, ela quis retiral-lhe a maior parte dos honrarias e mercês a que tinha total direito, arranjando o subterfúgio muito interessante sob ponte de visra político de convidá-lo, afim de manter as regalias de Marquês de Pombal e o que lhe era devido como Primeiro-Ministro de El-Rei D. José, de distribuir por descendentes e ascendentes os outros diversos títulos nobiliárquicos que sempre lhe pertenceram, também, embora não registado nos anais da nobreza este de "Marquês de Linda-A-Velha" que, por destino ou então algo interessante, apesar de um parentesco indirecto, veio a ser concedido a um antepassado meu, que seria meu tio-tetra-avô, que não tendo filhos logo transitou para os mais directos varões até chegar a este alinhamento, mesmo sem registo nem pedido de reconhecimento; porém, realmente documentado, mas, também em mau estado por via do terramoto de 1980 nos Açores de onde sou natural, embora criado foras das ilhas açóricas.

Caríssimo e distinto Amigo, conto-lhe o que me chegou aos meus dias de 57 anos e, naturalmente através do tão inusitado e famoso acto último do Monarca D. José I que se regista na velha Carta de Armas, que se encontra na minha casa de S. Miguel. Pois bem, finda esta esta explicação agradável sobre tão incrédula situação, trei muito gosto de fotografar e digitalizar o documento em questão em mandar ao meu amigo e, já agora, ao nosso actual Marquês de Pombal, o ilustre Sebastião, que tive o elevado prazer de conhecer há já muito anos através de uma amigo comum que, por certo irá ele lembrar-se bem e, até parece que foi parte integrante do Conselho de Nobreza, o Conde-consorte da Louçã, o Cifka Duarte, marido da minha queridíssima Maria Helena Lencastre, que tantas boas recordações nos deixou a todos, especialmente à minha família!

Portanto, prometo, que farei o que prometi tão depressa vá aos Açores , propriamente a S. Miguel (Vila Franca do Campo), apos a minha chegada da Índia e Nepal que realizo todos os anos por esta altura, devido à minha missão ministerial para com os refugiados do Tibete e, também para com os leprosos e tuberculosos de várias cidades limítrofes de Varanasi e Benares...

Peço desculpa por esta longa dissertação, querendo reietar o meu pedido de um dia nos podermos encontrar e, se possível trocar algumas ideias e informações sobre algumas coisas que podem ser úreis para uma História de Portugal mais isenta de obscuridades, ininteresses, e porque não dizê-lo, de alguma vilanias! (...)


O que acham? Muita imaginação?

Eu acho que sim sobretudo depois desta excelente dissertação sobre Linda-a-Velha que o meu querido amigo LBMS nos deixou, mas gostava de ouvir vossa opinião

Um abraço

Zé Tomaz

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RE: Marquêz de Linda-a-Velha

#259728 | Conde de Granada | 31 jul 2010 17:27 | Em resposta a: #259702

Prezado amigo Zé Tomaz,

De facto. Depois da excelente explicação do confrade LBMS, parece-me que os argumentos do "Marquês de Linda-a-Velha" se esgotaram por completo, já na fonte.

Todavia, atento para que ele continua a insistir em falar de D. Maria II ao invés de D. Maria I e, agora, afirma que a carta d'armas é relativa ao título marquesal em questão.

Como já dito em anterior mensagem, o mais estranho são as dúvidas que ele mesmo procura inflitrar nas palavras que diz acerca do título; agora, já usando: "título não foi registado nem sequer perante a corte proferido", "embora não registado nos anais da nobreza", "por destino ou então algo interessante", "mesmo sem registo nem pedido de reconhecimento", "tão incrédula situação" e outros pontos mais obscuros. Será um meio de fugir à possível e posterior responsabilidade de ser tido como mentiroso? Talvez sim, talvez não. Nada posso afirmar quanto a isso. Talvez ele seja sincero e tenha acreditado numa história sem fundamentos... Ou talvez não... Quem saberá?

Uma coisa é certa historicamente: só há conhecimento de dois títulos atribuídos a Pombal: conde de Oeiras e, o próprio, de Marquês de Pombal. Portanto, não existe ou se comprova o fato do Marquês ter "de distribuir por descendentes e ascendentes os outros diversos títulos nobiliárquicos que sempre lhe pertenceram."

Todavia, eu gostaria de ver tal documento e, sendo possível, que ele explicasse como se dá tal parentesco indireto com Pombal.

Grande abraço,

Granada

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