Dúvida suscitada pelo livro Fidalgos e Morgados de Vila Real.

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Dúvida suscitada pelo livro Fidalgos e Morgados de Vila Real.

#265445 | mtt | 17 nov 2010 18:05

No volume I da obra do Dr. Júlio Teixeira, Fidalgos e Morgados de Vila Real e seu Termo, a páginas 29-31, ocupa-se o autor de uma família que designa como Pimentéis e Meneses, da Casa da Rua de S. João.
O artigo começa por um desenho do brasão obtido, em 1780, pelo padre doutor Francisco Ribeiro de Carvalho da Mesquita Pimentel, que descreve e interpretra, estranhando a ausência de referências nele a dois apelidos que, segundo o autor, o dito padre teria usado:

Representa o Brasão os quatro nomes – Ribeiro, Carvalho, Mesquita e Pimentel – todos oriundos de Vila Real, sendo os Ribeiros de Carvalho pertencentes a uma antiga família de São Pedro e os Mesquitas Pimentéis, da Família dos Nizas, Morgados de Lordelo. Não foram gravadas nas armas os apelidos Noronha e Meneses que lhe vinham do lado materno, por uma bastardia, dos Pinto da Silva de Noronha e Meneses, Senhores de Fermedo e Vieira. No entanto assinava esses nomes.

Em boa verdade, o padre, tanto quanto posso testemunhar, nunca fez uso dos apelidos em causa; mas é factual que foram usados pelos seus irmãos, pelo que, para a questão suscitada, ter-se o padre assinado ou não como Noronha e Meneses não constitui substancial diferença.
O documento que lhe concede o brasão, documento que o Dr. Júlio Teixeira transcreve, dá-o como filho legítimo de João Ribeiro de Carvalho da Mesquita Pimentel e de sua mulher Dona Mariana Pereira Pinto da Silva.
Seriam assim estes apelidos maternos, Pinto da Silva, que estabeleceriam a ligação por bastardia aos tais Pinto da Silva de Noronha e Meneses; ora, a mãe do padre era, segundo o texto de concessão do brasão, filha natural de um Nicolau Ferreira Pinto da Silva, que teria transportado os apelidos Noronha e Meneses, usados por alguns descendentes da sua filha natural.
Na realidade, este avô materno do padre aparece nos paroquiais nomeado apenas como Nicolau Ferreira, e sua filha como Mariana Pereira, filha natural de uma Josefa Pereira, que às vezes é Paula Pereira, personagem irrelevante neste contexto.
Por, infelizmente, não ter o Dr. Júlio Teixeira esclarecido como confirmou que Nicolau Ferreira era Pinto da Silva, e de que modo, sendo-o, se ligava aos tais Noronhas e Meneses, senhores de Fermedo e Vieira, é que aqui deixo este tópico, na esperança de obter, de quem se interessa pelas genealogias vila-realenses, alguma informação relevante.
Manuel.

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RE: Dúvida suscitada pelo livro Fidalgos e Morgados de Vila Real.

#265470 | tmacedo | 17 nov 2010 22:10 | Em resposta a: #265445

Caro confrade,

Mais uma casa que desapareceu de Vila Real!!! Como é possível isso acontecer em pleno século XXI...

Júlio Teixeira terá obtido esses dados do "Archivo Heraldico-Genealogico" de Sanches de Baena, pág. 215, nº 855: Francisco Ribeiro de Carvalho de Mesquita Pimentel....bisneto de Nicolau Ferreira Pinto da Silva e de Josefa Pereira Jorges (sic). (cartório da nobreza, liv II, fl. 253 v). A carta de brasão certamente faria referência a essa ascendência "Noronha e Menezes" que virá relatada no processo do cartório da nobreza existente no ANTT.

Cumprimentos,

António Taveira

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RE: Dúvida suscitada pelo livro Fidalgos e Morgados de Vila Real.

#265492 | mtt | 18 nov 2010 06:19 | Em resposta a: #265470

Caro António Taveira
Agradeço-lhe encarecidamente a resposta e a cota que me envia. Não deixarei de consultar a obra do Sanches de Baena, se ela existir na Biblioteca do Porto.
A Lisboa não irei tão cedo, mas quando a maré surgir também procurarei matar a curiosidade e ver como a padre conseguiu sustentar os costados que se arroga.
Suspeito, no entanto, que a ligação Noronha e Meneses não será fácil de encontrar, pois o homem era um fantasista, e talvez até um descarado falsário, se apresentou documentos a sustentar tudo aquilo que consta na Carta de Nobreza.
Não sei se reparou, existe uma contradição entre o que diz a Carta de Nobreza transcrita nos FMVR, e a genealogia explanada, na página anterior, pelo próprio Dr. Júlio Teixeira.
No primeiro caso, Paula da Mesquita (é sempre nomeada deste modo em paroquiais e notariais) é filha natural de António da Mesquita Pinto; no segundo, é filha igualmente natural de António da Mesquita Pimentel.
No caso de ser filha de António da Mesquita Pinto, a ligação, embora falsa, teria algum anacrónico e bizarro fundamento, já que este possuiu a quinta da Prelada, que mais tarde surgiria na posse de seus descendentes Noronha e Meneses. O padre seria, desse modo, parente dos Noronha e Meneses, da Prelada, embora não tivesse direito aos apelidos, que aliás penso que nunca usou.
Na realidade, Paula da Mesquita não era filha de nenhum dos dois Antónios da Mesquita, seja Pinto, seja Pimentel, nem sequer de Dona Paula Coronel, fosse ela quem fosse, pois também houve duas, tia e sobrinha bastarda.
O padre simplesmente inventou essa filiação, caluniando a primeira das senhoras, que era aquela a quem ele se quis referir e que morreu solteira.
Parece que as nossas conversas não encontram outro tema que não este, e vamos passando de uma genealogia inventada a outra. Eu, mais falho ao naipe, ficar-me-ei por aqui, já que não conheço senão as duas de que falámos.
Não sabia do desaparecimento, melhor seria dizer destruição, da casa da antiga rua do Cabo da Vila, que conhecia desde miúdo. Péssima notícia.
Muito grato,
Manuel.

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RE: Dúvida suscitada pelo livro Fidalgos e Morgados de Vila Real.

#265493 | AQF | 18 nov 2010 07:44 | Em resposta a: #265470

Caro António,

Confirmando o que diz, aqui fica o que consta em Gente D'Algo por Manuel Arnao Metello a apartir do Sanches Baena (in Raízes & Memórias nºs 2 a 12).

Nº 855 = 31/10/1780 = Ribeiros, Carvalhos, Mesquitas e Pimentéis
1 = Dr. Francisco Ribeiro de Carvalho Mesquita Pimentel, nt. de V. Real, Presbítero do Háb. de S. Pedro
2 = João Ribeiro de Carvalho Mesquita Pimentel
3 = Mariana Pereira Pinto da Silva
4 = Manuel Ribeiro de Carvalho
5 = Paula de Mesquita Pimentel
6 = Nicolau Ferreira Pinto da Silva
7 = Josefa Pereira Borges
10 = António de Mesquita Pinto, Fid. C. Real
11 = Paula Coronel

Cumprimentos,

Ângelo

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RE: Dúvida suscitada pelo livro Fidalgos e Morgados de Vila Real.

#265512 | tmacedo | 18 nov 2010 12:06 | Em resposta a: #265492

Caro Manuel TT,

A palavra falsário, aplicada ao citado padre, é talvez demasiado forte. Pelo menos entendida com o significado actual.

No século XVIII as fantasias genealógicas eram "demonstráveis" com vagos testemunhos e alguma documentação fabricada. Muitos o faziam perante a complacência geral e a troça de uns tantos. Temos tido, em discussões recentes no forum, bons exemplos disso mesmo. Já não é aceitável, pela mudança de mentalidades entretanto operada, igual comportamente em tempo posterior. E, como vamos constantando, muitos ainda se recusam a ver essa evidência setecentista, acreditando cegamente em Gaio e quejandos.

Com os melhores cumprimentos,

António Taveira

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Vila Real, séc. XVI: Pedro Pinto de Barros.

#312340 | mtt | 23 ago 2012 05:28 | Em resposta a: #265512

Caro António Taveira
Mais uma dúvida, mais uma consulta.
José de Campos e Sousa, seu mestre ‒ se bem recordo o que em outro tópico confessou ‒, escreveu (PGdCCB; p. 53) que o Dr. Júlio Teixeira havia declarado, em artigo de 1939 publicado na Ordem Nova, “ser Pedro Pinto de Barros, filho legítimo de Álvaro Pinto e de sua mulher D. Maria Roiz, quando ele era filho bastardo, e talvez adulterino, de Álvaro Pinto e de sua cunhada D. Catarina Roiz de Barros, a Amazona, irmã de D. Maria Roiz de Barros ‒ conforme o próprio autor posteriormente confirmou.”
Após ter passado uma tarde inteira na Biblioteca do Porto, sem nada ter encontrado nos FMVR, venho perguntar-lhe se sabe onde poderá ter sido publicada esta tão sedutora teoria da Amazona, que aparentemente terá sido descartada, já que o se pode ler nos FMVR (vol. III; p. 295) é o que segue:
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3 ‒ D. Maria Correia Botelho casou, em São Dinis, em 3 de Setembro de 1575, com Pedro Pinto de Barros, escrivão da Câmara de Vila Real, filho de Álvaro Pinto e de sua mulher D. Maria Roiz.
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Cordiais cumprimentos,
Manuel.
PS: como pequeno lenitivo à mágoa que ressalta da sua primeira mensagem neste tópico, faço-lhe saber que a casa da Rua de São João afinal não foi demolida, mas apenas desmontada, por estar a parte superior em risco de cair sobre o passeio. Asseguraram-me, outro dia, lá na Bila, que as pedras estão guardadas e apenas uma questão de partilhas tem impedido a reconstrução.

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