Poderão ser os nomes «João» e «Pedro» considerados apelidos de pessoas?
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Poderão ser os nomes «João» e «Pedro» considerados apelidos de pessoas?
Caros confrades,
Tenho encontrado uma anormal presença nos assentos mais antigos de São Martinho de Frazão, Paços de Ferreira, de diversos indivíduos com o segundo nome João, ex: Luísa João, Domingos João, etc. Tal como nas freguesias de Freamunde e Ferreira, Paços de Ferreira, surgem muitas pessoas com o segundo nome «Pedro».
Será que são, de facto, apelidos? E o mais interessante é que tal verifica-se com muita frequência nos assentos mais recuados do século XVII.
Qualquer opinião será bem-vinda.
Cumprimentos, PP.
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RE: Poderão ser os nomes «João» e «Pedro» considerados apelidos de pessoas?
Caro confrade
Conheço algumas pessoas que têm apelido Pedro, alguns com outro apelido antes, pelo que pode certamente ser apelido. Existem também outros nomes próprios utilizados como apelido, como por exemplo, José e Francisco. Creio pois que também poderá haver João embora não conheça nenhum caso concreto.
Cumprimentos,
J C Canelas
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RE: Poderão ser os nomes «João» e «Pedro» considerados apelidos de pessoas?
Poder podem e ambos existem hoje como tal. Conheço quer Pedros quer Joões. No entanto, também não quer dizer que nessa época o fossem já. Terão sido transmitidos como nome de família?
Atentamente, nuno de m.
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«João» e «Pedro» considerados apelidos de pessoas?
Tive um colega de trabalho de nome M.......FERNANDES PEDRO, era Engenheiro.
Aqui no condomínio mora um Advogado de nome B......X.......LUÍS.
Cpmts,
FREDERICO/BRASIL
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RE: Poderão ser os nomes «João» e «Pedro» considerados apelidos de pessoas?
Caros confrades,
Obrigado pelas vossas achegas.
Nalguns casos parece-me claramente que é a transmissão do nome de família, por exemplo:
• António João, f.º de Manuel João e Dionísia Antónia;
• Maria João, f.ª de Francisco Borges e Maria João;
Noutros casos parece-me que significa que era filho(a) de um João ou, por exemplo, de um Francisco:
• Maria João, f.ª de João Fernandes e Domingas Jerónima;
• Nicolau Francisco, f.º de Francisco Borges e Maria João;
• Catarina Francisca, f.ª de Francisco Gonçalves e Domingas João.
Cumprimentos, PP.
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RE: Poderão ser os nomes «João» e «Pedro» considerados apelidos de pessoas?
Falando em nomes próprios, tenho na família toda uma série de avoengos cujo nome de família é "José Luís". São todos descendentes de um casal de expostos cujo nome do marido era exactamente José Luís.
Atentamente
Abel Figueiredo
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RE: Poderão ser os nomes «João» e «Pedro» considerados apelidos de pessoas?
Sim,claro.
Funciona como patronímico em substituição de Anes,Eanes,Enes com as grafias Joam ou João,tal qual Pedro por Peres ou Pires.
Cumprtos
luis
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RE: Poderão ser os nomes «João» e «Pedro» considerados apelidos de pessoas?
Caro Luís,
Se percebi a sua resposta, João "substitui" Anes, Eanes e Enes? Tal como Pedro "substitui" Peres e Pires, é isso?
Cumprimentos, PP.
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RE: Poderão ser os nomes «João» e «Pedro» considerados apelidos de pessoas?
É o que me parece, baseando este facto na leitura de assentos.Por vezes subsistiram como nomes,outras não.
cprtos
luis
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RE: Poderão ser os nomes «João» e «Pedro» considerados apelidos de pessoas?
Talvez não me tenha explicado bem...Penso que são formas mais tardias que as outras. No entanto, no sec XVII ainda verifiquei que filhos de uns quantos Domingos viriam a ser Domingues, mas em alguns casos seriam pura e simplesmente Domingos...
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RE: Poderão ser os nomes «João» e «Pedro» considerados apelidos de pessoas?
Caro PP,
Anes, Eanes e Enes são patronímicos de João. Ou seja, são nomes que indicam que determinada pessoa era filha de um João.
Peres e Pires são patronímicos de Pedro (ou Pero, que é exactamente o mesmo nome).
Durante boa parte da Idade Média, e em muitos sítios a coisa continuou depois, muitos indivíduos recebiam além do nome próprio um outro nome, o patronímico, que os distinguia de outras pessoas:
Assim, se num lugar nascessem quatro afonsos, a melhor maneira de os distinguir seria juntar-lhes um patronímico que indicasse o nome do seu pai. Assim, um Afonso filho de um Henrique seria Afonso Henriques, um Afonso filho de um Sancho seria Afonso Sanches. Um Afonso filho de um Rodrigo seria Afonso Rodrigues. No fundo é o mesmo mecanismo do inglês, onde é evidente que alguém que se chame Johnson seria filho de um John (John+son).
A explicação para o sufixo usado em Portugal terá a ver com o latim. Um Vimaro chamaria Lucídio Vimaranes ao filho, ou seja algo como o Lucídio do Vímara.
Nalguns casos, estes patronímicos não sofriam o acrescento do "es" e passavam sem mudanças. Por exemplo, João Afonso podia ser um João cujo pai se chamasse Afonso. Ou um Pedro Dinis poderia ser um Pedro filho de Dinis.
Claro que houve uma altura em que estes patronímicos cristalizaram e deixaram de ser transmitidos com esta regra de significarem que eram filhos de alguém com determinado nome. E, de repente já se usa um Gonçalves que nada tem a ver com o nome do pai, mas sim com um muito remoto antepassado que se chamava Gonçalo.
Muita gente nem usava um patronímico mas sim um segundo nome próprio, como João ou Pedro ou Dinis ou fosse o que fosse (ao estilo Luís Filipe)
Nos casos que refere claro que ajudaria perceber como decorreram as transmissões desses nomes ao longo de algumas gerações. Nalguns casos poderiam não passar de homenagens ao pai, que dava ao filho um dos seus nomes (o primeiro ou o segundo nome próprio) noutros poderia ter mesmo ganhado foros de apelido. Não há regra e apenas o estudo comparativo de algumas gerações permitiria tirar uma conclusão.
atentamente, nuno de m.
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