Morante Menéndez
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Morante Menéndez
Caros Confrades
Há já muitos anos que integro este site genealógico, quer como simples leitor, logo nos primeiros anos do seu surgimento, quer depois como associado no seu nível superior, desde Janeiro de 2006.
As minhas intervenções ao longo destes anos, estão expostas um pouco por aí, com posts em muitos tópicos de confrades sobre muitas pessoas, famílias, ou assuntos em que procurei deixar o meu contributo esclarecendo naquilo que sei, ou colocando questões e formulando perguntas naquilo que procurava saber.
Criei alguns tópicos sobre ramos familiares, ou de famílias com eles aparentados, alguns com um número considerável de intervenções, mas, por um motivo particular que hoje pretendo evocar, reparei que nunca havia criado um tópico sobre a minha varonia, apesar dela aqui estar (minimamente) tratada na BD e ter sido superficialmente abordada num tópico de uma confreira cubana.
Ainda assim, dado o facto das suas linhas discursivas serem inéditas aqui no Fórum, creio ser mais que tempo de resgatar a memória dos meus maiores paternos e relevar uma falta pessoal para com a memória de meu Pai.
José Filipe Menéndez
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A propósito do centésimo aniversário de Júlio Carlos Menéndez Lopes -1
Júlio Carlos Menéndez Lopes ou Júlio Carlos Morante Menéndez, como também chegou a usar, numa justa homenagem a sua mãe e à sua família materna, nasceu há precisamente 100 anos em Vila do Conde, no lugar do Souto, da freguesia de Árvore, aonde seu pai então estava colocado como chefe de estação de caminho de ferro, na linha do Porto à Povoa e Famalicão.
Bem! Precisamente, precisamente 100 anos, tem uma dúvida de peso agarrada. É que se dá o caso de no diário de seu pai, aparecer como nascido não a 10, mas a 7 de Outubro de … 1912. Por isso mesmo se comemoravam, ainda que de maneira distinta, um e outro dia dos supostos aniversários. Mas no BI, aquele que oficialmente contava, lá estava exarado o dia 10 e é a este dia de aniversário que aqui nos reportamos.
Era o oitavo e último filho do casal D. José Maria Menéndez Lopez e Doña Maria Teresa Morante Bernal .
Quando nasceu, já o irmão mais velho Cristóbal José Manuel (o único dos irmãos nascido em Espanha) tinha partido, há uns 5 ou 6 anos, para o Brasil, levado pelos padrinhos em busca de um futuro mais promissor. Assim, meu pai nunca chegou a conhecer o primogénito de seus pais, razão pela qual transferiu tanta saudade e afeição para a filha póstuma deste seu irmão e de toda a sua numerosa família pernambucana.
Por essa razão, e pela morte prematura de outros dois irmãos, foi criado com os cinco irmãos sobreviventes, ainda que cedo tenha visto partir para Lisboa, para casa de seus tios paternos, a sua querida irmã Tininha, que viria a ser perfilhada por aqueles, e criada juntamente com a prima (e agora irmã) Berta Clotilde, a única filha que ficara do 1.º casamento de seu tio Joaquim.
(continua)
1 Veja-se: http://www.geneall.net/H/per_page.php?id=1120027
2 Veja-se: http://www.geneall.net/H/per_page.php?id=1118429
3 Veja-se: http://www.geneall.net/H/per_page.php?id=1118430
Filipe Menéndez
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RE: A propósito do centésimo aniversário de Júlio Carlos Menéndez Lopes -1 (rectificação do dia 11)
Caríssimos
O meu pedido de desculpas, com a rectificação do dia 11 de Outubro e não dia 10, como por lapso deixamos passar.
Júlio Carlos Menéndez Lopes ou Júlio Carlos Morante Menéndez, como também chegou a usar, numa justa homenagem a sua mãe e à sua família materna, nasceu há precisamente 100 anos em Vila do Conde, no lugar do Souto, da freguesia de Árvore, aonde seu pai então estava colocado como chefe de estação de caminho de ferro, na linha do Porto à Povoa e Famalicão.
Bem! Precisamente, precisamente 100 anos, tem uma dúvida de peso agarrada. É que se dá o caso de no diário de seu pai, aparecer como nascido não a 11, mas a 7 de Outubro de … 1912. Por isso mesmo se comemoravam, ainda que de maneira distinta, um e outro dia dos supostos aniversários. Mas no BI, aquele que oficialmente contava, lá estava exarado o dia 11 e é a este dia de aniversário que aqui nos reportamos.
Era o oitavo e último filho do casal D. José Maria Menéndez Lopez e Doña Maria Teresa Morante Bernal.
Quando nasceu, já o irmão mais velho Cristóbal José Manuel (o único dos irmãos nascido em Espanha) tinha partido, há uns 5 ou 6 anos, para o Brasil, levado pelos padrinhos em busca de um futuro mais promissor. Assim, meu pai nunca chegou a conhecer o primogénito de seus pais, razão pela qual transferiu tanta saudade e afeição para a filha póstuma deste seu irmão e de toda a sua numerosa família pernambucana.
Por essa razão, e pela morte prematura de outros dois irmãos, foi criado com os cinco irmãos sobreviventes, ainda que cedo tenha visto partir para Lisboa, para casa de seus tios paternos, a sua querida irmã Tininha, que viria a ser perfilhada por aqueles, e criada juntamente com a prima (e agora irmã) Berta Clotilde, a única filha que ficara do 1.º casamento de seu tio Joaquim
(continua)
Veja-se: http://www.geneall.net/H/per_page.php?id=1120027
2 Veja-se: http://www.geneall.net/H/per_page.php?id=1118429
3 Veja-se: http://www.geneall.net/H/per_page.php?id=1118430
Filipe Menéndez
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RE: A propósito do centésimo aniversário de Júlio Carlos Menéndez Lopes -1 (rectificação das notas)
Caríssimos
Um meu novo pedido de desculpas. Depois da rectificação do dia 11 de Outubro em vez do dia 10, como por lapso deixamos passar, verifiquei um outro e persistente erro, pois esqueci-me que os números das notas de rodapé não aparecem aqui automaticamente.
Júlio Carlos Menéndez Lopes (1) ou Júlio Carlos Morante Menéndez, como também chegou a usar, numa justa homenagem a sua mãe e à sua família materna, nasceu há precisamente 100 anos em Vila do Conde, no lugar do Souto, da freguesia de Árvore, aonde seu pai então estava colocado como chefe de estação de caminho de ferro, na linha do Porto à Povoa e Famalicão.
Bem! Precisamente, precisamente 100 anos, tem uma dúvida de peso agarrada. É que se dá o caso de no diário de seu pai, aparecer como nascido não a 11, mas a 7 de Outubro de … 1912. Por isso mesmo se comemoravam, ainda que de maneira distinta, um e outro dia dos supostos aniversários. Mas no BI, aquele que oficialmente contava, lá estava exarado o dia 11 e é a este dia de aniversário que aqui nos reportamos.
Era o oitavo e último filho do casal D. José Maria Menéndez Lopez (2) e Doña Maria Teresa Morante Bernal (3).
Quando nasceu, já o irmão mais velho Cristóbal José Manuel (o único dos irmãos nascido em Espanha) tinha partido, há uns 5 ou 6 anos, para o Brasil, levado pelos padrinhos em busca de um futuro mais promissor. Assim, meu pai nunca chegou a conhecer o primogénito de seus pais, razão pela qual transferiu tanta saudade e afeição para a filha póstuma deste seu irmão e de toda a sua numerosa família pernambucana.
Por essa razão, e pela morte prematura de outros dois irmãos, foi criado com os cinco irmãos sobreviventes, ainda que cedo tenha visto partir para Lisboa, para casa de seus tios paternos, a sua querida irmã Tininha, que viria a ser perfilhada por aqueles, e criada juntamente com a prima (e agora irmã) Berta Clotilde, a única filha que ficara do 1.º casamento de seu tio Joaquim
(continua)
(1) Veja-se: http://www.geneall.net/H/per_page.php?id=1120027
(2) Veja-se: http://www.geneall.net/H/per_page.php?id=1118429
(3) Veja-se: http://www.geneall.net/H/per_page.php?id=1118430
Penso que agora, há terceira vez (é de vez) está correcto o conteúdo do post.
Filipe Menéndez
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RE: A propósito do centésimo aniversário de Júlio Carlos Menéndez Lopes - 2
Continuando
Em boa verdade, a Tininha (4) era já a segunda das suas irmãs a irem viver para a opulenta casa dos seus tios, em Lisboa. Antes dela, já por lá tinha passado a mais velhas das irmãs, Maria del Carmen (5), a Carmencita, de quem muito gostava o tio (por afinidade) Joaquim. Só que muito pequena, e linguaruda, “traiu” a confiança das suas tias Carmen (6) - a esposa do abastado comerciante e despachante oficial da alfândega de Lisboa, vereador da sua câmara municipal e tão respeitável (como intransigente) republicano, para além do mais maçon, dos mais destacados do Grande Oriente Lusitano, e anticlerical assumido, o “cidadão” Joaquim Correia Pinto da Silva (7) - Rosa, Juana y Soledad (8), para já não falar da velha matriarca daquele coeso clã espanhol, a mãe destas e avó daquela outra Carmen, a asturiana de rija têmpera Doña Josefa Lopez Árias (9) , todas elas católicas e praticantes … às escondidas e à revelia do marido, cunhado e genro. A desculpa inventada à pressa pela esposa, de uma malvada liga, que devia prender a meia, caída em plena rua da Baixa Lisboeta fora a causa (justificável e justificada) que a obrigara a entrar na Igreja de S. Domingos, lá passou (com maior ou menor crédito) perante o seu republicano e inquiridor marido. A vítima desta inquirição, a Carmencita, não foi condenada à fogueira como as vítimas da antiga Inquisição, mas foi, isso sim, recambiada para a casa paterna no Minho. Alguns anos depois era substituída pela sua irmã Tininha, que acompanharia sempre os seus tios, até ao fim das suas vidas.
E foi assim que o Julito deixou de brincar com a mana Tininha, de idade mais próxima da sua que a Carmen, treze anos mais velha que ele. Mas tinha ainda os dois outros rapazes, o Fernando e o Mário que, embora mais velhos, protegiam o irmão, quando era caso disso, ou o ignoravam do alto da sua superior “maioridade”. Mas pelas férias, lá regressava a irmã com os seus tios-pais, que sempre vinham para perto dos cunhados e irmãos. Dessas férias passadas em Modivas (10), na casa que os tios Joaquim e Carmen alugavam todos os verões, ficaram muitos testemunhos fotográficos, alguns deles ainda anteriores ao seu nascimento.
Já agora, à laia de explicação, uma das razões de existirem tantas fotografias para aquela época tão recuada, muitas delas com cento e tal anos, consistia no facto de o Sr. José Correia, o irmão mais velho do tio Correia ter sido sócio da “Phot.ª Achiles e Corrêa” e depois seu único dono, já sem o “Achiles” como sócio e com o seu nome em exclusividade na placa publicitária e também nos lindos passe-partout em que essas fotografias centenárias eram coladas.
(4) Veja-se: http://www.geneall.net/P/per_page.php?id=1173671
(5) Veja-se: http://www.geneall.net/P/per_page.php?id=1173669
(6) Veja-se: http://www.geneall.net/H/per_page.php?id=1181394
(7) Veja-se: http://www.geneall.net/P/per_page.php?id=2041510
(8) Veja-se: http://www.geneall.net/H/per_page.php?id=1181395
(9) Veja-se: http://www.geneall.net/H/per_page.php?id=1140274
(10) A casa alugada pelos seus tios em Modivas ficava relativamente perto daquelas, que ao longo dos anos, os seus pais foram habitando, ao ritmo das sucessivas estações que o velho chefe Menéndez foi percorrendo, Vilar de Pinheiro, Azurara, Árvore, Leça da Palmeira e, finalmente, Pedras Rubras.
(continua)
Filipe Menéndez
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RE: A propósito do centésimo aniversário de Júlio Carlos Menéndez Lopes - 3
(continuação)
Mas voltemos a essas várias férias memoráveis do meu pai e dos seus irmãos, em que toda a família se reunia nas terras verdejantes do Minho. De facto, não eram só os tios que aí se juntavam com as filhas (as suas prima Bertinha e a irmã Tininha). Com eles iam, geralmente, as irmãs Menéndez, suas tias paternas, mas já sem a idosa D. Josefa, entretanto falecida em Lisboa; e, além delas, apareciam também os outros “tios Correia”, irmãos do seu (esse sim) tio Joaquim Correia; os primos Ferreira, filhos do António Ferreira (e de mãe mestiça), grande capitalista e colonialista, senhor de várias roças em S. Tomé, casado com a sua prima Madalena Menéndez Ferreira (Ferreira, já pelo casamento), sobrinhos e vizinhos de D. Carmen e de seu marido Joaquim Correia, na rua Palmira, aos Anjos, em Lisboa e … que eram os senhorios de um tal senhor José Maria Alves Caetano, já viúvo da sua primeira mulher D. Josefa Maria das Neves, que lhe deixara seis filhos, o último dos quais, o jovem Marcelo José, um excelente aluno, prometia vir a ser Alguém no futuro. Mas, pelas férias do Verão, vinham ainda de Espanha, por vezes, os primos Morante Bernal, de Olmedo de Camaces, de Salamanca e de Madrid a passar uns dias com os tios e primos (Morante) Menéndez(11).
Alguns desses documentos iconográficos são verdadeiras obras-primas da fotografia artificialmente colorida do princípio do séc. passado, além de um testemunho de uma época que desapareceu para sempre na voragem do tempo e do camartelo do progresso. Progresso que transformou, irremediavelmente, a foz do Leça no porto de Leixões – Vem isto a propósito de uma linda fotografia, artística mesmo, que estou a rever, com a maior parte desta (minha) família luso-espanhola. Todos (e “todos”, significa 15 pessoas, entre adultos e crianças) numa enorme barca na foz do rio Leça, entre árvores frondosas, com uma calma e tranquilidade patentes nos olhares que fixam a câmara, no meio daquele cenário quase idílico, cheio de bucolismo. Esta fotografia, na foz do Leça, reporta-se já à fase seguinte, quando a família deixa as margens do Ave e se desloca uma vez mais, agora para o Sul, para bem perto da barra do Douro.
(11) Na verdade, os primos portugueses eram conhecidos pelo seu nome próprio ou diminutivo, a tia Maria Teresa, por tia Teresa e só ao referirem-se à família de Portugal, no geral, os designavam pelo apelido Menéndez. Eu é que tomo a liberdade, embora ao contrário da ordenação dos apelidos durante algum tempo usados pelo meu pai, de designar a família paterna pelo conjunto dos dois apelidos das respectivas varonias - Morante Menéndez, ou seja, na ordenação tradicional portuguesa (com o apelido do pai do pai em último lugar) quando, à boa maneira espanhola (e também na do Portugal mais antigo) deveria ser Menéndez Morante, mas que nunca me soou bem ao ouvido, quando enunciados por essa ordem.
(continua)
Filipe Menéndez
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RE: A propósito do centésimo aniversário de Júlio Carlos Menéndez Lopes - 4
(continuação)
Disse, anteriormente, que a família deixara as margens do Ave e se deslocara uma vez mais, agora para o Sul, para bem perto da barra do Douro.
Efectivamente, o “chefe” Menéndez trocava aquela última estação da freguesia de Árvore, da linha do Porto à Povoa e Famalicão, por uma outra, então mais importante, por ser a que servia Leça da Palmeira. Foi aí que o meu pai cresceu, entre o mar e o velho rio Leça, de que tantas vezes lhe ouvi descrever a beleza, para sempre perdida nos sucessivos acrescentos de que foi beneficiando o porto de Leixões. Recordo a 1.ª vez que lá me levou, tinha eu 10 anos (já lá vão tantos), mas vejo-o em cima do velho “caracol”, a artística cerca de pedra, já desaparecida, no jardim do forte de Nossa Senhora das Neves, o forte de Leça. Revejo-o então, a percorrer o “caracol”, fazendo equilíbrio como em miúdo.
Aí estudou e fez amigos com quem brincava, com quem percorria aquelas praias de areias impolutas, aonde depois se ergueu a refinaria – um pesado tributo ao progresso e à modernidade. Ao recordar a sua juventude, contava-me quando, com os amigos, mergulhava nas águas do porto de Leixões para apanhar as moedas que os ingleses lhes atiravam, num desafio para ver quem melhor nadava e mais fôlego tinha debaixo de água.
Continuando os seus estudos, já na vetusta capital do norte, matriculou-se no liceu Rodrigues de Freitas. Algum tempo depois, embora continuasse a estudar, começou a procurar trabalho na cidade do Porto, de maneira a conseguir algum dinheiro extra, que em casa não abundava.
Mas como os seus irmãos mais velhos, à medida que cresciam e estudavam, haviam deixado a casa paterna, o meu pai começava a acalentar desejo de lhes seguir o exemplo. O Fernando viera para Lisboa trabalhar com o tio Joaquim Correia, como ajudante de despachante e o Mário fora para a tropa, seguindo a carreira militar.
Não me lembro ao certo, por quanto tempo esteve em Lisboa, como empregado do tio Joaquim Correia. Tenho no arquivo de família, entre os seus muitos documentos, um cartão da Administração Geral do Porto de Lisboa, datado de 11 de Janeiro e 1929, em que está referido como empregado “do despachante oficial J. C. Pinto da Silva”. Nele assina apenas Julio Carlos Menendez, sem os assentos agudos, no 1.º e último nomes, que tanta chatice haviam depois trazer com os zelosos (e incultos) funcionários do Arquivo de Identificação, para preenchimento do BI. Tinha então 17 anos, aos quais a fotografia deve, mais ou menos, corresponder.
Mas não ficou muito tempo por Lisboa, nessa sua primeira abordagem à capital. Depressa regressou ao Porto, melhor dizendo à quinta de Pedras Rubras, para onde os pais se haviam mudado, depois da merecida reforma do velho chefe Menéndez. Mais velho de aspecto que, propriamente, de idade.
(continua)
Filipe Menéndez
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RE: A propósito do centésimo aniversário de Júlio Carlos Menéndez Lopes - 4
Caro confrade,
Certamente serão famílias distintas (posto que é um apelido patronímico), porém, alerto-lhe sobre uma 8ª avó minha ser Menéndez: Maria Francisca Menéndez de Bullón y Pacheco, nascida em 4 de outubro de 1731 na actual Ciudad de México, então Vice-Reinado da Nova Espanha, e falecida na mesma cidade em 7 de dezembro de 1756.
Saudações,
D.
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RE: A propósito do centésimo aniversário de Júlio Carlos Menéndez Lopes - 4
No mais, saúdo-lhe pela bela história familiar. Lembrar, e honrar!, nossos maiores é um dever.
Abraço-lhe cordialmente,
D.
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RE: A propósito do centésimo aniversário de Júlio Carlos Menéndez Lopes - 4
Parabéns, Zé, pela efeméride e pelo texto. Que boas lembranças! Muito bife no restaurante homónimo! :) Tenho ideia de ter visto algumas das fotos, mas é pena que fiquem "escondidas".
Bj à Fernanda, abraço
J
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RE: A propósito do centésimo aniversário de Júlio Carlos Menéndez Lopes - 4
Caro Confrade
Agradeço-lhe as suas simpáticas palavras, bem como a informação que deixou sobre essa sua antepassada que, infelizmente, morreu tão precocemente.
São com toda a certeza famílias distintas, dado ser o patronímico Menéndez muito frequente na região de origem dos pais do meu avô paterno, nas Astúrias. Há já uns anos, consultei as estatísticas sobre os apelidos aí mais frequentes e o meu Menéndez aparecia na 14.ª posição com12.784 ocorrências. E depois havia ainda a ter em conta os outros apelidos compostos - Garcia Menéndez, Menéndez Fernandez, Fernandez Menéndez, Gonzalez Menéndez, Menéndez Menéndez, para só referir os primeiros 5, cada um deles com quatro dígitos nas respectivas ocorrências.
Curiosamente não tenho quaisquer parentes conhecidos em Espanha, por este meu costado. As dezenas de primos que por lá tenho, espalhados um pouco por toda a Espanha, México e Venezuela são todos da família de minha avó paterna, dos Morante Bernal.
Há uns anos, encontrei uns Menéndez, em Leon que, esses sim, tinham muitas probabilidades de serem parentes dos meus, dado os seus antepassados serem naturais dos mesmos "pueblos".
Aqui, em Portugal, creio existirem mais duas famílias, distintas da minha. Um contraste flagrante com os números só das Astúrias.
Cordialmente,
Filipe Menéndez
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Caro Arauto ... de Leiria
John?
Bem, seja qual for dos meus Amigos Figueirenses, aqui ficam os meus (nossos) agradecimentos, pelo texto e pela efeméride (que ainda me vai dar algum trabalho, pois não encontro parte da documentação que pensava estar no arquivo certo, isto para escrever com o mínimo de rigor e veracidade, dado que não tenho tudo de cabeça).
Abraços,
Zé Filipe
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RE: A propósito do centésimo aniversário de Júlio Carlos Menéndez Lopes - 4
Caro confrade,
Pois o bisavô (meu 11º avô) dessa minha antepassada era asturiano, de Oviedo. Ela morreu cedo, deveras; morreu ao dar luz à minha 7ª avó María Amalia Martínez de Sicilia y Menéndez de Bullón.
Também não tenho notícia de parentela Menéndez em Espanha, porém o tenho na Bélgica, onde um ramo se radicou e, por motivos alheios (penso que por questões língüisticas), cortou o Menéndez e quedou apenas com o Bullón afrancesado: Bouillon. Segundo consta-me, o último varão da família (Étienne Henri) faleceu em 21 de agosto de 1870, por conta de ferimentos na batalha de Saint-Privat (da qual não tomou parte, mas, acabou gravemente ferido por estilhaços), durante a Guerra Franco-Alemã.
Respeitosa e cordialmente,
D.
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RE: A propósito do centésimo aniversário de Júlio Carlos Menéndez Lopes - 4
Caro confrade
Meu bisavô José Menéndez Balbi era natural de Illas, S. Julian de Illas, provincia de Oviedo. Illas fica a 8 km de Avilés, mas com tantos e tantos Menéndez, o meu bisavô não devia ter nada a ver com os célebres Mnéndez de Avilés.
O seu estatuto social era o da maioria, trabalhador rural, o que o levou, já casado e com uma filha, a emigrar para Madrid, na esperança de melhor trabalho.
Pois é, os problemas linguísticos!
O meu Menéndez lá sobreviveu aos maus trato que, felizmente, não chegaram a ser de polé. Mesmo assim, iam-lhe dando cabo do "zeta" final, que tanta confusão faz aos Portugueses, tanta como o nosso ditongo "ão" aos Espanhois.
Já o "zeta" do Lopez, da minha bisavó Josefa Lopez Árias, foi "à vida" e transfigurou-se em Lopes. Ainda bem que não mo puseram no nome, porque não gosto desse patronímico, embora Lopo, seja um nome próprio que me agrada pela sua ressonância histórica. Mas não ligue, são já manias (ia dizer de velho), mas tenho de combater essa ideia. O meu pai, cujo aniversário, e respectiva homenagem, estiveram na origem deste tópico, viveu mais 24 anos além da minha idade actual. Póde ser ...
Um abraço,
Filipe (ou Felipe, à espanhola) Menéndez
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RE: Menéndez
Estimado confrade,
Acaba havendo um parentesco com os Menéndez de Avilés sobretudo por conta dos meus antepassados Falcón, Hevia, Porres e Bernaldo de Quirós. Porém, não existe qualquer vinculação genealógica dos Menéndez de Bullón com os Menéndez de Avilés, não obstante a, por assim dizer, "vizinhança geográfica."
Os de Avilés são muito mais antigos e de fidalguia ancestral também consideravelmente mais vetusta. Já os meus Menéndez, os de Bullón (acrescentado já na metade do século XVII depois de um casamento mais "honroso"), eram cristãos-velhos "desde sempre", enfim, dir-se-ia, desde a conversão de Recaredo, porém, de origem humilde e tornada rica e "burguesa" já no século XIII e, por força do vil metal, foram elevados à fidalguia em fins do século XV, no reinado de Henrique IV de Castela.
Gosto muito, e especialmente, dos patronímicos. Tenho-os em alta conta. Não são meras e simples "manias"; é apenas zelo. Salutar zelo. Aliás, saiba o amigo que os mesmos escrúpulos possuía meu avô: sempre temeu a extinção do "zeta" cá nas terras tropicais. Sem falar que, também, assim como um tio mais idoso, sempre foi ferrenhamente cioso quanto ao uso do acento agudo. Quando algum incauto pecava na correcta grafia do apelido do velho Chico, o tempo anuviava quase que literalmente! (risos aqui)
Cumprimentos,
D.
P.S. 12 de Octubre, Día de la Hispanidad.
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RE: Menéndez
Caríssimo Confrade
Fico feliz pelas circunstâncias que me relata.
Já agora, deixe-me dizer-lhe que, à medida que fui crescendo, fui perdendo qualquer veleidade que tinha - e tinha-as - de uma suposta ligação a esses históricos Menéndez ... de Avilés, de Luarca.
O meu Menéndez começou por trazer-me problemas, logo na escola primária, com a minha suposta nacionalidade espanhola. Era logo conotado com os Castelhanos e o período de dominação Felipina, para mais chamando-me eu Filipe (o Felipe, deixo-o apenas escrito como signatário, na correspondência, real ou virtual, para os meus primos Morante Bernal).
Depois, mais tarde, já no liceu, sobretudo nas classes de História e Filosofia (eu sou da antiga alínea "G", de Economia) foi o volte face, com a pergunta pelos professores:
- Menéndez? Como Ramón Menéndez Pidal, ou Marcelino Menéndez y Pelayo?
Se não tivesse desde sempre gostado de História, diria que era a força desses nomes imortais da cultura Espanhola, que me tinham levado a trilhar, anos depois, os caminhos das "Ciências Históricas". Não o da Genealogia, que esse desde miúdo, com maior ou menor qualidade, sempre o segui.
Os nomes têm, por vezes, muita força. Uma força anímica que nos leva a querer emular os nossos "heróis".
Mas, como lhe dizia, com o rolar dos anos fui dando conta que os Menéndez, em Espanha, só nas Astúrias, eram "mais que as mães".
Como é que o pobre do meu bisavô, Jo´se Menéndez, poderia ter qualquer remota ligação com os seus outros ilustres homónimos. Nem por bastardia, era quase como acertar no Euromilhões.
Não me causa qualquer engulho, qualquer dano, essas raízes menos ilustres, comuns como as demais.
Nos meus trabalhos genealógicos, sempre procurei ser fiel ao que encontro nas minhas pesquisas, mesmo com o risco de algum despeito dos parentes, ciosos dos seus costados mais próximos.
Os Sousa Prego, de que aqui tanto tenho falado (não são meus antepassados, são da minha mulher), são descendentes de gente que há 500 e tal anos eram os modestos sapateiros Vicente e Coelho, em Colares, na vertente norte da Serra de Sintra. Em poucas gerações tornaram-se na gente principal de Sintra, subindo rapidamente os degraus da nobreza municipal, o que não invalida que os seus descendentes, entre eles oficiais generais, visconde de Sousa Prego, e condessa de Castelo, não fossem descendentes desses mesmos sapateiros.
Pelo contrário, só dignifica a vida daqueles que, pelo seu árduo trabalho, se foram libertando dessas amarras e subindo na escala social.
Com os Águas de minha mãe, sem foros de nobreza, mas entre a importante burguesia capitalista da Figueira da Foz, passou-se o mesmo. Lá para trás eram modestos trabalhadores rurais e operários tanoeiros que, mercê do seu trabalho esforçado, conseguiram subir a pulso na escala social.
São estes casos, ora de sucessos, ora de insucessos, que deixo retratados nos discursos genealógicos dos meus trabalhos, porque neles tento retratar o mais fielmente possível a vida dos meus maiores.
Melhores cumprimentos,
Filipe Menéndez
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RE: Cada uno es hijo de sus obras.
Estimado confrade,
Permita-me perguntar-lhe: até quando consegue rastrear os seus Menéndez? Creio ser absurdamente impossível e hercúleamente improvável que não consiga "desenterrar" quaisquer raízes fidalgas nas Astúrias. Todos os têm; é facto! Veja que já em 1501, segundo o censo de Tomás González, 76% da população asturiana era composta de fidalgos! Um número incrível, aliás!, como poderá verificar. Em Avilés, o número era ainda maior: dos 731 "vecinos", 568 eram fidalgos. É, talvez em última análise, simples questão matemática.
Imagino, verdadeiramente, o "temor e tremor" que um Menéndez Pelayo poderia causar às espinhas de alguns patriotas portugueses. Um Menéndez como Marcelino, naturalmente maior que qualquer um dos fidalgos de Avilés!, realmente deveria expô-lo, por tabela, à ira lusa. Afinal, ser associado a um gigante que passou ao papel frases "furiosas" como as que seguem, é, em derradeira análise, reviver séculos de "beligerância": "España, evangelizadora de la mitad del orbe; España martillo de herejes, luz de Trento, espada de Roma, cuna de San Ignacio... Ésa es nuestra grandeza y nuestra unidad; no tenemos otra. El día en que acabe de perderse, España volverá al cantonalismo de los arévacos y de los vectores o de los reyes de taifas."; e "No queráis llamar 'lengua española' a la lengua castellana, frase malsonante y rara vez usada por nuestros clásicos, que siempre se preciaron de escribir en castellano. Tan lengua española es la castellana como la catalana y la portuguesa."
Pois é... cum grano salis, mas o confrade é, "jus sanguinis" (por isso, independente do querer), espanhol. E, "pior", é asturiano: ou seja, tem o ADN confortavelmente assentado na augusta terra de Pelayo...! Recordo, agora, que ser espanhol entre portugueses, às vezes, por exemplo, já me causou algum "desconforto." Paciência...
Permita-me, respeitosamente, discordar de si quando diz "raízes menos ilustres." É, pois, um atentado contra o que acredito como cristão e, principalmente, contra o que enuncia o Santo Evangelho e a própria Razão Natural. Basta descender de Adão para sentir-se ligado à "raízes menos ilustres", aliás, tal facto transforma todas as raízes em "menos ilustres." Basta conter em si o germén do Peccatum Originale para crer-se, como diz o Apocalipse (capítulo 3 e versículo 17), "desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu." Humanos somos e isso basta. Basta para nos lembrar, dia após dia, que pó somos e a ele tornaremos inevitavelmente. No campo sagrado, todos são iguais. E nessa igualdade todos dormirão.
Ademais, não podemos e nem devemos manter qualquer leivo de orgulho por conta de um ou outro ancestral que tenha portado algum título nobiliárquico ou vivido na obscuridade "plebéia", que tenha possuído terras e terras ou amargado pobreza e fome, que tenha freqüentado alguma corte ou suado anos a fio nas plantações. Orgulhemo-nos, caro confrade, daqueles que, a despeito de qualquer lustre humano, tenham portado virtudes e por elas tenham vivido. A honra basta. A honra nobilita diante de Deus. O resto, é resto; e por isso, dispensável como o mesmo pó da terra...
"São estes casos, ora de sucessos, ora de insucessos, que deixo retratados nos discursos genealógicos dos meus trabalhos, porque neles tento retratar o mais fielmente possível a vida dos meus maiores." E assim são TODAS as famílias. No mais, quem não sabe que a verdade dispensa enfeites? Por isso, só se envergonha de estar oculta.
Melhores cumprimentos,
D.
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RE: Cada uno es hijo de sus obras.
Caríssimo Confrade
Começo por lhe agradecer as suas palavras e as reflexões que elas encerram, cheias de lógica e de verdade.
E é bem verdade que à Luz do Santo Evangelho e da Doutrina Cristã todos somos iguais. E todos significa mesmo todos, brancos, pretos ou amarelos; cristãos, muçulmanos, judeus ou gentios, pelo menos é assim que eu o entendo.
Foram os homens, na sua intolerância mesquinha que se encarregaram das discriminações, étnicas e religiosas ao longo dos séculos - até hoje. Ainda há poucos anos se mataram selvaticamente, por diferenças étnicas e religiosas na Europa dos Balcãs, naquela amálgama de etnias diferentes que Tito impôs na República Socialista Federativa da Jugoslávia.
Mas não é menos verdade que na nossa vivência, no nosso dia-a-dia, as desigualdades, culturais, económicas e sociais são um facto. E se isto é verdade nos nossos dias, em que a nossa maneira de viver e de estar em sociedade dilui, esconde e atenua muitas dessas diferenças, quão diferente terá sido essa desigualdade no passado?
Foi apenas nesse sentido, estritamente social, que eu me permiti diferenciar essas minhas remotas raízes, agarradas àquela terra Asturiana, que foi o berço da Reconquista da Hispânia.
Quanto à investigação por esses meus costados, é puramente "caseira". Isto é, nunca tive oportunidade de me debruçar sobre os "archivos parroquiales" da província de Oviedo. Aquilo que tenho, é a documentação que me ficou do meu avô, não conseguindo remontar para lá dos meus trisavós, de quem só tenho os nomes. Mas que suponho terem nascido pelos finais do séc. XVIII, ou logo nos princípios do XIX, atendendo às datas de nascimento dos meus bisavós. A tradição oral diz que eram pobres camponeses, mal vivendo do sustento da terra, razão pela qual o meu bisavô procurou uma alternativa emigrando para Madrid.
Para um genealogista é algo inusitado, mesmo frustrante, não se ter ainda debruçado sobre esses costados, para mais os da varonia. Mas, a verdade, é que ainda não tive curiosidade (ou tempo no meio de tantas outras investigações) de procurar ver se existe algo sobre paroquiais asturianos na net e, tão pouco tive oportunidade, temporal e financeira (é bom não esquecê-lo), para me deslocar e permanecer algun dias em Oviedo para o fazer.
Por esta mesma razão, os costados do meu filho parecem um pouco "mancos" - uma vez que pelos meus outros costados (por alguns deles) remonto até ao séc. XVI e pelos da minha mulher (por um deles) até ao XII (por minha investigação até ao séc. XV), e pelos outros até ao XVI e mesmo ao XV (investigação da minha lavra).
E já falei demasiado. Quero ver se continuo e concluo, com mais uns tantos conteúdos aqui postados, a homenagem singela, mas sentida, à memória do meu Pai.
Melhores cumprimentos,
Filipe Menéndez
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RE: Cada uno es hijo de sus obras.
Meu Caro
Motivado, talvez, pela insuficiência anteriormente manifestada, no que toca à investigação das minhas raízes asturianas, procurei e, entre vários sítios encontrados, este parece vir a prometer alguma coisa:
http://es.groups.yahoo.com/group/AsturiasGen/
Depois veremos o que consigo, se bem que o que procurava tivesse mais a ver com a disponibilidade de consulta online dos paroquiais de Oviedo.
Abraços,
Filipe Menéndez
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A propósito do centésimo aniversário de Júlio Carlos Menéndez Lopes - 5
Continuação
Hoje, vai este post dedicado, não propriamente ao meu pai, mas ao seu (e meu avô) José Maria Menéndez Lopez, o velho patriarca dos Menéndez de Portugal.
Como disse, a finalizar o conteúdo anterior, ao referir o regresso, do meu então jovem pai, ao Porto, logo após a aposentação do meu avô, a família fora viver para uma quinta em Pedras Rubras.
De facto, depois de uma longa vida de trabalho, parte dela ao serviço dos caminhos-de-ferro, em Espanha e, depois, em Portugal, a qual tinha sido antecedida por uns efémeros empregos, primeiro em Madrid e depois, durante algum tempo mais, em Lisboa, quando ainda muito novo veio pela primeira vez para Portugal, acabando por trabalhar nos primeiros carros americanos da recém fundada Companhia de Carris de Ferro de Lisboa. Mas, dizia eu, foi depois de uma longa vida de trabalho ao serviço dos caminhos-de-ferro, primeiro na “Compañia del Ferrocarril de Salamanca a la Frontera Portuguesa” (C.F.S.F.P.) e, por último na já mencionada linha do “Porto à Povoa e Famalicão”, ao longo do Minho litoral, que o meu avô, já com mais de 70 anos, se aposentou.
Perguntar-se-ão, os caros Confrades, o porquê, como e quando é que o meu avô, a sua mulher e o filho mais velho, em suma, a família, deixou Espanha e veio parar a estas bandas ocidentais da Ibéria? Isto, quando o chefe da família tinha trabalho certo na C.F.S.F.P., para mais já como chefe de estação, em Sancti-Spíritus.
É uma história um pouco mais longa e larga. Ou, como diriam “nuestros hermanos, una más larga y ancha historia”.
O meu pai, quando se queria referir a esse facto, sempre começava por aludir que a sua família viera viver para Portugal devido a um acidente político. Eu acrescentar-lhe-ia o militar, ou seja, devido a um acidente político-militar. Decorrente da política ultramarina espanhola e dos seus reflexos na mobilização militar para Cuba.
Mas falemos um pouco da História espanhola dos finais do séc. XIX, depois da restauração borbónica e do curto reinado de Alfonso XII, precocemente falecido. Vejamos, sobretudo, a evolução dos acontecimentos que culminaram na independência cubana, na menoridade de Alfonso XIII, sob a regência da rainha Maria Cristina.
Em 1895 a Espanha mobiliza milhares de homens para Cuba, que está em pé-de-armas pela sua independência, muito alimentada pelos vizinhos norte americanos (não é só de agora que os States têm a ideia de serem os polícias do Mundo). Cuba foi um dos seus ensaios … que mais tarde lhes ia custando caro. Mas nesse dado momento, tratava-se da 3.ª e derradeira fase da luta armada na maior das Antilhas, depois das Guerra dos Dez Anos (1868 a 1878) e da Guerra Chiquita (1879 e 1880). As sementes independentistas não esmoreceram após essas guerras. Pelo contrário, surgiram novas tendências que se agudizaram com as mudanças políticas em Madrid, depois da substituição de Cánovas por Sagasta, já com Moret no ministério do Ultramar, menos aberto às reformas autonómicas do seu antecessor. As suas medidas iniciais ficaram muito aquém daquelas preconizadas por Cánovas e Maura e mesmo mais tarde, já em plena Guerra de 95 (1895 a 1898), aquelas decisões patentes nos reais decretos estabelecendo direitos políticos aos espanhóis residentes nas Antilhas, em igualdade aos da Península e estendendo o sufrágio universal a Cuba e Porto Rico, medidas já adoptadas em desespero, não tiveram êxito nem apaziguaram os ânimos, para mais incendiados pela cobiça dos norte americanos, que aproveitaram a explosão do cruzador USS Maine, acidental ou provocada (por eles), para intervirem directamente no conflito, após a declaração oficial de guerra a Espanha. Se até aí a Espanha conseguira, com melhores ou piores resultados, controlar as forças rebeldes, com a entrada dos Estados Unidos tiveram de suportar uma outra frente, a marítima, aonde a superioridade americana rapidamente se patenteou sobre uma Espanha exaurida e depauperada. O resultado todos nós o sabemos, foi o da ocupação americana de Cuba até 1902, data acordada para a sua independência “formal”.
(continua)
Filipe Menéndez
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Igualdade e Genealogia
Caríssimo confrade,
Certamente que somos iguais quanto a essência. Porém, como dito pelo amigo, no mundo e na terra que nos legou o patriarca Adão, as desigualdades constituem-se "regra." No entanto, penso, há-de se clarificar que desigualdades compreendem, em si, elementos mais pecaminosos e, portanto, consistem-se num desvio da própria Lei Natural. Outra coisa, porém, são as diferenças. Essas são naturais, desejáveis e até benéficas, quando devidamente "atuantes" numa Sociedade Orgânica, com todos os seus escalonamentos e graus "hierárquicos." Numa tal sociedade, Cristã já na essência (portanto assentada sob o signo da Tradição e da Família), a superioridade e a nobreza repousam apenas e tão somente na virtude, e nunca no "kratos" e ou em bolsas cheias de ouro...
Quanto à "constituição natural" do homem, pode-se dizer que diante de Deus todos estão "imersos" na mesma igualdade; porém, quando tratamos do relacionamento espiritual e da Fé, não existe qualquer igualdade. A Igreja do Cristo é superior e detém a primazia. Falo, porém, não das denominações humanas e das estruturas pecaminosas e falhas (mas necessárias) que se ergueram por sobre a face da terra desde a Ressurreição do Senhor. Falo da Igreja Eterna e Invisível. Falo da verdadeira Igreja e do futuro Reino: "E, interrogado pelos fariseus sobre quando havia de vir o reino de Deus, respondeu-lhes, e disse: O reino de Deus não vem com aparência exterior. Nem dirão: Ei-lo aqui, ou: Ei-lo ali; porque eis que o reino de Deus está entre vós." (Lucas 17:20-21)
"Foram os homens, na sua intolerância mesquinha que se encarregaram das discriminações, étnicas e religiosas ao longo dos séculos - até hoje. Ainda há poucos anos se mataram selvaticamente, por diferenças étnicas e religiosas na Europa dos Balcãs, naquela amálgama de etnias diferentes que Tito impôs na República Socialista Federativa da Jugoslávia." Certamente, caro confrade! Veja, pois: "Purificando as vossas almas pelo Espírito na obediência à verdade, para o amor fraternal, não fingido; amai-vos ardentemente uns aos outros com um coração puro..." (1 Pedro 1:22)
Em suma, não se trata de uma igualdade falsa e matemática, enfim, de um utópico e maldito igualitarismo que endeusou o homem como pilar e centro de tudo. Não! Não se trata do mefistofélico espírito mundano e luciferiano que nutriu sangüinolentas Revoluções. Não! É de uma igualdade plena, real, verdadeira e eminentemente natural que precisamos. De uma igualdade que não admita classificações imorais e estamentos perversos, como acontece com o atual capitalismo...! Já dizia Santo Ambrósio em seu "Tractatus de Mansionibus" que "a igualdade é mãe da justiça, guia e mestra das demais virtudes." Não foi, também, Platão quem disse que "não há nada mais vergonhoso do que alguém ser honrado pela fama dos antepassados e não pelo merecimento próprio"? É dessa igualdade que falo.
Por isso, tolo é aquele que se jacta, que se gaba de antepassados apenas por conta de roidos diplomas, pavonescas plumas e efeminadas firulas, quando o quê realmente tem valor é a virtude! "He who has no fools, knaves, or beggars in his family was begot by a flash of lightning."
Como pode isso?! Um genealogista de escol que não conhece, por completo, a própria varonia?! (risos) Imagino, mesmo, o quão frustrante lhe seja. A mim também o seria. Tomei gosto por Genealogia já na primeira infância, quando lá pelos idos de 1994 meu avô (com seus escrúpulos e talvez - reflito - algum medo de ser esquecido assim como os seus, afinal, diz o provérbio "you live as long as you are remembered"...) mostrou-me velhos papéis, meia dúzia de centenários pergaminhos e um emaranhado de grossas folhas que ilustravam a ascendência da família desde o "princípio", no século IX, até o meu trisavô. O resto da árvore (do meu trisavô até meus primos e eu) ele foi dizendo, completando. Fiquei, então, impressionado. Impressionado com o facto de podermos saber e dizer algo sobre aqueles "qui furent avant nous."
Um dia, sua árvore se "completará."
Já, agora, li sua nova intervenção no tópico. Gostei muito.
Melhores cumprimentos,
D
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RE: Igualdade e Genealogia
Caríssimo Confrade
Grato, uma vez mais, pelas suas palavras, reflexões e raciocínios.
Quanto à investigação ainda em falta, nas minhas raízes asturianas e castelhanas, ambas por desbravar, é a mesma sublimada por outras investigações, fisicamente mais fáceis de proceder e cuja realização me dá, igualmente, muita satisfação realizar e depois converter em estudo histórico-genealógico, quando não em história da família.
Essas raízes estão lá, algures num dos arquivos históricos espanhóis, à espera que eu as encontre, desbrave, interprete e registe num estudo genealógico que as devolva ao conhecimento da família, quer em Portugal, quer Espanha, quer ainda no Brasil (perdi há muito o contacto com os parentes residentes no México e na Venezuela).
Até lá, à oportunidade da realização dessa investigação, não tenho muito tempo livre para me sentir "frustrado". Gosto muito de História e de Genealogia, mas vivo neste nosso Mundo, que vejo e sinto palpitar desde as janelas (a janela televisiva incluída) da minha casa - o mais retirada, que me foi possível, da "balbúrdia" das grandes metrópoles e aglomerados populacionais - aqui, à beira do oceano, do lado de cá do Atlântico, no extremo ocidental da Europa.
Melhores cumprimentos,
Filipe Menéndez
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RE: A propósito do centésimo aniversário de Júlio Carlos Menéndez Lopes - 6
Continuação
Voltando agora um pouco atrás, ao início do 3.º conflito pela independência cubana, vejamos como as suas consequências internas, em Espanha, se articulam "avec cette petite affaire familière".
Salientei, desde logo, a vertente militar, pois que na minha perspectiva, ela foi a consequência imediata da política ultramarina espanhola, ao decidir combater o separatismo no terreno, intensificando a intervenção militar, que se veio a tornar no maior sorvedouro de homens, pronta e irremediavelmente enviados para combater em Cuba.
Penso que em meados de 1897, com o agudizar da situação cubana e do seu reflexo em Espanha, perante a incorporação de tantos e tantos homens, o meu avô fez a sua opção. Precisamente a de não ser mais um a ir dar com costados nas Antilhas, com a grande probabilidade de por lá deixar a pele e os ossos. Embora correndo o risco de ser considerado refractário, decerto que ignorou os últimos editais de alistamento e de incorporação. Creio mesmo que, desde então, deve ter mentalmente interiorizado que, se necessário, passaria uma vez mais a Portugal, aguardando no entretanto o desenrolar dos acontecimentos.
Não tenho dados concretos de quando terá começado a trabalhar na “Compañia del Ferrocarril S.F.P.”, mas se não foi aquando da inauguração da linha, em Janeiro de 1888, deve ter sido pouco depois do início da sua exploração. Ao certo, sei que já lá trabalhava há algum tempo, quando conheceu a jovem Maria Teresa, em 1891. Desse facto tenho o testemunho oral da minha avó, gravado uns meses antes de falecer (em 27-VI-1963), pelo meu pai. Nele, ela recorda esse primeiro encontro com o seu futuro marido na estação ferroviária (não sei se seria já Sancti Spiritus), setenta e tal anos atrás e o motivo pueril que ele arranjara para a chamar e meter conversa com a jovem passageira - “Señorita, señorita…!”.
Em finais de 1897, o meu avô contava trinta e quatro anos, era o chefe da estação de Sancti Spiritus, certamente estimado pelas chefias da linha férrea e pelas entidades locais (como veremos) e estava casado há já cinco anos. De facto, a boda celebrara-se a 31 de Agosto de 1892, na igreja de “Nuestra Señora de la Asunción”, em Olmedo de Camaces, com uma jovem dez anos mais nova, que era a filha mais velha do segundo matrimónio de seus pais, Manuel Morante e Catalina Bernal, a minha avó Maria Teresa que, naquela data (1897), já lhe dera dois filhos. O já atrás mencionado Cristóbal José Manuel, nascido em Olmedo a 10 de Julho de 1893 e um outro que faleceu pequenino. Mas, meu avô, tinha então responsabilidade acrescida, agora que a sua mulher estava outra vez grávida. Assim sendo, como chefe de família responsável, casado, com filho(s), com uma posição sólida e definida, não quis deitar logo tudo a perder, vindo de imediato para Portugal, mas deve ter pensado e preparado essa fuga se a situação se deteriorasse e a isso fosse obrigado.
(continua)
Filipe Menéndez
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RE: A propósito do centésimo aniversário de Júlio Carlos Menéndez Lopes - 7
Continuação
Como deixei dito no final do meu último conteúdo, o meu avô, como chefe de família responsável, casado, com filho(s), com uma posição relativamente sólida e definida, não quis deitar logo tudo a perder, vindo de imediato para Portugal, mas deve ter pensado e preparado essa fuga se a situação se deteriorasse e a isso fosse obrigado.
E fê-lo muito bem, porque no início do ano seguinte, a 12 ou 13 de Janeiro de 1898, os agentes da “Guardia Civil Española” procuraram-no para o avisar de que tinham ordens para o deter, mas dando-lhe tempo para pôr em prática o seu plano de fuga. E este foi imediatamente posto em execução.
Tenho à minha frente um documento assinado por “El Jefe del Servicio del movimiento” da C.F.S.F.P., datado de Salamanca, a 13 de Janeiro de 1898 e dirigido “Al Sr. Jefe de Estacion de Barbadillo”, com a autorização de licença pelo tempo de 5 dias, em que o meu avô (sem ser mencionado o seu nome) era dispensado do exercício da sua função de chefe da estação de Sancti Spíritus, “a cuyo efecto se presentará a sustituirlo por tren 6 de m.ª el Jefe suplementário Sr. Pasquez” [para cujo efeito se apresentará para o substituir, pelo comboio das 6 da manhã, o chefe suplente Sr. Pasquez]. Mas esta comunicação de serviço, muito omissa e confusa era destinada a isso mesmo, a confundir as autoridades, no caso da detenção do meu avô antes de alcançar a fronteira, mas de maneira a não comprometer o chefe provincial daquele serviço. Penso mesmo que essa comunicação, que não está numerada, tivesse sido previamente escrita e assinada e, embora não datada, ficado desde logo na posse do meu avô, que só a utilizaria em caso de estrita necessidade. De outra forma, não fazia qualquer sentido, ao empreender a fuga, fazer 70 km, através “del Campo Charro”, até Salamanca para ir buscar um documento, cujo objectivo era protegê-lo e justificar a sua saída, logo desde o início em que se ausentava do seu posto, à frente daquela estação da província salmantina.
Na realidade, a fuga para Portugal não era pelo caminho mais próximo e lógico, em direcção a Fuentes de Oñoro, seguindo depois por Vilar Formoso ao longo da linha da Beira Alta. O plano não era esse, mas sim o de apanhar a linha que segue até Barca de Alva, na fronteira portuguesa. Assim, o meu avô tinha que andar para trás, no sentido de Salamanca, até à estação ferroviária de La Fuente de San Esteban – Boadilla, de onde saía aquele ramal. A comunicação para o chefe da estação de Barbadillo y Calzada (que nunca a recebeu, nem era essa a intenção), mais para lá de La Fuente de San Esteban, no sentido de Salamanca e, por conseguinte, na direcção contrária aquela que o meu avô ia seguir para Barca de Alva, funcionava como um “suporte legal”, uma justificação oficial daquela sua deslocação, caso fosse interceptado pelas autoridades, garantindo-lhe alguma segurança na sua viagem com destino a Portugal.
Mas havia algo mais, devido à amizade dos seus superiores “de los serviçios de la explotación y del movimiento de los ferrocarriles S.F.P.”
Ao mesmo tempo que escrevera o documento atrás mencionado, o chefe de movimento do caminho de ferro da S.F.P., escreveu uma outra carta para o seu homólogo português da linha do Douro, (esta, sim, foi entregue ao seu destinatário, pelo que não ficou outro testemunho que o da sua história). Nessa carta, pelas suas qualidades de trabalho, inteligência e correcção (além do domínio falado e escrito da língua portuguesa) era superiormente recomendado o meu avô, que nessa mesma madrugada passou a fronteira, com a cumplicidade dos seus colegas ferroviários e “ante la total ignorancia de la Guardia Civil” local.
(continua)
Filipe Menéndez
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RE: A propósito do centésimo aniversário de Júlio Carlos Menéndez Lopes - 8
Continuação
Ainda a propósito da saída de Sancti Spíritus e da sua fuga para Portugal, para além dos factos já enunciados, penso que o meu avô José Maria teve um outro apoio substancial, refiro-me ao da família da sua mulher.
Creio mesmo que a numerosa família da minha avó, espalhada um pouco pela comarca de El Abadengo, particularmente na região de Olmedo, teve uma influência decisiva no êxito de todo esse processo, pelas relações de amizade e cumplicidade entre uns e outros, pois o cunhado mais velho do meu avô era, ele próprio, um antigo militar, que combatera heroicamente na guerra civil. Melhor que uma descrição minha, “ouçamo-lo” nas suas próprias palavras, tal como ele deixou escrito, num momento de desespero, perante o cadáver do pai a quem já não pôde abraçar, por não chegar a tempo, à casa paterna, para o apanhar ainda com vida:
– “Padre … yo soy aquel hijo que en esa fecha ((Febrero de 1874)) toma las armas, para la defensa de nuestra querida Madre Patria, yo soy amado padre aquel hijo, que canta gloria de tu honra, se halló en la sangrienta Guerra Civil combatiendo heroicamente en el campo de batalla con el enemigo ((Carlistas)) à la defensa de nuestro malogrado Monarca S.M. El Rey D. Alfonso XII Q.E.D.”
Este cunhado do meu avô, de seu nome Valentim Morante Barreras, irmão mais velho da minha avó, primogénito do 1.º casamento de meu bisavô Manuel Morante, havia ingressado “en el benemerito Corpo de la Guardia Civil”, em Maio de 1882, sendo um dos camaradas mais respeitado por todos, entre eles, aqueles mesmos seus camaradas de armas que avisaram “el jefe D. Menéndez”.
A verdade, é que uma vez em Portugal, o meu avô arranjou, logo a seguir, lugar como telegrafista, numa estação ferroviária da Linha do Douro e, pouco tempo depois, ainda em Fevereiro ou inícios de Março, era-lhe atribuída uma outra estação, na já citada Linha do Porto à Povoa e Famalicão, mas agora com a função de chefia. Era a estação de Vilar do Pinheiro, aonde se lhe reuniu a esposa e o filho e aonde, dias depois, a sua mulher dava à luz uma linda menina, loura e de olhos azuis como o pai, a quem deram o nome de Maria del Carmen, Carmen como a sua tia, a cantora lírica, às quais já anteriormente nos referimos sumariamente.
Para terminar este parênteses, relativo ao meu avô, e a propósito daquela merecida reforma a que (uns conteúdos mais atrás) aludi, referia O Comércio do Porto, na edição datada de 14 de Fevereiro de 1934:
“Foi aposentado o antigo chefe da Estação dos Caminhos de Ferro do Norte, em Leixões, sr. Menendez.
O sr. Menendez, pela correcção do seu porte, pela forma como atendia os interessados que lhe solicitavam qualquer informação, pela maneira como sabia defender os interesses da Companhia, sem provocar questões, sem irritar quem quer que fosse, o sr. Menendez, figura insinuante de velho, quási patriarcal, com a sua barba branca e a sua farda agaloada, poderia passar por um autêntico general reformado, se toda a gente não o conhecesse do seu cargo e lhe não admirasse a energia, a correcção e as faculdades de trabalho e inteligência que sempre revelou.
Foi-se embora, do seu lugar, o sr. Menendez, mas deixou, em sua substituição, outro funcionário antigo e sabedor, muito considerado na Companhia do Norte e que por certo, seguirá as passadas do seu velho antecessor.”
Uma última explicação, adicional, para a facilidade de um espanhol arranjar emprego tão rapidamente em Portugal.
Os tempos eram outros, é verdade, mas para lá dos conhecimentos e recomendações de permeio, o meu avô falava e escrevia correctamente português. Ainda em Lisboa, fizera parte do coro de S. Carlos. Talvez pelo facto das suas irmãs mais novas, Carmen e Soledad serem estrelas em São Carlos, como no São João do Porto, para já não falar dos principais teatros de Madrid e de Paris, mas certamente também pela sua voz e pelo seu português (quando não pelo seu castelhano, cantando nesta ou naquela zarzuela).
O meu pai referia, com saudade, recordar o seu pai a cantar o “Caballero de Gracia”, da zarzuela “La Gran Via” de Federico Chueca e Joaquín Valverde, enquanto fazia a barba, ou no papel de Don Hilarión, cantando “una morena y una rubia” da zarzuela “La Verbena de la Paloma” de Tomás Breton e Ricardo de la Veja.
Infelizmente, não desfrutou muito da merecida reforma. Faleceu em Vila Nova da Telha, concelho da Maia, a 20 de Abril de 1936 – um português que nunca deixou de ser espanhol e cuja nacionalidade manteve fielmente até ao fim.
Os seus restos mortais foram, mais tarde, trazidos pelo meu pai para Lisboa e depositados no jazigo da família no cemitério do Alto de São João.
(continua)
Filipe Menéndez
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