Solar de Nuno Álvares Pereira Pato Moniz
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Solar de Nuno Álvares Pereira Pato Moniz
Solar de Nuno Álvares Pereira Pato Moniz:
“Confrontando com o Largo António Dias Santos Jorge, 13 a 20, Rua de Nossa Senhora da Vida, 2 e Rua Comendador Estêvão de Oliveira, 27 a 31, no núcleo histórico de Alcochete.
Trata-se de um dos maiores antigos solares da vila, classificado como imóvel do património arquitectónico de Alcochete e incluído no Limite da Área Crítica de Recuperação e Reconversão Urbanística do Aglomerado das Barrocas, por Decreto Regulamentar n.º 64/86, de 13 de Novembro.
O edifício histórico é de raíz quinhentista ou mesmo quatrocentista (segundo Frazão de Vasconcelos, a sua entrada é o tipo perfeito de entrada dos solares portugueses do séc. XV).
A espessura das paredes no andar térreo, com cerca de 70 centímetros, atesta a antiguidade do imóvel.
Do séc. XVI parecem subsistir alguns elementos, como as diferentes colunas no interior e o portão que abre para a Rua do Comendador.
Possui uma varanda do séc. XVIII sobre o portão da fachada Sul, e um arco de abóboda no interior, da mesma época.
O interior do piso térreo está completamente descaracterizado, tendo paredes e tectos caiados e compartimentação de tabiques adaptada à função actual (centro de fisioterapia).
No piso superior subsistem alguns elementos do primitivo solar, como várias colunas e um arco de abóboda.
No séc. XV, Vasco Gil Moniz, filho de Gil Anes, escrivão da Puridade do Condestável, casa-se com D. Leonor de Lusignan, filha de Febo de Lusignan (filho bastardo de João II, rei de Chipre), dando origem ao ramo dos Monizes Lusignano. D Leonor de Lusignan viera de Aragão enquanto dama de D. Isabel, mulher do Infante D. Pedro.
Nos sécs. XV ou XVI terá sido construído o edifício original, conhecido como Solar dos Monizes de Lusignano. No séc. XVIII o proprietário do Solar era Nuno Álvares Pereira Pato Moniz (1781-1826), poeta e grande amigo de Bocage.
(…)
Em 25 de Setembro de 1895 seria extinto o concelho de Alcochete (…). Contudo, em 13 de Janeiro de 1898 vem a ser publicado o decreto de restauração do concelho de Alcochete (…).
Data provavelmente desse tempo a reconstrução do edifício, tendo sido demolido em grande parte o antigo solar (destruída a escada de pedra que dava ingresso ao amplo salão e entaipadas as colunas da entrada). (…)”
Actualmente o edifício é a sede da Sociedade Imparcial 15 de Janeiro de 1898.
Fonte consultada pelo(s) autor(es) deste texto:
Direcção-Geral de Edifícios e Monumentos Nacionais
Bibliografia consultada pelo(s) autor(es) deste texto:
“Questões de actualidade. O Extincto Concelho de Alcochete e os seus antigos munícipes”, Aldeia Galega, 1897;
Cor. Eduardo Avelino Ramos da Costa, “O Concelho de Alcochete”, 1902 (2.ª edição, Alcochete, 1988);
Esteves Pereira e Guilherme Rodrigues, “Dicionário Histórico, chorográfico, heráldico, biographico, bibliographico, numismático e artístico”, Vol. 1, Lisboa, 1904;
Américo Costa, “Dicionário Chorografico de Portugal Continental e Insular”, Vol. 1, Porto, 1929;
Francisco Leite da Cunha, “Subsídios para a História de Alcochete”, A Voz de Alcochete, Novembro de 1948;
“A Voz de Alcochete”, n.º 43, Ano 4, Janeiro de 1952;
João Luís da Cruz, “Concelhos Ribeirinhos da Margem Sul do Tejo”, Estremadura – Boletim da Junta de Província, n.º38-40, Lisboa, 1955;
José Estevam, “O Povo de Alcochete, Apontamentos históricos sobre a terra e o pessoal”, Lisboa, 1950;
Idem, “Anais de Alcochete, Dados históricos desde o séc. XIII”, Lisboa, 1950;
Luís Santos Nunes, “A Vila de Alcochete e seu concelho”, 1972;
Luís Maria Pedroso dos Santos Graça, “Edifícios e Monumentos notáveis do Concelho de Alcochete”, Lisboa, 1997
Esta notícia pode ser consultada na íntegra em:
http://www.aipd.pt/centro-de-documentacaoxmalcochete-na-historiaxm/patrimonio/200-edificio-da-sociedade-imparcial-15-de-janeiro-de-1898-alcochete
Nuno Álvares Pereira Pato Moniz, ou Nuno Álvares Pereira Pato Guerreiro Velho Moniz Perdigão, nasceu em Lisboa, baptizado na freguesia de Arroios, a 18 de Setembro de 1781, e morreu em Cabo Verde, a 24 de Dezembro de 1826, para onde tinha sido deportado após a “Vilafrancada”.
Antes disso, no ano de 1823, após o movimento da “Vilafrancada”, Nuno Ávares Pereira Pato Moniz, foi mandado com residência fixa para o Lavradio.
Foi deputado, poeta arcádico, e amigo íntimo de Bocage, sendo seu correligionário maçónico.
Nuno Álvares Pereira Pato Moniz publicou: Congratulação à Pátria (1808); A Queda do Despotismo (1809); A Estância do Fado (1810); Elmiro (1812, sátira); O Trono (1812); Ode Pindárica a Wellington (1813); A Agostinheida (1817); e coordenou para impressão: “Verdadeiras inéditas, obras poeticas, etc.”, tomo VI e 2.º das obras posthumas, Lisboa, 1814, de Bocage, que além das poesias, contêm a tradução da comédia “O Ralhador”, de Brueys e Palafrat, em prosa.
De Bocage permanecem desconhecidos os seus poemas compostos para serem musicados e as suas breves incursões no âmbito dramático, designadamente as peças Atílio Régulo – publicadas postumamente também por Nuno Álvares de Pato Moniz.
Em 1813/ 1814, Nuno Álvares Pereira Pato Moniz impugna a edição de Desidério Marques Leão, publicando, em dois volumes, as Verdadeiras Poesias Inéditas de Manuel Maria Barbosa du Bocage.
No Nicola, Bocage amaldiçoou o seu inimigo ex-padre José Agostinho de Macedo, pela impiedosa sátira que este lhe dirigira, tendo Bocage aí ditado a um amigo “Pena de Talião”, uma sátira em resposta ao mesmo. Terá sido, também, no Nicola que Nuno Álvares Pereira Pato Moniz redigiu o poema cómico Agostinheida, ridicularizando o mesmo padre.
O padre José Agostinho de Macedo dirigiu igualmente uma agressão em verso a Pato Moniz, bem como na obra Os Burros, que satirizava os seus confrades.
A irmã de Bocage, que com ele partilhara um quarto andar da rua André Valente, às Mercês, e presenciara a agonia que, no ano de 1805, o acometera, entregou os seus poemas, tendo como desiderato a organização de um livro, ao padre José Agostinho de Macedo. Há quem afirme – por exemplo, Nuno Álvares Pereira Pato Moniz – que, por despeito, aquele inimigo de Bocage queimou alguns poemas; subsistem as dúvidas, mas a correspondência de Maria Francisca, dirigida a Manuel Pinto Baptista, administrador da Gazeta de Lisboa, é muito pouco abonatória para o mencionado religioso.
Nuno Álvares Pereira Pato Moniz era filho do Dr. Manuel Moniz Pereira Pato Guerreiro de Foyos Velho de Morais Perdigão, e de sua mulher e prima, D. Maria Genoveva Liberata Guerreiro de Foyos e Vasconcelos; e era sobrinho pelo lado paterno de, D. Ana Teresa Doroteia Pato Moniz Pereira Guerreiro de Foyos que casou com Francisco José de Quintanilha e Mendonça, meus 7.ºs Avós.
FONTES E BIBLIOGRAFIA:
Padre José Agostinho de Macedo. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2012.
Dicionário prático ilustrado Lello de 1964 de José Lello e Edgar Lello, editado por LELLO & IRMÂOS, pág. 1376.
DIAS, Marina Tavares, Os cafés de Lisboa, 2.ª ed., Lisboa, Quimera Editores, 1999.
SUCENA, Eduardo, «Cafés» in SANTANA, Francisco e SUCENA, Eduardo (Dir.), Dicionário da História de Lisboa, dir. Francisco Santana, 1.ª ed., Sacavém, Carlos Quintas & Associados – Consultores, 1994.
MASCARENHAS, João Mário e RÊGO, Manuela (Coord.), O sabor dos cafés, Lisboa, Câmara Municipal de Lisboa, 2000, p. 33.
Arquivo Distrital de Setúbal, acervo de Almeida Carvalho, pasta nº 102, carta nº 1, de 15 de Junho de 1807, e nº 2, não datada, eventualmente de Fevereiro do ano seguinte.
Daniel Pires - Centro de Estudos Bocageanos- Setúbal
COTRIM, João de Villaverde: “Gomes Eanes de Freitas, um inventor do séc. XV”, publicado na revista “Raízes & Memórias – N.º 14” – orgão periódico da Associação Portuguesa de Genealogia, pág. 204.
Cumprimentos,
Vasco Quintanilha Fernandes
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