Vimaranense capitao-mor de Ceilão

Caros colegas,

Entre os filhos de Manuel Machado de Miranda (1589-1645) capitao-mor de Guimaraes, e de sua mulher Jeronima Ferreira de Eça (1590-1648), moradores na casa do Arco, na rua de Santa Maria, em Guimaraes, os nobiliarios costumam esqueçer o 5° filho, Francisco, nascido em 1626.

Ja nao é o caso de Adelaide Pereira de Moraes (Velhas Casas) ou de Antonio Caldas (Guimaraes, apontamentos para a sua historia), que escreve na parte dedicada aos vimaranenses notàveis em armas o verbete:

- « Francisco Machado de Miranda, irmão de Fernão Machado,
escapando da batalha naval, veio ao reino em serviço do Estado, e
voltando à India, ali morreu no posto de capitão de infantaria. »

Na dita obra, na mesma parte dos combatentes vimaranenses acompanha os verbetes de seus irmaos, mais precisamente :

- « Fernão Machado de Miranda, filho do esforçado Manuel
Machado de Miranda, deixou o seu solar para ir servir como soldado na
India. Morreu numa batalha naval, pelejando valorosamente contra os
turcos. »

Acrescento que nasceu em 1622. Julgo que usou antes o nome de Fernao Rebelo de Carvalho mais tradicional afinal da sua varonia.

- « Gregorio Ferreira de Eça, sendo primogenito na sua grande casa, nào faltou ao serviço da pàtria no exercicio de capitao-mor de Guimaraes e de governador da comarca, onde fez muitos serviços, que honrosamente constam das cartas, que recebeu do monarca com a mercê do hàbito de Cristo, com boa tença ».

Acrescento que nasceu em 1610 e faleceu em 1665. Diga-se que se foi capitao-mor por « herança » de primogenito nao seria talvez o mais dado às armas entre os irmaos, e pelo visto fartou-se completamente do exercicio das armas a acabou por ser demitido do cargo em 1662.

- « Frei Gualter Machado, da ordem de S. Joao de Rodes, filho de Manuel Machado de Miranda, morreu na India pelejando contra os Turcos com tal esforço, que serviu de exemplo e incentivo de coragem a todos os seus companheiros »

Digamos que nasceu em 1630. Julgo que nao morreu na India mas que foi morto em defesa de Iráclio (Creta) no grande cerco pelos Turcos, provavelmente no penultimo ano do cerco; Com efeito considera-se por vezes nos nobiliarios que morreu em combate no sitio de S. Demitre. Sendo assim deve ter morrido na defesa do forte de S. Demetrio, em Candia i.e. Iráclio, portanto entre 1646 e 1669. Provavelmente quando a ordem de Malta esteve presente em 1668 ou seja numa altura em que o fim da guerra de Restauraçào abria novos palcos exteriores para combatentes portugueses.

- « João Machado de Eça, filho de Manuel Machado de Miranda, na
aclamação de D. João IV assentou praça como soldado na fronteira do
Alentejo procedendo com igual reputação à de seus antepassados. »

Podemos mais dizer que segundo a tradiçào foi soldado, alferes e capitao de infantaria na companhia do Bailio Bràs Brandao. Acha-se em muitas entradas na Galiza onde se queimaram muitos lugares do inimigo, sendo dos primeiros que entraram na praça de Salvaterra (literatura militar da época confirma) e a obrar com valor.
Procurador por Guimaràes às Cortes em 1679.

- « Frei Martim Pereira de Eça, filho de Manuel de Miranda, depois
de servir na India voltou ao reino, que encontrou incendiado pelas
guerras da feliz aclamação de D. João IV, seguiu o exercício das armas
no terço de Entre Douro e Minho e passados alguns anos foi elevado a
capitão de cavalaria couraçada, onde serviu com invejável glória até se
celebrarem as pazes entre os dois reinos. »

Nasceu em 1628. Parece-me que foi dos irmaos o que mais se assinalou no dominio militar. Foi Mestre de Campo (1667) e segundo parece Governador do priorado de Crato.
Em outubro 1657 é mestre de Campo do terço auxiliar de Guimaraes


Voltanto ao esquecido Francisco encontra-se referido na Torre do Tombo com outro nome, i.e. Francisco Machado de Eça:
Torre do Tombo: 1643-03-26, Registo Geral de Mercês, Mercês da Torre do Tombo, liv. 5, f. 342-342v :
A Francisco Machado de Eça. Alvará. Para que vença soldo e moradia enquanto andar na Índia. Filiação: Manuel Machado de Miranda.

Deve ser o Francisco Machado de Eça da provisao seguinte:
1653-03-09 :Registo Geral de Mercês, Mercês da Torre do Tombo, liv. 21, f. 349-349v .
A Francisco Machado de Eça: Provisão. Capitania do Galião de S. José para a Índia.
e mais da carta:
1653-03-05 : Registo Geral de Mercês, Mercês da Torre do Tombo, liv. 24, f. 13v-15
A Francisco Machado de Eça: Carta. Capitania-mor do Ceilão. Filiação: Manuel Machado.

Aparece por vezes na literatura dos descobrimentos e do imperio português com o nome errado de Francisco Machado de Sa, com o mesmo cargo de capitao do galiao S. José.
Segundo se pode ler na obra de Paul Edward Pieris « Ceylon, the Portuguese era (1505-1658) » o galiao S. José, de Francisco Machado d’Eça tinha 30 canhoes a esteve envolvido em combates no arredores do Negumbo, em Ceilào.

Agradeço dados a confirmar ou nào e a documentar Francisco Machado de Eça.
Melhores cumprimentos
Carlos Silva

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