Várias questoes relativamente a introduccao de dados

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Várias questoes relativamente a introduccao de dados

#318316 | RitaFreitas | 28 nov 2012 18:08

Boa tarde,

Tenho algumas dúvidas técnicas relacionadas com a introduccao de dados na base.

- Por exemplo, gostaria de saber se no campo da documentacao, no caso dos assentos paroquiais e outros documentos oriundos dos arquivos distritais, se pode introduzir o nome dado ao document resultante da digitalizacao (ex. PT – ADPRT – PAMT41-001-006_m0020.tif). Parece-me mais rápido e nao sujeito a margem de erro, comparando com a descricao manual do respectivo livro, com a anotacao de número de página ou folha e número de assento.

- Os topónimos, suponho que devem escrever-se na ortografia contemporanea, pré ou pós-ocordo nupcial, contudo nao sei o que se deve fazer quanto aos nomes dos indivíduos, Noroberto, Umbilina, ou Luscinda, ja para nao falar simplesmente de Anna, Luiza ou Ritta.

- E que fazer se alguém, que desconhemos quem seja, anteriormente colocou o nome erradamente, por exemplo, omitindo partes?

Uma questao mais ampla: qual é apiniao geral acerca da fiabilidade da base? De facto, depois de todo o trabalho que tenho a intencao de ter num futuro próximo, e sabe-se lá por quantos meses ou anos, gostaria de ter a certeza que as pessoas que depositam aqui as informacoes as verificam e as apresentam rigorosamente. Este forum, a par de tópicos utilíssimos e seríssimos, onde as pessoas dialogam e trocam opinioes, cumprindo a funcao de um forum, encontra-se contaminado de seccoes dedicadas a devaneios e ego-trips; e daí o meu profundo receio em relacao 'a base.

Antecipadamente grata por qualquer contribuicao que entendam dar em qualquer uma destas matérias.

Rita Freitas

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RE: Várias questoes relativamente a introduccao de dados

#318329 | JCC | 28 nov 2012 22:03 | Em resposta a: #318316

Cara Rita Freitas

As suas perguntas e sugestões são pertinentes mas, infelizmente, não creio que possam ter uma resposta única e definitiva. No entanto deixo aqui as minhas achegas.

Sobre a documentação discordo da sua sugestão. E por uma razãode fundo: se os livros e as respectivas folhas não variam (i.e. o livro de baptismos da freguesia de tal relativo ao ano X será sempre o mesmo bem como serão sempre as mesmas as suas folhas) já a digitalização que foi feita agora, bem como a sua codificação, poderá ser alterada a qualquer momento. Assim, salvo melhor opinião, considero mais segura a referência ao livro e folha, eventualmente complementada pela citada referência.

A grafia dos nomes tem sido desde sempre um tema de debate. E ambas as alternativas que refere têm vantagens e desvantagens. Todavia, em minha opinião, com o advento do tratamento digital da informação, a balança vai decididamente para a actualização da grafia. O facto de manter grafias antigas e simultaneamente actuais (caso de apelidos actuais e dos mesmos apelidos em tempos antigos) introduz uma diferença que, em ordenações alfabéticas, por exemplo, não resulta. Veja o caso de Matos e Mattos: se se mantiverem estas grafias os Matosos ficam entre uns e outros. O que costumo fazer é usar uma grafia actual e inserir, eventualmente, como apelido (ou nome próprio) alternativo a grafia antiga.

A sua terceira questão é simples: basta enviar a correcção respectiva, com o cuidado de referir as fontes.

Finalmente a sua questão final é quase, diria, filosófica. É impossível, à equipa de gestão deste site, garantir a fiabilidade de todos os elementos que estão publicados. Todos sabemos, por exemplo, que o Felgueiras Gayo, tem inúmeros erros e invenções; e ele constitui uma das fontes iniciais da base de dados. Por outro há muito "boa gente" que gosta de inventar antepassados. E, não raras vezes, fá-lo com sabedoria, inventando inclusivamente as fontes. Há situações em que uma fonte é citada para justificar, digamos, uma filiação e, ao consultá-la, se bem que refira a pessoa em causa, nada há que permita concluir sobre a relação de pai e filho...E nem uma referência do tipo "é possível que" ou "provavelmente".

Assim, a minha sugestão, sobretudo se está a começar agora, é que recorra sempre (que possível) às fontes primárias. Use toda a informação desta BD como princípio e base da sua investigação e, depois, valide os factos com as fontes primárias. E, mesmo estas, podem necessitar de uma análise crítica. Ainda recentemente tive conhecimento de um documento datado do séc. XIII que servia de base às reivindicações de nobreza e fidalguia de uma dada linhagem mas que não resiste a uma análise científica, por exemplo diplomática. O seu teor, as palavras e frases, nunca poderiam ser daquela época.

Felizmente na época em que vivemos temos todas as condições para poder fazer da genealogia uma ciência, em sentido estrito, e não uma pseudo arte de valorizar antepassados.

Cumprimentos

João Cordovil Cardoso

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RE: Várias questoes relativamente a introduccao de dados

#318345 | A. Luciano | 29 nov 2012 01:59 | Em resposta a: #318316

Tenho o mau hábito de visitar o fórum antes de me ir deitar mas às vezes, como esta, vale a pena.
Antes do mais pelo revivalismo. É sempre agrádável rever os velhos temas já tratados em diversas ocasiões anteriores como se fossem novidade.
Depois porque, sendo o tema antigo, as roupagens são diferentes e apelativas. As "seccoes dedicadas a devaneios e ego-trips" são mesmo irresistíveis.

Sem que o meu ego se sentisse minimamente diminuído, fiquei contudo inquieto por desconhecer totalmente a expressão ego-trips. Quando a minha filha mais nova, com dezanove anos, também não sabia, fiquei mais aliviado; quando a outra, com 27 também não sabia, descansei finalmente. Como é hoje habitual, recorri a São "Google" e lá descobri que afinal seriam bem "ego-trips" e que as aspazitas que identificariam expressão estrangeira caíram, possivelmente vergadas ao peso da preocupação em relação à base.
Curiosamente, é uma expressão de gíria americana e ambas as minhas filhas estudaram um ano nos Estados Unidos pelo que suspeito que não seja de conhecimento universal. E a utilização de gíria num fórum, por quem se diz preocupado com a exactidão da base, pela existência de devaneios é, para mim, muito cutiosa. Depois, dado o limitadíssimo número de participantes que saberiam o que são "ego-trips" a utilização da expressão, sem explicação nem exemplo oferecidos, ... parece exactamente uma "ego-trip"!

Também me encantei com "ortografia contemporanea, pré ou pós-ocordo nupcial, ...".
Pessoalmente adjectivo feroz a até com recurso a bem pior do que gíria o acordo ortográfico mas chamar-lhe nupcial - apesar do conúbio luso-brasileiro implícito - nunca me ocorreria, ... apesar de nupcial poder ser figurativo para alguns dos qualificativos que o acordo me merece. Acrescendo que, pelos últimos números conhecidos, cerca de 60% dos casamentos já terminam em divórcio.

Quanto às matérias sobre as quais agradece qualquer contribuição, dou-lhe três conselhos concisos:
a) Procure um tópico, salvo erro chamado "Rigor genealógico";
b) Não sendo as mais das vezes possível hierarquizar o valor probatório de documentos em que o mesmo nome é
grafado diferentemente, use o nome actual e remeta os outros para notas conforme permitido pelo suporte que utiliza (infelizmente o "software" do Geneall não facilita neste caso);
c) Não discuta nem peça opiniões sobre a fiabilidade da base no fórum.

Boa noite,
A. Luciano

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RE: Várias questoes relativamente a introduccao de dados

#318349 | pedrolx78 | 29 nov 2012 03:37 | Em resposta a: #318316

Boa noite cara cofreira Rita,

Existe uma normalização da nomenclatura da documentação paroquial dos diferentes Aruivos distritais segundo critérios específicos PT/ADVRL por exemplo, identifica (Portugal, Arquivo distrital de Vila Real) ... esta nomenclatura permite efectivamente identificar os documentos em questão de uma forma normalizada, e acredito que os gestores do geneall estão familiarizados com ela.

Acredito assim que a sua utilização, não é de todo errónea, pelo contrário, pretende facilitar a identificação do respectivo documento.

Eu pessoalmente tenho-a utilizado nas sugestões que tenho proposto aos gestores do site, quando me refiro a registos paroquiais.

A fiabilidade de qualquer base de dados é sempre, obviamente, questionável. O importante é manter um espírito crítico e aberto. que Muitas das fontes a que muitas vezes ltemos acesso poderão não conter todos os elementos que desejaríamo, ou mesmo elementos errados. A questão que me coloco, desse ponto de vista, e é um ponto de vista pessoal é se eu poderia fazer melhor?

Para lhe dar um exemplo. Vejo que está muito em voga criticar Gayo, mas questiono-me quem, em pleno século XVIII conseguiria ter feito melhor? Estamos a falar de um homem que compilou, geriu, e publicou uma base de dados extensa sobre as genealogias das famílias portuguesas, e grande parte da informação que lá encontra está efectivamente correcta.

Encontrará erros seguramente, mas isso encontrará em inúmeras obras de genealogia ou seja do que seja em termos de carácter de investigação. Aparte figuras históricas cuja vida, ascendência, e descendência são inquestionáveis, poderá sempre colocar-se a si mesma a questão da fiabilidade dos dados que tem a seu dispor.

Eu sempre fui proponente de, que na falta de dados 'seus' pode sempre utilizar dados de fontes que considere minimamente credíveis, sobretudo os de fontes que são consideradas 'clássicas' em termos de genealogia, ou seja do que for. Como é o caso, por exemplo de Felgueiras Gayo, O 'argumento da autoridade' apesar de falacioso, oferece.lhe pelo menos, um ponto de partida, um marco a partir do qual pode tentar investigar para si, mas que a priori poderá considerar 'correcto'.

Cumprimentos,

Pedro Teles

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RE: Várias questoes relativamente a introduccao de dados

#318601 | RitaFreitas | 03 dez 2012 15:03 | Em resposta a: #318329

Caro Engenheiro João Cordovil Cardoso,

Em primeiro lugar muitíssimo obrigada e deixe-me dizer que é um privilégio receber uma resposta sua, depois de ter desfrutado das suas valiosas contribuicoes para o forum, da informática ‘a heráldica, passando por muitas outras coisas.
Suspeitava que as minhas questoes nao pudessem ser respondidas perentoriamente, e ainda bem que o clarificou.
Como diz, a digitalizacao pode ser outra, e com outra referencia, daí a necessidade de citar os registos originais. (Além disso, acrescentaria eu, os arquivos digitais nao sao eternos como conta o mito contemporaneo, e sempre que se copiam ha uma perda - que pode ser residual, mas existe). O que acharia de se por as duas referencias? Seria como quando se cita um site, tem de se por a data em que foi acedido, ou seja, a referencia do aspecto mutável da fonte.
Sobre a grafia contemporanea, parece-me bastante prático – mesmo que se junte a nota do nome em portuguez archaico, se entendermos pertinente.
Há realmente realmente aspectos lamentaveis em toda esta cultura de falsificacao, que como sabemos nao é de agora. Tenho em minha casa em Portugal, um pequeno e divertido livrinho, aliás já citado aqui, no forum: “Corrupção e incompetência no cartório da nobreza”, de Américo Brazil, o qual desmonta completamente a genealogia de um armigerado, suponho que de oitocentos, que de acordo com a carta de armas é nobre dos quatro costados, descendente de um Cavaleiro de Cristo, e que afinal era um humilde campones, salvo erro, cuja esposa era conhecida por “a Loira”. E sabemos das alteracoes dos esmaltes e metais das armas dos “verdadeiros” apelidos, uma forma dos oficiais do Cartório tomarem uma posicao possível, criando uma “diferenciacao” artificial e detectável, como aliás já mencionou aqui num outro tópico, e também vem referido em n’ A Introduccao, pelo Marques de Abrantes. Os exemplos seriam muitos. Em todo o caso, a própria fabricacao genealógica e em si interessante, do ponto de vista do estudo das atitudes e valores dos grupos ascendentes, e o seu encantador exemplo revela a vitalidade de uma fascinante micro-industria.
“Somos todos descendentes de nobres, vadios e padres”, como disse algures Luís Amaral. Pela minha parte, só me falta descobrir os segundos, porque recentemente já descobri a accao pérfida dos terceiros (espero que ele nao me esteja a ler, lá de cima). Está implicito claro que de plebeus também somos descentes todos, nao fosse nao haver formalmente Terceiro Estado em Portugal, já há um tempinho, com uma alteracao substancial da estrutura social quando os pequenos e médios morgadios desapareram e a propriedade comecou a fragmentar-se. Contemos em Camilo o número de fidalgas pobres que casam com torna-viagens.
A genealogia devia ser muito mais que uma apologia de si mesmo, a todo o custo. Como dizia aproximadamente Stephen Fry, num programa TV sobre genealogia que costumo ver aqui, Who do you think you are (desculpe todas estas citacoes), a genealogia fascina tambem pelo forma como torna evidente a ligacao íntima, normalmente camuflada, entre o indivíduo e o processo da História.
Obrigada por todos os seus esclarecimentos e reflexoes nestas matérias, que me teem ajudado a estruturar o que penso sobre isto.
Se nao for abuso, gostaria de tirar proveito da sua presenca neste tópico para lhe colocar uma outra questao. Sei que usa o Master Genealogist, e provavelmente é o que vou fazer a partir de uma certa fase, embora neste momento me esteja a dar bem com o simples Word, tendo optado por nao usar Access.
No seu website, reparei que num caso optou por colocar a ocupação do pai nos dados biograficos da filha. (Suponho que não cometo uma inconfidencia ao repetir dados que disponibilizou ao público: ancestrais 7 and 14) Não se importa que lhe pergunte se se trata de uma opção de gestão do número de citações das fontes? Por exemplo, se a ocupação em questão ocorre apenas ou principalmente em testemunhos documentais centralizados na pessoa da filha; nesse caso, na economia da tarefa e do texto, nao se vai repetir a informacao.
Obrigada e cumprimentos,

Rita

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RE: Várias questoes relativamente a introduccao de dados

#318603 | RitaFreitas | 03 dez 2012 15:12 | Em resposta a: #318349

Caro confrade Pedro Teles,

Agradeco muito a sua resposta.

Portanto, quanto cita as fontes paroquiais usa a referenciacao digital. Mas também usa os números do assento, da folha, ou página, e do livro? Ocorre-me que talvez seja isso que devo fazer.

Sobre o Felgueiras Gayo sempre ouvi dizer que continha erros, mesmo antes de comecar a ler o forum. A obra que realizou é em todo o caso notável e, como diz, tem de se relativizar um pouco o seu resultado, tendo em conta o espírito da época, e corrigir a pesquisa quando necessário. Em última análise acho que concordo totalmente consigo: usar o livro como uma espécie de esboco ou ponto de partida. Acontece que para mim pessoalmente é só um ponto de partida para parte da minha pesquisa, pois nao estou só ou essencialmente interessada na parte nobiliáquica.

Ja agora, se nao for macada, gostaria de lhe perguntar a sua opiniao sobre As Últimas geracoes entre Douro e Minho.

A fiabilidade da base é talvez a grande questao teórica que se poe ao usuário. De facto trata-se da grande questão, "quase filosófica" (JCC), eu diria o grande desafio que é posto ao Geneall, equanto organizacao e enquanto comunidade. Outros comentários reflectidos sobre o assunto seriam bemvindos.

Obrigada e cumprimentos,

Rita

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RE: Várias questoes relativamente a introduccao de dados

#318621 | JCC | 03 dez 2012 21:05 | Em resposta a: #318601

Cara Rita

Por favor deixe cair os títulos académicos que aqui não os usamos, somos todos oficiais do mesmo ofício (a propósito, como descobriu q a minha profissão?).

Agradeço os seus elogios, que apenas se devem à sua benevolência. A maior parte das vezes que intervenho no fórum procuro fazê-lo de modo construtivo e foi também isso que procurei fazer agora.

Concordo em absoluto como que refere sobre a forma de citar os arquivos digitais e creio já o ter deixado indicado na minha primeira intervenção: complementar a informação "link" com a data mas também com a informação "física" do livro a que se refere. Deste modo será facilitada a tarefa de quem necessitar de consultar as fontes.

Conheço o livro que refer e, infelizmente, conheço outras tantas patranhas como a que referi...Até o Anuário da Nobreza e o seu responsável e meu amigo António Matos e Silva foram vítimas de tais embustes!

Fico satisfeito por ir opta rpelo TMG pois continuo a considerá-lo do melhor que há, apenas com uma curva de aprendizagem um pouco mais lenta do que outros mas que, no final, compensa.

A questão que coloca sobre aquele par (pai e filha) prende-se com o facto de eu ter anotado, no assento de baptismo da filha, o que estava nele escrito e, devido à forma como o TMG publica este "report", nele incluir aquela informação. Se, em alternativa, esta informação estivesse noutro campo dos registos relativos ao pai não sairia neste tipo de "report". Ou seja,a sua interpretação foi correcta.

Com os melhores cumprimentos

João CC

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RE: Várias questoes relativamente a introduccao de dados

#320509 | RitaFreitas | 10 jan 2013 19:13 | Em resposta a: #318621

Caro Joao,

Obrigado por tudo!!

Com os melhores cumprimentos,

Rita

(p.s.: descobri no seu site)

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