Caro Primo João Luis Pereira de Castro,

Espero que esteja tudo bem consigo.
Estive a ler as suas últimas mensagens, especialmente a parte em que temos antepassados em comum, e quero, em primeiro lugar, agradecer-lhe por todas as informações que disponibilizou, e que são muito úteis.
Aproveito também para enviar aqui algumas correcções a informações que constam nas suas mensagens, nomeadamente:

- O Manuel Pereira de Lira não foi Deão e Provisor no Ultramar, quem ocupou estes cargos foi outro Manuel Pereira de Lira, sobrinho deste, e filho de Francisco Pinheiro Figueiroa e de sua mulher, Maria de Araújo de Castro (irmã do primeiro Manuel Pereira de Lira). Onde obtive esta informação foi na sua primeira mensagem relativa ao “Treslado de Geração e Descendência da Casa dos Picoutos”, onde é mencionado que o segundo Manuel Pereira de Lira foi Deão na cidade de Goa, e também pelo facto deste segundo Manuel Pereira de Lira ter feito habilitação de génere, o que coincide com os cargos que ocupou. No processo de habilitação de nobreza de Francisco António Soares de Figueiroa Lira e Castro é mencionado Manuel Pereira de Lira, Deão e Provisor no Ultramar, como antepassado, porém neste caso, como noutros em que se verificou também o mesmo, trata-se de um antepassado colateral, e não directo.

- A mãe de Antónia de Araújo de Gondar, sogra do primeiro Manuel Pereira de Lira, não se chamava Constança Menezes de Araújo. Chamava-se Constança Mendes. Estive a consultar os paroquiais de Melgaço, onde surge múltiplas vezes esta Constança Mendes como madrinha de baptismos, e pese embora, paleograficamente, se possa por vezes confundir Mendes com Menezes, noutras lê-se com clareza que se trata de Mendes, e não Menezes.

- Francisco Pinheiro de Figueiroa, o velho, não foi sargento-mor de Melgaço. Quem ocupou este cargo foi o seu filho homónimo. A fonte é o processo de habilitação de génere do filho natural do segundo Francisco Pinheiro de Figueiroa, o Padre Manuel António Pinheiro de Figueiroa.

- Não encontrei nenhum Gonçalo Pereira de Castro, filho de Gaspar Pereira de Castro e Sousa.

- A mulher de Francisco António Soares de Figueiroa Lira e Castro, chamava-se, em solteira, D. Tomázia Joaquina de Sousa Palher (e não Palhar), tal como os seus irmãos também usaram o mesmo apelido “Sousa Palher”. Depois de casada, nos assentos de baptismo de todos os seus filhos, surge como D. Tomázia Joaquina de Sousa Sotomaior Pereira Lira e Castro. Na minha opinião, os apelidos que D. Tomázia adoptou do marido são “Sotomaior Pereira Lira e Castro”, e não apenas o “Lira e Castro”, já que na ascendência de D. Tomázia não encontrei nenhum Sotomaior, porém na ascendência do marido já encontrei vários, em várias gerações, como por exemplo o Bernardo Pereira Sotomaior, outro sobrinho do primeiro Manuel Pereira de Lira. Aliás, o apelido composto que mais caracteriza esta família é sem dúvida, pela sua grande frequência, “Pereira de Castro”, que surge em todas as gerações desde os filhos de Pedro Rodrigues de Lira, no séc. XVII até aos filhos do capitão-mor de Paredes de Coura, no séc. XIX. Em todas as gerações os vários irmãos não usaram os mesmos apelidos, misturando com os anteriores, os apelidos Lira, Sousa, Sotomaior, Figueiroa, Soares e Pinheiro. O primeiro Manuel Pereira de Lira, também usou Manuel Pereira de Lira e Castro, daí a minha opinião de que os apelidos “Sotomaior Pereira Lira e Castro” usados pela mulher de Francisco António Soares de Figueiroa Lira e Castro, são adoptados do seu marido.

Na minha família dizia-se inclusivamente que o meu trisavô, major José Afonso Pereira, era do Solar dos Pereiras, no Minho, que só mais tarde vim a saber que era de Paredes de Coura. O primeiro Manuel Pereira de Lira, também usava apenas Manuel Pereira, conforme encontrei no processo de habilitação de génere do Padre Luís de Sousa Podré, outro sobrinho deste Manuel Pereira de Lira. Penso que o Pereira acaba por ser o apelido principal, pois é o apelido que vem da varonia, de Pedro Rodrigues de Lira, já que teoricamente se diz que todos os Pereira de Lira do Minho vêm de Percival de Lira, o velho, que depois liga com os Pereiras.

Tenho a teoria que, estando o capitão-mor de Paredes de Coura a combater contra os franceses em Paredes de Coura, na época das invasões francesas, seria um pouco inconveniente que a sua mulher usasse um apelido francês “Palher”, daí ter adoptado tantos apelidos do marido, para ocultar a sua origem francesa (era neta paterna de Pedro Palhy, natural de França, La Rochelle), mas isto é apenas a minha teoria.

Espero que estas correcções lhe possam ser úteis.
Um abraço,
Vasco

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