Mysterio desvendado? Colombo: "Visorey e Governador General"
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Mysterio desvendado? Colombo: "Visorey e Governador General"
PARTE I ― PREFACIO
Caro confrade Carlos Calado,
Caros confrades do forum,
Julgo ter uma theoria global quanto ao mysterio dos cargos de “Visorey y Governador” de Colombo nas capitulações de Santa Fe.
Escrevi este longo texto como uma resposta ao nosso confrade Carlos Calado, que n’outro topico me perguntou o seguinte:
――“Mas voltemos ao que interessa: seriam Vice-Rei e Governador dois cargos atribuídos a Colon como defendeu o confrade Anachronico?
Não seria Vice-Rei um título de representação dos Reis, independente do Cargo de Governador?”
[http://www.geneall.net/P/forum_msg.php?id=341403#lista]
Uma pergunta mais que honesta, a que tento aqui responder o melhor possivel; recommendo a leitura de toda a mensagem de Carlos Calado, pois exemplifica bem as questões que tento esclarecer. No processo, li pella primeira vez com attenção as capitulações de Santa Fe e uma quantidade de outros documentos da decada de 1490 e das seguintes. E no processo penso ter descoberto algo que os confrades do forum ― genovistas e lusitanos ― apparentemente ainda não consideraram sobre o texto das Capitulações.
Julgo que todos ― genovistas e lusitanos ― vão ficar surprehendidos. Abro por isso novo topico.
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Este topico é ainda uma reposta ao confrade A. Luciano. Em certa mensagem sobre a possibilidade de ressuscitar a Causa da Excelentissima Senhora depois de 1479, forneci alguns dados, e suggeri-lhe:
―― “Faça A. Luciano uma semelhante lista com trinta nobres e quinze principaes cidades de cada lado, e compare os dados. Nem sequer encontrará trinta nobres ou quinze cidades do lado de D. Joanna, mas tenha por favor a bondade de disponibilizar a lista aqui no topico, com referencias, para que todos a possam consultar e melhor entender o seu raciocinio. E logo lhe darei a minha lista, e poderemos então comparar.”
[http://www.geneall.net/P/forum_msg.php?id=341499#lista]
Ao que obtive a resposta:
―― ”... não duvido que se eu apresentasse uma lista a sua seria esmagadora (parece-me um truque de baixo nível pois é evidente que eu precisaria de dedicar-me a isso talvez mais de uma semana e não sei se concluíria a lista)”.
[http://www.geneall.net/P/forum_msg.php?id=341500#lista]
Pareceu-me esta uma resposta extraordinaria. Não me parece que pedir documentação seja um truque de baixo nivel. Não deveriamos todos passar alguns dias ― ”talvez mais de uma semana” ― tentando documentar as nossas affirmações antes de as fazer, e partilhar assim os resultados d’as nossas pesquisas? Não elevaria isso o debate aqui no forum?
Quiz assim mostrar como é possivel, no espaço de uma semana ― a mensagem original de Carlos Calado citada é de 23-01-2013, a minha mensagem a A. Luciano e a resposta de A. Luciano são do dia seguinte ― encontrar e analysar documentação para fazer affirmações um pouco mais documentadas. Como todos os confrades sabem nunca antes li bem documentação Columbina. Fi-lo agora, e em menos de uma semana examinei assim dezenas de textos, d’os quaes envio em annexo uma vintena, para investigar afinal a questão de ”Visorey e Governador”. Partilho agora os meus resultados. Espero que isto sirva de inspiração, para que outros confrades futuramente façam tambem exames um pouco mais pormenorizados, e assim possam contribuir a todos no forum.
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No entanto, este topico não pretende ser uma investigação academica rigorosa. Escrevi estas mais de trinta paginas em cinco dias. Para um artigo academico da mesma extensão gastaria muito mais tempo, e por isso o seguinte não estará perfeitamente estructurado ou argumentado, e por isso peço desde já desculpas. Descrevo ainda varios casos não baseados n’as fontes que examino, mas para balizar e contextualizar o thema. Mas ainda assim, julgo que todos terão proveito de ler o que escrevo. Peço perdão por pequenos erros, lapsos, omissões e repetições, mas o tempo não me permitte uma revisão do texto.
Incluo varios annexos documentaes:
― ANNEXO DOCUMENTAL I-II, que inclui uma serie de textos, dos quaes varios ― indicados infra como TEXTO... ― reproduzo.
― ANNEXO DOCUMENTAL III: o enlace da bibliotheca virtual Cervantes relevante a Colombo.
― TEXTO I-XIX, uma serie de fontes primarias de 1492 a 1511 que servem varios exemplos.
― ADDENDA I-II, que para fins comparativos inclui as instrucções do primeiro e do quarto vice-rei de Nova Espanha, de 1535 e 1568.
― THESE ACADEMICA, onde cito vinte paginas de uma dissertação sobre os almirantes de Castella.
― BIBLIOGRAPHIA, que inclui uma suggestão de leitura sobre o thema dos vice-reinados. Recommendo particularmente a contribuição de Andrés Lira.
Os meus desejos de uma boa leitura a todos os confrades,
Anachronico
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PARTE II ― INTRODUCÇÃO
Julgo finalmente entender os confrades Carlos Calado, Francisco [fxcct], Manuel Rosa, Rui Rodrigues, e A. Luciano [e possivelmente outros] quanto à questão de “Vice-Rei e Governador”.
A questão inicial, repito, era a seguinte: “Não seria Vice-Rei um título de representação dos Reis, independente do Cargo de Governador?” Na mesma mensagem, Carlos Calado elabora:
“Nas minhas mensagens anteriores classifiquei Vice-Rei com título, Governador como Cargo e Almirante como Posto, alinhando com os confrades Francisco e A. Luciano e desalinhando do confrade Anachronico que classifica Vice-Rei como Cargo.”
Esta questão engloba quatro problemas distinctos:
PROBLEMA I ―― Este trata do “Almirante”. Seria este um posto? Se aceitarmos que um posto meramente era uma posição na hierarchia militar, eu affirmo que não; não no caso do Almirante de Castella, ou no igual de Colombo com as mesmas prerrogativas no Novo Mundo. Não vou discutir este problema n’esta mensagem: veja-se, na THESE ACADEMICA em annexo, os immensos poderes dos Enriquez Almirantes de Castella a partir do inicio do seculo XV, nomeadamente: “Atribuciones militares”; “Atribuciones jurisdiccionales [Potestad judicial/Potestad administrativa]”; “Atribuciones económicas”; “Jurisdicción militar”, e por fim “Jurisdicción civil”. Isto não era de maneira alguma um posto militar: era todo um enorme cargo, de certa forma mais semelhante a varios d’os mais altos cargos da corte. Com o tempo ao longo do seculo XV, o cargo foi instuticionalizado, exercendo o Almirante de Castella no final da centuria apenas a prerrogativas mais importantes ― as principaes nomeações ― pessoalmente, usufruindo de resto dos direitos administrativos e economicos do cargo de forma passiva. N’isto, o cargo confunde-se com um titulo. Não com um posto militar. Se algum confrade discordar, peço que inicie topico à parte sobre a qualidade d’os Almirantes de Castella, e do Almirante Colombo do Mar Oceano, onde poderei contribuir com mais documentação sobre esse thema. Reservo este topico para discutir apenas os problemas seguintes, os do titulo do topico.
PROBLEMA II ―― Este trata do “Vice-Rei e Governador” que normalmente os confrades usam no forum, como o proprio Carlos Calado na mensagem citada. A questão aqui é dupla:
―― 1) Seria vice-rei um tal titulo de representação ou um cargo?
―― 2) E qual era a differença entre um vice-rei e um governador?
PROBLEMA III ―― Este trata do “Visorey e Governador General” [sic] das capitulações de Santa Fe.
Estas duas constellações ― II e III ― são differentes uma da outra, como veremos. E a questão addicional aqui é
―― 3) Qual era a differença entre um vice-rei e um governador-geral?
―― 4) E qual era a differença, à epocha de Colombo, entre um governador-geral e um governador?
PROBLEMA IV ―― Este trata de conciliar as constellações II e III ― que afinal talvez não sejam tão differentes. Para isso torna-se necessario analysar as fontes, entre ellas particularmente as capitulações de Santa Fe e outro texto do mesmo mês de Abril de 1492, para explicar o significado do termo: “Visorey e Governador General” e responder aos Problemas II e III
Como disse escrevi isto um pouco apressadamente, e não trato assim os PROBLEMAS II-IV de forma systematica. Divido em vez a investigação em partes:
PARTE III ― Terminologia e semantica I: nomenclaturas no seculo XV
――― Vice-rei, governador-geral, lugar-tenente. Attenção a... anachronismos
PARTE IV ― Terminologia e semantica II: a representação dos Reis
――― Governar ou representar? Eis a questão.
PARTE V ― Terminologia e semantica III: exemplo hypothetico
――― Vice-Rei das Caraibas e Governador da Española
PARTE VI ― Colombo: Vice-Rei e Governador?
――― Do Problema II ao Problema III
PARTE VII ― Terminologia e semantica IV: outras nomenclaturas
――― Vice-Rei e Capitão-General?
PARTE VIII ― Poderes I: cartas de nomeação e de instrucções
――― Exemplos: de Colombo em 1497 a Diego Colon em 1509
PARTE IX ― Hierarchias. Direito commum e direito especial
――― Exemplos: de Ovando em 1505 a Diego Colon em 1511
PARTE X ― Poderes II: a intervenção Real no Novo Mundo
――― O poder real e o Real poder. Exemplos: de Ovando em 1503 a Diego Colon em 1509
PARTE XI ― Poderes III: as prioridades d’os Monarchas
――― Exemplo: o governador Colombo no inicio d’as Guerras Italianas em 1495
PARTE XII ― Poderes IV: delegação e dilemmas
――― Exemplos: delegações de Colombo de 1494, 1496, e 1497
PARTE XIII ― Poderes V: novamente nomenclatura e semantica
――― Exemplos: capitães de Marrocos e vice-reis da India
PARTE XIV ― A importancia da semantica
――― A real differença entre vice-rei e governador-geral. “Condestavel e Marechal do Reino”?
PARTE XV ― Vice-rei: titulo ou cargo?
――― Differenças entre cargos e titulos
PARTE XVI ― Cargos vitalicios e hereditarios
――― Os cargos de Colombo
PARTE XVII ― Analyse documental I: a semantica de Colombo
――― Como se refere Colombo a si proprio? Exemplos de 1494, 1496 e 1497
PARTE XVIII ― Analyse documental II: a semantica d’os Reis Catholicos
――― Como referem os Monarchas os cargos de Colombo? Exemplos de 1492, 1495, 1497 e 1504 e 1509
PARTE XIX ― Analyse documental III: a semantica d’as capitulações de Santa Fe
――― Que revela uma analyse semantica das Capitulações?
PARTE XX ― Conclusões, comparações, e interpretação
Uso em certa parte alguns nomes que todos os confrades reconhecerão. Peço que os leiam com humor, e não com qualquer outro sentimento.
Espero que depois de tudo isto, os confrades tenham uma melhor ideia das realidades de todas estas nomenclaturas. Novamente os desejos de uma boa leitura,
A.
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PARTE III ― TERMINOLOGIA E SEMANTICA I: NOMENCLATURAS NO SECULO XV
――― Vice-rei, governador-geral, lugar-tenente. Attenção a... anachronismos
O cargo de vice-rei, governador-geral, e lugar-tenente são fundamentalmente uma e a mesma cousa, apenas com usos especificos a certas partes e certas epochas.
O cargo de GOVERNADOR-GERAL implicava isso mesmo: o governo geral de certo dominio. Isto era obviamente feito como representante do Monarcha. Mas a nomenclatura ― a semantica ― dá emphase à acção, ao acto de governar. A nomenclatura responde à questão: “O que faz elle?”
Os cargos de VICE-REI e de LUGAR-TENENTE implicavam obviamente o mesmo: o governo geral de certo dominio. Mas n’estes casos a nomenclatura dá emphase ao papel symbolico do governador-geral: o vice-rei governava em vez do Rei; o lugar-tenente no lugar do Monarcha. A nomenclatura responde à questão: “O que é elle?”
A semantica é assim differente. “Governador-geral” realça a acção. “Vice-rei” realça o symbolismo. Mas o cargo é exactamente o mesmo.
Veja-se como nunca, em dominio algum d’as coroas ibericas, ao existir um vice-rei existiu tambem um governador-geral do mesmo territorio, e vice-versa.
Inicialmente isto eram differenças de semantica apenas: na practica eram uma e a mesma cousa. Ver no entanto a PARTE XIII e PARTE XIV infra.
N’os dominios da Coroa de Aragão no Mediterraneo no seculo XV, o termo “LLOCTINENT” era especialmente usado para o governador-geral da Catalunha. É importante notar que para o mesmo homen vemos este cargo em documentos escriptos em latim ser referido como “VICE REX”, mas em catalão como “lloctinent”. Isto é particularmente revelador do significado da semantica. O termo de vice-rei fora usado por vezes já no seculo XIV nas possessões aragonesas no Mediterraneo, mas entrou mais em voga apenas no final do seculo XV e especialmente a partir do seculo XVI.
O cargo de GOVERNADOR seria era um cargo subordinado ao de governador-geral, lugar-tenente ou vice-rei, na existencia d’estes já sem o character de representante do Monarcha ao mais alto nivel regional, mas ainda assim no contexto local.
Antes de continuar, é importante lembrar que não existiam n’estas eras mais recuadas nomenclaturas fixas: por vezes vemos nomenclaturas differentes usadas para os mesmos homens e os mesmos cargos em fontes differentes. Outras vezes as nomenclaturas podiam mudar com o tempo ― tal como succedeu n’estes casos.
Finalmente, é ainda importantissimo lembrar que, excepto n’os mais rigorosos artigos, monographias e dissertações academicas, muitas vezes hoje vemos anachronismos na litteratura e na internet. Temos que ter immenso cuidado ao accreditar e reproduzir termos e designações encontradas principalmente na internet, pois os anachronismos, mesmo em paginas mais respeitaveis, são immensos. Não podemos assim sempre ter a certeza de que os termos mais commummente vistos são os correctos. Apenas para dar um exemplo, Affonso d’Albuquerque é por vezes referido como vice-rei da India, o que todos nós aqui sabemos que não foi: era governador-geral, afinal o mesmo. Que significa isto? Ver ainda as PARTE XIV e PARTE XVI infra.
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PARTE IV ― TERMINOLOGIA E SEMANTICA II: A REPRESENTAÇÃO DOS REIS
――― Governar ou representar? Eis a questão.
Apenas para continuar o exemplo anterior, um curto parenthesis: o factor da representação do poder Real, inherente na propria semantica dos termos “lugar-tenente” e especialmente “vice-rei”, não era exclusiva d’os mesmos. Assim, é por demais obvio que o governador-geral Affonso d’Albuquerque tanto representava a figura do Monarcha D. Manuel I no Oriente como o vice-rei D. Francisco d’Almeida, seu antecessor no governo da India. Do mesmo modo tambem Nicolas Ovando representava os Reis Catholicos no Novo Mundo apesar de não ser vice-rei.
Lembro a pergunta inicial do confrade Carlos Calado: “Não seria Vice-Rei um título de representação dos Reis, independente do Cargo de Governador?”
A resposta apenas pode ser negativa. Poder-se-á discutir até que poncto Rui de Brito, capitão de Malacca depois da conquista em 1511, seria representante de D. Manuel I; isto depende de que poderes queremos que um representante do Rei possua. Mas que qualquer governador-geral tinha essa funcção de representação dos Reis não podemos discutir.
A differença entre um governador-geral e um vice-rei era apenas semantica: o governador-geral tambem representava o Rei, e o vice-rei tambem governava. Mas ver as PARTE XIV e PARTE XVI infra.
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PARTE V ― TERMINOLOGIA E SEMANTICA III: EXEMPLO HYPOTHETICO
――― Vice-Rei das Caraibas e Governador da Española
Contemplo agora o PROBLEMA II mencionado antes: a questão do “Vice-Rei e Governador” que normalmente os confrades usam no forum, e que tambem vemos n’as fontes.
Um hypothetico Visorey e Governador-Geral das Caraibas, poderia por exemplo ter um Governador do Porto Rico, um Governador da Jamaica, e um Governador de Cuba subordinados, cada um com sua jurisdicção localizada e poderes menores que os seus, enquanto o proprio Visorey―Governador-Geral tudo coordenava a partir de por exemplo a Española, de que poderia elle proprio ser governador.
Um exemplo historico d’esta hierarchia é o cargo de Governador do Chile, subordinado ao Vice-Rei do Peru. Um exemplo historico mais interessante é o cargo de *Tenente do Governador de Santo Domingo* em Cuba de 1515 a 1535. Depois d’esta ultima data, quando passou a existir um vice-rei no Mexico, passou a ser *Governador de Cuba* subordinado ao Vice-Rei de Nova Espanha. Apenas a nomenclatura e a estructura hierarchica mudou. O cargo continuou o mesmo: o governo da ilha de Cuba, subordinado a um administrador superior.
Se um governador-geral occupasse simultaneamente o cargo de Governador-Geral das Caraibas e Governador da Española, seria isso mesmo: simultaneamente Governador-Geral e Governador. E se em vez de governador geral fosse vice-rei, o que para todos os effeitos é exactamente a mesma cousa, seria assim Vice-Rei das Caraibas e Governador da Española ― Vice-Rei e Governador.
Mas o vice-rei ou governador-geral *na* Española poderia ainda ter um governador *da* propria Española subordinado a si. N’este caso, seria apenas o vice-rei ou governador-geral ― ou, no caso das Capitulações, o vice-rei *e* governador-geral ―, podendo dedicar-se mais à administração e coordenação geral de n’este caso as Caraibas, ficando o governo quotidiano da Española a cargo do governador local.
De qualquer forma teriamos assim um Governador-Geral e/ou Vice-Rei como representante dos Monarchas e [note-se as minusculas] *governador geral* do dominio ― as Caraibas ― e varios *Governadores* de provincias / ilhas / praças especificas sob a sua jurisdicção.
No entanto, o governador local, por exemplo na ilha do Porto Rico, seria tambem elle o representante do Monarcha ― apenas ao nivel local, com menos poderes e subordinado ao governador-geral ou vice-rei. A funcção representativa não era assim exclusiva do cargo de vice-rei. Esta é uma d’as razões que leva a que este deva ser considerado um cargo, e não um titulo. Mas ver as PARTE XV e PARTE XVI infra.
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PARTE VI ― COLOMBO: VICE-REI E GOVERNADOR?
――― Do Problema II ao Problema III
Volto a lembrar que governador-geral e vice-rei são a mesma cousa. Assim, ser “vice-rei e governador” apenas faz sentido d’esta forma: um Vice-Rei *governador geral* [note-se as minusculas] de um vasto territorio, que governasse pessoalmente *parte* d’esse territorio como *Governador*. Tal como no hypothetico caso do Vice-Rei das Caraibas e Governador da Española, ou n’um hypothetico caso de um Vice-Rei do Mediterraneo que governasse pessoalmente a Sicilia como Governador, com ainda outros governadores na Corsega, Sardenha &c subordinados ― Vice-Rei [do Mediterraneo] e Governador [da Sicilia].
Isto faria perfeito sentido, e resolveria o PROBLEMA II.
No entanto, não é isto que vemos em caso algum. Nunca, em caso algum que eu conheça, vemos um Vice-Rei ser officialmente Governador de parte especifica do seu vice-reinado; na India portuguesa, por exemplo, o Vice-Rei administraria normalmente Goa directamente, mas nunca como Governador de Goa. E nunca, em caso algum, vemos um Vice-Rei que não tivesse poderes e prerrogativas de Governador. O PROBLEMA II persiste. Porquê os dous termos? Qual a differença?
E “Vice-Rei e Governador” tambem não é o que vem escripto nas Capitulações. Segundo as capitulações, Colombo não era Vice-Rei e Governador: era “Visorey e Governador General” [sic]. Isto é algo differente e paradoxal, pois já não faz apparentemente nenhum sentido, visto estes cargos serem de forma inequivoca identicos. Temos assim que investigar tambem o PROBLEMA III.
Antes de prosseguir, quero voltar a lembrar que o *governador geral*, fosse elle um Governador-Geral, um um Vice-Rei, ou apenas um Governador, governava de facto. Era elle quem, em consulta com os orgãos locaes, tomava a ultima decisão, e dentro de ― ou contra ― as instrucções dos Monarchas, patentes n’as cartas de nomeação e de instrucções, delineava a politica economica, social, e militar dos dominios de que tinha sido encarregado. Um Vice-Rei não era assim apenas um mero representante do poder Real: era governante. Mas apenas na sua jurisdicção, e apenas durante o seu mandato. Isto não pode nunca ser um titulo. É um cargo. Um titulo é eterno e universal.
Voltarei a isto na PARTE XVI e PARTE XVI, especificamente quanto ao caso differente de Colombo: de cargos vitalicios e hereditarios.
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PARTE VII ― OUTRAS NOMENCLATURAS
――― Vice-Rei e Capitão-General?
Voltando ao exemplo anterior: vimos que poderiamos ter por exemplo um hypothetico “Governador-Geral das Caraibas”, que poderia ter um “Governador de Cuba”, um “Governador da Jamaica”, e um “Governador do Porto Rico” subordinados a si.
Mas poderiamos igualmente ter um “Administrador-Geral” na Hispaniola e um “Capitão-Mor de Cuba”, um “Capitão-Mor da Jamaica”, e um “Capitão-Mor do Porto Rico”, sem que isso alterasse fundamentalmente a realidade do governo das Caraibas. Não se apenas fosse uma questão de semantica.
Seria assim ainda possivel ter um “Governador-Geral” na Hispaniola, um “Capitão-Mor” em Cuba, um “Governado”r na Jamaica, e um “Alcalde Mayor” no Porto Rico. Seria ainda possivel encontrar outros nomes para os mesmos cargos ― tal como o de “Tenente do Governador de Santo Domingo” em Cuba entre 1515 e 1535 mencionado na PARTE V.
A nomenclatura não é importante, a não ser que exista uma clara e razoavelmente constante correlação entre o termo e os poderes e prerrogativas attribuidas, e correspondentes estructuras hierarchicas. No final do seculo XV e inicios do seguinte, vemos por exemplo que era normal ter um “Gobernador” como governador geral e um “Capitan” como governador local. A semantica é outra, mas os cargos são os de Vice-Rei e Governador-Geral e seus Governadores subalternos.
Mais tarde, especialmente a partir de 1535 com o primeiro Vice-Rei de Nova Espanha, determinaram-se assim termos e hierarchias, e logo existiram claras differenciações. No final do seculo XV e inicios do Seculo XVI ainda não era bem assim, e vemos assim por vezes varios termos differentes usados para descrever o que era essencialmente o mesmo cargo.
Uma nitida excepção era o termo “Capitan General”, que sempre foi essencialmente um posto exclusivamente militar. Assim, vemos muitos Governadores a nivel local ― Santo Domingo, Guatemala, &c ― accumular ainda esse cargo: “Governador e Capitão-General”.
O cargo, ou posto militar, de Capitão-General serve de excellente exemplo para o paradoxo do “Visorey e Governador General”. No caso de “Governador e Capitão-General,” a accumulação de cargos faz perfeito sentido, já que Governador denota essencialmente um cargo civil administrativo e o outro um posto militar. Já no caso de um governador-geral ou um vice-rei essa accumulação não faria sentido, pois sendo ambos o governador supremo de um vasto territorio, eram tambem o supremo commandante militar.
No entanto, é precisamente assim que Colombo se refere no final da carta de poderes a Pedro Margarite em 1494: “Visorrey e Capitán General d'estas Indias” [cf. TEXTO III, e ainda a PARTE XII]. Isto é claramente redundante. É, assim, mais estylistico que outra cousa ― uma maneira de dar emphase à sua posição.
E a propria accumulação de Vice-Rei e Governador-Geral não faz sentido, pois como cada vez é mais evidente, são duas palavras differentes para a mesma cousa. E no entanto Colombo foi sem duvida “Visorey e Governador General” segundo as capitulações de Santa Fe...
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PARTE VIII ― PODERES I: CARTAS DE NOMEAÇÃO E DE INSTRUCÇÕES
――― Exemplos: de Colombo em 1497 a Diego Colon em 1509
Temos então, mais que nos fixar nas nomenclaturas usadas na practica n’estes annos recuados, que analysar quaes eram afinal os poderes do governador-geral ou vice-rei, e quaes eram os poderes dos governadores / capitães-mores / capitães &c.
Se o fizermos, veremos que não existiam governadores-geraes, vice-reis, e governadores com poderes iguaes. Todos na sua carta de nomeação e cartas de instrucções recebiam ordens mais ou menos detalhadas e poderes especificos ― ao estylo de:
―― “Deverás construir fortaleza no Cabo do Luciano, e apresar indios, e faze-los trabalhar; e deverás fundar nova villa quando a armada de don Carlos Callado, que prontamente enviaremos, chegar a salvamento. E terás que plantar pomares e hortas para futuramente abastecer as Nossas naus. E terás que administrar as terras segundo as Nossas leis, e applicar as leis severamente, pois chegaram-nos queixas recentes. Mas não deverás condenar à morte como o vosso antecessor don Ruy Rodriguez, que tantos matou que foi a sua perdição, e por isso se revoltaram contra elle. E não poderás cobrar novos impostos senão o real de agua. E deverás formar milicias, para que...”
Tudo isto é obviamente um simples exemplo, que no entanto explica mais ou menos o que era a realidade de todos estes cargos: tinham missões especificas a cumprir em cada caso individual. Do governador local ao governador-geral ou vice-rei, todos recebiam ordens e poderes detalhados, que como disse teriam que divulgar às Audiencias ou outros orgãos locaes [Consejos], para evitar abusos de poder e facilitar a realização da vontade dos Monarchas. Exemplos de cartas de instrucções são [ver mensagens em separado]:
― TEXTO VI: Carta patente de los Reyes de Castilla al almirante Cristóbal Colón dictándole la normativa de cómo deberían realizarse los repartos de tierras en la isla Española [1497].
― TEXTO IX: Introducción al Comendador Nicolás de Ovando, gobernador de las islas y tierra firme sobre el modo y manera de concentrar a la población indígena dispersa en pueblos [1503].
― TEXTO X: Instrucción para el gobernador y oficiales sobre el gobierno de las Indias [1503].
― TEXTO XII: Leyes y Ordenanzas hechas nuevamente por S.M. para la gobernación de las Indias y buen tratamiento y conservación de los indios [1504].
― TEXTO XVII ― Real Cédula al Almirante Diego Colón, encargándole varias disposiciones gubernativas y reglamentarias para el buen gobierno de aquellas islas [1509].
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PARTE IX ― HIERARCHIAS. DIREITO COMMUM E DIREITO ESPECIAL
――― Exemplos: de Ovando em 1505 a Diego Colon em 1511
Pellas capitulações de Santa Fe, Colombo foi nomeado “Visorey e Governador General”. Isto é, governaria as “islas y tierras firmes” em nome da Monarcha. Que significa isto?
No hypothetico exemplo anterior escrevi que “terás que administrar as terras segundo as Nossas leis, e applicar as leis...”. Tambem isto teria Colombo que fazer. Teria assim que applicar as leis vigentes em Castella à epocha, a saber:
― O codigo d’as Siete Partidas
― O Fuero Real
― O Fuero Juzgo
― e o Ordenamiento de Alcala, substituido em 1505 pellas Leyes de Toro
Este era o direito commum castelhano, applicavel tambem nas “islas y tierras” que Colombo viesse a descobrir.
Simultaneamente, as provisões especificas d’os Monarchas constituiam o chamado direito especial. Mais tarde, com a Casa de Contratacion [1503] e o Consejo de Indias [1511], leis especificas para o Novo Mundo foram outorgadas, constituindo essas outra parte do direito especial n’as Americas. Outra parte ainda era o direito consuetudinario local [d’os indios] não prohibido segundo o direito commum e pello restante direito especial. E a restante parte do direito especial eram ainda as disposições outorgadas pellas auctoridades locaes no Novo Mundo em uso d’os poderes delegados pellos Monarchas: os vice-reis, as Audiencias, e outros cargos e orgãos menores.
A hierarchia na Nova Espanha a partir de 1528 [Audiencia]/1535 [Vice-Rei] era:
― Vice-Rey
― Real Audiencia
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― Governador
― Capitan General [militar]
― Alcalde Mayor
― Corregidor
― Teniente de Capitan General [militar]
― Cabildo
Apenas a partir d’estas datas vemos uma hierarchia ordenada. Existia ainda toda uma organização ecclesiastica e uma hierarchia espiritual parallela à hierarchia temporal. N’esta o vice-rei ocupava o cargo de vice-patrono da Egreja, sendo segundo apenas ao arcebispo do Mexico [no caso da Nova Espanha]. O vice-rei reunia assim na sua pessoa uma variedade de cargos e funcções: era representante maximo do Monarcha, era governador geral civil, era capitão-general militar, era responsavel maximo pella justiça e pella fazenda, e ainda vice-patrono da Sancta Egreja.
Todo este systema institucional baseava-se n’um certo equilibrio de forças, em que as auctoridades maximas se vigilavam e fiscalizavam mutuamente: no campo temporal o vice-rei e a Real Audiencia, e no espiritual o arcebispo e o vice-rei.
Tudo isto começa já a pertencer a decadas posteriores à morte de Colombo em 1506. No entanto, ainda durante a vida d’este e de seu filho Diego, vemos, para além d’os textos supracitados, uma longa serie de provisões que, sem ambicionar o alcance de ordenações geraes sobre o governo d’as Indias, constituem instrucções especificas de direito especial ― e logo interferencia Real ―, taes como:
― TEXTO XIII ― Real Cédula al Gobernador de la Española autorizando la esclavitud de los indios caníbales [1505].
― TEXTO XVIII ― Real Cédula al almirante-gobernador prohibiendo se cargue a los indios con mucho peso bajo severas penas [1511].
― TEXTO XIX ― Real Cédula a D. Diego Colón, Gobernador de la Española, para que nadie sin licencia, ninguna persona, pueda traer indios á Castilla [1511].
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PARTE X ― PODERES II: A INTERVENÇÃO REAL NO NOVO MUNDO E OS HOMENS
――― O poder real e o Real poder. Exemplos: de Ovando em 1503 a Diego Colon em 1509. O caso de Gonzalo de Corvera, 1503-1508.
Por vezes os Monarchas delegavam bastante poder autonomo no cargo de governador-geral ou vice-rei. Outras vezes o nomeado tinha opções de acção mais limitadas, por as instrucções dos Monarchas serem tão detalhadas que na practica lhe retiravam bastante poder de iniciativa. Eis alguns exemplos de como os Monarchas poderiam interferir em pequenos pormenores, instituindo ao mesmo tempo por vezes novo direito especial; veja-se especialmente o Texto XIV para se ver até que poncto os Monarchas podiam interferir no governo das “islas y tierra firme”:
― TEXTO XI ― Provisión al comendador Nicolás de Ovando para que inste a los indios a trabajar, en faenas agrícolas y labores urbanas, pagándoseles su jornal como personas libres que son [1503].
― TEXTO XIV ― Real cédula al gobernador de las Indias, Nicolás de Ovando, para que se devuelvan a cierto vecino de Santo Domingo solares y tierras, aun cuando no haya cumplido la exigencia de cinco años de vecindad en dicha villa [1508].
― TEXTO XV ― Instrucciones a Diego Colón, gobernador de la Española, para que continúe con la formación de pueblos de indios, vigile que éstos no vendan sus propiedades e impida que algunos casados con indígenas se apropien de la heredades de sus suegros [1509].
Como se pode ver, estes textos são differentes d’os vistos na Parte VIII: são ordens expressas d’os Monarchas mais que delegações de poder. São, de facto, intervenção Real na esphera governativa.
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O caso do TEXTO XIV é paradigmatico, não apenas do phenomeno em questão, mas de toda a realidade que eram os ultimos decennios de Quatrocentos e o inicio de Quinhentos. Vemos sobre Gonzalo de Corvera, um vizinho da villa de Santo Domingo:
―― “...que él se vino a Castilla por causa de cierta enfermedad... y se ha estado hasta ahora en Castilla sin volver a residir la dicha vecindad. Y que en el dicho solar y caballería de tierra... ahora vos, el dicho Concejo, habéis dado a otras personas, diciendo que lo ha perdido por no haber residido los cinco años. POR ENDE... que ME SUPLICABA LE HICIESE NUEVAMENTE MERCED de la dicha caballería de tierra... Y yo túvelo por bien.
Por ende, os mando a vos, el dicho gobernador y concejo y alcaldes... que dejéis libre desembargadamente al dicho Gonzalo de Corvera el dicho solar y caballería de tierra... sin embargo que no haya residido los dichos cinco años... Y si alguna persona o personas tenéis dado o repartido el dicho solar y caballería de tierra, mando que lo dejen libre y desembargado al dicho Gonzalo de Corvera... Lo cual os mando que hagáis y cumpláis sin excusa ni dilación alguna.”
Isto é, uma pessoa pouco significante poderia dirigir-se ao Monarcha e obter a sua intervenção pessoal nos negocios do Novo Mundo ― ”sin excusa ni dilación alguna” do Governador de cumprir as ordens regias.
Quem era Corvera?
―― ”Gonzalo de Corvera, vecino de Sevilla (Santiago) y también, según las escrituras, vecino de Santo Domingo (y antes, en 1504, de Baeza).
Así, por ejemplo, consta que en 1503 Gonzalo de Corvera había hecho una compañía con el piloto Alonso Sánchez Roldán. El 4 de mayo de 1503 Roldán le dio poder en Santo Domingo para que lo pudiera obligar en Sevilla o en cualquier otra ciudad o villa hasta en cuantía de 600 castellanos. Corvera tomó prestados los 600 castellanos de Rodrigo de Carrión, según reconoció el 13 de setiembre de 1504. El 4 de setiembre de 1504 el mismo Corvera, probablemente gracias al dinero social, pudo enviar a la Española a seis personas para emplearlas tanto en sacar, apurar y lavar oro como en plantar heredades. Es muy posible que la misma sociedad siguiera en vigor todavía en 1506.
Contrata a Pedro Martínez de la Baquera y a Juan Fraile, vecino de Carrión de los Condes. Reconoce deber a Diego de Escobar, vecino de La Vega, 300 ducados que le había prestado para despacho de las mercaderías que llevaba cargadas en la nao de Alonso Cota. A su vez, Diego de Escobar dio poder a su sobrino Juan de Estrada, a Diego de Sanlúcar y a Cristóbal Vallés para cobrar ese dinero. El 14 de marzo de 1506, en Santo Domingo, Alonso Pérez Roldán, vecino de Santo Domingo, otorgó poder al doctor Gonzalo de León, a Juan Roldán y a Francisco Quixada, vecinos de Sevilla, para presentar una citatoria contra Corvera ante cualquier justicia; el doctor León otorga poder general en el dicho nombre a Diego López el 15 de mayo siguiente, en Sevilla”
[Adaptado de Juan Gil: ”Emigrantes a la isla Española en 1506”. Anuario de Estudios Americanos, 63, 2, 2006, pp. 265-304]
Isto mostra bem como mesmo pessoas de origens inferiores ― Corvera era claramente um homem da pequena ou media burguesia apenas, devedor-investidor de 600 castelhanos [300.000 maravedis; cf. os quasi seis milhões que custou a Armada de Vizcaya de cinco naves] e devedor de 300 ducados [outros tantos cruzados] para despacho de mercadorias n’uma unica nau: um homem igual a milhares de tantos outros em Castella ― poderiam dirigir-se ao Monarcha para ver restituidos os seus direitos. E isto n’um momento crucial para o Monarcha.
Apenas para dar um contexto politico: Fernando, o Catholico, apenas regressara a Castella seis meses antes, em Julho de 1507, depois da morte de Philippe, o Bello, o filho do futuro imperador Maximiliano I [†1519]. Estavamos assim n’uma phase critica na politica interna de Castella.
E no contexto internacional, n’esse mesmo verão de 1507, Maximiliano, filho de D. Leonor de Portugal e avô de Carlos V, pedira licença a Veneza de passar por seu territorio para ser coroado imperador pello Papa em Roma; licença essa que lhe foi negada. Em Janeiro de 1508 ― estaria Corvera talvez supplicando ao Monarcha ― tinha Maximiliano reunido um exercito em Trento e declarado guerra a Veneza. A 4 de Fevereiro de 1508, duas semanas antes da resposta do Rei Catholico do TEXTO XIV ser escripta, o já eleito [nunca coroado] imperador Maximiliano I tinha invadido Veneza, no auge do poder da Serenissima. Os primeiros encontros entre as tropas do Imperio e as da Serenissima deram-se dias depois da feitura do documento citado, cerca de Rusecco [Cadore], a 22 e 23 de Fevereiro. Era o inicio da Guerra da Liga de Cambrai, nova ronda de guerras italianas a que Castella e Aragão ― e a França, e o Papa, &c ― logo adheriram ainda no mesmo anno de 1508. Sobre isto, ver ainda a PARTE XI que segue.
Ignoro se Gonzalo de Corvera, no meio de todo este complicado scenario domestico e internacional, se terá dirigido e terá sido recebido pessoalmente pello Rei Catholico. Muito possivelmente não. Mesmo assim, o pequeno e para Fernando de Aragão pouco significante caso de Corvera foi visto e considerado pello Monarcha, que logo enviou ordens inequivocas ao governador da Española, interferindo assim no governo do Novo Mundo, reduzindo o papel do Governador.
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Por vezes vemos tambem vice-reis ou governadores no dilemma classico de ter melhores informações in situ que os Monarchas tinham aquando da nomeação e d’as instrucções originaes. Mas ao contrario do caso da India portuguesa, com maiores distancias e difficuldades de communicação, a proximidade do Novo Mundo permittia aos Monarchas estarem bem informados da situação n’as Americas, e assim de poder interferir mais directamente no governo d’os dominios ultramarinos.
Isto torna-se ainda mais obvio se se examinar a differença no tempo. Compare-se:
― as curtas provisões a Colombo em 1497 no TEXTO VI,
― as mais longas provisões a Ovando de 1503 nos TEXTO IX e TEXTO X,
― as já bastante longas disposições governativas a Diego Colon em 1509 no TEXTO XVII.
[Esta tendencia alias apenas viria a augmentar com o tempo: a titulo de curiosidade, compare-se estes textos com os 27 ponctos d’as instrucções ao primeiro vice-rei de Nova Espanha em 1535 na ADDENDA I, e com os 57 ponctos n’as instrucções ao quarto vice-rei em 1568 na ADDENDA II].
Mas já no tempo de Colombo a facilidade de communicações e a rapidez de resposta possibilitavam uma interferencia Real n’as Caraibas nunca vista na India portuguesa na primeira metade de Quinhentos. O poder d’os governadores e vice-reis na America espanhola ― mesmo o de Colombo ― era assim inferior ao que talvez seja do conhecimento d’os confrades do forum habituados à realidade da India portuguesa. Ou, dicto de outra forma: o poder do vice-rei D. Christovão Colombo no Novo Mundo seria, na practica, muito inferior ao do vice-rei D. Francisco de Almeida na India. Tudo motivado pellas differenças de distancias e difficuldades ou facilidades de communicação e intervenção Real.
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PARTE XI ― PODERES III: AS PRIORIDADES D’OS MONARCHAS
――― Exemplo: o governador Colombo no inicio d’as Guerras Italianas em 1495
A unica excepção à regra d’as intervenções do poder Real na esphera governativa d’os governadores no Novo Mundo vista na PARTE X anterior seria quando acontecimentos mais importantes occupavam a mente d’os Monarchas.
No caso concreto de Colombo, vemos assim o inicio d’as guerras italianas contra a França de 1494-1504 proporcionar-lhe maior liberdade ― e tambem certas desvantagens ― ao reduzir a intervenção mas tambem a attenção Real no governo do Novo Mundo no segundo anno de hostilidades:
“...[Sus Altezas] CON LAS HOCUPACIONES GRANDES DESTA GUERRA DE FRANCIA NO HAN TENIDO LUGAR DE PROVEER NIN RESPONDER hasta que haya hoydo e comunicado con Torres, y que entonzes proveheran y responderan larga mente Sus Altezas á todas las cosas...” [cf. TEXTO IV, 1495]
Comparado com o caso de Corvera em 1508, o caso de Colombo de 1495 sugerre como treze annos antes o que succedia no Novo Mundo não era considerado tão importante. Enquanto Fernando, o Catholico em 1508, no meio de problemas de ordem interna e externa, encontrou tempo de attender à supplicação de Corvera, um simples vizinho de Santiago, os Reis Catholicos em 1495, no contexto das “hocupaciones grandes desta guerra de Francia”, não encontraram tempo de prover nem responder ao “Almirante, Visorey e Gobernador” Colombo.
Isto lembra alias o que antes escrevi n’outro topico sobre a importancia d’as guerras italianas de 1494-1504 para todo o projecto de Colombo, já desde a excommunhão do velho rei Fernando I de Napoles em 1489 por Innocente VIII ― que esse mesmo anno convidou Henri VIII de França a reclamar Napoles, fazendo assim adivinhar todos os seguintes acontecimentos ―, apesar da morte do rei de Napoles apenas ter sido em Janeiro de 1494: http://www.geneall.net/P/forum_msg.php?id=340807#lista
Mas as guerras contra a França em Napoles e no Rossilhão não eram o unico factor que poderia significar falta de attenção e intervenção Real n’as Antilhas à epocha de Colombo. Isto porque existiam dous outros projectos de expansão ultramarina de Castella em 1489-1492, quando Colombo projectava a sua viagem e os futuros Reis Catholicos terminavam a guerra de Granada: as Canarias e Marrocos. Ambos estes projectos, no entanto, estavam tal como o projecto de Colombo subordinados às guerras italianas:
1) Quanto a Marrocos, a conquista de praças foi adiada até ao fim das primeiras guerras italianas em 1504:
― 1505: Mers el-Kebir
― 1506: Cazaza
― 1508: Velez
― 1509: Oran
― 1510: Argel
― 1510: Bugia
― 1511: Tripoli
Veja-se ainda como este impeto offensivo apenas acabou quando Fernando, o Catholico, envolvido desde 1508 na nova Guerra da Liga de Cambrai em Italia [que vimos na PARTE X anterior], se envolveu mais profundamente ― passando agora a alinhar com Veneza e o Papa contra Ferrara e a França ― na segunda phase, conhecida como a Guerra da Sancta Liga, iniciada em 1511.
Isto é, todas as “velhas conquistas” espanholas no Norte de Africa situam-se temporalmente entre o final da Guerra de Napoles em 1504 e a Guerra da Sancta Liga iniciada em 1511, a unica excepção sendo a conquista de Melilla em 1497 ― sendo essa no entanto uma empresa privada do duque de Medina Sidonia, e tambem ella durante uma pausa n’as primeiras guerras italianas. Bem se pode ver como as guerras italianas dictavam a grande politica externa e ultramarina de Castella e Aragão.
2) Quanto às Canarias, o archipelago estava em 1492 na phase final da conquista. Gran Canaria fora conquistada em 1477-1483; faltavam La Palma e Tenerife. Aqui, a conquista foi antecipada às guerras em Italia:
Quando em Septembro de 1492 foi ordenada a preparação da Armada de Vizcaya mencionada na PARTE X anterior ― que no inicio de 1494 traria tropas para o archipelago das Canarias depois de ter transportado o ultimo rei de Granada e sua corte a Marrocos no final de 1493, e que logo depois integraria a maior Armada de Sicilia contra os franceses no verão de 1494, sobre a qual já escrevi [ver http://www.geneall.net/P/forum_msg.php?id=341222#lista] ―, estava Alonso Fernandez de Lugo, um dos conquistadores da Gran Canaria, a caminho de La Palma. Desembarcou a 29 de Septembro. A conquista de La Palma terminou em Maio de 1493. Um factor parece-me importante realçar: os Reis Catholicos prometteram a Fernandez de Lugo e seus dous parceiros na conquista um premio de 700.000 maravedis a repartir se conseguissem completar a conquista dentro de um anno. Porquê esta pressa extraordinaria? Teria que ver com o perigo imminente da erupção de hostilidades em Italia?
Enfim, estes curtos exemplos servem para mostrar como, à epocha de Colombo e tambem mais tarde, e tal como no caso de Portugal, outras prioridades por vezes levavam os Monarchas a não ter, n’as palavras de Colombo, “lugar de proveer nin responder” aos requerimentos d’os governadores ultramarinos ― o que por outro lado significava tambem menor interferencia Real e maior poder ao governador.
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PARTE XII ― PODERES IV: DELEGAÇÃO E DILEMMAS
――― Exemplos: delegações de Colombo de 1494, 1496, e 1497
O papel do vice-rei era isso mesmo: governar em nome do Monarcha. Teria que o fazer o melhor possivel a partir de uma serie de instrucções à partida talvez já menos adequadas, e adaptá-las à realidade. Mas se por um lado era verdade que a anterior hypothetica fortaleza do Cabo do Luciano por exemplo poderia revelar-se desnecessaria ― ou que don Carlos Callado poderia ter preferido uma vida como pirata e nunca ter chegado com os reforços esperados ―, e que todos esses factores inesperados fortaleciam o poder de iniciativa do vice-rei, por outro lado a interferencia directa dos Monarchas era ainda assim intensa.
Exactamente por causa d’as instrucções d’os Monarchas por vezes serem obsoletas ou mal concebidas à partida, vemos por vezes governadores no dilemma de ter que escolher entre obedecer a disposições menos acertadas, ou a ir contra a vontade Real. Por vezes n’as Caraibas vemos governadores com mais iniciativa ignorar as regias ordens e fazer o que lhes parece ser mais adequado face às novas circumstancias. Outras vezes vemos governadores abusar dos seus poderes. E graças novamente à proximidade geographica, vemos frequentemente as Audiencias ou outras auctoridades locaes queixarem-se à metropole de taes abusos, e vemos por isso os governadores sofffrer as consequencias das suas acções. Isto lembra de certo modo o caso pouco antes da primeira viagem de Colombo de Escrivà na Sardenha de 1479-1483 e depois novamente 1484-1487, que descrevi em: http://www.geneall.net/P/forum_msg.php?id=340929#lista
Toda esta relação entre Monarchas e governadores-geraes vemos, mutatis mutandis, reproduzida entre o vice-rei e os governadores ou capitães locaes, com o visorei no papel dos Monarchas, a delegar poder n’outros. No caso especifico de Colombo, vemos por exemplo essa delegação nos exemplos de:
― TEXTO III ― Documento de Cristóbal Colón. Instrucción a Mosén Pedro Margarite [1494]
― TEXTO V ― Cédula. Cristóbal Colón nombra a don Bartolomé Colón, adelantado de las Indias [1496]
― TEXTO VII ― Poder de Cristóbal Colón a Jerónimo de Agüero [1497]
Que escreve Colombo por fim a Margarite em 1494?:
“...vos do e conçedo EL MISMO PODER que yo he de sus altesas DE VISORREY E CAPITÁN GENERAL D'ESTAS INDIAS...”
Aqui, tal como n’as extensas delegações a seu irmão Bartholomeu, vemos claramente Colombo a portar-se como um governador-geral: a delegar poderes a governadores e capitães subalternos.
No entanto, uma questão ainda não foi explicada: nenhum de todos os textos mencionados até agora consegue explicar o que significaria ser “Visorey e Governador General”. Nenhum texto encontramos que explique a differença entre os dous cargos.
Nada leva de facto a crer que estes sejam dous cargos differentes, ou que um dos termos faça referencia a um titulo e o outro a um cargo. Tudo indica que se trata da mesma cousa, apenas com duas nomenclaturas differentes. O PROBLEMA III persiste assim: a terminologia d’as capitulações de Santa Fe não faz sentido.
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PARTE XIII ― PODERES V: NOVAMENTE NOMENCLATURA E SEMANTICA
――― Exemplos: Capitães de Marrocos e Vice-Reis da India
Voltando ao thema, volto a repetir: a nomenclatura não é importante, apenas os poderes attribuidos são. Como disse, torna-se necessario analysar os poderes delegados em cada caso individual. Veja-se este curioso caso hypothetico:
Imagine-se que um nosso hypothetico don Ricardo Cartas de Acevedo, Vice-Rei das Caraibas, nomeia don Fernando de Telde para Governador de Santiago de Cuba e don Manuel Rosa para Capitão-Mor da Havanna.
E imagine-se que passado certo tempo, como resultado de intrigas politicas na corte, a rainha Manuela de Mendoza foge para o exilio, e a nova rainha Anna Chronica envia novo representante maximo do poder Real, don Angelo de Fonseca y Conejo, officialmente como “Administrador-Geral”. Este, ao chegar, logo envia don Ricardo Cartas de Acevedo para o reino em ferros; e logo nomea o novo Administrador-Geral os seus fieis servidores don Antonio de la Tavera e don Mario Benedicto como Lugar-Tenente do Administrador em Santiago de Cuba e “Capitan-Alcalde” da Havanna, respectivamente.
A nomenclatura dos três cargos mudou. Mas que terá mudado na realidade? Temos que examinar os poderes attribuidos, não fixar-nos na terminologia...
Ou visto d’outra forma: os capitães portugueses de Marrocos tinham immensos poderes de emergencia, typicamente mais vastos que quaesquer vice-reis portugueses ou castelhanos na India ou no Novo Mundo, incluindo por vezes o de ***condenar à morte***, uma prerrogativa que nenhum vice-rei da India por exemplo teve, pertencendo isso à esphera do Tribunal da Relação de Goa. Os capitães de Marrocos eram authenticos vice-reis “de facto”, na acepção “popular” da palavra, n’as suas praças: tinham um poder quasi ilimitado. Não eram governadores-geraes porque cada um governava a sua praça, e nunca existiu um forte governo centralizado ― nunca existiu um governador-geral ou vice-rei de Marrocos.
No entanto, durante quasi toda a segunda metade do seculo XV e a primeira do seguinte até o abandono de tantas bellas praças marroquinas cerca de 1541, os capitães de Marrocos eram muito frequentemente nobres titulares ou seus filhos e irmãos &c, e normalmente iguaes ou superiores do poncto de vista linhagistico aos governadores da India. Não eram vice-reis de nome, e sensu stricto, se quisermos exigir de um governador-geral ou vice-rei que tenha capitanias / provincias / territorios e governadores subordinados, não o eram de facto. Mas se se analysar as suas cartas de nomeação, e se se analysar quem era nomeado, ver-se-á que estes eram muito frequentemente nobres de primeirissima linha com vastissimos poderes. Veja-se, por exemplo, entre os nobres governadores de praças marroquinas na decada de 1490:
― D. Fernando de Meneses, II marquês de Villa Real ― Ceuta, 1491-1509
― Lopo Vaz de Azevedo, XI Almirante de Portugal ― Tanger, 1489-1501
― D. Vasco Coutinho, I conde de Borba & Redondo ― Arzila, 1490-1500
[Sobre isto tambem já escrevi antes. Veja-se, por exemplo, entre seis respostas a Fernando de Telde, o que escrevo sobre os capitães de Marrocos em http://www.geneall.net/P/forum_msg.php?id=304456#lista]
Por estes exemplos bem podemos ver como a terminologia por vezes engana. D. Fernando de Meneses foi succedido em Ceuta pello filho D. Pedro de Meneses, terceiro marquês; o Almirante de Portugal em Tanger pello conde de Tarouca; e o conde do Redondo em Arzila tambem por seu filho, igualmente conde. A maior parte d’os capitães de Marrocos eram assim superiores a governadores-geraes como Affonso d’Albuquerque e Lopo Vaz de Sampayo na India, e por vezes mesmo a vice-reis titulares como D. Vasco da Gama. E eram obviamente infinitamente superiores aos capitães das ilhas atlanticas da pequena nobreza, como os Perestrellos ― apesar de estes serem capitães como elles.
Symptomaticamente, apenas começamos a observar com tanta frequencia taes illustres nobres no Oriente justamente a partir do abandono d’as praças marroquinas por D. João III por volta de 1541. Esta é tambem a altura em que o termo Vice-Rei começa a suplantar o de Governador-Geral na India. Que nos diz isto, e como está isto relacionado com Colombo?
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PARTE XIV ― A IMPORTANCIA DA SEMANTICA
――― A differença entre vice-rei e governador-geral. “Condestavel e marechal do Reino”?
Para responder à pergunta immediatamente supra: no caso de governadores-geraes e vice-reis existia apenas uma differença de semantica: o ultimo termo era geralmente entre os portugueses, a partir do inicio do seculo XVI, considerado mais digno ou regio, possivelmente por conter o elemento philologico de rex / rei.
Por isso vemos o termo ser reservado, na India portuguesa, para fidalgos de mais elevadas linhagens. Assim vemos a nomenclatura de vice-rei ser usada no caso de D. Francisco d’Almeida, filho como se sabe do conde de Abrantes, apenas para ser usada novamente no caso de D. Vasco da Gama, já elle tambem conde. Em meados de Quinhentos o termo já começa a ser mais frequente ― devido tambem, como ficou dicto, ao abandono de varias praças marroquinas em 1541-1542, após o qual vemos mais fidalgos de primeira grandeza na India.
No entanto, era uma questão de semantica apenas; uma questão de forma, não de materia. A materia era a mesma: quer D. Francisco de Almeida, quer D. Vasco da Gama, quer Lopo Vaz de Sampayo, em funcções entretanto, tinham fundamentalmente os mesmos poderes e prerrogativas. Não existia differença digna de menção.
Mas existia de facto a importante ideia de que a nomenclatura de vice-rei era mais digna. Por isso vemos por exemplo mais tarde os governadores-geraes do Brasil a partir da Restauração, no auge da economia açucareira, tambem querer essa nomenclatura para o seu cargo.
Possivelmente esta acepção da dignidade superior do termo de vice-rei tambem existiria em Castella na ultima decada de Quatrocentos. E muito provavelmente por isso insistiu Colombo em que lhe fosse outorgada tambem essa nomenclatura. O significado practico era identico; mas a nomenclatura de vice-rei seria de facto possivelmente considerada superior.
Julgo que por isto tanta confusão existe, e que se pense que governador-geral era um cargo e vice–rei um titulo. E de certa forma entendo porque se possa pensar assim. Assim se explica que se possam frequentemente ler phrases na litteratura e na internet como: “No anno de 15xx foi nomeado para o cargo de governador-geral com titulo de vice-rei”. Esta typica phrase contem um erro de interpretação: foi nomeado para o cargo de vice-rei apenas; a funcção de *governador geral* é intrinseca.
Não disputo que o termo “Vice-Rei” implicava, em certas partes e epochas, uma certa dignidade acrescida. Mas fundamentalmente, era uma questão de semantica apenas.
Para dar um exemplo: a essencia do cargo de governador-geral do Brasil em nada mudou quando se começou a usar o termo vice-rei. Symptomaticamente vemos aqui exactamente um reflexo do que antes escrevi sobre os poderes dos governadores-geraes e vice-reis. Julgo já ter escripto isto antes n’outro topico, mas sempre se pode repetir: por causa das enormes distancias e das frequentes guerras, os vice-reis da India tinham normalmente a prerrogativa de fazer doze fidalgos da Casa Real e igualmente doze cavalleiros da Ordem de Christo; isto era obviamente ainda uma forma de manter bases de poder baseadas em redes de clientela. O marquês de Montalvão, primeiro vice-rei do Brasil em 1640, reclamou igual direito. Symptomaticamente, foi-lhe apenas concedido o direito de fazer três cavalleiros da Ordem de Christo de sua livre escolha. Um excellente exemplo de como os poderes differiam apesar da nomenclatura ser a mesma. Havia vice-reis e vice-reis. Não era a terminologia o importante.
Do mesmo modo e mais importantemente, na Nova Espanha depois de 1535 a nomenclatura usada era unicamente a de vice-rei ― independentemente da ascendencia social do homem em questão. Depois de 1535 e durante todo o seculo XVI, nenhum dos administradores do Mexico foi outra cousa que vice-rei. No Peru vemos no entanto varios administradores supremos apenas governadores e presidentes da Real Audiencia. Mas veja-se, apenas para dar um exemplo, Lope Garcia de Castro, Governador do Peru de 1564 a 1569: tinha, em todos os aspectos, o poder de um vice-rei. A differença era apenas de terminologia, não de poderes.
Julgo agora não ser necessario voltar a repetir isto: a differença entre os cargos de vice-rei e governador geral era apenas semantica, e eram os poderes especificos o importante. Como diz a pobre Julietta ao seu Romeu: “What’s in a name? That which we call a rose / by any other name would smell as sweet.” Um d’os cargos conferia talvez uma dignidade mais elevada que o outro. Mas tratava-se d’isso apenas: de uma dignidade abstracta e imaginada. Não de direitos e prerrogativas concretas, inherentes, e acima de tudo independentes de espaço e de tempo, que é o que characteriza um titulo. Voltaremos a isto.
E que dizer de todas as vezes, especialmente n’estas epochas mais recuadas no seculo XV e inicios do XVI, em que o mesmo homem tanto vemos ser chamado governador, como capitão em varias fontes primarias differentes? Que dizer do caso concreto de Colombo, que tanto é chamado visorey, governador general, e governador nas fontes?
A verdade é que ― e isto não é um phenomeno nosso, pois observa-se em toda a Europa Occidental ― raramente existiam regras rigidas de nomenclatura na centuria de Quatrocentos ou de inicios de Quinhentos. Mas enquanto cargos claramente differenciados poderiam ser accumulados ― como um hypothetico ”Camareiro e Contador-Mor”, ou um ”Estribeiro e Monteiro-Mor”, todos cargos com differentes funcções passiveis de ser accumuladas ― já não faria sentido um cargo de ”Condestavel e Marechal do Reino”, visto o primeiro ser superior ao segundo; esse termo faria tanto sentido como um hypothetico “General e Coronel” nos dias de hoje.
Por vezes nomenclaturas assim substituiam-se immediatemente. Se existisse apenas um unico homem em funções no reino, como no caso de condestavel, quando se passasse a dar-lhe outro nome rapidamente todos seguiram o exemplo. Mas capitães haviam immensos. E governadores tambem. A confusão de terminologias era assim maior. E por vezes com razão. Tudo isto lembra-me um outro exemplo meu n’outra mensagem: em 1707 um terço passou a ser chamado um regimento, e um mestre de campo passou a ser chamado coronel. Os nomes por vezes mudam, mas a essencia muitas vezes continua a mesma.
O hypothetico cargo ― ou posto militar, se se preferir ― de “Condestavel e Marechal do Reino” faria algum sentido? Na practica não, pois um era apenas superior ao outro. Mas... será possivel imaginar um sentido semantico que o justificasse?...
O “Visorey e Governador General” d’as capitulações de Santa Fe nem seriam o equivalente a um “Condestavel e Marechal do Reino”, visto os cargos serem identicos. Mas será possivel imaginar um sentido semantico que justificasse a redundancia? Aqui começamos a abordar o PROBLEMA IV.
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PARTE XV ― VICE-REI: TITULO OU CARGO?
――― Differenças entre cargos e titulos
Antes de examinar então a phrase “Visorey e Governador General” d’as capitulações de Santa Fe, gostaria de elaborar a differença entre um titulo e um cargo. Escrevi n’outro topico:
―― “Um cargo é uma posição que implica uma jurisdicção, e é uma posição normalmente apenas temporaria. Um vice-rei seria apenas vice-rei durante certo periodo de tempo, e apenas no seu vice-reinado. Fora do vice-reinado o seu titulo era nullo [com isto quero dizer que o mantinha enquanto não fosse exonerado, mas que não tinha poder effectivo]: seria o que era, e estaria subordinado a outros de outra forma.
[...]
Um titulo é uma honra typicamente vitalicia, as mais das vezes hereditaria, que não implica necessariamente jurisdicção [ver infra]. Um conde será [salvo casos de alta traição &c], sempre um conde, e receberá, em Monarchia, as prerrogativas que são suas por direito, independentemente do cargo que exercer.
O titulo é assim uma grandeza independente de tempo e espaço, e de cargos. O cargo é uma simples funcção no tempo e no espaço.”
[http://www.geneall.net/P/forum_msg.php?id=341368#lista]
Penso que o exemplo que deu o confrade Carlos Calado, tentando illustrar possiveis problemas d’esta conclusão ― o medico que sai do hospital e vai ao cinema: deixará assim de ser medico enquanto está no cinema? ― não é tão esclarecedor como poderia ter sido. Melhores exemplos seriam:
―― 1) O representante da República na Madeira, de ferias no Alentejo: usufruiu do seu passaporte diplomatico, e pode requisitar um vehiculo do Estado para o seu transporte pessoal. Mas não tem jurisdicção; não pode exercer o seu poder de representante da República [ou talvez hoje possa, graças às telecommunicações do presente; mas não poderia no inicio do seculo XX, se então tivesse existido]. Passa essencialmente a ser o cidadão privado que é, independentemente do... cargo. Depois do fim do mandato, não tem esse poder em lado algum, e voltará a ser o que era antes de ser nomeado para o... cargo.
―― 2) O presidente do governo autonomo d’os Açores, de ferias no Minho: idem; não pode exercer o poder do... cargo. Depois do fim do mandato, não tem esse poder em lado algum, e voltará a ser o que era antes de ser nomeado para o... cargo.
―― 3) O embaixador de Portugal em Vienna, de ferias em Paris: idem; usufrui do seu passaporte diplomatico, mas ao contrario de em Vienna, onde é o representante accreditado do Estado Português, não pode em Paris exercer o poder do seu... cargo. Poderá de Vienna ser transferido para Bruxellas, &c, mas um dia voltará a Portugal e ao Ministerio d’os Negocios Extrangeiros, e não terá esse poder em lado algum, e receberá outro... cargo no ministerio. Mesmo mantendo a designação de embaixador, não pode effectivamente por exemplo conduzir negociações diplomaticas no extrangeiro; a nomenclatura é assim essencialmente honorifica, até que um dia seja novamente nomeado para uma outra representação diplomatica. Se for despedido ou pedir a sua demissão, perde completamente o estatuto, n’este caso de diplomata.
É uma mistura d’estes três, mutatis mutandis, a essencia de um vice-rei: um cargo delimitado no espaço ― o vice-reinado ― e no tempo ― o seu mandato ― apenas. Fora do primeiro o cargo é honorifico apenas. Fora do segundo cessa completamente.
Compare-se agora isto com um titulo em Monarchia no Antig
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Mysterio desvendado? Continuação
[CONTINUAÇÃO]
―― 5) Um conde, ou duque, por exemplo, poderia igualmente querer obter um alto cargo na Corte. Ao concorrer a certa posição, poderia frequentemente fazer valer o seu direito de preferencia, que lhe daria precedencia sobre homens de menor qualidade. E ao obter o cargo, não se esqueceria certamente de sempre exigir certidões da sua participação nos Conselhos &c, para depois poder reivindicar junto da Corte commendas n’as Ordens Militares. E em muitos paises [e particularmente no Imperio], certos [quasi todos] cargos importantes na Corte e no Reino eram reservados a titulares e parentes muito proximos pura e simplesmente.
[Parenthesis, por de um navegador se tractar: uma notavel excepção ao poncto 1) supra de usar armas foi feita por Carlos V, por carta de Burgos de 20 de Maio de 1524, a Juan Sebastian del Cano depois da sua circumnavegação, de se fazer acompanhar por uma guarda de dous homens armados:
―― “...por vos facer merced tóvelo por bien; porende por la presente, dando vos primeramente fianzas ante un alcalde de mi corte, ó ante otra justicia de cualquier cibdad, villa ó lugar de estes nuestros reinos é señorios, en que se obliguen que con las dichas armas no ofendereis á persona alguna, y que solamente las quereis para guarda y defensa de vuestra persona, vos doi licencia y facultad para que vos é los dichos dos hombres que anden con vos, podais traer é traigais las dichas armas ofensivas é defensivas por el tiempo que nuestra merced é voluntad fuere, por todas las cibdades, villas é lugares de nuestros reinos y señorios donde anduviéredes y estuviéredes sin caer ni incurrir por ello en pena alguna, no embargante cualquier prohibicion, vedamiento ó cartas nuestras que en contrario haya..”
In: Martin Fernandez Navarrete et al.: “Colección de documentos inéditos para la Historia de España”. Vol. I, Madrid, 1842]
Existiam ainda muitas outras prerrogativas de titulares, como sabemos. Mas estes exemplos hypotheticos [leis semelhantes existiram em toda a Europa, incluindo Portugal] mostram bem as differenças entre um titulo e um cargo. Todos os exemplos mostram direitos inherentes à qualidade de titular. Seriam sempre validos, em qualquer parte dos reinos, do Brasil ao Oriente, e normalmente mesmo no estrangeiro; seriam sempre validos, quer o titular tivesse dezoito ou oitenta annos; seriam ainda normalmente validos independentemente dos delictos commettidos, e dos cargos desejados; e seriam sempre validos independentemente de quaesquer cargos que o titular pudesse ou não ter na altura.
Um lettrado vice-rei, ou um clerigo como o segundo vice-rei do Peru que mencionei n’outro topico, não poderiam após o fim do mandato no vice-reinado arrogar semelhantes direitos aos d’estes simples exemplos; apenas poderiam arrogar direitos inherentes ao novo cargo que pudessem obter. E repare-se que nem mencionei impostos, nem leis de heranças; nem obviamente tampouco direitos senhoriaes, como o de servir como auctoridade fiscal e judical nos seus dominios. Taes direitos estão localizados no espaço, ainda que não no tempo. Os direitos que menciono são independentes de espaço e tempo. São, como escrevo, inherentes, universaes, e eternos.
Um vice-rei era assim algo em função de outro algo ― o temporario vice-reinado. Teria que *fazer* ― governar ―, não bastaria *ser*. Era localizado no espaço, e era ephemero no tempo. *Tinha* um cargo apenas.
O titular, por contraste, era algo em funcção de si proprio. Não necessitava *fazer* nada: bastava-lhe *ser*. Era universal, em todas as partes, e era eterno, usque ad mortem. *Era* um titulo.
São dous mundos distinctos. Conde é um titulo. Vice-rei é um cargo. Mas...
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PARTE XVI ― CARGOS VITALICIOS E HEREDITARIOS
――― Os cargos de Colombo
...mas accredito que os confrades Carlos Calado, Francisco [fxcct], Manuel Rosa, Rui Rodrigues, e outros queiram falar dos cargos vitalicios e hereditarios apenas, o que é perfeitamente justo, querendo apenas falar sobre Colombo. Lembro as Capitulações:
―― “…durante su vida, Y DESPUÉS DEL MUERTO, A SUS HEREDEROS E SUCCESSORES DE UNO EN OTRO PERPETUALMENTE con todas aquellas preheminencias e prerrogativas…”
Alias, é precisamente aqui que julgo que ambas as partes se enganaram no topico anterior citado, onde quiz, tal como o confrade Francisco tinha suggerido, examinar os cargos de vice-rei na Coroa de Aragão, para verificar ou não a validade da these de que não haveria cargos mais importantes que o de vice-rei. N’esse topico examinei como o confrade Francisco suggeriu os cargos de vice-rei na Coroa de Aragão, que não eram hereditarios:
http://www.geneall.net/P/forum_msg.php?id=340806#lista
Não penso assim que faltei ao caso concreto de Colombo, pois o objectivo inicial, para evidenciar o contexto à epocha de Colombo, era examinar se homens de menor qualidade poderiam ser nomeados para o cargo de vice-rei na Coroa de Aragão, o que se verificou ser o caso. Mas especificamente sobre os cargos vitalicios e hereditarios, escrevi:
―― “Conde é assim um titulo. Vice-rei é um cargo. Almirante é tambem um cargo... ―
― ...excepto n'os casos em que este se tornou honorifico e vitalicio, como no dos Enriquez almirantes em Castella, tal como n'os Coutinhos marechaes entre nós na mesma epocha, e nos Gamas almirantes da India pouco mais tarde; e tambem, como sabemos, os camareiros-mores e reposteiros-mores e tantos outros cargos entre nós e outros, que em varias epochas eram hereditarios em varias linhagens. N'esses casos, os termos de cargo e de titulo confundem-se. Alguns usavam de facto a prerrogativa de, nos exemplos de marechal e almirante, commandar tropas ou naves; isto é, faziam uso do cargo. Vemos assim um Coutinho marechal do reino morrer em combatte em Calecute em 1510. Outros não, e n'esses casos vemos mais um titulo que cargo, como no caso dos Enriquez no final do seculo XV. É de facto uma fronteira diffusa.”
[http://www.geneall.net/P/forum_msg.php?id=341405]
Assim, estou disposto a admittir que os cargos vitalicios e hereditarios ― incluindo os de Colombo ― são de certa forma semelhantes a titulos nobiliarchicos, e que apenas uma analyse dos direitos e prerrogativas que os acompanham e de como eram exercidos poderá evaluar a sua importancia individual. Para o caso de Colombo, nada me impede de os considerar ainda equivalentes a titulos honorificos, ainda que não completamente equivalentes nem inseriveis na hierarchia nobiliarchica classica.
Tambem admitto sem reservas que, se bem que os cargos temporarios de governador-geral e vice-rei são cargos apenas, e na practica são em tudo iguaes, a inegavel differença semantica entre um e outro que vimos na PARTE XIII existia, e foi sentida, embora isto na realidade já mais depois da morte de Colombo. Como disse por alguma razão queriam os governadores-geraes do Brasil ser elevados a vice-reis. Isto pode levar alguns a crer que o cargo de vice rei fosse mais elevado, ou que fosse uma outra especie de dignidade ou de titulo, enquanto governador-geral era o cargo. Isto não é correcto, mas entendo perfeitamente porque se possa pensar assim. Na realidade, eram nomenclaturas differentes para phenomenos identicos, apenas uma reservada de certo modo normalmente, entre nós no Brasil até o reinado de D. João V, e no Peru no seculo XVI, a homens de mais elevada condição social.
Mas repito o que escrevi na PARTE XIV: veja-se que independentemente da nomenclatura, os poderes de vice-reis e governadores, ainda que variaveis de caso para caso, eram em tudo semelhantes.
Resta assim, por fim, a importante questão: porque é Colombo referido como “Visorey e Governador General” n’as capitulações de Santa Fe?
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PARTE XVII ― ANALYSE DOCUMENTAL I: A SEMANTICA DE COLOMBO
――― Como se refere Colombo a si proprio?
Primeiro, quero fazer uma rapida analyse a como Colombo se refere a si proprio n’os documentos em annexo a esta mensagem:
― TEXTO III [1494]: “Vos do e conçedo el mismo poder que yo he de Sus Altesas de VISORREY E CAPITÁN GENERAL D'ESTAS INDIAS...”. Assinado “EL ALMIRANTE”
― TEXTO V [1496]: “Don Cristóbal Colón, ALMIRANTE DEL MAR OCÉANO, VISORREY E GOVERNADOR por los muy Altos y muy poderosos Prínçipes...”. Assinado “EL ALMIRANTE”
― TEXTO VII [1497]: “Otorga don Cristóbal Colón, ALMIRANTE DEL MAR OCÉANO E VISOREY E GOBERNADOR de las islas e tierra firme de las Indias...”.
Como este topico não pretende ser um estudo exhaustivo, não incluo mais textos de Colombo; mas veja-se ainda a PARTE XX. O padrão aqui visto é no entanto o dominante n’os restantes documentos conhecidos: 1) Almirante, 2) Visorey, e 3) Governador.
Colombo refere normalmente os três cargos, e n’esta ordem; os dous ultimos exemplos são o padrão. Do mesmo modo, assina quasi sempre “El Almirante”. Compare-se agora com os textos d’os Monarchas:
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PARTE XVIII ― ANALYSE DOCUMENTAL II: A SEMANTICA D’OS REIS CATHOLICOS
――― Como se referem os Monarchas a Colombo e seus cargos hereditarios?
― TEXTO II [1492]: “Que seades NUESTRO ALMIRANTE de las dichas islas e tierra-firme que ansi descobriéredes e ganáredes, e seades NUESTRO ALMIRANTE E VIRREY E GOBERNADOR en ellas, e vos podades dende en adelante llamar e intitular don Cristóbal Colon; e ansi vuestros fixos e subcesores en el dicho oficio e cargo, se puedan INTITULAR E LLAMAR DON, E ALMIRANTE, E VIRREY E GOBERNADOR dellas; e para que podades usar y exercer EL DICHO OFICIO DE ALMIRANTADGO, con EL DICHO OFICIO DE VIRREY E GOBERNADOR”
― TEXTO IV [1495]: “aveys de decir al SEÑOR ALMIRANTE cerca delas cosas... en tanto quel SEÑOR ALMIRANTE... mande dar el SEÑOR ALMIRANTE... asymismo quel SEÑOR ALMIRANTE... lo pringipal quel SEÑOR ALMIRANTE... diga al SEÑOR ALMIRANTE...” &c, &c.
―TEXTO VI [1497]: “A don Cristóbal Colón, nuestro ALMIRANTE DE LAS INDIAS del mar océano... don Cristóbal Colón, nuestro ALMIRANTE DEL MAR OCÉANO Y NUESTRO VIRREY Y GOBERNADOR...”
― TEXTO X [1504]: ”... el ALMYRANTE Colon... libros que tenya del ALMYRANTE... las cuentas del ALMYRANTE...”
― TEXTO XV [1509]: “vos don Diego Colón, nuestro ALMIRANTE Y GOBERNADOR de las Indias...”
― TEXTO XVI [1509]: “a vos don Diego Colon nuestro ALMIRANTE E GOUERNADOR de las Indias... doy poder conplido a VOS EL DICHO MI GOUERNADOR...”
A comparação entre os textos de Colombo e os dictados pellos Reis Catholicos é extraordianriamente reveladora. Colombo não perde practicamente opportunidade de referir as dignidades de “...ALMIRANTE del Mar Océano e VISOREY e GOBERNADOR de las islas...”:, todas três, e sempre n’esta ordem: Almirante, Visorey e Governador, como se de três cargos distictos se tratassem.
Mas logo o primeiro texto d’os Reis Catholicos de 1492 revela outra realidade: “...podades usar y exercer EL DICHO OFICIO de Almirantadgo, con EL DICHO OFICIO de Virrey e Gobernador...”. Aqui vemos, finalmente e claramente, que “Visorey e Governador” são afinal um e o mesmo “officio”, isto é, cargo.
E em todos os restantes textos d’os Reis Catholicos, não apenas n’esta pequena amostra mas n’os existentes, os Monarchas apenas raramente referem o cargo de Vice-Rei: normalmente referem-se aos cargos de Colombo como “Almirante y Gobernador de las Indias”.
Almirante e Governador. Não Vice-Rei, nem sequer Governador-Geral, mas apenas Governador, e sempre precedido pello mais importante Almirante.
Que revela isto? Revela primeiramente que era o cargo de Almirante o verdadeiramente importante. Isto porque a longo prazo e tal como em Castella, o poder civil e economico do cargo poderiam potencialmente ser muito significantes. Em 1495 a importancia real era ainda practicamente nulla; mas em 1550, se todos os direitos e prerrogativas fossem respeitados, o Almirante d’as Indias seria um homem poderosissimo; e em 1600 seria poderossissimo e riquissimo. Por alguma razão não respeitaram os Monarchas a longo prazo os privilegios attribuidos a Colombo n’as capitulações de Santa Fe. Mas a supremacia d’este cargo era algo de que Colombo estava perfeitamente consciente: por isso terá sempre escolhido assinar como “El Almirante”.
Mas a analyse semantica d’os documentos dos Reis Catholicos revela ainda que Vice-Rei e Governador eram uma e a mesma cousa. E curiosamente, normalmente escolhem mencionar o cargo de Governador apenas, não ambos. E quando apenas mencionam um d’os termos, é sempre o de Governador o escolhido, nunca o de Vice-Rei.
Isto pode apenas querer dizer uma de duas cousas:
―― 1) os Monarchas queriam propositadamente menosprezar ou negligenciar a dignidade de “Visorey” que attribuiram a Colombo, preferindo tratar o mesmo pello ligeiramente inferior “Governador”; ou
―― 2) n’as decadas de 1490 e 1500 em Castella a nomenclatura de Vice-Rei, tal como no caso da Coroa de Aragão, e contrariamente ao que viamos em Portugal, ainda não tinha adquirido a carga semantica de dignidade superior que adquiriu a partir de 1535, confundindo-se completamente com a de Governador.
Qual será mais plausivel?
A escolha de se referir sempre o termo “Governador” e muito mais raramente o de “Governador-Geral” parece ainda suggerir ― o que era verdade ― que para o Novo Mundo na decada de 1490 e na seguinte, ainda não existia uma hierarchia claramente definida, e que não se contemplara ainda a necessidade de organizar um governo-geral centralizado e bem estructurado, com poderes sobre outros governadores locaes. Isto não pode surprehender, visto o Novo Mundo ser ainda uma novidade mal estudada, com povoações escassas e recentes, &c.
É assim inegavel, segundo as fontes, que para os Reis Catholicos a nomenclatura de “Visorey” ou
―― 3) era na realidade demasiado importante para ser usada sobre Colombo, ou
―― 4) não era assim tão importante, e se confundia totalmente com o de Governador.
Se assim não tivesse sido, teriam certamente mencionado esse cargo de “Visorey” em vez do de Governador. E o cargo de Governador-Geral confundia-se ainda com o de Governador, visto não haver ainda necessidade de organizar toda uma estructura hierarchica com governadores subordinados. E mesmo quando mais tarde foi, os termos escolhidos foram os de Visorey e Governador apenas.
É tambem inegavel, ainda a partir das fontes, que estamos perante duas realidades distinctas: a de Colombo e a d’os Monarchas. Colombo não perdia como ficou escripto practicamente nenhuma opportunidade de refererir todas as dignidades, e fazer alarde do “Almirante, Visorey, e Governador”. Para os Monarchas, Colombo as mais d’as vezes era simplesmente ou Almirante, ou Governador ― e quando muito Almirante e Governador.
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PARTE XIX ― ANALYSE DOCUMENTAL III: AS CAPITULAÇÕES DE SANTA FE
――― Porque razão afinal “Visorey e Governador General”?
Como já disse, não existia differença a não ser semantica entre estes dous termos. Porquê, então, mencionar os dous cargos identicos? Como escrevi n’as PARTE V e PARTE VI, ser Vice-Rei e *Governador* subalterno apenas poderia fazer algum sentido n’um systema claramente estructurado e hierarchizado. Mas receber dous cargos identicos em tudo excepto a semantica não.
Uma ideia cedo começou a formar-se na minha mente; na realidade lá estivera sempre. E como nunca tinha lido as capitulações de principio a fim, decidi fazê-lo para confirmar as minhas suspeitas. Foram amplamente confirmadas.
Caros confrades do forum, leia-se o texto completo das Capitulaciones de Santa Fe [em annexo; todas as maiusculas são minhas], com a devida emphase rythmica e semantica às palavras por mim assinaladas em maiusculas...
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...Caros confrades: as Capitulações nada são se não um longo repositorio de pleonasmos e tautalogia.
O gosto pella repetição e juncção de palavras, por vezes justificado ― no caso de “islas y tierras firmes” ― mas as mais das vezes totalmente superfluo, é marcante ― gritante mesmo ― e pervade todo o texto:
Dan e otorgan…
Islas y tierras firmes…
Por su mano o industria…
Descubriran o ganaran…
Su vida, y después…
Herederos e successores…
Preheminencias e prerrogativas…
Tierras firmes e yslas…
Descubriere o ganare…
Cada huna e qualquiere…
Tomen y scojan…
Fallar e ganar…
Todas e qualesquiere…
Cosas e mercadurias…
Nombre e manera…
Ganaren e hovieren…
Haya e lieve…
Limpio e libre…
Haya e tome…
Yslas y tierras…
Se ganaren o se descubrieren…
Terna y fara…
Tracto e negociacion…
Cada y quando, y quantas vezes…
Contribuyr e pagar…
Haya e lieve…
Otorgadas e despachadas…
…
Visorey e Governador General…!!!
O “Visorey y Governador General” nada mais parece ser, afinal, que uma rhetorica “negra escuridão”. Estamos simplesmente perante toda uma formula rhetorica de redundancia: repetição e emphase rythmico e semantico, notavel ao longo de todo o texto.
Repare-se que em quasi todos os casos em maiusculas, practicamente o mesmo poderia ter sido escripto eliminando uma das palavras: “herederos e successores,” “preheminencias e prerrogativas,” “cosas e mercadurías,” “tracto e negociación,” “Visorey e Governador General”…
As Capitulações simplesmente addicionam um synonymo desnecessario, n’uma nitida rhetorica de redundancia. Que de uma formula rhetorica e estylistica se trata confirma-se ao comparar as Capitulações com qualquer outro d’os TEXTOS em annexo, particularmente o TEXTO II d’os Reis Catholicos ainda do mesmo mês de Abril de 1492.
Sempre o texto d’as Capitulações, n’um estylo que Gongora certamente approvaria ― “Una dama y otra dama…”; “con dados ganan Condados…” ― e que Quevedo certamente reprovaria, acrescenta synonymos por motivos mais rhetoricos e estylisticos que outra cousa. A repetição não é necessaria: herdeiros e successores acabam por significar a mesma cousa; preeminencias e prerrogativas idem; cousas e mercadorias idem; visorey e governador general idem…
Estamos, enfim, perante um magnifico exemplo de redundancia rhetorica. O “Visorey e Governador General” nada é senão o hypothetico “Condestavel e Marechal do Reino” mencionado na PARTE XIV.
Todos na altura saberiam que os cargos eran identicos, e que isto afinal nada significa. Mas soa de facto melhor, mais digno, mais imponente. Imita o estylo d’os Monarchas, de longas listagens de titulos: Rei de Castella, de Leão, de Toledo... &c, &c. Nada mais.
E terá obviamente sido esta ultima a razão porque Colombo quiz tambem ser nomeado Visorey, e ver o termo incluido n’as capitulações de Santa Fe.
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PARTE XX ― CONCLUSÕES E INTERPRETAÇÕES
――― Porque razão afinal “Visorey e Governador General”?
Caros confrades: as conclusões vistas ao longo d’este texto são as seguintes:
― Os cargos de “Visorey” e “Governador General” eram uma e a mesma cousa. Apenas a semantica differia.
― Ambos estes cargos implicavam as mesmas funcções de governo e de representação.
― O melhor exemmplo da unidade d’os cargos são as palavras d’os Reis Catholicos ainda em 1492: “podades usar y exercer EL DICHO OFICIO DE ALMIRANTADGO, con EL DICHO OFICIO DE VIRREY E GOBERNADOR” [Cf. TEXTO II e PARTE XVIII]. São claramente dous officios, não três.
― No entanto, o termo “Vice-Rei” era em Portugal a partir de D. Francisco de Almeida [1505] e em Nova Espanha a partir de 1535 prefferido para nobres de mais elevada posição. Na Coroa de Aragão na decada de 1490 não vemos esta distincção. É possivel que esta acepção de maior dignidade se visse já em Castella na decada de 1490.
― Os termos “Visorey” e “Governador” referem-se ambos a cargos de governação, não a titulos. [Cf. PARTE XV].
― Mesmo admittindo a posterior [após 1535] maior dignidade do termo “Visorey”, reservado a nobres mais importantes, este cargo, limitado no espaço e no tempo tal como o de Governador e com essencialmente os mesmos poderes, não pode ser considerado um titulo.
― Já no caso de cargos hereditarios ― como os de Colombo ― podemos admittir tratarem-se de dignidades honorificas semelhantes a titulos. Aqui temos que investigar a total extensão de poderes e prerrogativas realmente exercidas para avaliar até que poncto seriam cargos [activos], e até que poncto se assemelhariam a titulos [passivos]. [Cf. PARTE XVI].
― O cargo de “Governador General”, commum na Coroa de Aragão, apenas é visto no caso de Colombo n’as capitulações de Santa Fe e escriptos de sua mão, não sendo de resto um termo usado pello systema administrativo de Castella, onde o termo é simplesmente “Gobernador”.
― A differença entre um Governador-Geral e um Governador, no Novo Mundo no ultimo decennio de Quatrocentos e no primeiro de Quinhentos, não existia. Nem nunca existiu depois, visto o termo “Governador General” nunca mais ter sido empregue.
― O uso do termo “Governador General” n’as capitulações de Santa Fe, muito possivelmente inspirado pella practica aragonesa da epocha, mostra assim um systema administrativo incipiente e mal definido apenas, como seria de esperar para algo ainda não descoberto nem organizado.
― Os cargos de “Visorey e Gobernador” eram assim tambem uma e a mesma cousa.
― O importancia de Colombo no Novo Mundo em meados da decada de 1490, no contexto das guerras italianas e da conquista d’as Canarias, era talvez mais reduzida do que a nomenclatura d’os cargos que occupava deixaria adivinhar. [Cf. PARTE X e PARTE XI].
― As delegações de Colombo de poderes, incluindo a seu irmão Bartholomeu, enquadram-se perfeitamente n’as funcções de um governador geral, quer este se chame “Visorey” ou “Governador”. [Cf. PARTE XII].
― Colombo assinava quasi sempre como “el Almirante”, mostrando saber bem que esse era, de todos, o cargo mais importante.
― Colombo referia-se normalmente a si proprio como “Almirante, Visorey y Gobernador”, e n’esta ordem, mostrando como, para elle, a dignidade de Visorey era tambem importante, ainda que segunda à de Almirante.
― O uso de redundancias, como o “Visorey e Capitan General” usado por Colombo, ou o “Visorey e Gobernador” mais normalmente visto, e principalmente o “Almirante, Visorey e Gobernador” preferido por Colombo, obedece assim mais a motivos rhetoricos de affirmação de poder que a uma real differenciação de poderes [no caso dos dous ultimos]. [Cf. PARTE XVII].
― Os Reis Catholicos referem normalmente Colombo apenas como “Almirante” ou “Governador”, ou ainda “Almirante e Governador”. Mais raramente incluem o “Visorey”. [Cf. PARTE XVIII]. Isto porque das duas uma:
――― 1) Não gostariam afinal de reconhecer Colombo como “Visorey”, preferindo um hypotheticamente inferior “Governador”.
――― 2) Não lhes faria differença, visto “Visorey” e “Gobernador” serem fundamentalmente o mesmo, e o uso em simultaneo ser reduntante. Chamavam assim Colombo simplesmente aquillo que elle realmente era: o seu Almirante do mar Oceano, e o seu Governador d’as Indias.
― As provisões e instrucções regias para o governo do Novo Mundo apenas se tornaram mais detalhadas e pormenorizadas com o tempo. [Cf. PARTE VIII]
― Os poderes especificos de Colombo de “Visorey e Gobernador” eram assim vagos e imprecisos, como seria de esperar para um territorio mal conhecido e ainda por descobrir.
― Com o tempo, tivesse Colombo vivido mais e permanecido como governador-geral do Novo Mundo, os seus poderes seriam cada vez mais limitados pello direito especial e pella intervenção directa d’os Monarchas. [Cf. PARTE IX e PARTE X].
― Os poderes de Colombo de “Almirante” eram potencialmente enormes, mas na practica ainda practicamente não existentes, visto ainda não existirem na sua jurisdicção do Novo Mundo todas as infraestructuras, cargos e orgãos de que dependiam grande parte dos seus poderes. [cf. THESE ACADEMICA]
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CONCLUSÃO FINAL
Os PROBLEMA II, PROBLEMA III e PROBLEMA IV solucionam-se assim ao reconhecer que os cargos de “Visorey”, “Governador General”, e “Gobernador” no Novo Mundo no periodo de 1490 a 1510 eram todos simples e fundamentalmente uma e a mesma cousa.
Por isso mesmo vemos toda esta confusão n’as fontes da epocha. Por isso vemos Colombo em dous documentos d’os Reis Catholicos do mesmo mês de Abril de 1492 ser designado “VISOREY E GOVERNADOR GENERAL” [TEXTO I] e “VISOREY E GOBERNADOR” [TEXTO II]. Afinal no que ficamos? Se os proprios Monarchas não se importavam com a exactidão, deveremos nós hoje?
Todos sabiam que o duque de Medinaceli era um duque, e todos em Castella saberiam differenciar e posicionar um duque relativamente a um conde. Mas ninguem saberia como differenciar um “Visorey” de um “Governador General” de um “Gobernador” no Novo Mundo na epocha referida.
A melhor prova de tudo isto são os documentos d’os Monarchas, que as mais d’as vezes simplesmente chamam Colombo seu Almirante e Governador, omittindo o superfluo vice-rei por elles proprios outorgado.
Toda esta problematica lembra-me assim um d’os meus poemas favoritos [simplesmente pella semantica] de Garcia Lorca:
“Por las ramas del laurel
vi dos palomas oscuras.
La una era el sol,
la otra la luna.
«Vecinita», les dije,
«¿dónde está mi sepultura?»
«En mi cola», dijo el sol.
«En mi garganta», dijo la luna.
Y yo que estaba caminando
con la tierra por la cintura
vi dos águilas de nieve
y una muchacha desnuda.
La una era la otra
y la muchacha era ninguna.
«Aguilitas», les dije,
«¿dónde está mi sepultura?»
«En mi cola», dijo el sol.
«En mi garganta», dijo la luna.
Por las ramas del laurel
vi dos palomas desnudas.
La una era la otra
y las dos eran ninguna.”
[Federico Garcia Lorca: “Casida de las Palomas Oscuras”]
__________
COMPARAÇÕES E INTERPRETAÇÃO
Que Colombo tivesse querido incluir o termo “Visorey” entre os seus cargos é assim, na minha interpretação, prova de comprehensivel ambição de ascensão social por um lado e igualmente comprehensivel pouca importancia apparentemente dada pellos Monarchas ao termo, igual ao de "Governador General" ou "Gobernador".
O facto de Colombo querer incluir mais dignidades assemelha-se muito ao visto entre nós nos seculos XVII e XVIII, onde qualquer nobre demasiado baixo para poder aspirar a um titulo [o que eram quasi todos] mas demasiado elevado para ser um simples grande lavrador aspirava ser Fidalgo Cavalleiro da Casa Real, Cavalleiro da Ordem de Christo, e Familiar do Sancto Officio ― e se possivel tambem senhor de morgadio. Quanto mais melhor.
Mas no caso de Colombo, e ainda na minha interpretação, de mãos dadas com essa ambição caminhava uma não pequena porção de vaidade.
Essa vaidade surge, ou torna-se obvia, ao ler a documentação Columbina, e comparar a mesma com outros documentos de outras personagens da epocha. N’as fontes que temos, impressiona a constante repetição por parte de Colombo da formula ”Almirante, Visorey e Gobernador” nos documentos por si redigidos, e principalmente as suas assinaturas logo a partir de 1492.
― 1a) Como assinava o “Gobernador e Capitan General de Nueva España”? ― ”HERNAN CORTES”
― 1b) Como assinava practicamente sempre Colombo todas as suas cartas? ― ”EL ALMIRANTE”
― 2a) Como assinava o cardeal Pedro Gonzalez de Mendoza, arcebispo de Toledo? ― ”TOLETANUS”
― 2b) Como assinou Colombo a Fonseca, bispo de Badajoz, em 1498? ― ”EL ALMIRANTE” [http://bib.cervantesvirtual.com/servlet/SirveObras/colon/01383853166915529202802/ima0272.htm]
― 3a) Como assinava o ― esse sim ― almirante Andrea Doria, Principe de Melfi e Capitan General del Mar do imperador Carlos V durante as guerras italianas?― ”ANDREA DORIA”
― 3b) Como assinou Colombo a carta ao thesoureiro Rafael Sanchez de 1493? ― ”CRISTÓBAL COLÓN, ALMIRANTE DE LA ARMADA DEL OCÉANO”
[http://bib.cervantesvirtual.com/servlet/SirveObras/colon/01383853166915529202802/ima0232.htm]
― 4a) Como assinava Ferrante I Gonzaga, filho dos marqueses de Mantua, Principe de Molfetta, Cavalleiro do Tosão de Ouro, Vice-Rei da Sicilia, Governador de Milão, &c? ― ”FERNANDO GONZAGA” [sic]
― 4b) Como assinou Colombo a carta a Nicolas Oderigo em 1504? ― ”EL ALMIRANTE MAYOR DEL MAR OCÉANO, VISORREY Y GOBERNADOR GENERAL DE LAS INDIAS, ETC. EL ALMIRANTE”
[http://bib.cervantesvirtual.com/servlet/SirveObras/colon/01383853166915529202802/ima0439.htm]
― 5a) Como assinou o Duque de Medinaceli a carta ao cardeal Mendoza seu tio em 1493? ― ”LUIS” [sic]
― 5b) Como assinou Colombo nove d’as dez* cartas a seu filho em 1504 e 1505? ― ”EL ALMIRANTE”
[http://bib.cervantesvirtual.com/servlet/SirveObras/colon/01383853166915529202802/ima0435.htm]
* De 21-XI, 28-XI, 1-XII, 3-XII, 13-XII, 21-XII, 29-XII-1504; 18-I, 5-II, 25-II-1505. Apenas a ultima não é inteiramente da mão de Colombo ― que apenas a assinou, em minusculas: ”xpo ferens”.
E veja-se o exemplo supremo da affirmação gratuita do poder ― ou da vaidade: a curta mas pomposa provisão dada, em nome dos Monarchas, a Pedro de Salcedo sobre... direitos de sabão na Española em 1499:
http://bib.cervantesvirtual.com/servlet/SirveObras/colon/01383853166915529202802/ima0322.htm
Este é ainda o unico documento que encontrei onde Colombo assina simplesmente ”VIREY”.
Que nos dizem todos estes exemplos de Colombo, contrastados e comparados com outros exemplos de homens ― o cardeal, o duque e os principes ― de muito mais elevado estatuto e origem social?
E que nos dizem os seus exemplos contrastados com homens de estuto social inferior aos vistos, e em posições inferiores? Homens como por exemplo os Consejeros, que assinavam typicamente ”El licenciado Acuña” e ”El Doctor Vazquez” ― exemplos estes reaes de homens que, à la manière de Colomb, bem poderiam ter assinado ”Doctor licenciado y Consejero de Sus Altezas de su Consejo supremo de Castilla. El Consejero real Acuña” ou algo semelhante. Mas não o faziam.
Será que os escriptos de Colombo suggerem uma personalidade obcecada pella affirmação do poder? Um monomaniaco, um homem na realidade com complexos de inferioridade, sempre necessitando de se escudar por tras de cargos imponentes quando outros simplesmente affirmavam o seu nome? Uma especie de nouveau-riche avant la lettre, sempre a fazer alarde dos seus cargos?
Tenho visto muitas vezes n’as discussões Columbinas no forum do Geneall affirmações de que Colombo estaria habituado a dirigir-se aos Reis, o que não deixa de ser verdade. Mas como? Um exemplo recente onde A. Luciano paraphrasea o confrade Francisco:
――”Aproveitando aqui méritos que não são meus, lembro que o confrade Francisco (fxcct) chamou a atenção do fórum para o facto de quer nas Capitulações quer na correspondência, Colón dirigir-se aos Reis, não evidentemente como igual mas sempre como alguém a isso habituado.”
[http://www.geneall.net/P/forum_msg.php?id=340952#lista]
Mas tenho a impressão que os confrades nunca leram muitos documentos escriptos por outros homens da epocha. Se o fizerem, verão a enorme differença de estylo. Quasi chega a provocar nausea a eterna tendencia de Colombo de se querer enaltecer perante menos poderosos, e ao mesmo tempo o estylo subserviente perante os superiores ― attitude tão contrastante com o estylo de homens que eram de facto filhos d’algo, e tão typica de um pequeno homen que logrou subir na vida. Mas... esse subir na vida parece ter-lhe subido à cabeça...
Compare-se as cartas dos duques de Alba, de Albuquerque, ou de Najera aos Monarchas com as de Colombo. Ou a dos marqueses de Denia, e de Villena, e as do conde de Miranda. Como iniciam por exemplo os verdadeiramente nobres as suas cartas aos Monarchas durante as guerras italianas?
―― ”Recibí la carta de V.M., su fecha en Monzon á 15 de junio, y juntamente con ella la relacion que V.M. me mandó enviar de las cosas pasadas...” [Marques de Villena]
―― ”A diez y ocho de junio en la noche recibí una carta de V.M. y lo que el Rey de Francia escribió despues que con él se hizo la capitulacion...” [Duque de Najera]
――”Hoy viernes de noche á diez y nueve de junio recibí una carta de V.M. con el cartel que el rey de armas del rey de Francia trujo á V.M. y con los actos que sobre él pasó...” [Duque de Alba]
―― ”En lo que V.M. respondió de palabra al rey de armas se presume toda sustancia que puede llevar la respuesta en escrito...” [Duque de Albuquerque]
―― ”Lo que á mí me parece en el cartel que el Rey de Francia envió a S.M. con Guiana su rey de armas...”
[Marques de Denia]
Repare-se bem n’essa ultima phrase de abertura n’uma carta à Majestade: ”Lo que á mí me parece...”
E como inicia Colombo as suas cartas aos Reis Catholicos?
”Serenísimos é muy altos é muy poderosos Príncipes Rey é Reina nuestros Señores...” [1498]
[http://bib.cervantesvirtual.com/servlet/SirveObras/colon/01383853166915529202802/ima0296.htm]
”Muy altos y muy poderosos Reyes y Señores...” [1502]
[http://bib.cervantesvirtual.com/servlet/SirveObras/colon/01383853166915529202802/ima0371.htm]
”Serenísimos y muy altos y poderosos Príncipes Rey é Reina, nuestros Señores...” [1503]
[http://bib.cervantesvirtual.com/servlet/SirveObras/colon/01383853166915529202802/ima0391.htm]
”Serenísimo y muy alto Rey...” [1505]
[http://bib.cervantesvirtual.com/servlet/SirveObras/colon/01383853166915529202802/ima0440.htm]
As palavras de Colombo, em practicamente todas as suas cartas aos Monarchas, mais lembram a resposta na genial troca de palavras em obra cinematographica recente:
[Pergunta da senhora] ― ”What kind of sycophant are you?”
[Resposta do lacaio] ― ”What kind of sycophant would you like me to be?”
Veja-se como contraste, por exemplo, como o duque de Alba n’outra carta que não a citada supra, ainda sobre as guerras italianas, escreve ao Monarcha:
――”Lo que me parece que os consejaria seria hacer saber en vuestros reinos lo que ha pasado y el cumplimiento que habeis fecho, y no á muchas personas, y en Italia á vuestro Capitan General é algunas personas pocas de vuestro ejército, y no haria mucho caudal de hacer grandes cumplimientos con los otros Príncipes cristianos, porque todo lo que V.M. siguiere diciendo verdad, siguirá otro tanto el Rey de Francia diciendo lo que él quisiere...”
...ou o duque do Infantado, sobre o mesmo thema do conflicto com o rei da França:
―― “Paréceme, Señor, que el mejor parecer que á V.M. se puede dar entre vuestros vasallos y súbditos que somos, es el que el mismo Rey de Francia le da callando y no oyendo vuestra respuesta, y no querer mas que en esta cosa se platique, y que V.M. se contente con lo hecho...”
Aqui vemos dous duques com toda a naturalidade a dar conselhos a um Rei durante as guerras italianas. Isto não será de estranhar. Mas veja-se ainda as extraordinarias e sinceras palavras de Diego Garcia de Paredes, o “Sansão da Extremadura” da Guerra de Napoles de 1501-1504, da pequena nobreza de Trujillo, ao Monarcha:
―― “Antes que V.M. dijese las palabras á su haraote [arauto], el Rey de Francia... era inhábil para poder desafíar á V.M. ni á otro ningun príncipe por toda razon y ley de justicia, si V.M. por las dichas palabras no le habilitara para ello... y aunque á V.M. le parezca atrevimiento que una persona de tan poco traya á la memoria de V.M. estas cosas, deseando la honra y servicio de V.M. mas que otro ninguno vasallo suyo, le suplico que reciba mi voluntad que nunca errará á su servicio...”
Ainda que parecesse “atrevimiento”, alguem “de tan poco” como Diego Garcia de Paredes de facto aqui diz ao Monarcha, e de forma extraordinariamente brutal e directa, que foram as suas proprias palavras a causa de novos conflictos. Assim escreve um homem de facto habituado a lidar com as Majestades de perto sobre os themas mais importantes. Leiam-se as cartas de Colombo citadas supra na integra: não é de maneira alguma assim que Colombo escreve aos Monarchas.
[Suggestão: porque trocam os duques e marqueses e condes uma immensidão de cartas com os Monarchas sobre as guerras italianas, e practicamente nada escrevem sobre o Novo Mundo?]
Veja-se, ainda, as igualmente notaveis e francas palavras do duque de Najera na mesma carta citada supra, que com mais elegancia que o valente soldado dizem exactamente o mesmo ao seu Rei:
―― ”...mas mucho se debe pensar si conviene hacer al Rey de Francia requeridor ó no, porque mirando á su cartel parece que llama á V.M. á la batalla, y si vemos lo que V.M. pasó en Granada con su embajador, y despues con el rey de armas y lo que escribió V.M. al mismo embajador, parece que V.M. provocó al Rey de Francia; mas por eso no parece que del todo V.M. se hiciese requeridor de este desafío por no haber pasado en cosas que para requerir convenian. Mas no sé, Señor, cual será mejor, darle campo cierto o tomalle dudoso: él no se ha de fiar de ningun príncipe, ni V.M. parece que tiene ninguno...”
Assim escrevem homens verdadeiramente valerosos, e os verdadeiros filhos d’algo.
Mas igualmente importante: ao escrever a seus inferiores raramente fazem alarde de todos os seus titulos e longas listagens de seus cargos e senhorios. Veja-se, por exemplo, a carta do duque de Alba ao bispo de Palencia sobre o seu sobrinho, Diego Colon:
http://www.cervantesvirtual.com/servlet/SirveObras/01349464200915179534680/ima0092.htm
Ou veja-se uma carta do mesmo duque de Alba sobre o mesmo Colon ao presidente da Ordem de Santiago:
http://www.cervantesvirtual.com/servlet/SirveObras/01349464200915179534680/ima0093.htm
Ou contraste-se o estylo de Colombo com o de Diego seu filho, n’as instrucções a Jeronimo de Agüero:
http://www.cervantesvirtual.com/servlet/SirveObras/01349464200915179534680/ima0087.htm
Nada d’isto é parecido ao estylo de Colombo, que escreve aos monarchas como qualquer subserviente vasallo e a inferiores como um grande senhor, normalmente fazendo alarde do “Almirante e Visorey e Governador General”. Mas nada do que escreve se assemelha às palavras d’estes duques e marqueses, ou de homens como Diego Garcia de Paredes. Assim escrevem homens de facto habituados a lidar com os Monarchas.
”Lo que á mí me parece”. Assim, sem mais nem menos, inicia um nobre como o segundo marquês de Denia, neto materno do marquês de Santillana, sobrinho do cardeal Mendoza e casado com uma Enriquez d’os Almirantes de Castella, uma carta à Majestade. Não como Colombo.
E como a termina? ”Esto es lo que a mí me parece.” Segue a assinatura.
Espero que um pouco do que escrevi possa ter tido interesse.
Cumprimentos a todos os confrades do forum,
Anachronico
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ANNEXO DOCUMENTAL I-II
ANNEXO DOCUMENTAL I: Cedulario de Tierras, Parte I ― 1497 a 1529
”Carta patente de los reyes de Castilla al almirante Cristobal Colon dictandole la normativa de como deberian realizarse los repartos de tierras en las isla Española” [1497]
a
“Real cedula al obispo Sebastian Ramirez de Fuenleal, presidente de la Audiencia de Santo Domingo, con orientaciones sobre...” [1529]
―― http://biblio.juridicas.unam.mx/libros/1/387/8.pdf
*************
ANNEXO DOCUMENTAL II: Cedulario de Tierras, Parte II ― 1529 a 1564
“Real cedula a Hernan Cortes haciendole merced de veintidos pueblos y 23.000 indios vasallos” [1529]
a
”Merced de una estancia de ganado mayor al cacique de Acambaro” [1564]
―― http://biblio.juridicas.unam.mx/libros/1/387/9.pdf
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ANNEXO DOCUMENTAL III
ANNEXO DOCUMENTAL III
Acervo da Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes sobre Colombo:
Fontes e Documentos:
http://www.cervantesvirtual.com/bib/portal/colon/pcuartonivelb49d.html?nomportal=colon&conten=catfuentesydocumentos
Estudos:
http://www.cervantesvirtual.com/bib/portal/colon/pcuartonivel626b.html?nomportal=colon&conten=catestudios
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TEXTO I - Capitulaciones de Santa Fe, 1492
TEXTO I
CAPITULACIONES DE SANTA FE
[Santa Fe, 17 de Abril de 1492]
“Las cosas suplicadas e que Vuestras Altezas DAN E OTORGAN a don Christoval de Colon, en alguna satisfacion de lo que ha descubierto en las Mares Oceanas y del viage que agora, con el ayuda de Dios, ha de fazer por ellas en servicio de Vuestras Altezas, son las que se siguen:
Primeramente que Vuestras Altezas como Señores que son de las dichas Mares Oceanas fazen dende agora al dicho don Christoval Colon su almirante en todas aquellas ISLAS Y TIERRAS FIRMES que POR SU MANO O INDUSTRIA se DESCUBRIRAN O GANARAN en las dichas Mares Oceanas para durante SU VIDA, Y DESPUÉS del muerto, a sus HEREDEROS E SUCCESSORES de uno en otro perpetualmente con todas aquellas PREHEMINENCIAS E PRERROGATIVAS pertenecientes al tal officio, e segund que don Alfonso Enríquez, quondam, Almirante Mayor de Castilla, e los otros sus predecessores en el dicho officio, lo tenían en sus districtos. Plaze a Sus Altezas. Johan de Coloma.
Otrosí que Vuestras Altezas fazen al dicho don Christoval su VISOREY E GOVERNADOR GENERAL en todas las dichas TIERRAS FIRMES E YSLAS que como dicho es el DESCUBRIERE O GANARE en las dichas mares, e que paral regimiento de CADA HUNA E QUALQUIERE dellas, faga el eleccion de tres personas para cada oficio, e que Vuestras Altezas TOMEN Y SCOJAN uno el que mas fuere su servicio, e assi seran mejor regidas las tierras que Nuestro Señor le dexara FALLAR E GANAR a servicio de Vuestras Altezas. Plaze a Sus Altezas. Johan de Coloma.
Item que de TODAS E QUALESQUIERE mercadurias, siquiere sean perlas, piedras preciosas, oro, plata, specieria, e otras qualesquiere COSAS E MERCADURIAS de qualquiere specie, NOMBRE E MANERA que sean, que se compraren, trocaren, fallaren, GANAREN E HOVIEREN dentro en los limites de dicho Almirantazgo, que dende agora Vuestras Altezas fazen merced al dicho don Christoval e quieren que HAYA E LIEVE para si la dezena parte de todo ello quitadas las costas todas que se fizieren en ello por manera que de lo que quedare LIMPIO E LIBRE, HAYA E TOME la dicha decima parte para si mismo, e faga dello a su voluntad, quedando las otras nueve partes para Vuestras Altezas. Plaze a Sus Altezas. Johan de Coloma.
Otrosí que si a causa de las mercadurias quel trahera de las YSLAS Y TIERRAS, que assi como dicho es SE GANAREN O SE DESCUBRIEREN o de las que en trueque de aquellas se tomaran, aqua de otros mercadores naciere pleyto alguno en el logar don el dicho COMERCIO E TRACTO se TERNA Y FARA, que si por la preheminencia de su officio de almirante le pertenecera conocer de tal pleyto plega a Vuestras Altezas que el o su teniente e no otro juez conozcan de tal pleyto, e assi lo provean dende agora. Plaze a Sus Altezas, si pertenece al dicho officio de almirante segunt que lo tenía el dicho almirante don Alonso Enrique, quondam, y los otros sus antecessores en sus districtos y siendo justo. Johan de Coloma.
Item que en todos los navíos que se armaren paral dicho TRACTO E NEGOCIACION, CADA Y QUANDO, Y QUANTAS VEZES se armaren, que pueda el dicho don Christoval Colon si quisiere CONIRIBUYR E PAGAR la ochena parte de todo lo que se gastare en el armazon, e que tanbien HAYA E LIEVE del provecho la ochena parte de lo que resultare de la tal armada. Plaze a Sus Altezas. Johan de Coloma.
Son OTORGADAS E DESPACHADAS con las respuestas de Vuestras Altezas en fin de cada hun capitulo, en la, villa de Santa Fe de la Vega de Granada a XVII de abril del año del Nacimiento de Nuestro Señor Mil CCCCLXXXXII.
Yo el Rey. Yo la Reyna.
Por mandado del Rey e de la Reyna: Johan de Coloma.”
Fonte:
http://pares.mcu.es/ParesBusquedas/servlets/Control_servlet?accion=3&txt_id_desc_ud=5401002&fromagenda=N
Contem transcripção e imagens digitalizadas.
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TEXTO II - Titulo expedido pellos Reis Catholicos, 1492
TEXTO II
Título expedido por los Reyes Católicos
A DON CRISTÓBAL COLÓN DE ALMIRANTE, VIRREY E GOBERNADOR DE LAS ISLAS E TIERRA FIRME QUE DESCOBRIESE
[Granada, 30 de Abril de 1492]
“Don Fernando e Doña Isabel, por la Gracia de Dios, Rey e Reyna de Castilla, de Leon, de Aragon, de Sevilla, de Granada, de Toledo, de Valencia, de Galicia, de Mallorca, de Sevilla, de Cerdeña, de Córdoba, de Córcega, de Múrcia, de Xaen, de los Algarbes, de Algeciras, de Gibraltar, e de las Islas de Canarias; Conde e Condesa de Barcelona, e Señores deVizcaya e de Molina; Duques de Atenas e de Neopatria, de Gociano: Por quanto vos, Cristóbal Colon, vades por Nuestro mandado a descobrir e ganar con ciertas xustas Nuestras, e con Nuestras gentes, ciertas islas e Tierra-firme en la Mar Océana; e se espera que con la ayuda de Dios, se descobrirán e ganarán algunas de las dichas islas e Tierra-firme en la dicha Mar Océana, por vuestra mano e industria; e ansí es cosa xusta e rrazonable, que pues os poneis al dicho peligro por Nuestro servicio, séades dello remunerado; e queriendoos honrrar e fazer merced por lo susodicho, es Nuestra merced e voluntad, que vos el dicho Cristóbal Colon, dempues que hayades descobierto e ganado las dichas islas e Tierra-firme en la dicha Mar Océana, o qualesquier dellas, QUE SEADES NUESTRO ALMIRANTE DE LAS DICHAS ISLAS E TIERRA-FIRME que ansi descobriéredes e ganáredes, E SEADES NUESTRO ALMIRANTE E VIRREY E GOBERNADOR EN ELLAS, e vos podades dende EN ADELANTE LLAMAR E INTITULAR DON CRISTÓBAL COLON; e ansi vuestros fixos e subcesores en el dicho oficio e cargo, se puedan intitular e llamar Don, e Almirante, e Virrey e Gobernador dellas; e para que podades usar y exercer EL DICHO OFICIO DE ALMIRANTADGO, con EL DICHO OFICIO DE VIRREY E GOBERNADOR de las dichas islas e Tierra-firme que ansí descobriéredes e ganáredes por vos o por vuestros Lugares-Tinientes, e oir e librar todos los pleytos e cabsas ceviles e creminales tocantes al dicho oficio de Almirantadgo e Visorrey e Gobernador, segun falláredes por derecho, e sigun lo acostumbran usar y exercer los Almirantes de Nuestros rreynos; e podades punir e castigar los delinquentes, e usédes de los dichos oficios de Almirantadgo e Visorey e Gobernador, vos e los dichos vuestros Lugares-Tenientes, en todo lo a los dichos oficios e cada uno dellos anexo e concerniente; e que hayades e llevades los derechos e salarios a los dichos oficios e cada uno dellos anexos e pertenescientes, sigun e como los llevan e acostumbran llevar el Nuestro Almirante mayor en el Almirantadgo de los Nuestros rreynos de Castilla, e los Visoreyes e Gobernadores de los dichos Nuestros rreynos.
E por esta nuestra carta o por su treslado, sinado de escribano público, Mandamos al Príncipe D. Xoan, Nuestro Muy Caro e Muy amado fixo, e a los Infantes, Duques, Perlados, Marqueses, Condes, Maestre de las Ordenes, Priores, Comendadores e a los del Nuestro Consexo e Oidores de la Nuestra Abdiencia, Alcaldes e otras xusticias qualesquier de la Nuestra Casa e Córte, e Chancillería; e a los Subcomendadores, Alcaydes de los castillos e casas fuertes e llanas, e a todos los Consexos, Asistentes, Corregidores, Alcaldes, Alguaciles, Aberinos, Veintequatro caballeros xurados, Escuderos, Oficiales e homes buenos de todas las cibdades e villas e lugares de los Nuestros rreynos e Señoríos, e de los que vos conquistáredes e ganáredes; e a los Capitanes, Maestres, Contramaestres, Oficiales, marineros e gentes del mar, nuestros súbditos e naturales que agora son e serán de aquí adelante, e a cada uno e a qualquier dellos, que seyendo por vos descobiertas e ganadas las dichas islas, e Tierra-firme en la dicha Mar Océana, e fecho por vos, o por quien vuestro poder obiere el xuramento e solenidad quen tal caso se rrequiere, vos hayan e thengan, dende en adelante para en toda vuestra vida, e dempues de vos a vuestro fixo e subcesor, e de subcesor en subcesor para siempre xamás, por Nuestro Almirante de la dicha Mar Océana, e por Visorey, e Gobernador en las dichas islas e Tierra-firme que vos el dicho Don Cristóbal Colon descobriéredes e ganáredes, e usen con vos, e con los dichos vuestros Lugares-Tinientes quen los dichos oficios de Almirantazgo e Visorrey e Gobernador posiéredes; en todo lo a ellos concerniente, e vos rrecudan e fagan rrecudir con la quitacion e derechos e otras cosas, a los dichos oficios anexos e pertenescientes, e vos guarden e fagan guardar todas las honrras, gracias e mercedes e libertades, preeminencias, prerrogativas, exenciones, inmunidades, e todas las otras cosas e cada una dellas, que por rrazon de los dichos oficios de Almirante e Visorey e Gobernador, debedes haber e gozar, e vos deben ser guardadas; todo bien e complidamente, en guisa que vos non mengue ende cosa alguna; e quen ello, nin en parte dello, embargo nin contrario alguno vos pongan, nin consientan poner.
Nos, por esta Nuestra Carta, dende agora para entonces vos facemos merced de los dichos oficios de Almirantadgo e Visorey e gobernador, por xuro de heredad, para siempre xamás; e vos damos la posesion e casi posesion dellos e de cada uno dellos, e poder e abtoridad para los usar y exercer, e llevar los derechos e salarios a ellos e cada uno dellos anexos e pertenescientes, sigun e como dicho es; sobre lo qual todo que dicho es, si nescesario vos fuere, e si lo vos pidiéredes, Mandamos al Nuestro Chanciller e notarios, e a los otros oficiales questán a la tabla de los Nuestros sellos, que vos den e libren, e pasen e sellen Nuestra Carta de previlexio la mas fuerte e firme e bastante que les pidiéredes, e obiéredes menester.
E los unos nin los otros non fagades nin fagan en deal por alguna manera, so pena de la Nuestra merced, e de diez mill maravedís para la Nuestra Cámara, a cada uno que lo contrario ficiere; e demas, Mandamos al home que les esta Nuestra Carta mostrare, que los emplace que parezcan ante Nos en la Nuestra Córte, de quier que Nos seamos, del dia que los emplazare a quince dias primeros siguientes, so la dicha pena; so la qual, Mandamos a qualquier escribano público que para esto fuere llamado, que dé, ende, al que se la mostrare, testimonio sinado con su sino, porque Nos sepamos como se comple Nuestro mandado.-
Dada en la Nuestra Cibdad de Granada a treinta dias del mes de Abril año del nascimiento de Nuestro Salvador Xesucristo de mil e quatrocientos e noventa e dos años.-Yo el Rey.-Yo la Reyna.-YoXoan de Coloma, Secretario del Rey e de la Reyna Nuestros Señores, la fisce escrebir por su mandado.-Acordada en forma.-Registrada.-Sebastian de Olano.-Francisco de Madrid, Chanciller.”
In: Luis de Torres de Mendoza: “Colección de documentos inéditos: relativos al descubrimiento, conquista y organización de las antiguas posesiones españolas en América y Oceanía”. 24 Vols., Ministerio de Ultramar, Madrid, 1864-84. Primera Serie, Tomo XXX, 1878, pp. 59-64.
Notar versão mais tardia de Burgos de 23 de Abril de 1497 in:
Rosario Falcó y Osorio, Duquesa de Alba: “Autógrafos de Cristóbal Colón y papeles de América”. Madrid, 1892, pp. 10-16:
http://www.cervantesvirtual.com/servlet/SirveObras/01349464200915179534680/ima0024.htm
e seguintes paginas.
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TEXTO III - Instruccion a Mosen Pedro Margarite, 1494
TEXTO III
Documento de Cristóbal Colón.
INSTRUCCIÓN A MOSÉN PEDRO MARGARITE.
[La Isabela, 9 de Abril de 1494]
“Primeramente que luego que vos fuere dada e entregada la dicha gente por Hojeda, la reçibáis segud e en la manera que la él lleva, a así rescebida, hordenéis las batallas que segud la dispusición de la tierra os paresçiese ser neçesarias, e la déis en cargo a las personas con nombres de Capitanes que vierdes que las deven llevar, e que sirva al Rey e a la Reina, nuestros Señores, e vos obedescan e cumplan lo que le dixerdes e mandardes de parte de Sus Altezas e de la mía, por virtud de los poderes que para ello tengo de Sus Escelençias.
Item: por alguna espiriençia que se tiene del andar d'esta tierra, se escriben aquí abaxo algunas cosas que son neçesarias de hazer; con todo, porque vos andaréis otras provincias o lugares de las que se an esprimentado, puesto que todo es una costumbre e una manera de la gente, se os dexa cargo que vos como presente acreçentéis o quitéis d'esto que aquí abaxo se escribiere como a vos os pareciese al tiempo o a la dispusiçión de la tierra; porque la primera intençión d'esto es que váis con toda esta gente que aquí se escribirá toda esta isla, y reconoscáis las provincias d'ellas y la gente y las tierras y lo que en ellas ay, y espeçial toda la provinçia de Cambao, porque de todo puedan el Rey e la Reina, nuestros Señores, ser muy bien informados; y de aquí d'esta cibdad se os enbiará e proveherá de todas las cosas que fueren nesçesarias.
Primeramente, de aquí se os envía diez y seis de cavallo, e doszientos e cincuenta escuderos e vallesteros, e ciento e dies espingarderos e veinte ofiçiales.
D'esta gente a de ser tres batallas: la una para vos, y las otras dos dallas a dos personas, que serán las que avos mejor parescieren ser suficientes para el tal cargo, a los cuales dad la parte de gente a cada uno que os paresçiere.
La prinçipal cosa que abéis de haser es guardar mucho a los indios, que no les se fecho mal ni daño ni les sea tomada cosa contra su voluntad, ante resciban honra e sean asegurados de manera que no se alteren.
Y porque en este camino que yo hize a Cambao acaesçió que algún indio hurtó algo, si hallardes que alguno d'ellos furten, catigaldos también cortándoles las narizes y las orejas, porque son miembros que no podrán esconder, porque con esto se asegurará el rescate de la gente de toda la isla, dándoles a entender que esto que se hizo a los otros indios fue por el furto que hizo y que a los buenos los mandarán tratar muy bien y a los malos que los castigue.
Porque agora la gente no podrá llevar tanto mantenimiento d'esto nuestro como es nesçesario para el tiempo que han de estar fuera, allá van (¿?) los cuales llevan mercadurías de cuentas e cascabeles e otras cosas y llevan mandado, como por virtud de la presente les mando, que por el pan e bituallas que se hallaren a comprar, las paguen con las dichas mercadurías, teniendo cuenta d'ellas, poniendo el día y lugar donde las hallaron, y que todo lo que dieren de las dichas mercadurías sea en presençia de la persona que estoviere por el teniente de los contadores mayores, para que solamente tenga razón e cuenta d'ello.
Item: más, devéis hordenar e dar veinte e cinco ombres a Arriaga, si aquí yo no se los doy antes que se parta, y él tenga cargo de ir juntamente con esos tres a proveher de todos los mantenimientos para toda la hueste, porque no aya causa que ninguna persona, de cualquier grado o condiçión que sea, vaya a rescatar cosa ninguna de los indios y los hazer dos mill enojos, y es cosa que es mucho contra su voluntad y deserviçio del Rey e de la Reina, nuestros Señores, porque Sus Altezas desean más la salvación d'esta gente, porque sean cristianos, que todas las riquezas que de acá puedan salir; así que bien proveído va, y se debe de contentar cada uno que Sus Altesas les manden pagar para comer y otras cosas que neçesarias vos fueren.
Y si por ventura no se hallase de comer por compra, que vos Mosén Pedro lo proveháis, tomándolo lo más onestamente que podáis halagando los indios.
D'esto de Cahonaboa, mucho querría que con buena diligençia se toviese tal manera que lo pudiésemos aver en nuestro poder, y por eso debéis tener d'esta manera según mi albedrío: enviar una persona con dies ombres que sean muy discretos, que vayan con un presente de ciertas cosas que allá llevan los sobredichos que llevan el rescate, halagándole y mostrándole que tengo mucha gana de su amistad, y que le enviaré otras cosas, y qu'él nos envíe del oro, haziéndole memoria cómo estáis vos aí y que os vais holgando por esa tierra con mucha gente, y que tenemos infinitas gente, y que cada día verná mucha más, y que siempre yo le anviaré de las cosas que traerán de Castilla, y tratallo así de palabra hasta que tengáis amistad con él, para podelle mejor aver.
Y no debéis curar agora de ir a Cahonaboa con la gente, salvo enviar a Contreras, el cual vaya con las dies personas, y se vuelvan a vos con la respuesta a doquiera que se supiere que estéis; y resçibida la embaxada, pordréis enviar otra vez y otra, hasta que el dicho Caonaboa esté asegurado y sin reçelo que le avéis voz de hazer mal; y después tener la forma para prendelle como mejor os paresçiere, y segud la forma que él avrá entendido por la relaçión de dicho Contreras, haziendo el dicho Contreras lo que vos le dixerdes e no excediendo d'ello.
La manera que se debe tener para prender a Cahonaboa, reservando a lo que allá se hallará después, es esta: qu'el dicho Contreras trabaje mucho con él, e tenga manera que Cahonaboa vaya a hablar con vos, porque más seguramente se haga su prisión; e porque él anda desnudo e sería malo de detenerle, e si una vez se soltase e se fuyese, no se podría así aver a las manos por la indispusiçión de la tierra, estando en vistas con él, hazelde dar una camisa y vestírsela luego, y un capus y çeñille un cinto y ponelle una toca, por donde lo podéis tener e no se vos suelte; e también debéis prender a los hermanos suyos que con él irán.
Y si por caso el dicho Cahonaboa estoviera indispuesto que no pueda ir a estar con vos, tened manera con él que dé por bien vuestra ida a él, e antes que vos a él lleguéis, el dicho Contreras debe ir primero por le asegurar, diziéndole que vos váis a él pro le ver e conosçer e tener con él amistad, porque yendo vos con mucha gente prodría ser que tomase reçelo e se pornía a ir por los montes, e herraríades la presa; pero todo se remite a vuestra buena discreçión, para que fagais segud que mejor os paresciere.
Item: debéis mucho mirar que la justicia sea mucho temida, y que el que vuestro mandamiento pasare sea castigado muy bien, porque, si de otra manera pasase, por la gente se podría recreçer que se perdiese toda la hueste e se desmandaría, e no vos podría de así aprovechar de la gente; e faría daño, e los indios, viéndolos así desmandados e desconcertados por el mal recabdo que ternían, como estos indios sean cobardes e no dan la vida a ninguno por puro themor, fallándolos de dos en dos o tres en tres, podría ser que tomasen atrevimiento de los matar; así que por esto e por otras cosas, es bien que seades muy bien obedesçido, e se cumpla en todo lo que mandardes, e ninguno no salga de vuestro mandamiento, avisándos que no ay tan mala gente como cobardes, que nunca dan la vida a ninguno, así que si los indios hallasen un ombre o dos desmandados, no sería maravilla que los matasen.
Item: pues con el ayuda de Nuestro Señór avéis de andar mucha tierra, será bien e en todo caso, por doquiera que fuéredes, por todos los caminos e sendas fazed porner algunas cruzes altas y mojones y asimismo cruzes en los árboles y cruzes en los logares que viéredes que son convenientes, e do no se pueden así caher, porque allende qu'es razón que así se faga, pues, loado Dios, la tierra es de cristianos, aprovecharéis mucho por la perpetua memoria que d'ellas se avrá, e aun faziendo poner en algunos árboles altos e grandes los nombres de Sus Altezas.
Item: más, porque me paresçe bien que toda esta gente vaya agora con Hojeda hasta Cambao, y que de allí la recibáis vos toda y al comienço de vuestro camino, Yamahuix, y dende llevaréis el camino donde os paresçiere para ver el término de Cambao; y porque los cavallos, segud nos informaron el otro día Gaspar y los otros que fueron a Yamahuix, no pueden pasar de Santo Tomás adelante por el mal camino, debéislos de dexar en Santo Tomás, y dar cargo d'ellos a un escudero de los de las guardas que tenga el suyo allí también, e otra persona que os paresciere que mejor lo aya de faser, que haga curar d'estos cavallos juntamente con mucha diligençia tanto más y más que fuesen suyos, porque ya vedes cuánto no va en tenerlos buenos, y si hallásedes tierras para que viésedes, pudiésedes enviar por ellos para proveheros y serviros.
Para lo cual todo que susodicho es, e para cada una cosa e parte d'ello, e para lo d'ello anexo e dependiente, VOS DO E CONÇEDO EL MISMO PODER QUE YO HE DE SUS ALTESAS DE VISORREY E CAPITÁN GENERAL D'ESTAS INDIAS por la presente, bien así como si el dicho poder aquí fuese inserto e incorporado, e por virtud del dicho poder de parte de Sus Altezas mando a la gente que con vos fuere de aquí adelante que obedescan vuestros mandamientos, e fagan todo lo que vos les dixéredes e mandáredes de parte de Sus Altesas, como farían bien así como yo gelo mandase, so las penas que vos les pusiéredes, las cuales esecutadas en las personas e bienes de los que lo contrario hizieren.
Fecha en la cibdad Isabela, qu'es la isla Isabela en las Indias, a nueve días del mes de abril, año del nacimiento de Nuestro Salvador Jesucristo de mil cuatroçientos noventa e cuatro años.
El Almirante.
Por su mandado la fize escribir, Diego de Peñalosa.”
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TEXTO IV - Instrucion Real a Juan Aguado, 1495
TEXTO IV
Instrución delo que vos Juan Aguado, capytan de sus altezas delas quatro caravelas que van alas yndias,
AVEYS DE DECIR AL SEÑOR ALMIRANTE CERCA DELAS COSAS DE LOS VASTYMENTOS.
[1495 ]
[Minhas maiusculas sobre as guerras italianas contra a França]
“Instruçion delo que vos Juan Aguado, capytan de sus altezas delas quatro caravelas que van alas yndias, aveys de decir al señor almirante cerca delas cosas delos vastymentos.
Lo prymero, que los que hacá vyenen todos en xeneralmente se han quexado que, hansy hellos como los que alla quedan, syenpre han sydo maltratados delas personas que han tenido los vastymentos en la repartyçion dellos, e espeçial mente teniendo el cargo dellos Caravajal que hacá vino, y Juan doñate despues del, porque dizen y afyrman todos que haçiendo el Juan doñate y los otros moços que halli tenia Caravajal mal recabdo en los vastymentos, dexaban moryr de hanbre a algunos hombres, entre los quales nonbran á un Loazes, gallego, y á otros, en tanto quel señor almirante fue a descobryr, e por esto sus altezas mandan que se fyciese aca esta instruçion de lo que halla se les habia de dar, consultada con algunos de los que dalla vynieron.
Primeramente que se de ha cada vno cada quinze dias çinco zelemynes de trigo ha respeto de dyes fanegas por año.
ansy mesmo que se de a cada vno media arrova de vyno cada quinze dias, y esto que sea puro, por que dizen que se lo haguan, y de buena medida, que sale á vn cuartyllo cada dia, y esto asta que mas prouisyon les enbyemos, que se les podra algo mas acreszentar.
asymesmo a cada persona quatro libras de toçino para quinze dias en tanto que mas les envyamos.
asymesmo que se de ha cada persona para los dichos quinze dias vna libra de queso, fasta que envyemos estas otras caravelas, que yran, Dios queryendo, bien proveydas y luego en pos destas.
asymismo que se de a cada vna persona para los dichos quinze dias medio açumbre de vynagre.
asymismo que se de a cada vna persona para los dichos quinze dias medio cuartyllo de hazeyte.
asymismo que se de ha cada persona para los dichos qunze dias vn cuartyllo de avas, fasta que vaya el garvanço en estas otras quatro caravelas que yran en pos destas, por que non estava cogydo.
asymismo que se de ha cada persona cada mes para los dias de pescado que hay en el, a tres libras de pescado de lo seco para cada mes, del pescado que daca se lleua.
del vyscocho que halla quedare de lo que hagora llevan alos que fueren ha navegar o entrar por tierra, ó alos que se vuieren de dar, ha respeto de medio quintal cada mes para cada persona.
que estas raçiones mande dar el señor almirante hasy como de suso se contyene de quinze, a quinze dias, o de mes a mes, porque cada vno dellos tenga tienpo de moler o fazer lo que byen lestuviere (?) e non pyerda tienpo en venir cada dia por raçion.
asymismo quel señor almirante mande dar a maestre paulo, que hagora va, la raçion y mantenimiento de su persona y quatro honbres que lleva consygo, junta mente de todo el tienpo quel dicho maestre paulo la quisyere, e sy quisyere, por vn año, y mas cresçidas que las de los otros, por que ansy lo mandan el Rey y la Reyna nuestros señores, y que sean muy tratados y mirados.
lo pringipal quel señor almirante a de mandar remediar es que tenga vna persona o dos prinçypales, y que sean muy buenas personas, cryados de sus altezas, que tengan cargo delos vastymentos y del repartymiento dellos, para que a cada vno den lo que ha de aver, y ninguno non aya lugar de se quexar como hasta aqui se quexavan y dezian mal de las cosas que hazia juan doñate, y algunas dellas se pruevan.
y asymismo diga al señor almirante que, luego salidas estas caravelas que hagora van de la ryvera, se comenzaran a cargar las otras quatro caravelas que lleuaran a razon que estas, y dellas provea á cada vna persona de trygo para vn año, y de las otras cosas lleuaran asaz de prouisyon, por manera que entre estas y las otras quatro que luego yran, y otras quatro que se despacharan en pos de las otras, se les proveeran de provisyon y mantynymientos que sean muy byen proveydos y tengan todo lo que vuieren menester, syn tener falta de ningund mantenimiento.
y porque en las otras caravelas que yran en pos destas yran labradores para sembrar e prouar la tierra, que, porque se conosca el tiempo dela sementera, deve el señor almirante mandar senbrar deste pan que hagora lleuan la cantydad que le paresciere, para prouar la tierra, porque, ydos los labradores, prueven todos los tienpos, y tanbyen porque, sy tardasen en el vyaje, estuvyese la tierra sembrada.
asymismo dira al señor almirante que mandan sus altezas que ha cada vno dexe gozar de qualesquier cosas que lleuare qualquier persona para sy, e se las mande entregar a su dueño libremente para que haga dello lo que quisyere, e ansy mismo les dexe cryar puercas y gallinas, o qualquier otra cosa que llevare qualquier persona, o que dalli multyplicare, los dexe goçar dello, como de cosa suya.
ansy mismo quel senor almirante mande proveer pastor que guarde el ganado que halla está, o se lleva, guardado á buen recabdo, porque haca se a dicho que en tanto quel estovo fuera no se puso buen recabdo enello.
(En las espaldas, de mano de Colón.)
aq. esta escto las cosas q J.º aguado me diso elas indias por pte de .s. .a. por virtud de vna carta de s. a. de creçia q me dio // año de 95 e el mes de noviebre e las indias.
Lo que vos Juan Aguado aveis de decir al almirante de parte de sus altezas es lo syguiente:
Lo primero, que sus altezas no scriben larga mente porque con el mal de Torres y CON LAS HOCUPACIONES GRANDES DESTA GUERRA DE FRANCIA NO HAN TENIDO LUGAR DE PROVEER NIN RESPONDER hasta que haya hoydo e comunicado con Torres, y que entonzes proveheran y responderan larga mente sus altezas á todas las cosas que Torres troxo á cargo, y el escryvio. La respuesta dello lleuaran las cuatro caravelas que tras vos partyran luego, plaziendo á Dios.
Lo segundo, que de la gente que halla está envie una parte de los hombres que no haprovechan, porque no se perdera el dinero en mantynimientos sin provecho, y en lugar daquellos, con haquella misma costa, podran yr otros que aprovechen, y tambyen, visto que los dexan venir, se hallaran otros que vayan. Esto no se ha de hazer a golpe, dexar venir los que quisiesen, porque no quedaria nadie, mas los mas inutiles, y daquellos cada viaxe una cierta parte, y asy como enviare aca, hansy enviaremos alla.
Lo tercero, que por la carta de sus altezas verá que mandan que las cosas que daca se le envian a cada uno, las que halla tienen, como gallinas y puercos y otras cosas semejantes, y las que dellas se les procedieren multyplicaren, sus altezas mandan que se las dexe gozar y disponer dellas á su plazer de cada uno, y como quisiere, porque ansy lo han mandado poblicar aca, y si lo contrario se yziese, paresceria que no se les guardaba lo que sus altezas mandan y dizen que se ha de hazer con los que alla estan, ho fueren daquí adelante.
Lo cuarto, que en lo de los esclavos non traygo mandamiento de sus altezas de lo que se ha de hazer, porque aca algunos letrados y teologos y canonistas han puesto duda que non pueden ser esclavos, y sus altezas lo mandan ver por todos sus letrados, y porque lo uno ni lo otro aun no está determinado, no se le escribe lo que ha de hazer, ni aca se ha fecho mas que venderlos a tiempos fijados, porque si lo hubieren de ser, determinado, se cobraran los dineros, y sinon, sera lo que mas convenga dellos, y a esta causa sus altezas no han determinado de lo suyo, ni de lo del cuarto del almirante nada por agora.
Lo quinto, que sus altezas mandan que luego como, con ayuda de Dios, heredes llegados, envieis a maestre Paulo a monte p.º a ensayar aquella arena que dizen que ay marcochita, y para que cuando vengais, en tanto que tura la demora, podais traher nueva á sus altezas de lo que hallaren.
Lo sesto, que al dicho maestre Paulo haga muy bien tratar y honrar, por ques hombre onrrado y que se a avido con mucho trabaxo de le hazer yr allá, y le den los mantenimientos que hubieren menester para él y sus hombres muy a su voluntad.
Lo setymo, que ponga el dicho mestre paulo en el lugar a do se coge el arena el primer viaje de la quel almirante dejo a Diego de Torres el vaile de valencia, que dize es lavador que la ha ensayado, que la fallo buena y que saco della oro.
Lo otavo, que dexe venir a fray jorge y a don fernando y a bernaldo balenciano y a miguel muliarte, porque hacá han quexado a sus altezas dello, diciendo que los tiene e maltrata: ansy mesmo dexe venir a un portugues que allá está, que rescebio a causa de don alvaro de atay, porque non han gana que haya alla estrangeros, synon fuese alguno muy provechoso para alla, y menos portugues que de otros, y que en todo caso envie el portugues: esto mismo mandar sus altezas a fornizedo.
Lo noveno, que si maestre paulo hubiere menester mas hombres de los que lieva para que le ayuden a trabaxar en su oficio, quel al mirante le mande dar todos los que hubiere menester, casi esta asentado con el.
Que estos hombres que agora vienen esta asentado con ellos que sirvan en las indias por tiempo de un año, dende que llegaren y desembarcaren alla, fasta complimiento de un año, e complido este tiempo, ha de estar a su libertad de se venir con los primeros navios que hubiere, o destar mas tiempo, como les plazera a cada uno dellos, que asi se les ha prometido en castilla en nombre de sus altezas, y cumple que ansi se haga, por exemplo de otros que se muevan a ir alla.”
In: Rosario Falcó y Osorio, Duquesa de Alba: “Autógrafos de Cristóbal Colón y papeles de América”. Madrid, 1892, pp. 1-3.
http://www.cervantesvirtual.com/servlet/SirveObras/01349464200915179534680/ima0015.htm
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TEXTO V - Cedula. Cristobal Colon a Bartolome Colon, 1496
TEXTO V
Cédula mediante la cual Cristóbal Colón
NOMBRA A DON BARTOLOMÉ COLÓN, ADELANTADO DE LAS INDIAS.
[La Isabela, 17 de Fevereiro de 1496]
“Don Cristóbal Colón, ALMIRANTE DEL MAR OCÉANO, VISORREY E GOVERNADOR por los muy Altos y muy poderosos Prínçipes don Fernando e doña Isabel, Rey e Reina de Castilla, Nuestros Señores en las islas de las Indias descubiertas e por descobrir, e eso mismo de la tierra firme.
Por cuanto yo, por cosas que cumplen al servicio de Sus Altesas e al bien e pro e común de todos los que acá estamos, voy a Castilla, e porque en mi ausencia las cosas d´esta cibdad e de toda la gente que en esta vuestra isla queda, puedan ser bien regidos e governados, por los poderes que tengo de Sus Altesas para en este caso e para en todas las otras cosas, acordé de dexar en mi logar a vos, don Bartolomé Colón, mi hermano, Adelantado de las dichas Indias, con otro tanto poder como yo mismo tengo para poder regir e governar la dicha cibdad e gentes en justicia e paz e sosiego a servicio de Sus Altesas e beneficio del pueblo que acá queda, e para disponer e mandar e faser e ordenar e proveer todas aquellas cosas que a vos paresçiere ser nesçesarias e complideras para el buen govierno e conservaçión d´esta población.
Por ende confiando de la fee e fialdad e prudencia de vos, el dicho don Bartolomé Colón, mi hermano, Adelantado de las dichas Indias, al cual escogí y escoxo por la presente, de mi parte vos ruego y de parte de Sus Altesas vos requiero e mando que resçibiáis este cargo por su servicio; para el cual con tenor de la presente, de mi çierta çiencia e deliberada e consultamente, vos doy todo pleno e bastante poder, segund que lo yo he e tengo de Sus Altesas e mejor e más complidamente lo podría e devía dar e otorgar, con tanto que cumpláis una instruición que yo dexo para que en nombre de Sus Altesas e mío podáis determinar, proveer e sentenciar e declarar en todos los casos que ocurrieren, así cebiles como creminales, punir e castigar, remitir e comutar las penas que en las sentencias se determinaren e en otras cualesquieras penas que a vos paresciere, e eso mismo constreñir e apremiar los pueblos e otras cualesquier personas así de sueldo como sin sueldo, cada uno por sus modos devidos, para faser todas aquellas cosas que ocurrieren e nescesarias e oportunas al beneficio e buen govierno, tuición e seguridad d´esta población e de las gentes que en ella moran e de las que fuera d´ella están; e entender en las provisiones e bastimentos; así destribuir los que acá están como procurar que de los indios se aya por rescates e otras formas convenibles; e así los dichos mantenimientos rescatados como los otros que acá están, no se puedan destribuir, en parte ni en todo, sin vuestro mandado e ordenación, e así lo jurarán en vuestro poder nuevamente los que tienen o ternán cargo d´ellos, porque sean mejor conservados para el pro e conservación de la comunidad.
Otrosí, porque podrían ser los oficiales, así de justicia como de otros cargos de mantenimientos, adolsçiesen o muriesen o fiçiesen tales delitos o eçesos, dano o daños en las cosas encomendadas pertenescientes a sus cargos, en tal caso quiero e me plaze que en lugar del muerto o del delincuente que no pudiere servir su oficio, podáis vos el dicho Adelantado, mi hermano, criar por virtud d'este poder o otro o otros de nuevo, para que tengan los cargos e oficios de aquellos tales; los cuales e cada uno d´ellos así por vos criados ayan e tengan aquel mismo poder e preminenzia como si yo mismo los oviese criado e escoxido e nombrado estas personas; e esto podáis faser una e muchas vezes, cuantas vierdes ser nesçesario para el buen govierno del dicho pueblo e gentes que vos queda encomendado, e todas e cada una e otras cosas faser e mandar e procurar que vierdes nesçesarias e oportunas, como yo las podría faser e mandar presente seyendo, con todas las incidencias e dependencias [y] emergençias de aquellas e a ellas anexas e conexas, mandando por las presentes e por virtud de los poderes que de Sus Altesas tengo a todos e a cada una personas de cualquier ley, estado, grado [o] preminencia que sea, así presentes que aquí se fallan en esta isla, como a otras cualesquier que en mi ausencia de Castilla venieren, que en todo e por todo tengan guarda e oserven todas e cada una cosas que por vos, el dicho Adelantado, mi hermano, fueren hordenadas, mandadas, devedadas, sentenciadas, declaradas, así cibillment como creminal, que acudan a vuestros mandamientos e plazos como a los propios míos, so pena de caer e incurrir en mal caso e en otras penas instituidas por las leyes de España contra los inobedientes e rebeldes a los mandamientos e plazos puestos por su Rey e Reina e señores naturales e de sus oficiales.
Otrosí mando al alcalde e alguazill mayor e otros oficiales menores por mí ordenados e criados, o a sus logartenientes que aquí quedan, que vuestras determinaciones, provisiones, declaraciones e sentençias sigan e esecuten como si por mi fuesen dadas e pronunçiadas lo cual todo quiero que vala e sea firme e que no venga ni vayades contra ello ni contra parte d´ello direte ni indirete en tiempo alguno ni por alguna manera, so las penas susodichas e otras a mi albitrio reservadas.
Dada en la cibdad de la Isabela a diez e siete días del mes de Hebrero, año del nascimiento del Nuestro Salvador Jhesucristo de mil e cuatrocientos e noventa e seis años.
El Almirante»
Yo Rodrigo Péres, escrivano e notario público en la dicha cibdad Isabela a la merced del Rey e de la Reina, Nuestros Señores e del mismo señor don Cristóval Colón, ALMIRANTE E VISORREV E GOVERNADOR susodicho, lo fise escrivir por su mandado.
Rodrigo Pérez.”
In: Consuelo Varela: “Cristóbal Colón. Textos y documentos completos. Relaciones de viajes, cartas y memoriales”. Madrid, 1982, pp. 167-169.
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TEXTO VI - Carta patente al Almirante, 1497
TEXTO VI
Carta patente de los Reyes de Castilla al almirante Cristóbal Colón
DICTÁNDOLE LA NORMATIVA DE CÓMO DEBERÍAN REALIZARSE LOS REPARTOS DE TIERRAS EN LA ISLA ESPAÑOLA.
[Medina del Campo, 22 de Julho de 1497]
“Don Fernando y doña Isabel
A don Cristóbal Colón, NUESTRO ALMIRANTE DE LAS INDIAS del mar océano
Por cuanto por parte de algunas personas que están avecindadas en la isla Española, y de otras que se quieren avecinda' en ella, nos fue suplicado les mandásemos dar y señalar en la dicha isla tierras en que ellos pudiesen sembrar pan y otras semillas; y plantar huertas y algodones, y linares y viñas, y árboles y cañaverales de azúcar, y otras plantas; y hacer y edificar casas y molinos e ingenios para el dicho azúcar y otros edificios provechosos y necesarios para su vivir: lo cual es nuestro servicio y bien y utilidad común de los moradores de la dicha isla.
Por ende, por la presente, damos licencia y facultad a vos, DON CRISTÓBAL COLÓN, NUESTRO ALMIRANTE DEL MAR OCÉANO Y NUESTRO VIRREY Y GOBERNADOR en la dicha isla, para que en todos los términos de ella podáis dar, y déis y repartáis. a las tales personas, y a cada uno de los que ahora viven y moran en la dicha isla y a los que de aquí en adelante fueren a vivir y morar en ella, las tierras y montes y aguas que vos viéreis que a cada uno de ellos se debe dar y repartir, según quien fuere y lo que nos hubiere servido, y la condición y calidad de su persona y vivir.
Limitando y amojonando a cada uno lo que así le diéreis y repartiéreis para que aquello haya y tenga y posea por suyo y como suyo; y lo use y plante y se aproveche de ello, con facultad para poderlo vender y dar, y donar y trocar y cambiar, y enajenar y empeñar, y hacer de ello y en ello todo lo que quisiere y por bien tuviere, como cosa suya propia habida dé justo y derecho título. Obligándose las tales personas de tener y mantener vecindad con su casa poblada en la dicha isla Española por cuatro años primeros siguientes, contados desde el día que les diéreis y entregáreis las tales tierras y haciendas.
Harán en las dichas islas casas y plantarán las dichas viñas y huertas en la manera y cantidad que a vos bien visto fuere, con tanto que en las tales tierras y montes y aguas que así diéreis y repartiéreis las tales personas no puedan tener, ni tengan, jurisdicción alguna civil ni criminal, ni cosa acotada ni dehesada, ni término redondo más de aquello que tuvieren cercado de una tapia en alto. Y que todo lo otro descercado, cogidos los frutos y esquilmos de ello sea pasto común y baldío a todos.
Asimismo reservamos para Nos el brasil y cualquier metal de oro y plata, y otro metal que en las tales tierras se hallare. Y asimismo que las tales personas a quien diéreis y repartiereis las dichas tierras no puedan hacer, ni hagan, en ellas ni en parte de ellas cargo ni descargo alguno de metal, ni de brasil, ni de otras cosas algunas de las que a Nos pertenecen y de que por nuestro mandado se ha.de hacer cargo y descargo. Y que solamente ellos puedan sembrar y coger y llevar y gozar los frutos de pan y semillas, y árboles y viñas y algodonales que en las dichas tierras sembraren y cogieren como dicho es.
Y queremos y mandamos que las tierras que vos diéreis y repartiereis en la manera que dicho es, ningunas ni algunas personas no se las tomen ni ocupen, ni les pongan en ellas ni en parte de ellas embargo ni impedimento alguno, mas libremente se las dejen tener, y poseer' y usar y gozar de ellas según que en esta carta se contiene. Y los unos ni los otros no hagáis, ni hagan, en deal por alguna manera so pena de la nuestra merced y 10,000 maravedís para la nuestra Cámara a cada uno que lo contrario hiciere.”
In: Francisco de Solano: “Cedulario de tierras. Compilación. Legislación agraria colonial (1497-1820)”. Instituto de Investigaciones Jurídicas. Universidad Nacional Autónoma de México [UNAM], 1984.
http://biblio.juridicas.unam.mx/libros/1/387/8.pdf
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TEXTO VII - Poder de Colon a Gironimo de Agüero, 1497
TEXTO VII
PODER DE CRISTÓBAL COLÓN A GIRÓNIMO DE AGÜERO.
[Sevilha, 31 de Octubro de 1497]
Otorga don Cristóbal Colón, ALMIRANTE DEL MAR OCÉANO E VISOREY E GOBERNADOR de las islas e tierra firme de las Indias, estante que agora estó a la sasón en esta cibdad de Sebilla, en la collación de Santa María la Blanca por sí e en nombre e en bos de Don Diego e de Don Fernando Colón, sus fijos ligítimos, e así como su tutor e curador qu'es de sus personas e bienes de fuero e de derecho, que da su poder conplido por sí en los dichos nombres de los dichos sus fijos a Girónimo de Agüero, ayo de los dichos sus fijos, mostrador d'esta presente carta de poder, especialmente para que por mí e en nombre de los dichos sus fijos pueda demandar e recabdar e recabdar e rescebir e aver e cobrar de todas e cualesquier personas que sean e con derecho deva, e de sus bienes todos los maravedís e doblas e mercaderías e otras cosas cualesquier que le devan e están obligados a dar e pagar así a él como a los dichos sus fijos así por recabdos públicos o alvaláes o cédulas de cambio o cartas o en otra cualquier manera o por cualquier rasón o cabsa que sea, como de cualquier ración o raciones o quitación o quitaciones que los dichos sus fijos tienen oy día o tovieren de aquí adelante del Rey e de la Reina, nuestros Señores, como en otra cualquier manera o por cualquier rasón que sea, e asimismo para que pueda[n] en nombre de los dichos sus fijos sacar e saque de los dichos Rey e Reina, nuestros Señores, o de los sus contadores mayores cualquier o cualesquier librança e libranças de las dichas ración o raciones o quitación o quitaciones que les fueren libradas en cualquier o cualesquier persona o personas a las pagar, e asimismo requerir con la tal librança o libranças a la tal persona o personas a quien vinieren nombradas a las pagar que las acebten e cumplan en todo y para todo, segund que en ella se contiene, e Sus Altezas o los dichos sus contadores mayores lo enbíen por ellas a mandar e que lo pueda todo e cada una cosa e parte d'ello rescebir e resciba en sí e pueda dar e otorgar d'ello o de cualquier cosa o parte d'ello su carta o cartas, alvalá o alvaláes de pago con cualesquier víncolos e firmesas e sertificaciones, las cuales valan e sean firmes, e asimismo para que pueda[n] por él e en nombre de los dichos sus fijos rescebir e resciba en sí toda e cualquier merced o mercedes que los dichos Rey e Reina, nuestros Señores, ayan fecho o quieran faser así a él como a los dichos sus fijos, de cualquier o cualesquier bienes raises e muebles o maravedís o juros o otras cosas cualesquier, e así fecha la dicha merced o mercedes a él o a los dichos sus fijos, si necesario fuere, entrar e tomar e aprehender, e entre e tome e aprehenda la thenencia e posesión d'ellos o de cualquier parte d'ellos, e lo pedir e pida por fe e testimonio a cualquier escrivano o notario público que se y acaesciere, e faser e faga cerca d'ello por él e en nombre de los dichos sus fijos todos los abtos e deligencias al caso convinientes e pertenescientes qu'él faría e faser podría por sí e en nombre de los dichos sus fijos presente seyendo, aunque sean tales.
E por cuanto el dicho don Cristóbal Colón tengo cargo por Sus Altezas de las dichas Indias e de las cosas d'ellas necesarias, de las cuales algunas veses he enbiado o enbío e entiendo de enbiar así a esta cibdad de Sevilla como a otros cualesquier reinos e señoríos e partes e logares algunas mercaderías e oro e plata e esclavos e otras cualesquier cosas con algunas persona o personas, e se teme e recela que, por él estar absente de las tales personas, que las tales persona o personas non las darán e se absentaran con ellas así el que las troxere o a quien las diere las negarán non las aver rescebido en su nombre ni por su mandado, por ende él otorga que da el dicho su poder conplido al dicho Girónimo de Agüero, ayo de los dichos sus fijos, especialmente para que por él e en su nombre pueda demandar e denunciar e querellar de las tales persona o personas ante cualesquier alcaldes e jueses e justicias e les poner e ponga e dar e dé d'ellos o de cualquier d'ellos cualquier querella o querellas o acusasión o acusasiones qu'él quisiere e por bien toviere las más fuertes e firmesas criminales capitales que fallare por fuero e por derecho que cumplan e basten para lo suso dicho, bien así e atán complidamente como si al dar o al poner d'ellas él presente fuese, e seguir e fenescer la dicha cabsa o cabsas fasta sentencia definitiba inclusive; si necesario es o fuere al dicho Girónimo de Agüero venir a pleito o a contienda de juisio con cualesquier persona o personas en cualquier manera o por cualesquier rasón que sea, dióle por sí e en nombre en bos de los dichos sus fijos su poder complidamente para ante los dichos Rey e Reina nuestros Señores e oír sentencias e sustituir procuradores e rerevalos e cuand conplido e bastante poder e otorgó e prometió de lo aver por firme obligó a sí e a sus bienes e a las personas e bienes de los dichos sus fijos.
Juan de Medina, escrivano de Sevilla
Pedro de Moya, escrivano de Sevilla”
In: Consuelo Varela: “Cristóbal Colón. Textos y documentos completos. Relaciones de viajes, cartas y memoriales”. Madrid, 1982, pp. 179-181.
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TEXTO VIII - Provision de los Reyes Catolicos, 1499
TEXTO VIII
Real provisión de los reyes católicos
EXIMIENDO DURANTE VEINTE AÑOS DE ALCABALAS E IMPUESTOS A TODOS AQUELLOS POBLADORES QUE CONTRIBUYERAN A LA FORMACIÓN DE NÚCLEOS URBANOS, ASÍ COMO A TODOS LOS QUE AYUDASEN A SU APROVISIONAMIENTO.
[Madrid, 21 de Maio de 1499]
“Don Fernando y doña Isabel, Reyes
Por cuanto Nos deseamos que en las nuestras islas y tierra firme de las Indias se hagan algunas poblaciones de cristianos y porque cualesquier personas nuestros vasallos, súbditos y naturales que quisieren irse a vivir y morar allí lo 2 hagan con mejor voluntad y gana, nuestra merced y voluntad es que:
Primeramente los vecinos y moradores cristianos que en las dichas islas viven y moran y a ellas fueren a vivir y morar, con sus casas y asientos, principalmente con su casa poblada, sean libres y exentos en las dichas islas y tierra firme por término de veinte arios primeros siguientes. Y cumplidos dichos veinte arios mandamos que corran y se cuenten desde el día que ésta nuestra carta fuere pregonada en las dichas islas.
En adelante, de monedas o moneda forera y otros cualesquier pechos y derechos e imposiciones y otras cualesquier cosas que en cualquier manera nos hayan de dar y pagar los otros, nuestros vasallos de estos nuestros reinos y . señoríos y están echados y repartidos, y se cojan y lleven, y se echaren o repartieren, y cogieren y llevaren durante el dicho tiempo en las dichas islas y en cada una de ellas.
Y otrosí, porque ellas y los que en ellas viven y moran, y vivieren y moraren de aquí en adelante, estén bien proveídos de los mantenimientos y otras cosas necesarias, es nuestra voluntad que todas y cualesquier personas de cualquier ley y condición que sean que trujeren a vender todas y cualesquier cosas para proveimientos de las dichas islas sean, asimismo, libres y exentas por todo el dicho tiempo de alcabala y almojarifazgo y aduana y portazgo, y de todos los otros dichos derechos e imposiciones, así en las dichas islas como en cualesquiera ciudades, villas y lugares de los nuestros reinos y señoríos de donde se sacaren, y por donde pasaren cualesquier cosas para proveimiento de las dichas islas, jurando que es para ellas y no para ninguna otra parte: y dando seguridad que de los que así vendieren en las dichas islas llevarán fe del nuestro gobernador de ellas de cómo lo vendieron allí y no en otra parte alguna.
La cual franqueza hacemos de todos los dichos derechos e imposiciones y cosas susodichas a los que en las dichas islas vivan y moren, vivieren y moraren de aquí en adelante, durante el dicho tiempo, con tanto que las tales personas, ni alguna de ellas, no entienden por ninguna ni alguna manera por sí ni por otros en hacer, ni hagan, los rescates que se hacen en las dichas islas para Nos, sin tener para ello nuestra especial licencia.
Y mandamos a cualesquier personas, de cualquier ley, estado o condición que sean a quien toca y atañe lo que en esta carta está contenido, y a cada uno de ellos a quien fuere mostrada que guarden y cumplan, y cumplan y hagan cumplir en todo y por todo esta merced y franqueza que Nos así hacemos a las dichas islas y tierra firme, y a los que en ellas viven y se fueren a vivir durante el dicho tiempo de los dichos veinte años, y después cuando nuestra merced y voluntad fuere. Y asimismo la guarden y cumplan a los que llevaren a las dichas islas cualesquier cosas para proveimiento de ellas, como dicho es, contando que ninguno de ellos entiendan, ni se entremetan, en hacer los rescates que se hacen para Nos en las dichas islas sin nuestra licencia, como dicho es. Y contra el tenor y forma de ella no vayan, ni pasen, para que les sea quebrantada, ni menguada en manera alguna, so pena que los que lo contrario hicieren y llevaren los dichos derechos e imposiciones y cosas susodichas contra el tenor y forma de esta carta los hayan de pagar, y paguen, con el cuatro tanto la tercera parte para la nuestra Cámara y Fisco y la otra tercia parte para el juez que lo juzgare y la otra para el que lo acusare.
Y mandamos al nuestro gobernador de las dichas islas y a las otras nuestras justicias que la hagan pregonar públicamente por las dichas islas y ciudades, villas y lugares de estos nuestros reinos y señoríos, por pregonero y ante escribano público. Y los unos ni los otros no hagáis en deal por alguna manera, so pena de la nuestra merced y de la privación de los oficios y confiscación de los vuestros bienes.”
In: Francisco de Solano: “Cedulario de tierras. Compilación. Legislación agraria colonial (1497-1820)”. Instituto de Investigaciones Jurídicas. Universidad Nacional Autónoma de México [UNAM], 1984.
http://biblio.juridicas.unam.mx/libros/1/387/8.pdf
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TEXTO IX - Instruccion a Nicolas de Ovando, 1503
TEXTO IX
Instrucción al Comendador Nicolás de Ovando, gobernador de las islas y tierra firme
SOBRE EL MODO Y MANERA DE CONCENTRAR A LA POBLACIÓN INDÍGENA DISPERSA EN PUEBLOS.
[Alcala de Henares, 20 de Março, e Saragoça, 29 de Março de 1503]
“El Rey y la Reina
La forma que es nuestra merced que se tenga por nuestro GOBERNADOR DE LAS INDIAS y otros nuestros oficiales de ella en la población y regimiento de las nuestras islas de las dichas Indias en la contratación que se ha de haber en ellas de nuestra Hacienda, demás de las cosas que el dicho gobernador llevó en sus instrucciones, es la que sigue:
1. Primeramente, porque somos informados que por lo que cumple a la salvación de las ánimas de los dichos indios en la contratación de las gentes que allá están, es necesario que los indios se repartan en pueblos en que vivan juntamente. Y que los unos no estén ni anden apartados de los otros por los montes, y que tengan allí cada uno de ellos casa habitada con su mujer e hijos y heredades, en que labren y siembren y críen sus ganados. Y que en cada pueblo de los que se hicieren haya iglesia y capellán que tenga cargo de los doctrinar y enseñar en nuestra santa fe católica. Y que así mismo haya en cada lugar persona conocida que en nuestro nombre tenga cargo del lugar que así le fue encomendado, y de los vecinos de él, para que los tenga en justicia y no los consienta hacer ningún mal ni daño en sus personas, ni en sus bienes, y para que hagan que los dichos indios sirvan en las cosas cumplideras a nuestro servicio.
Por ende, deseando que todo se haga como cumple al servicio de Dios y nuestro, ordenamos y mandamos que el NUESTRO GOBERNADOR de las dichas Indias entienda luego con mucha diligencia en hacer que se hagan poblaciones en que los dichos indios puedan estar y estén juntos, según y como están las personas que viven en estos nuestros reinos. Las cuales hagan hacer en los lugares y partes que a él bien visto fuere, y donde los vecinos de la tales poblaciones puedan tener, y tengan, heredades en que labren y siembren, para que puedan criar y apacentar sus ganados, sin que los de una población puedan hater daño a los de otra, ni los de la otra a la otra.
2. Otrosí, mandamos que el DICHO NUESTO GOBERNADOR tenga mucho cuidado de hacer que cada uno de los dichos indios tenga su casa apartada, en que moren con su mujer e hijos: para que vivan y estén según y de la manera que tienen los vecinos de estos nuestros reinos. Y que a cada uno de los dichos indios les haga señalar cerca de las dichas casas, heredades en que labren y siembren y puedan criar y tener sus ganados, sin que el uno entre ni tome lo del otro, y cada uno conozca lo que es suyo, porque tenga más cuidado de lo labrar y reparar.
3. Otrosí, mandamos que el DICHO GOBERNADOR ni la persona o personas que por él fuese nombradas para tener cargo de las dichas poblaciones, ni alguno de ellos, no consientan que los dichos indios vendan ni truequen con los dichos cristianos sus bienes ni heredades por cuentas, ni por otras cosas semejantes y de poco valor, como hasta aquí se ha hecho. Y que cuando algo les compraren sea por precios justos o trocándoselos a ropas para su vestir que valgan la cantidad de lo que así vendieren. Y haga que en todo, los dichos indios sean muy bien tratados y mirados, porque con mayor cuidado procuren por hacer las casas y labren y críen ganados para sus mantenimientos.
4. Otrosí, mandamos al DICHO NUESTRO GOBERNADOR y las personas que por él fueren nombradas, den orden cómo luego se haga iglesia en cada uno de las dichas poblaciones que así se hicieren, para que en ellas se digan y celebren los divinos oficios y que en cada una de ellas ponga un capellán, el cual haya de tener, y tenga, cargo de enseñar a los dichos indios cómo se han de santiguar y cómo se ha de encomendar a Dios y hacer oración, y cómo se han de confesar y hacer todas las otras cosas que convengan para ser bien doctrinados. Y asimismo les hagan venir a la iglesia cada día, para que allí hagan todo lo susodicho.
5. Otrosí, mandamos al DICHO NUESTRO GOBERNADOR que luego haga hacer en cada una de las dichas poblaciones, y junto a las dichas iglesias, una casa en que todos los niños que hubiere en cada una de las dichas poblaciones se junte cada día dos veces, para que allí el dicho capellán los muestre a leer y escribir, santiguar y signar, y la confesión y el Paternoster y el Avemaría y el Credo y Salve Regina.
6. Otrosí, madamos al DICHO NUESTRO GOBERNADOR que luego dé orden cómo los dichos indios no hagan las cosas como hasta aquí solían hacer, ni se bañen ni se pinten, ni purguen tantas veces como ahora lo hacen, porque somos informados que aquello les hace mucho daño. Antes, en lugar de aquello, provea como en los días de las fiestas que la Madre Santa Iglesia manda guardar, hagan las dichas fiestas, crin tanto que no se bañen ni pinten como dicho es, y que tenga mucho cuidado de los hacer apartar de todos los errores en que están.”
In: Francisco de Solano: “Cedulario de tierras. Compilación. Legislación agraria colonial (1497-1820)”. Instituto de Investigaciones Jurídicas. Universidad Nacional Autónoma de México [UNSMA], 1984.
http://biblio.juridicas.unam.mx/libros/1/387/8.pdf
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TEXTO X - Instruccion sobre el gobierno de las Indias, 1503
TEXTO X
Instrucción para el gobernador y oficiales
SOBRE EL GOBIERNO DE LAS INDIAS.
[Saragoça, 29 de Março de 1503]
“El Rey e la Reyna.
La forma ques nuestra merced que se thenga por NUESTRO GOBERNADOR DE LAS INDIAS, e otros nuestros oficiales della, en la población e regimiento de las nuestras islas de las dichas Indias, que se an de aber en ellas de nuestra fazienda, demás de las otras cosas quel dicho gobernador llevó, en sus instruciones, es la que se sigue:
Primeramente: porque somos ynformados que por lo que comple a la salvación de las ánimas de los dichos yndios en la contratación de las xentes que allá están, es necesario que los yndios se reunan en pueblos en que vivan xuntamente, e que los unos non estén nin anden apartados de los otros por los montes, e que allí thengan cada uno dellos su casa abitada con su muxer e fixos e eredades, en que labren e siembren e crien sus ganados; e quen cada pueblo de los que se ficieren, faya iglesia e capellán, que thenga cargo de los dotrinar e enseñar en nuestra Sancta Fee Cathólica; e que ansímismo en cada logar faya una persona conoscida quen nuestro nombre thenga cargo del logar que ansí les fuere encomendado, e de los vecinos del pueblo thenga en xusticia, e non les consienta facer nengund mal nin dapño en sus personas, nin en sus bienes, e para que fagan que los dichos yndios sirvan en las cosas complideras a nuestro servicio.
Por ende, deseando que todo se faga como comple al servicio de Dios e Nuestro, hordenamos e mandamos quel nuestro gobernador de las dichas Indias, entienda luego con muncha deligencia, en facer que se fagan poblaciones en que los dichos yndios puedan estar e estén xuntos, sygund e como están las personas que viven en estos nuestros reynos; las quales fagan facer en los logares e partes questé bien visto fuere e donde los vecinos de las tales poblaciones puedan therner e thengan eredades en que labren e siembren para que puedan criar e apascentar sus ganados, sin que los de la una población puedan facer dapño a los de la otra, nin los de la otra a la otra.
Otrosí: mandamos quel dicho nuestro gobernador thenga muncho cuydado de facer que cada uno de los dichos yndios thenga su casa apartada en que moren su muxer e fixos, para que bien esté sygund e de la manera que thienen los vecinos de estos nuestros reynos, e que a cada uno de los dichos yndios les faga señalar cerca de las dichas sus casas, eredades en que labren e siembren, e que puedan criar e therner sus ganados, sin quel uno entre nin thome lo del otro, e cada uno conozca lo ques suyo porque thenga más cuydado de lo labrar e repartir.
Otrosí: mandamos a DICHO NUESTRO GOBERNADOR quen cada una de las dichas poblaciones faya de poner e ponga una buena persona, qual a él paresciere, para que con su poder e en nuestro nombre, faya de therner e thenga cargo de la tal poblaçión, e de therner en xusticia a los dichos yndios, e que non consientan en ella sea fecho nengún dapño en sus personas nin en sus bienes; a la qual dicha persona, que ansí por él fuere nombrada para lo susodicho, mandamos que thenga muncho cuydado dentender en todo lo susodicho, e que non consienta nin dé lugar que los cristhianos questán en las dichas Indias, thomen de los dichos yndios sus mugeres nin fixos nin fixas, nin les fagan otro nengún mal nin dapño en sus personas, nin en sus tierras; nin consientan que se sirvan dellos como fasta aquí lo an fecho, salvo queriendo los dichos yndios por su propia voluntad, e pagándoles los xornales que xusto fuesen, sygún que por el dicho nuestro gobernador fueren tasados.
Otrosí: mandamos quel DICHO NUESTRO GOBERNADOR, en la persona o personas que por él fueren nombradas para therner cargo de las dichas poblaciones nin alguno dellos, non consienta que los dichos yndios vendan nin troquen con los dichos cristhianos sus bienes nin eredades, por menta nin por otras cosas semexantes e de poco valor, como fasta aquí se a fecho, e que quando algo les comprasen, sea por precio xusto o trocándoselo a ropas para su vestir, que valgan la mitad de lo que ansí vendieren a vista del dicho gobernador o de las personas quél para ello nombrare; e faga quen todo los dichos yndios sean muy bien tratados e mirados, porque con mayor cuydado procure por facer las casas e las tierras, e críen ganados para su mantenymiento.
Otrosí: mandamos quel DICHO GOBERNADOR e las personas que por él fuesen nombradas para el dicho cargo, trabaxen con los dichos yndios por todas las vías que podieren, para que se vistan e anden como ombres razonables, e que para ello los ynforme de todo lo que les convenga.
Otrosí: mandamos quel DICHO NUESTRO GOBERNADOR e las personas que por él fueren nombradas, den horden como luego se faga iglesia en cada una de las dichas poblaciones, que si se ficieren para quen ellas se diga e celebren los domingos oficios, e quen cada una dellas se ponga un capellán, que sea buena persona, el cual faya de therner e thenga cargo de enseñar a los dichos yndios, cómo se an de santiguar e cómo se an de encomendar a Dios, e facer oración; e cómo se an de confesar e facer todas las otras cosas que convengan para ser bien dotrinados; e ansí mismo los faga venir a la iglesia cada día, porque allí fagan todo lo susodicho.
Otrosí: mandamos al DICHO NUESTRO GOBERNADOR, qué luego faga facer en cada una de las dichas poblaciones, e xunto con las dichas iglesias, una casa en que todos los niños que obiere en cada una de las dichas poblaciones, se xunten cada dos veces, para que allí el dicho capellán los muestre a leer e a escrebir e santiguarse, e sygan la confesión e el Pater-Noster, e el Credo e Salve-Regina.
Otrosí: mandamos quel capellán, que ansí fuere puesto en cada una de las dichas poblaciones, thenga por escripto todos los vecinos que obiere en cada una dellas; e procure cómo todos se baptizen e fagan las cosas susodichas; e que ansí mismo baptizen a sus fixos, ansí a los que agora fueren nascidos, como los que nascieren de aquí adelante; e fagan que los dichos yndios ymbien los dichos sus fixos a la dicha iglesia, para que sean enseñados de todas las cosas de suso declaradas, e que son de su cargo, como buen sacerdote; pues en esto puede salvar su ánima.
Otrosí: mandamos al DICHO NUESTRO GOBERNADOR, que con mucha deligencia thenga cuidado de proveer todo lo susodicho, e que non consienta nin dé lugar que los caciques maltraten nin fagan nenguna opresión a los dichos yndios contra su voluntad, por cuanto nuestra merced, es, que los dichos yndios sean en todo muy ynstruidos e bien tratados, como vasallos nuestros, con tanto questo se faga de manera, que los dichos caciques non sean maltratados.
Otrosí: mandamos al DICHO NUESTRO GOBERNADOR e a las personas que por él fueren nombradas para la gobernación de las dichas poblaciones, que guarden e complan e executen la premática que por Nos es fecha, que dispone cerca de las personas que blasfeman e xuran el nombre de Dios Nuestro Señor o de nuestra Señora la Virgen, sygún en ella se conthiene; porque los dichos yndios non aprendan de los cristhianos a descir las semexantes cosas, que siempre sea, en alabanza o onor de Nuestro Señor e de su gloriosa Madre.
Otrosí: mandamos al DICHO NUESTRO GOBERNADOR, que luego dé horden como los dichos yndios non fagan las cosas que fasta aquí solían facer, nin se bañen nin por quen tantas veces como agora lo facen, porque somos ynformados que a ellos les face muncho dapño; antes, en lugar de aquello, provea, como en los días de las fiestas que la Madre Sancta Iglesia manda guardar, fagan las dichas fiestas, con tanto que non se bañen, e que tenga muncho cuydado de los facer apartar de los errores en questán.
Otrosí: mandamos quel DICHO NUESTRO GOBERNADOR faga facer que las poblaciones dondél viese que fuere más necesario, casa para hospitales en que se acoxan e curen los pobres, ansí de los cristhianos como de los yndios; e que para esto se faga e señale alguna tierra en que se pongan eredades, para que lo que aquello rentare sea para los gastos que se obieren de facer en los dichos hospitales, de más de las limosnas que las buenas gentes dieren para ello.
Otrosí: mandamos, que los dichos capellanes, que ansi fueren nombrados para cada una de las dichas poblaciones, enseñen a los dichos yndios cómo paguen el diezmo de todo lo que obiesen e criasen e cogieren, como son obligados; e a Nos, los trybutos que de derecho Nos debieren, como nuestros vasallos, porquen lo uno e en lo otro fagan lo quel derecho dispone,
Otrosí: mandamos, quel DICHO NUESTRO GOBERNADOR e las personas que por él fuesen nombradas para therner cargo de las dichas poblaciones, e ansí mismo los dichos capellanes, procuren como los dichos yndios se casen con sus mugeres en haz de la Sancta Madre Iglesia: e que ansímismo procure que algunos cristhianos se casen con algunas mugeres yndias, e las mugeres cristhianas con algunos yndios, porque los unos e los otros se comuniquen e enseñen, para ser dotrinados en las cosas de nuestra Sancta Fee Cathólica, e asímismo, cómo labren sus heredades e entiendan que sus faciendas, e se fagan los dichos yndios e yndias, ombres e mugeres de razón.
Otrosí: mandamos que la persona que por Nos fuese nombrada por lugar-tyniente del comisario, que por nuestro muy Sancto Padre fue nombrado para therner cargo de todo lo espiritual en las Indias, thenga cargo de complir e procurar e facer que se faga todo lo que se debe facer en las cosas tocantes a lo espiritual en las dichas Indias, ansí por los clérigos como por los legos, corrixa e avise de todo lo que ficiese como non deba que a su cargo estaba; e faga que los divinos oficios se digan e celebren como convenga, e que los dichos yndios, ombres e mugeres, e ansímismo los dichos cristhianos, se confiesen e fagan todas las otras cosas que como buenos cristhianos deben facer; e para todo ello mandamos al dicho nuestro gobernador, que les dé todo el favor e ayuda e auxilio de nuestro brazo real, que menester obiese, quánto e cómo con derecho deba.
Otrosí: mandamos quel DICHO NUESTRO GOBERNADOR e los dichos oficiales de la dicha casa, thengan muncho cuydado en saber e procurar la forma e manera que se podrá therner cómo se coxa mexor e con menos trabaxo el oro de las minas, e se rrecabde quen lo ello se deba facer.
E porque emos sido informado que para aber más provecho del dicho oro, convenía que los cristhianos questán en las dichas Indias se sirviesen en esto, de los mismos yndios, mandamos al dicho nuestro gobernador e a los dichos oficiales, quellos vean la forma que se deba de therner en lo susodicho, e quál es lo que más conviene a nuestro servicio, con tanto que los dichos yndios non sean mal tratados nin agraviados por los dichos cristhianos, como fasta aquí lo an sido; e sean pagados de sus xornales como de suso será declarado, e questo se faga por su voluntad, e non en otra manera; e que visto e praticado todo lo susodicho, nos avisen de lo que sobre ello les paresciere para que les mandemos responder lo que fuere nuestro servicio; e entretanto, fagan ellos quen la manera del coxer dicho oro, se ponga todo el recabdo que convenga, e por su culpa e negligencia non se ympida cosa alguna dello.
Otrosí: mandamos al DICHO NUESTRO GOBERNADOR e a los oficiales de la dicha casa, que con muncha deligencia, de más de lo susodicho, se ynformen cómo e de qué manera nos podríamos servir mexor de los dichos yndios, e si para ello les mandásemos dar de comer, o sueldo, por el tiempo que syrvieren; e qué manera, se tendrá para les dar de comer, quando sirvieren en algunas cosas complideras a nuestro servicio, e porque los dichos yndios an destar a nuestro cargo, será razón que mandemos thomar dellos, o si será mexor que nos sirvan ciertos días o cierto tiempo; o si será bien que los dichos yndios, por sí, vayan a sacar oro de las dichas minas para Nos, e que Nos acudan con cierta parte de lo que ansi cogieren; o quál dello es lo que más conviene que se faga para que nuestras rentas sean acrescentadas, e los vecinos de las dichas Indias más aprovechados; e que de lo uno e de lo otro Nos informen, para que Nos, mandemos proveer sobrello lo que más convenga a nuestro servicio.
Dada por mí, la Reyna, a veinte días del mes de marzo, año del nascimiento de Nuestro Señor Xesucristo de mil e quinientos e tres años; e por mí, el Rey, en la cibdad de Zaragoza, a veinte e nueve días del mes de marzo de mil e quinientos e tres años. = Yo el Rey. = Yo la Reyna. = Por mandado del rey e de la reyna. Xoan López. (señalada de don Alonso e de Xoan López)."
In: Antonio Rumeu de Armas: “La Política indigenista de Isabel la Católica”. Instituto Isabel la Católica de
Historia Eclesiástica, Valladolid, 1969, pp. 390-395.
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TEXTO XI - Provision a Nicolas de Ovando, 1503
TEXTO XI
Provisión al comendador Nicolás de Ovando
PARA QUE INSTE A LOS INDIOS A TRABAJAR, EN FAENAS AGRÍCOLAS Y LABORES URBANAS, PAGÁNDOSELES SU JORNAL COMO PERSONAS LIBRES QUE SON.
[Medina del Campo, 22 de Dezembro de 1503]
“Doña Isabel
Por cuanto el rey, mi señor, y Yo por la instrucción que mandamos dar a don Frey Nicolás de Ovando, comendador mayor de Alcántara, al tiempo que fue por nuestro GOBERNADOR A LAS ISLAS Y TIERRA FIRME del mar océano, hubimos mandado que los indios, vecinos y moradores de la isla Española fuesen libres y no sujetos a servidumbre — según más largamente en la dicha instrucción se contiene — y ahora soy informada que a causa de la mucha libertad que los dichos indios tienen huyen y se apartan de la conversación y comunicación de los cristianos. Por manera que aun queriéndoles pagar sus jornales no quieren trabajar y andan vagamundeando, ni menos los pueden haber para los doctrinar y traer a que se conviertan a nuestra santa fe católica. Y que a esta causa los cristianos que están en la dicha isla, y viven y moran en ella, no hallan quien trabaje en sus granjerías y mantenimientos, ni les ayudan a sacar, ni coger el oro que hay en la dicha isla, de que a unos y a los otros viene perjuicio.
Y porque Nos deseamos que los dichos indios se conviertan a nuestra santa fe católica y que sean doctrinados en las cosas de ella, y porque esto se podría mejor hacer comunicando los dichos indios con los cristianos que en la dicha isla están, y andando y tratando con ellos, y ayudando los unos a los otros para que la dicha isla se labre y se pueble y aumenten los frutos de ella, y se coja el oro que en ella hubiere, para que estos mis reinos y los vecinos de ella sean aprovechados, mandé dar ésta mi carta en la dicha razón.
Por lo cual mando a VOS, NUESTRO GOBERNADOR que del día que esta carta viereis en adelante compeláis y apremiéis a los dichos indios que traten y conversen con los cristianos de la dicha isla; y trabajen en sus edificios, en coger y sacar oro y otros metales, y en hacer granjerías y mantenimientos para los cristianos, vecinos y moradores de la dicha isla. Y hagáis pagar a cada uno el día que trabajare el jornal y mantenimiento que según la calidad de la tierra y de la persona y del oficio os pareciere que debieren haber. Mandando a cada cacique que tenga cargo de cierto número de los dichos indios para que los haga ir a trabajar donde fuere menester y para que las fiestas y días que pareciere se junten a oír y ser doctrinados en las cosas de la fe en los lugares deputados. Y para que cada cacique acuda con el número de indios que vos les señaláreis a la persona o persona que nombráreis para que trabajen en lo que las tales personas les mandaren, pagándoles el jornal que por vos fuere tasado: los cual hagan y cumplan como personas libres que son y no como siervos. Y haced que sean bien tratados los dichos indios, y los que de ellos fueren cristianos mejor que los otros. Y no consintáis, ni deis lugar que ninguna persona les haga mal, ni .daño, ni otro desaguisado alguno. Y los unos ni los otros no hagáis, ni hagan, en deal por alguna manera, so pena de la mi merced v de 10,000 maravedís para la mi Cámara a cada uno que lo contrario hiciere.”
In: Francisco de Solano: “Cedulario de tierras. Compilación. Legislación agraria colonial (1497-1820)”. Instituto de Investigaciones Jurídicas. Universidad Nacional Autónoma de México [UNAM], 1984.
http://biblio.juridicas.unam.mx/libros/1/387/8.pdf
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TEXTO XII - Leyes y Ordenanzas para las Indias, 1504
TEXTO XII
Leyes y Ordenanzas hechas nuevamente por S.M.
PARA LA GOBERNACIÓN DE LAS INDIAS Y BUEN TRATAMIENTO Y CONSERVACIÓN DE LOS INDIOS.
[Toro, 8 de Janeiro de 1504]
“El Rey = Comendador mayor de alcantara my GOVERNADOR DE LAS YSLAS E TIERRA FIRME del mar oceano . Recibí vuestra letra fecha diez y siete de noviembre de quinientos e quatro años y todo lo que por vuestra carta desys esta bien echo y tengo os en servicio la buena diligencia e recabdo que poneys en las cosas de vuestro cargo.
a lo que dezis de la rropa que EL ALMYRANTE COLON dexo en esa ysla, vuestra diligencia fue buena y hazedlo como dezis por vuestra letra de manera que se venda por mano de my factor e que se tenga dello cuenta e razon en mys libros.
a lo que desys de las mercaderias que alla van que parte son de ginoveses e estrangeros, porque hasta agora no he sydo avysado dello no se ha proveydo pero presto se proveera e vos enviare mandar lo que en ello se aya de hazer.
a lo que dezis de Rafael catanyo pues le avemos mandado venir e su tardada ha sydo a cabsa de las cuentas e libros que tenya del ALMYRANTE la mysma regla se entienda para su hermano si las cuentas del ALMYRANTE son fenescidas hazed luego venir a ambos e sy no son fenescidas vengase luego su hermano y el quedese hasta que se fenescan e luego que se fenescieren vengase tambien.
a lo que dezis que algunos llevan a esa ysla sal e crisoles y que lo tal es en perjuicio de los arrendadores de las salinas de esa ysla. e los crisoles son cosa sospechosa para poder fundir oro e lo hurtar contra la forma que esta dada en ella, paresceme que es bien hecho e que no se debe hazer de aqui adelante e yo lo mandare luego proveer como conviene.
a lo otro que desys de los casados que aveys mandado venyr para que lleven sus mugeres e no tornen alla, esta bien hecho e asy se proveerá para que los que las quisieren llevar las apremyen a yr con ellos.
las otras cosas que dezis de que no aveys avydo respuesta como son las cosas tocantes a la espiritualidad e tiros e caravelas e otras cosas, en todo esta dado horden para que se haga como lo pedis e mas cumplidamente y plaziendo a nuestro señor presto yra despacho de todo ello.
dos caravelas que vinieron desa ysla una que se dize guerra e otra mensina aportaron a portugal e alli vendieron e desvarataron la mayor parte del oro que trayan, e por questo es en perjuyzio destos Reynos nuestra merced e voluntad sienpre fue que todo el oro o cosas que de alla vinyesen se trayesen a ellos e no a otra parte; los que en esto han sido culpados se castigaran e de aqui adelante todo el oro e cosas que de alla truxeren lo traygan por inventario firmado de vuestro nombre e de un escrivano para que conforme aquel se haga aca la cuenta dello y al tiempo que alla entraren den fianças llanas e abonadas; que todo aquello traeran e se descargara en la cibdad de cadiz o en sevylla e no en otra parte so la pena que alla vos pareciere.
los oficiales de la casa de la contratacion de las yndias que resyden en sevylla me escrivieron que les aviades escrito que no entendiades enviar oro fasta ser pasado el ynvierno, y aunque esto es lo mas seguro quanto al tiempo pero paresceme inconvyniente, porque enviarlo asy junto corre mucho riesgo, por ende no deveys aguardar a enviar tanta cantidad junta, sino como se hiziere cada fundicion enviar luego el oro della sy oviere aparejo para ello porque a los ofiçiales aquesto mismo les parece como creo que alla vos lo han escripto.
aca es menester saber la razon de todo el oro e brasyl e otras cosas que nos pertenescan hasta xxvi dias del mes de noviembre del año pasado de quinyentos e quatro años que la serenysima reyna my muger que aya santa gloria fallescio hazer luego enviar razon de todo ello especialmente del oro que hasta aquel dia estaba cogido e en todo lo otro poned la diligencia e recabdo que de vos confio. de la cibdad de toro a ocho de hebrero de quinyentos cinco años = Yo el Rey.”
In: “Colección de documentos inéditos relativos al descubrimiento, conquista y organización de las antiguas posesiones españolas de ultramar”. Segunda serie, Real Academia de la Historia, Madrid. Tomo V, 1890, pp. 67-70.
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TEXTO XIII - Al Gobernador sobre la esclavitud, 1505
TEXTO XIII
Real Cédula al Gobernador de la Española
AUTORIZANDO LA ESCLAVITUD DE LOS INDIOS CANÍBALES.
[Salamanca, 15 de Novembro de 1505]
[Note-se o interessante paragrapho sobre certa cedula secreta "sublinhado" em maiusculas]
“El Rey - don frey nyculas dovando, comendador mayor de Alcantara my GOVERNADOR DE LAS YSLAS E TIERRA FIRME del mar oceano, Recevy vuestras letras e tengo vos en servycio la buena diligencia e cuydado que teneys en las cosas de my servycio. quanto a lo que dezis de lo que se ha de hazer para hazer la fortaleza en la costa de las perlas, paresceme que es bien dicho e que juan de Ravé e cristoval serrano vayan juntamente a lo hazer, pues deyss que son personas suficientes para ello, e que vayan la gente que os paresciere al sueldo que bien visto vos fuere, porque de aca no se puede decir cosa cierta syno remitirlo todo a vos, que soy bien cierto que lo hareys todo muy bien e con mucha diligencia e fidelidad, por ende hazed en todo ello como os parezca de manera que yendo de aca las cosas que pedis sea todo aderezado. el memorial que enviastes envio a los oficiales de sevylla para que luego lo provean o vos envien recabdo de todo ello e les envio mandar que vos avisen para quando lo enviaran, porque alla tengays aparejado lo que fuera menester como por vuestra carta deyss.
A lo que deyss de la forma que se debe tener con los yndios de aquella costa de las perlas e con los otros yndios que les vinieren a hazer dapño, me parece que es bien lo que deyss por vuestra carta que se deve hazer, por ende asy lo poned por obra e travajad de darles a entender de palabra e obra que seran seguros e no les sera fecho dapño ny agravyo alguno de los cristianos e asy lo avysad a todos que lo hagan, apercibiendo a todos que qualquiera que lo contrario hiziere sera bien castigado.
Por vuestra carta escryvis que alla es menester saber quales yndios son los que se pueden cabtivar para que se puedan traher a esa ysla por esclavos para se servir dellos, los que se pueden cabtivar syno quisyeren obedesçer son los que se dizen canyvales que son de las yslas de san bernaldo e ysla fuerte e en los puertos de cartajena en es las yslas de vany que se contyenen en una provysion que para ello mandamos dar cuio traslado vos envyo.
A lo que deyss que sera provechoso asy para los mys Reynos como para los vezinos desa ysla que el puerto de plata se syga e ally vayan nayvos a descargar como van al de santo domyngo, pues á vos paresce ser provechoso hagase de aqui adelante e hacedlo asy publicar para que venga a noticia de todos, e hazed que se aderecen los camynos e cosas que para la contratacion del dicho puerto sean menester, pues los vezinos desa ysla los quieren aderesçar.
En lo de las mynas de cobre, pues teneys alla aparejo de lo que enviastes a pedir, hazed que se travaje en ellas como por otras mys cartas os he escripto.
A lo que deyss del castigo de las mujeres yndias que a sus marydos hazen, yerros paresceme que no vos deveys haver rigurosamente contra ellas, especialmente no acusando sus marydos, porque dello se seguyria mucho ynconvyniente e semejantes cosas que aqui se han de hazer poco a poco, pero a los cristianos deveys mucho amonestar que no tengan con ellas que fazer e aun castigarlos en alguna manera, de forma que no venga a noticia de los marydos porque seria mucho escandalo.
Deyss que en esa ysla ay nescesidad de hacer camynos e fuentes e puentes e otros reparos edeficios publicos e que los propios de los pueblos no vastan para ello; sy asy es, deveys dar licencia a los dichos pueblos para repartir entre sy los maravedis que para ello fueren menester cada e quando vierdes que hay nescesidad dello, e en semejantes casos no vos debeys seguyr por las leyes de acá, porque allá ay mas nescesidad destos edeficios publicos e hazese menos dapño a los pobladores aunque lo repartan entre sy.
LA ÇEDULA SECRETA QUE DESYS QUE VOS ENVIE NO SE ME ACUERDA QUE COSA ES; SY ALGO ES MENESTER PROVEER CERCA DELLO ESCRIVIDME QUE ES PARA QUE LO MANDE PROVEER.
A lo que dezis del boticario yo no savya la yguala que con ese estava fecha y por eso no se ha remediado; agora envio mandar a los ofiziales de sevylla que luego hagan pregonar que qualesquier boticarios e otros oficiales que alla quisieren yr, lo puedan fazer libremente e llevar todas las medecinas que quisieren, y asy se hara de aqui adelante e no se hara partido con ninguno ny se porná en ello estanco porque esa ysla este bien proveida.
A lo que deyss de la moneda que es menester mas del un quento que yo avya mandado labrar, yra a questa e yo mandare luego proveer de mas de manera que alla no haya nescesidad.
En lo del repartimyento de los yndios hazed como fasta aqui aveys fecho, e presto vos enviare mandar la forma que en ello se ha de tener.
En lo de vuestra venida que con el comendador vuestro hermano me enviastes suplicar, por agora faria mucha falta en la ysla por el conocimyento e noticia que teneys de todas las cosas de ella, pero plasyendo a dios como fuerere reformando avra lugar para adelante, e no se opone vuestro estado, pues saveys quanto en ello servys nuestro señor allen del mucho servycio que yo en ello rescibo.
En lo que toca al comendador vuestro hermano yo avre memoria del para le fazer mercedes como á criado e servidor, de salamanca a quince de noviembre de quinyentos cinco años=yo el Rey=por mandado del Rey my señor, gaspar de grisyo.”
In: “Colección de documentos inéditos relativos al descubrimiento, conquista y organización de las antiguas posesiones españolas de ultramar”. Segunda serie, Real Academia de la Historia, Madrid. Tomo V, 1890, pp. 110-113.
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TEXTO XIV - Real cedula a Nicolas de Ovando, 1508
TEXTO XIV
Real cédula al gobernador de las Indias, Nicolás de Ovando,
PARA QUE SE DEVUELVAN A CIERTO VECINO DE SANTO DOMINGO SOLARES Y TIERRAS, AUN CUANDO NO HAYA CUMPLIDO LA EXIGENCIA DE CINCO AÑOS DE VECINDAD EN DICHA VILLA
[Burgos, 19 de Fevereiro de 1508]
[Note-se a ultima phrase]
“El Rey
Don Frey Nicolás de Ovando, comendador mayor de la Orden de Calatrava y gobernador que sois de las Indias e islas y tierra firme del mar océano, y a vos, los alcaldes y regidores y oficiales y hombres buenos del Concejo de la villa del Puerto de Santo Domingo
Por parte de Gonzalo de Corvera, vecino de la dicha villa, me fue hecha relación que él tenía en esa dicha villa un solar y una caballería de tierra, que es en la boca de la ribera del río de ahí mismo, que hubo por repartimiento, como otros vecinos de la dicha villa, el cual le fue dado y repartido por el gobernador Bobadilla. Y según ordenanza y constitución de la dicha isla, las personas que se avecinan han de estar y residir cinco años continuos para quedar con el señorío perpetuo de la dicha vecindad, de la cual vecindad dice que sirvió y residió tres años, poco más o menos. Y que él se vino a Castilla por causa de cierta enfermedad que tavo, dice que con licencia de vos, el dicho gobernador, y se ha estado hasta ahora en Castilla sin volver a residir la dicha vecindad. Y que en el dicho solar y caballería de tierra que le dieron había labrado, sembrado y hecho casa, la cual dicha casa y heredad él dice que dejó a un su compañero que le administrase por él. Y que ahora vos, el dicho Concejo, habéis dado a otras personas, diciendo que lo ha perdido por no haber residido los cinco años. Por ende me suplicaba y pedía por merced que por cuanto él fue en ganar y conquistar la dicha isla, y estuvo sirviéndome ocho años en ella hasta que fue pacífica, en lo cual dice que ha gastado, y gastó, mucha de su hacienda, y que en satisfacción de ello no le fue hecha otra merced, sino solamente el dicho solar y caballería de tierra, y que si así pasase recibiría mucho agravio y daño y perjuicio; que me suplicaba le hiciese nuevamente merced de la dicha caballería de tierra en satisfacción de lo mucho que me ha servido y espera servir. Y yo túvelo por bien.
Por ende, OS MANDO A VOS, EL DICHO GOBERNADOR Y CONCEJO Y ALCALDES Y REGIDORES Y OFICIALES Y HOMBRES BUENOS DE ESA DICHA VILLA DE SANTO DOMINGO que dejéis libre desembargadamente al dicho Gonzalo de Corvera el dicho solar y caballería de tierra que él así tenía en esa dicha villa, según y como él lo tenía al tiempo que él se vino a Castilla, sin embargo que no haya residido los dichos cinco años, para que de ello haga su voluntad: porque, por la presente, Yo le hago merced de ello para que la haga de cosa suya. Y si alguna persona o personas tenéis dado o repartido el dicho solar y caballería de tierra, mando que lo dejen libre y desembargado al dicho Gonzalo de Corvera, y que les repartáis otro tanto en otra parte donde no tenga persona alguna repartimiento. Lo cual os mando que hagáis y cumpláis sin excusa ni dilación alguna.”
In: Francisco de Solano: “Cedulario de tierras. Compilación. Legislación agraria colonial (1497-1820)”. Instituto de Investigaciones Jurídicas. Universidad Nacional Autónoma de México [UNAM], 1984.
http://biblio.juridicas.unam.mx/libros/1/387/8.pdf
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TEXTO XV - Instrucciones a Diego Colon, 1509
TEXTO XV
Instrucciones a Diego Colón, gobernador de la española,
PARA QUE CONTINÚE CON LA FORMACIÓN DE PUEBLOS DE INDIOS, VIGILE QUE ÉSTOS NO VENDAN SUS PROPIEDADES E IMPIDA QUE ALGUNOS CASADOS CON INDÍGENAS SE APROPIEN DE LA HEREDADES DE SUS SUEGROS
[Valladolid, 3 de Maio de 1509]
“El Rey
Lo que vos don Diego Colón, nuestro ALMIRANTE Y GOBERNADOR de las Indias, habéis de hacer en ellas, donde vais a ser gobernador por nuestro mandado es lo siguiente:
Asimismo porque Nos hubimos mandado al dicho comendador mayor Nicolás de Ovando que entendiese con mucha diligencia en que los indios de la isla Española viviesen juntamente en poblaciones como los nuestros naturales viven en estos reinos y que cada uno tenga su casa aparte y mujeres e hijos, y heredad conocida; sabréis lo que está hecho en esto. Y si estuviere algo por cumplir de ello, trabajad que se haga lo más presto que pudiéreis, mandando hacer las poblaciones donde mejor vos pareciere para el bien de los pobladores de ella.
Item, porque hubimos mandado que los indios a quien así se diesen las dichas heredades no las vendiesen, ni las trocasen a poco valor, como se solía hacer mandaréis a las personas que estuvieren en las dichas poblaciones que no les consientan vender, ni trocar las: dichas heredades, y cuando no se pudiese excusar que no las vendan, que procuren que las vendan por su justo valor.
Así mismo el dicho comendador mayor de Alcántara, Gobernador que fue de las dichas islas, me ha hecho saber que de algunos de los casados con mujeres de la tierra se ha conocido que dan a entender que les pertenecen, y heredan sus mujeres e hijos las tierras que poseían sus padres y madres. Y que no embargante que algunas veces han sido sobre ello reprendidos no se les mueven los pensamientos que sobre ello tienen. Y para lo remediar dizque les hay que quitar a los tales casados los indios que se les daban con los caciques, parientes de sus mujeres, y en lugar de aquellos les dan otros y que los que hallaban que tenían estancias en las tierras de sus suegros o parientes se les hacía sacar a otras partes donde olvidasen su propósito.
Y porque Yo quiero que a los tales se les quitase toda causa para que las tales personas no tuviesen el pensamiento que sobre esto tienen. Por ende vos por los excusar de mayor peligro tened mucho cuidado y poned mucha diligencia en continuar todo lo susodicho, según que el dicho comendador mayor lo hacía, y también tened manera con los religiosos que confesaren a las tales personas cómo les desvíen el pensamiento y voluntad que sobre esto tienen, diciéndoles cuán fuera de razón están en querer lo susodicho.”
In: Francisco de Solano: “Cedulario de tierras. Compilación. Legislación agraria colonial (1497-1820)”. Instituto de Investigaciones Jurídicas. Universidad Nacional Autónoma de México [UNAM]. 1984.
http://biblio.juridicas.unam.mx/libros/1/387/8.pdf
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TEXTO XVI - Poder al Almirante Diego Colon, 1509
TEXTO XVI
Poder al Almirante Diego Colón
PARA EL REPARTIMIENTO DE LOS INDIOS.
[Valladolid, 14 de Agosto de 1509]
“Don Fernando . a vos don Diego Colon nuestro ALMIRANTE E GOUERNADOR de las Indias salud e gracia: sepades que despues que las Yslas Yndias e tierra firme del mar oceano por gracia de Nuestro Señor fueron descubiertas se an rrepartido a los pobladores que a la Ysla Española han ydo a Resydir los yndios que al gouernador que hasta aqui ha seydo ha parecido para que las tales personas a quien ansy se encomendasen se siruiesen dellos en cierta forma e manera; e agora yo he seydo ynformado que en el rrepartimiento de los dichos yndios de la dicha ysla no se guarda ni ha guardado aquella igualdad que para el bien de los / vecinos conviene segun la calidad de cada uno dellos ni se ha tenido la forma que se devia tener porque a vnos se davan muchos e a otros pocos e a otros ninguno e a cabsa de no estar bien rrepartidos no ay yndios que los que tienen yndios no curan de los traer en las minas syno haciendo estado dellos trayendo a vnos por pajes e a otros por mozos despuelas [?] e andarse con ellos holgando syn los poner a trabajo de lo cual a nos se recrece mucho deseruicio e a los vecinos de la dicha ysla mucho dapño e queriendo proueher e rremediar sobrello fue acordado que devia mandar dar esta mi carta en la dicha rrazon e confiando de vos que lo hareys como conviene es mi merced de vos encomendar lo suso dicho e por la presente vos mando que tomeys la rrazon del rrepartimiento de los dichos yndios e los torneys a rrepartir e rrepartays agora e de aqui adelante en la forma syguiente: que a los oficiales e alcaydes que fueren proueydos por mi e por la serenisima Reyna princesa mi hija les deys e señaleys de rrepartimiento cient yndios e al cauallero que lleuare su muger ochenta yndios e al escudero que ansy mismo lleuare su muger sesenta yndios e al labrador que ansy mismo lleuare a su muger treynta yndios e ansy fecho el rrepartimiento de los dichos yndios en la forma suso dicha por todas las personas de la dicha // ysla sobraron algunos yndios Repartys lo que ansy sobrare por todas las personas suso dichas al dicho rrespeto y ansy mismo sy faltan yndios para cunplir con todas las dichas personas el numero aqui contenido que los que faltaren se den menos por Renta a todas las dichas personas al rrespecto suso dicho o que las tales personas a quien ansy rrepartieredes los dichos yndios los tengan e se siruan dellos no para otra cosa e mando que los que ansy tuuieren los dichos yndios los ynstruyan e ynformen en las cosas de la fe e les den los vestuarios e otras cosas segund se ha acostunbrado hasta aqui e queremos e es nuestra voluntad que las personas a quien ansy dieredes los dichos yndios por rrepartimiento no les puedan ser quitados ni enbargados syno por delitos que merezcan perder los bienes y en tal caso sean confiscados para la nuestra e mando que las personas que de los dichos yndios quisieren gozar ayan de pagar e paguen en cada un año a la camara por cada cabeza de yndio vn peso de oro e para hacer e dar e señalar el dicho rrepartimiento por esta mi carta vos doy poder conplido a VOS EL DICHO MI GOUERNADOR e mando que qualesquier yndios que qualesquier personas touieren de otra manera y en mas del numero suso dicho que ansy por vos le fuere dado e señalado se los podays quitar e quiteys e rrepartays entre las otras personas que no los tovieren e porque lo suso dicho sea notorio // e dello ninguno pueda pretender ynorancia mando que esta mi carta o su traslado sygnado de escriuano publico sea pregonada publicamente porque venga a noticia de todos dada en Valladolid a XIIII dias de agosto de quinientos e nueve años. yo el Rey.”
In: José María Chacón y Calvo: “Cedulario cubano los orígenes de la Colonización (1493-1512), Colección de documentos inéditos para la historia de Ibero-América”. Madrid, Tomo VI, 1928, pp. 179-181.
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TEXTO XVII - Real cedula al Almirante Diego Colon, 1509
TEXTO XVII
Real Cédula al Almirante Diego Colón,
ENCARGÁNDOLE VARIAS DISPOSICIONES GUBERNATIVAS Y REGLAMENTARIAS PARA EL BUEN GOBIERNO DE AQUELLAS ISLAS
[Valladolid, 14 de Novembro de 1509]
“El Rey=Don Diego Colon nuestro ALMIRANTE E GOVERNADOR de las yndias despues, de aver escripto esta otra carta que va con la presente Recibi vuestras cartas de diez y nueve de Agosto en que me hazeys saber vuestra buena llegada e de doña maria de toledo y salvamiento a esa ysla española de que Recibi mucho plazer porque estava en cuydado dello y dela manera que alla tovistes en el tomar de las varas me ha parecido bien lo que no me parescio la manera que alla se tuvo con vos al prencipio.
y en lo de la forma que me escrivis que tovistes en el tomar dela fortaleza de Santo Domingo me ha parecido muy bien pues el comendador mayor no havia cumplido las provysiones que yo avia enbiado para que la entregase a francisco de tapia y tomandola vos para cumplillas como dezis y lo que Respondistes al Repartimiento que el dicho Comendador mayor vos fizo sobre ello fue muy bien Respondelle las palabras que por vuestra carta dezis las quales tengo yo creydas segun el zelo y deseo que vos teneys a las cosas de nuestro servicio y porque agora yo vos enbio a mandar por una mi cedula que cumplays las provisiones que tenemos dada para el entregar dela dicha fortaleza al dicho tapia deveys lo ansy fazer e cumplir syn que en ello se ponga escusa ni dilacion alguna porque vean todos que se han de cumplir e cumplan nuestras provysiones en todo e por todo.
en lo que dezis dela fatiga desa ysla a cabsa dela tormenta pasada he avido mucho pesar e sentimiento e quisiera que me escriviesedes de que cosas se pudieran proveher de aca para algund Remedio e abrigo de los vecinos desta ysla para sostener el dagno Recibido porque yo tengo mucho deseo e voluntad para proveher e Remediar todo lo que alla fuese necesario y quando semejantes cosas subcediesen lo que Dios no querra deveys escriuirme de que cosas avra alla nescesydad para que de aca se prouean e enbien y he seydo muy servido en saber la horden que alla aveys dado para el sacar delos navios que se hundieron con la tormenta y dela ayuda que en todo ello aveys fecho que todo es como de persona que nos desea servir y pues tantas vezes subceda alla estas aversydades ved alla juntamente con los nuestros oficiales que alla Resyden sy seria bien hazer alguna parte delas heredades que se hizieren e pusyeren en lugares, altos donde las avenidas, que subcedieren no los puedan demandar y sy alla os pareciere ser provechoso dareys horden como de aqui adelante se haga e ponga ansy.
ansy mismo pues tan peligrosos son de pederse, alla los mantenimientos paresceme que sera bien que mandasedes en toda la ysla alas personas que tubieren aparejo para sembrar trigo que lo sembrasen y fuese en diversos meses del año y en diversas maneras de tierras porque se pueda mejor ver e conoscer en que tiempos e tierras provara mejor e porque en lo suso dicho se ponga luego por obra espiriencia yo enbio a mandar alos nuestros oficiales de la casa de la contratacion de las yndias que Resyden en la cibdad de Sevilla que enbien alla el nuestro fator dozientas fanegas de trigo para que en ella se repartan por personas que las syenbren segund dicho es e tomareys con vos los nuestros oficiales que alla Resyden que a vos pareciere que puedan aconsejar e aprovechar para lo suso dicho e todos platicando e ved la forma que mejor vos pareciere que se debe tener para lo suso dicho e de qual se Resceverya mas utilidad e provecho e aquello fazed que se contynue con la diligencia que yo de vos confio porque yo espero que de hazerse, lo suso dicho esa dicha ysla, e vecinos e moradores della e delas otras seran muy aprovechados.
en lo que me escrivis de los letrados para que no se de lugar que pasen mas delos que alla ay en esto yo lo mandare ver aca y platycara sobre ello, se provehera y dara en ello el mejor medio que se pueda tener e vos escrevire lo que en ello se hiziere e acordare.
en lo dela suspension delas debdas que dezis que alla hezisteis pues se hizo a peticion de los pueblos fue bien suspendellos pues se espera que de hazerse ansy los vezinos de la dicha ysla seran mas sobre llevados e se podra despues mejor atendidos.
en lo que escrevys de los trajes de alla y los muchos gastos demasiados que en ellos se hazen ame parezido muy bien todo lo que sobre ello dezis y visto aquello porque de aqui adelante cesen semejantes gastos vos enbio una nuestra provysion para que se guarde alla en esas yslas la prematyca que segunda aca en Castilla sobre la manera de vestir la qual faced que se guarde en todo e por todo como por ella lo enbiamos á mandar.
en lo del navio que dezis que tomastes alla a Juan diaz de solis fue bien pero de aqui adelante quando ansy se tomaren cosas dela hazienda sean con acuerdo e forma de los nuestros oficiales que alla tyenen cargo dello porque tengan la quenta e Razon de todo como conviene e no se descuyden con vos en ello.
en lo de la Resydencia del Comendador mayor e de sus oficiales porque la principal cosa que tenemos encargo e toca a nuestra conciencia es que en los casos de justicia se mire mucho e guarde la justicia a las partes aquien tocare por ende yo vos encargo e mando que con el cuydado e buena conciencia que soys obligado e yo de vos confio hagays en todo lo que en la dicha Residencia oviere e se pidiere alas partes brevemente cumplimiento de justicia de manera que ninguno Reciba agravio de que tenga Razon de quexarse.
en lo que dezis de lo que toca á las nuestras Rentas e haziendas de las dichas yslas que por no aveys tenido tienpo para las poder sabor particularmente todas ansy lo creo yo y porque como sabeys a cabsa que el comendador mayor vuestro antecesor no ponia diligencia en saber partycularmente las cosas de nuestras Rentas e hazienda e de favorecellas como hera Razon no andava en ella el Recabdo que convenia antes se perdio mucho ynterese del que se pudiera aver abido para nos y para vos por ende yo vos encargo e mando que con el cuydado que yo de vos confio y sabeys fazer todo lo que veys que a nuestro servicio conviene deys a los nuestros oficiales que alla tyenen o tobieren cargo dela dicha nuestra hazienda e Rentas todo el favor e ayuda que convenga e fuere nescesario para el buen Recabdo de la dicha hazienda e Rentas.
Yo he seydo ynformado que al dicho señor comendador mayor tomava las cosas a los que estavan en las dichas yslas que escrivian aca a Castilla e no las dexava pasar que yo he sydo muy deservido en grand manera porque por espiriencia hemos visto el dagno e ynconviniente que viene delo susodicho alas cosas de nuestro servicio e de nuestra hazienda e Rentas e por que no se ponga ynpidimiento en el dicho escrevir hemos dado provisiones sobre ello e se han enbiado alla las quales creo aveys visto quando esta llegare por ende yo vos mando que veays las dichas cedulas e las guardeys e cumplays e hagays guardar e cunplir e no ynpidays ny consintays ynpidir á ninguno de escrevir ansy a nos como aquien quisiere e por bien tuviere syno que todos tengan livertad para ello porque aun que escrisvan qualquier cosa yo he de mirar las cosas como es Razon de manera que alo que se escriviese no dapne a nayde syno aquien lo merezca.
ansi mismo nos ha escripto gil gonzalez davila como es de vos muy bien tratado o le days mucho favor e ayuda para lo que nos le mandamos fazer y porque yo avre plazer que ansy lo continueys e hagays yo vos Ruego y encargo que lo deys todo el favor e ayuda que para nos le mandaremos hazer oviere menester porque quando viniere nos trayga muy buena y entera Relacion de todo lo que llevo a cargo.
Por carta de luys lizaraço nuestro fattor que en esas dichas yndias Resyde Supe la venida delos navios que heran ydos alas perlas por ende yo vos mando que fagays que lo mas presto que ser pueda nos enbien las perlas e muestras que traxeron e nos pertenezciere.
los oficiales que alla Resyden nos han escripto el buen tratamiento que los hazeys lo cual es como yo de vos confiava e vos lo tengo mucho en servicio e vos Ruego y encargo lo continueys ansy y les ayudeys e favorescays en todo para que mejor puedan servirme e fazer los oficios.
Cristobal de Cuellar nuestro contador desas dichas yndias nos ha escripto dela prisión e mal tratamiento que alla el comendador mayor le a fecho e porque los nuestros oficiales que alla Resyden sy hazen alguna cosa en sus oficios que no deven yo los mandare castigar por ende yo vos encargo e mando que vos ynformeis delo susodicho y Remedieys de manera quel dicho cristobal de cuellar sea desagraviado e le favorezcays ansy a el como a los otros nuestros oficiales que allí Resyden y los trateys muy bien como yo creo que lo hareys porque cada uno tenga voluntad de nos servir bien y como deve.
yo he seydo ynformado que muchos delos que van a estas dichas yndias antes que a ella fuesen solian ganar su vida a ello por sus manos e que despues de llegados alla no lo quieren hazer y pues sabeys que aca en estas partes no consentymos ny damos lugar que ningunos anden vagamundos e ya veys quanta mas Razon es que alla no se consientan lo suso dicho mayormente a personas que aca solian trabajar por ende yo vos mando que alos semejantes apremieys a que trabajen e no anden vagamundos e si no lo quisieren fazer e conplir ansy no los dexeys ni consintays estar en estas dichas yndias.
miguel de pasamonte me escrivio como avia platicado con vos que seria bien enbiar ala ysla de cuba a tentar sy en ella ay oro e que os avia parecido que seria bien y ansi me ha parecido á mi porque hasta aqui nunca se ha provado y querria saber sy en ella ay algund oro por ende yo vos mando que si quando a esa llegare no ovieredes enbiado enbyes luego alo tentar e ver con persona de Recabdo e que lo sepa bien hazer e me hagays saber lo que alla hallaren e se mostrare todo muy particularmente porque yo pueda ser bien ynformado.
por algunas cosas cunplideras al servicio de la serenisima Reyna princesa my muy cara e muy amada hija e mio e a un a vos enbio a mandar por una my cedula al adelantado vuestro tyo que alla esta que se vaya luego do quiera que yo estuviere la qual vos enbio con la presente por ende yo vos mando que gela deys e procureys e fagays que luego se venga syn que en ello ponga ningund ynpedimiento porque ansi cunple á nuestro servicio que se haga,
la Relacion que me enbiastes que vos dio juan ponce de lo de la ysla de san juan vi e holgue de vella por saber la partycularydad delo que en ella dize delo dela dicha ysla e pareciome bien lo que dezis que la queria de tornar a enbiar luego deveys ayudar y favorescer todo lo que pudieredes al dicho juan ponce para la poblacion de aquella ysla fasta que yo provea lo que convenga para la entera poblacion y Recabdo della e fazedme syenpre saber lo que en ello se hiziere.
Sabido he que en el Repartimiento delas minas dan tantos pasos a un peon que va con una batea como el que coge con treinta o cinquenta yndios y esto parezce que va contra razon por ende yo vos Ruego e encargo que tomeys con vos nuestros oficiales y aquien vos vieredes que convenga y platyqueis en la mejor forma que en esto se deba tener para que se saque el mas oro que ser pueda y aquella hagays guardar.
Por quanto yo ove fecho merced a bartolome de sampier dela fortaleza de Santiago creyendo que estaba en pie y que se podria morar e delos yndios que tenia el alcayde della y he sabido que la fortaleza esta cayda y mi voluntad es que en todo caso se le de el cacique e yndios quetubo Alvarez Perez Osorio al tiempo que tuvo la dicha fortaleza por ende yo vos encargo e mando que hagays luego dar al dicho sampier el dicho cacique e yndios que tuvo el dicho Alvarez Perez entretanto que yo mando labrar otra fortaleza de que sealacyde el dicho sampier y le favorescays mucho ansi para en lo de su oficio como para en sus cosas porque el me ha servido muy bien y en tiempo que me fue muy acebto su servicio y segund he sabido tyene agora harta nescesydad de ser favorescido por el mucho dagno que ha fecho esta tormenta.
ansy mismo sy por ventura quando esta llegare no oviere entregado a miguel de pasamonte la fortaleza dela buena ventura y los yndios que con ella tenia el Alcayde della lo que no creo segund vuestro deseo de cumplir nuestros mandamientos fazele luego entregar lo uno y lo otro porque ansy cumple a nuestro servicio e ayudalde e favorecelde en todo ansy porquel faga muy bien su oficio como para que sea aprovechado y tomalde con vos para en todas las cosas porque yo lo tengo por muy buena persona y de buena conciencia y por muy cierto y leal servidor y aveys de saber que el no me suplica por el oficio que tiene ny por la yda alla como otros antes por me servir acebto el cargo que tiene de que yo me tube del por muy servido y por esto es mucha Razon que se haga por el lo suso dicho y todo lo que buenamente se pueda hazer y ansi mismo me servireys en aver Recomendado a luis de liçaraço nuestro fator pues sabeys lo que me ha servido.
Por parte delos vecinos e pobladores desta ysla me es fecha Relacion que en el cobrar los diezmos que ellos pagan en esa ysla se les haze mucho agravio porque no les quieren Recibir el diezmo en las mismas cosas que ellos cojen e crian ny los tiempos que se deve diezmar como se haze aca en españa y en todo el mundo se haze syno que les hazen pagar todo el diezmo a dinero delo qual diz que demas del agravio que dellos han Recebydo e Reciben la Renta delos diezmos ha perdido mucho en ello e porque no es Razon que dellos sean agraviados por ende yo vos mando que vos ynformeys de lo suso dicho e lo provea yo conforme a justicia de manera que en la Renta delos diezmos en los vezinos desa ysla reciban agravios e por ninguna cosa dejeis delo hacer e deveys mandar dar prisa en el hazer delas yglesias desa ysla y que sean buenas y bien fuertes a unque no sean muy altas ny muy fundiosas porque las grandes tormentas que en esa ysla se comiençan a venir no las deriben y en esto creo yo que se gastaran la mayor parte delos diezmos entretanto que van alla los perlados.
ansy mismo yo he seydo ynformado que muchas delas personas que andan trabajando en las minas no curan de poner en el sacar del oro la diligencia que conviene quando las fundiciones se alargan algo y que mas caro sacan alos primeros veynte, dias y en los doze o quinze postreros dela fundicion que en todo el otro tiempo delas fundiciones por la buena diligencia que en aquellos dias ponen e la floxedad que en todo el otro tienpo ponen y que quando en los primeros dias cogen algo diz que se descuydan los que llevan a cargo los yndios paresciendoles que ya tienen sacado su jornal y aun diz que los mismos yndios en este caso mandandoles que trabajen Responden que les dexen holgar pues tyenen la bolsa llena y que siendo las demoras mas cortas Remediaria esto y se sacaria mas oro y se podria traher mas presto que se trahe delo qual ya vedes quanto seria yo servido segund las necesydades que aca ay de contyno como sabeys por ende yo vos encargo e mando que tomeys con vos nuestros oficiales que alla Resyden e platyqueis sobrello y abreveys las fundicciones todo lo que vieredes que convenga y proveays como al menos se haga de quatro en quatro meses como muchas vezes lo tengo mandado que paresce termino medio convenible.
yo he sabido que por estas diçhas yndias anda mucho oro por marcar porque despues de marcado lo parten y no curan delo tornar a marcar y que sobrello se guarde la horden que sobrello tenemos mandado por ende yo vos mando que no consintays ny deys lugar que por estas dichas yslas ande nyngund oro por marcar so las penas que sobrello estan puestas y paresceme que seria bien que señalasedes un dia de cada semana para que en aquel todos los que tuviesen oro por marcar lo fuesen alli a marcar y el que no fuese o lo truxese por marcar lo oviese perdido vedlo alla juntamente con nuestros oficiales y provehed sobrello lo que mas convenga de manera que no ande ningund oro por marcar en estas dichas yslas porque dello yo seria deservido.
ansi mismo yo enbie a mandar al dicho comendador mayor que diese forma como todos los naturales destos Reynos que en esa dicha ysla biviesen toviesen armas e hiziesen alardes con ellas a ciertos tienpos porque estoviesen a mejor recabdo por sy alguna cosa contra la dicha ysla se moviese lo qual diz que no se haze ny cumple ansy de que yo soy deservido por ende yo vos mando que fagays que todos los que tovieren en la dicha ysla tenga cada uno dellos sus armas conforme a la calidad de su persona e fagan sus alardes con ellas segund e a los tiempos que yo le he enbiado a mandar por manera que cada uno sepa las armas e aparejos que tyene.
ansi mismo yo he seydo ynformado que en el Repartimiento delos solares que hasta aqui se ha señalado no se haze nynguna diferencia en el dar e señalar a unas personas mas que a otras syno que se da tanto al labrador e gente comund como a otras personas principales lo qual diz ques cabsa que esa dicha ysla no se aya mas ennoblecido e acrecentado en buenos edificios de casas de que yo he seydo deservido por ende yo vos encargo e mando que lo proveays e Remedieys e de aqui adelante los dichos solares se señalaren e dieren sea moderado a calidad delas personas e dando a cada uno conforme a lo que vos pareciere que merezce e puede tener e oviere menester.
ansi mismo yo enbie á mandar al dicho comendador mayor que señalase a cada pueblo los propios que le paresciese que convenia e oviese menester para el Reparo e hedeficios dellos lo qual diz que fasta agora no sea fecho ny cumplido como conviene e dello Resulta los pueblos no estar bien Reparados e proveydos delas cosas nescesarias para el noblecimiento dellas de lo qual yo he seydo desservido por ende yo vos encargo e mando que con el cuydado e diligencia que yo de vos confio e veys que conviene al ennoblecimiento destas dichas yslas lo proveays señalando a cada pueblo por propio las cosas que vieredes que bastan para lo que ovieren menester syn que tengan nynguna nescesydad.
ansi mismo he seydo ynformado que la casa de la contratacion que se ha començado a hazer en esta ysla española es muy desproporcionada de grande y que sy por la forma que va se acavase se gastaria en ello mucho y la casa no quedaria qual conviene por ende yo vos encargo e mando que tomando con vos nuestros oficiales que Resyden en esa ysla y las otras personas que dello sepan veays la dicha casa y la hagays labrar e hazer de la manera e tamaño que vieredes segund para lo ques y donde se faze que mejor convenga de minera que se faga qual convenga y no se gaste en ella lo que no fuere menester.
despues de aver escrito lo que arriba se contiene viendo el dapño que los vezinos desa ysla han Recebido en sus haziendas con la tormenta pasada de que como he dicho mucho me ha desplacido por les fazer merced y les sobrelevar en quanto buenamente oviere lugar por el mucho deseo que tengo del ennoblecimiento e acrescentarniento desa ysla he acordado que en quanto al Repartimiento que mando que se haga de los indios y que se pague por cada cabeça un peso de oro cada año de les hazer merced que el primer año que les fueren Repartydos los tengan francos y no sean obligados a pagar el dicho un peso porque con esto se pueda en algo Remediar delo que ansy han perdido y entiendase que han de ser francos del dicho primero año esta primera vez que les fuere Repartydos y no mas puesto que se muden otra vez por muerte del que los toviere o perdiendolos por otra justa causa y que pasado el dicho año pague el dicho peso de oro por cada cabeça segund que lo enbiamos a mandar por ende yo vos mando que ansi lo hagays guardar e cumplir e procureys que se obliguen lo antes que pudiesedes.
ansi mismo por la dicha cabsa e porque he seydo ynformado que los yndios que se trahen a esa ysla delas otras yslas comarcanas a cabsa de se apartar de sus tierras e venir a otras se mueren algunos dellos y otros adolecen my merced e voluntad, es de hazer merced álas personas que trayeren e les fueron dados los dichos yndios en el primer año los tengan francos synque nos sean obligados á pagar ny paguen el medio castellano por cabeça que enbiamos a mandar que pasado el primer año lo paguen segund e por la forma e manera que vos enbiamos a mandar y ansy vos mando que lo hagays guardar e cunplir.
de alla me han escripto como la provision delos yndios e gente que han andado e anda en nuestras minas ha seydo acargo del contador cristobal de cuellar y porque nuestra voluntad es que todo lo que alla se oviere de gastar sea por vuestra mano porque mejor se pueda saber la quenta e Razon de todo y porque aquello es propiamente del cargo del thesorero envio a mandar que de aqui adelante tenga el cargo de aquello el thesorero miguel de pasamonte por ende yo vos mando que de nuestra parte mandeys al dicho cristobal de cuellar que luego de y entregue todo lo que tuviere delo suso dicho al dicho thesorero con la quenta o Razon dello e que no entyenda mas en ello porquel dicho thesorero lo provehera como convenga para lo qual vos por my servicio le dad a el y a sampier vehedor delas dichas minas, todo el favor e ayuda que nescesario fuere de manera que en esto aya muy buen Recabdo lope conchillos nuestro secretario e del nuestro consejo me ha dicho como luego que en buena ora llegastes distes la posesion del oficio de escrivania mayor desas yndias de que nos le hazemos merced a juan de serralonga en su nombre lo qual vos tengo en servicio porque en todo parezce la voluntad que teneys de cumplirlo que somos servidos y porque demas dela merced quel dicho secretario en esta Recibe cumple mucho a nuestro servicio e al buen Recabdo de nuestra hazienda que se cumpla lo contenido en las provisiones dela merced del dicho oficio por ende yo vos Ruego y encargo mucho que al dicho serralongan y alas personas que por el tuvieren el dicho cargo deys para el uso y exercicio de todo el favor que fuere menester de manera que en todo puedan tener la quenta e Razon que a nuestro servicio cumple, y segund lo contenido en las dichas provisiones de Valladolid a catorze dias de noviembre de quinientos e nueve años=yo el Rey=señalada del Obispo de Palencia=Refrendada del secretario conchillos.”
In: “Colección de documentos inéditos relativos al descubrimiento, conquista y organización de las antiguas posesiones españolas de ultramar”. Segunda serie, Real Academia de la Historia, Madrid. Tomo V, 1890, pp. 171-187.
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TEXTO XVIII - Real cedula al Almirante-Gobernador, 1511
TEXTO XVIII
Real Cédula al almirante-gobernador
PROHIBIENDO SE CARGUE A LOS INDIOS CON MUCHO PESO BAJO SEVERAS PENAS.
[Sevilha, 21 de Junho de 1511]
“El Rey.
Don Diego Colón, nuestro ALMIRANTE, VISORREY E GOVERNADOR de la ysla Española e de las otras yslas que fueron descubiertas por el ALMIRANTE DON CRISTÓBAL COLÓN, vuestro padre, e por su yndustria.
Yo he sydo ynformado que los yndios de esa ysla Española vinieron en mucha diminución por muchas cabsas, en especial porque las personas que los tenían los hazían llevar a cuestas algunos cargos e cosas de mucho peso que los quebrantaban, lo qual ha sydo cabsa que después los dichos yndios no tienen dispusiçión, por el quebrantamiento que de aquello han recebido, para andar ni trabajar en las minas, de lo qual Nuestro Señor fue deservido y nuestras rentas y los vecinos y moradores desa ysla agraviados; e por que esto es cosa muy ynumana, y por ser ellos tratados desta manera dio causa que los dichos yndios se ausenten e vayan desa ysla e de poder de las personas que los tienen; por ende, yo vos mando que no consyntáys ni déis logar que ningunos yndios, asy desa dicha ysla Española como las de San Juan e Jamayca, que agora nuevamente se pueblan, anden cargados ni se les mande por las personas que los tovieren que lleven ninguna cosa de peso a cuestas con apercivimiento que hagáys a las personas tovieren los dichos yndios que no vayan ni pasen contra lo susodicho, so pena que por la primera vez caygan e yncurran en pena de mill maravedís e por la segunda vez les será la dicha pena doblada e por la terçera tres doblada, e más pierdan todos los yndios que tovieren por repartimiento.
Las quales dichas penas se repartan en la manera siguiente: la terçia parte para el acusador que los acusare, y la otra terçia parte para el juez que los sentenciare, e la otra terçia parte para nuestra cámara; la qual vos executaréys en los bienes e yndios de los que contra ellos fueren o pasaren, e lo repartyréys de la manera susodicha.
E por que lo susodicho sea notorio e ninguno dello pueda pretender yngnorancia, mando que ésta mi cédula sea pregonada públicamente por todas las plazas e mercados e otros logares acostumbrados de las dichas yslas, por pregonero e ante escrivano público. E los unos ny los otros no fagades ende al. Fecha en Sevilla, a XXI días del mes de junio de quinientos e honce años. = Yo el Rey.”
In: Antonio Rumeu de Armas: “La Política indigenista de Isabel la Católica”. Instituto Isabel la Católica de Historia Eclesiástica. Valladolid, 1969, pp. 418-419.
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TEXTO XIX - Real cedula a D. Diego Colon, 1511
TEXTO XIX
Real Cédula a D. Diego Colón, Gobernador de la Española,
PARA QUE NADIE SIN LICENCIA, NINGUNA PERSONA, PUEDA TRAER INDIOS Á CASTILLA.
[Sevilha, 21 de Junho de 1511]
“El Rey= Don Diego Colon nuestro ALMIRANTE VISSORREY EÇ GOVERNADOR de las yndias yslas que descubrió EL ALMIRANTE DON CRISTOBAL COLON vuestro padre e fueron descubiertas por su yndustria e a otro qualesquier nuestro VISORREY E GOVERNADOR que fuere, despues de vos yo sydo ynformado que algunas personas de los que en la ysla española estan e tienen yndios esclavos en su poder diz que con dineros o manera que tyenen al tienpo que ellos se vienen desa ysla a Castilla trahen los dichos yndios esclavos que ansy tienen de que a nos recreze deservicio e sy a lo tal diesemos logar esa dicha ysla se despoblaria dellos de que se resceviria dapuos por que como sabeys todo el bien de esas partes consyste en que aya numero de yndios para traher en las minas e granjerias e faltando estos esa dicha ysla podria venir de cada día en dimynucion por ende yo vos mando que agora ni de aqui adelante no consyntays ni deys lugar que persona ni personas algunas de las que en esa dicha ysla resyden e resydieren de aqui adelante saquen ni traygan ni enbien por ninguna via color ni manera que sea ningunos yndios esclavos que tobieren desa dicha ysla para castilla salvo sy no fuere escripta lizencia que de nos para ello toviere so pena que el que lo sacare o tentare de sacar por el mismo caso lo aya perdido e pierda e mas la tercia parte de los otros yndios que toviere e sy no toviere yndios yncurra en pena de veynte mill maravedis para nuestra camara la qual dicha pena executareis en los que contra los susodichos fueren o pasaren y en sus bienes y por que lo susodicho sea notorio e ninguno dellos puedan pretender ygnorancia mando que esta mi cedula sea pregonada públicamente por las plaças e mercados e otros lugares acostunbrados de la dicha ysla por pregonero e ante escrivano público e los unos ni los otros no fagades ende al fecha en sevilla a xxi dias del mes de junio de quinientos e onze años=yo el Rey”
In: “Colección de documentos inéditos relativos al descubrimiento, conquista y organización de las antiguas posesiones españolas de ultramar”. Segunda serie, Real Academia de la Historia, Madrid. Tomo V, 1890, pp. 266-267.
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ADDENDA I - Instrucciones al Virrey, 1535
ADDENDA I
INSTRUCCIONES A ANTONIO DE MENDOZA DEL REY CARLOS I DE ESPAÑA Y V DE ALEMANIA,
Por mandato de S.M. Cobos, comendador mayor.
[Barcelona, 17 e 25 de Abril de 1535]
“Instrucción a Antonio de Mendoza
Don Antonio de Mendoza, nuestro virrey gobernador de la Nueva España y presidente en nuestra audiencia y cancillería que en ella reside, además de lo que por otra instirucción os he mandado que hagáis, habéis de hacer lo siguiente:
Por la provisión y título de nuestro presidente de dicha audiencia que os he mandado dar, como vereis se manda que no tengáis voto en las cosas de justicia. Así lo haréis, dejando la administración de nuestra justicia a nuestros oidores de la audiencia para que la administren en aquellas cosas y de la manera que lo hacen nuestros oidores de nuestras audiencias que residen en la villa de Valladolid y ciudad de Granada, conforme a las ordenanzas que les están dadas. Y en las cosas que ellos proveyeren, sentenciaren y despacharen, firmaréis vos con ellos en el lugar que suelen firmar los presidentes.
Las cosas que tocaren a la gobernación de la Nueva España, vos sólo entenderéis en ellas conforme las provisiones e instrucciones que para ello os he mandado dar, pero será bien que siempre comuniquéis con nuestros oidores las cosas importantes y que a vos os pareciere para mejor acertar, y seguiréis lo que después de comunicarlo con ellos os parezca.
Asimismo, sabed que al tiempo que mandamos proveer los oidores que al presente residen en la Audiencia Real de México, por estar los mantenimientos y cosas de aquella provincia caras, porque se pudiesen bien y honradamente sustentar, les mandamos señalar a dos mil ducados cada año de salario a cada uno. Ahora, vista la abundancia en que a Dios gracias la erra está y los precios de las cosas de ella, ha parecido que les asta para su sustentación que tengan cada uno 500 000 maravedís de salario, y así he mandado despachar cédula de ello que se os entregará. Por ende yo os mando que la hagáis luego notificar a nuestros oidores y a nuestros oficiales, para que de ahí adelante no les paguen más salario de la razón de 500.000 maravedís por año.
Por una carta mía está mandado a nuestro procurador y oidores que hagan contar los 23.000 vasallos de que yo hice merced a Don Hernando Cortés, Marqués del Valle; y por otra, asimismo, se les mandó que luego quitasen los indios que el Marqués del Valle tenía encomendados fuera de los contenidos en dicha merced, de que pagados los corregidores llevaba los tributos. Yo os mando que luego que llegareis, veáis lo que acerca de esto está mandado, y lo que de ello estuviere por cumplir y efectuar lo hagáis ejecutar conforme a mis cartas.
En lo cual os entenderéis con el cuidado que de vos confío. Hecha en la ciudad de Barcelona a 17 de abril de 1535. Yo el Rey. Por mandado de S. M. Cobos. comendador mayor. Señalada del Dr. Beltrán y Lic. Suárez Carvajal.
Instrucción a Antonio de Mendoza
Lo que vos, Don Antonio de Mendoza, nuestro virrey y gobernador general de la provincia de la Nueva España. habéis de hacer en servicio de Dios, nuestro, y bien de toda aquella república además de lo contenido en los poderes y comisiones que de nos lleváis, es lo siguiente:
1. Primeramente, ante todas cosas, os informaréis luego, como llegaréis a dicha tierra, y comenzado a entender algo las cosas de ella, qué recaudo ha habido y hay en las cosas espirituales y eclesiásticas, especialmente en la edificación de los templos necesarios para el servicio del culto divino y en la conversión e instrucción de los indios naturales de dicha tierra, y en las otras cosas de esta calidad concernientes al servicio de Dios Nuestro Señor y descargo de nuestras reales conciencias; y las faltas que en esto hallareis que ha habido comunicaréis con los prelados cada uno en su diócesis. Me enviaréis luego relación de ello, y de lo que a dichos prelados y a vos pareciere que debe proveer, para que vista vuestra información y parecer, yo mande proveer en ello lo que convenga. Entretanto, vos, con dichos prelados, proveeréis en todo ello lo que buenamente pudieréis y debieréis que más conviene.
2. Item. Procuraréis con toda brevedad de visitar así la ciudad de México como todas las, otras ciudades, villas, poblaciones de toda la provincia, vos en persona lo más principal y aquello que cómodamente vos mismo pudieréis hacer y visitar, y para lo que vos no pudieréis en persona visitar, señalaréis personas hábiles y de confianza que entiendan en la ejecución y cumplimiento de lo contenido en este capítulo y de lo a él tocante, informándoos vos y cada una de dichas personas de la calidad de cada uno de los pueblos, y del número de los vecinos naturales de ellos, y de otros moradores españoles que en ellos hubiere, y de lo que al tiempo de la visitación hallaréis que los naturales contribuyen y pagan en cualquier manera a nos o las personas que en nuestro nombre los tienen en encomienda, tomando para ello la razón así de nuestros libros de las visitaciones pasadas como las tasaciones y descripciones hechas por nuestro presidente y oidores acerca de ello. Os informéis, asimismo, si dichos naturales pueden buenamente contribuir y pagar más cantidad de oro y plata o de las otras cosas que les están señaladas y tasadas, de lo que al presente pagan. Asimismo. os informéis qué tanto montará el tributo de cada pueblo reducido a valor de oro y plata.
3. Porque soy informado que dichos indios pagan los tributos y servicios que deben en mantas y maíz y otras cosas de la tierra de que no se saca valor, os informéis qué manera se podría tener con ellos para que los tributos que así pagan en maíz y mantas y otras cosas de la tierra, se conmutase todo ello a cierta cantidad de oro y plata en cada año, de tal manera que a ellos no fuese mayor la carga y redundase más en nuestro servicio y crecimiento de nuestras rentas y provecho de asentarlo con ellos. Y porque esto es cosa muy importante, como tal os la encargamos, para que con gran cuidado y vigilancia entendáis en ello, poniendo por memoria lo que a la sazón pagaban, y lo que nuestros oficiales vendiéndolo o dándolo en pago sacaban de ello y asimismo lo que montaría en el valor de oro y plata que así se conmutase para la paga de los tributos, poniéndola particularmente por memoria, y nos la enviaréis en el primer navío luego que la tuvieréis hecha, con relación de lo que hubieréis asentado.
4. Otrosí, por cuanto al principio de la población de dicha tierra, por acrecentamiento de ella, nos la mandamos franquear de alcabala y de otro pecho y servicio por cierto tiempo y cuanto más fuese nuestra voluntad, de lo que han gozado y gozan los mercadieres y tratantes y pobladores y naturales de dicha provincia. Y al presente, según es notorio, se nos ofrecían grandes necesidades para la defensa de nuestros reinos de los enemigos de nuestra santa fe, y conviene que para tan grandes y justas necesidades seamos socorridos de nuestros súbditos, especialmente de las alcabalas y servicios que antiguamente se nos han pagado y pagan en estos nuestros reinos de Castilla. Y así, nos parece cosa debida que los naturales y moradores de aquella provincia y mercaderes y tratantes en ella paguen dicha alcabala, y nos hagan en algunos años algunos servicios moderados. Platicaréis en ello, y después que hayáis comenzado a entender las cosas de dicha tierra, me enviaréis vuestro parecer muy largo y particular de lo que se debe y podrá hacer sin daño de la población y seguridad de dicha tierra.
5. Item. Porque acá se ha platicado que la principal y mejor manera se podría tener para nos servidos de la tierra y con menos vejación de los naturales de ella, especialmente de aquellos que no tienen posibilidad para pagar en oro los tributos y servicios que nos fuesen obligados a pagar, es que nos diesen servicio personal: en los pueblos que estuviesen en nuestra cabeza; fuesen obligados a echar por repartimiento, personas de ellos en las minas de oro o plata que por nos les fuesen señaladas, y mantenerlos allí a su costa y temporadas para lo que sacasen fuese para vos; esto los pueblos que lo pudiese bien sufrir, y otros que no tuviesen tanta posibilidad diesen servicio personal solamente de enviar gente a las minas, y otros pueblos de su calidad pusiesen el mantenimiento, porque no estuviesen tan cargados, y, también otros pueblos que mantuviesen en las minas algún número de esclavos que nos quisiesemos echar en ellas. Platicaréis en ello con nuestros oidores y oficiales y otras personas cuerdas y que tengan noticia de las cosas de la tierra, y lo ordenaréis con aquella diligencia que de vos confío, y con la templanza y cordura que veis que es menester, por manera que se haga lo más a voluntad de los indios y más sin apremio y más provecho de nuestra hacienda que se pueda. Me avisaréis de lo que en ello acordaréis e hicieréis.
6. Item. Ha parecido que porque los indios de su natural inclinación son holgazanes, proveeréis que en las provincias que cómodamente lo puedan hacer dichos indios tengan esta misma orden y granjería para sí, porque además del gran provecho que se sigue de ocuparlos como por los inconvenientes grandes que nacen de su ociosidad, nuestra hacienda será acrecentada con los quintos que de lo que así sacaren nos pagarán, y con que teniendo y estando ricos, nos podrán mejor hacer otros servicios; pero ha de ser con toda modestia y templanza.
7. Por muchas peticiones que de dicha tierra han venido de algunos años a esta parte, se nos ha hecho relación que de no hacer en ella moneda de oro y plata y vellón ha cesado y cesa mucha parte de la contratación que habría entre los españoles y naturales de ella, y en el vender y comprar reciben los unos y los otros mucho daño y pérdida, porque como no tienen moneda andan con los pedazos de oro, cortándolos por las tiendas para pagar en ellas lo que compran. Y otro inconveniente mayor, que a causa de no haber moneda, los indios no tienen con qué ni pueden pagar los tributos y servicios que nos deben sino en mantas y otras cosas de que no se puede sacar su valor. Y con estas y otras muchas razones, con mucha instancia, nos han enviado a suplicar mandásenos hacer en ella casa de moneda y labrarla, sobre lo cual enviamos a mandar a nuestro presidente y oidores de la tierra que se informasen de lo que en este caso se me suplicaba, y platicasen en ello con las personas honradas de la tierra, y nos enviasen su parecer y de la orden que les parecía que se debía dar en ello. Los cuales, en cumplimiento de ello, enviaron su parecer que la moneda se debía labrar, porque además de convenir así para la población y noblecimiento de la tierra, se podría dar orden como en el valor de ella nos fuésemos servido con alguna cantidad. Y visto por nos, habemos acordado de mandar que en dicha tierra se labre moneda y que al presente solamente sea plata y vellón. Por ende, yo os mando que conforme a la orden que os será dada por mi Consejo de las Indias y a las ordenanzas que para ello se harán, hagáis luego labrar la moneda.
8. Y ante todas cosas, después de bien informado de la calidad y cantidad de dicha tierra y tributos de ella, haréis un memorial en que pongáis así la ciudad de México, como las otras ciudades y villas y cabeceras de provincias y otros lugares principales que a vos parezca que entera y perpetuamente deben quedar en nuestra cabeza y de nuestra persona real, para que ahora ni en tiempo alguno se puedan enajenar ni apartar de ella, poniendo por memorial distinta y particularmente cada uno de dichos lugares, y la calidad y número de vecinos y cantidad de renta que en cada uno de ellos al presente hubiere, y si se espera que adelante habrá más. Y nos enviaréis dicho memorial para que después de visto, proveamos lo que conviene.
9. Item. Os informaréis qué número de conquistadores hay vivos que residen en la Nueva España o están ausentes de ella con nuestra licencia o la del presidente y oidores en nuestro nombre, y de los que son muertos cuyos herederos hay en esa Nueva España, y qué número de otros pobladores hay en ella, y de la calidad de las personas de todos ellos, y de los que nos han servido, y de los aprovechamientos que ha habido después que fueron a esa tierra, así por merced que de vos hayan recibido como por encomienda o en otra cualquier manera.
10. Y por cuanto nuestra voluntad ha siempre sido y es de gratificar honesta y moderadamente a los que nos han servido en la conquista y pacificación de la tierra, y hacer alguna merced a las personas que han ido y de nuevo fueren a poblar y permanecer en ella; hecho lo de arriba, haréis asimismo memorial de lo que os parece que del restante de la provincia será bien y conveniente que nos hagamos merced a cada uno de los conquistadores y pobladores en la tierra y población, declarando en cada uno de los capítulos del memorial lo que así os parece que se le debe señalar por término propio, y de lo que nos le debemos hacer merced en feudo o en otro título cual más convenga y por nos fuere declarado, y ellos lo tengan con jurisdicción en primera instancia con los modos y condiciones que serán puestos. Y declaréis en cada capítulo qué renta o aprovechamiento tendrá cada uno de dichos conquistadores o pobladores en el lugar y tierra que nos le hicieremos merced, presuponiendo que en remuneración de superioridad y señorío y como nuestros feudatarios de toda la renta y aprovechamiento de tal lugar habemos nos de haber y llevar perpetuamente una cierta parte. Los cuales memoriales nos enviaréis asimismo, para que nos los mandemos ver con toda aquella brevedad que sea posible, y proveer en ello lo que convenga para gratificación de los conquistadores y población y gratificación de la tierra. Ha habido y hay diversos pareceres, especialmente sobre el repartimiento de ella, enderezados en servicio de Dios y nuestro, de los cuales para vuestra instrucción se os dará traslado. Os encargo que después que hayáis entendido algo de la tierra, veais los pareceres y comuniquéis la cosa con los prelados y religiosos y otras personas honradas, y me enviéis el parecer de todos, juntamente con el vuestro, para que con más acuerdo y deliberación se provea lo que convenga. Y pondréis en vuestro parecer la cantidad que os parece que debemos llevar por vía de feudo de las rentas y provechos de los lugares que se diere a los dichos pobladores.
11. Asimismo soy informado que en los ques de los indios, que son los templos en que ellos sacrificaban, hay muchas riquezas que los principales que allí se enterraban hacían poner en sus sepulturas, y asimismo hay en los ques otras riquezas que tienen escondidas en ellos para hacer sus sacrificios al demonio, y que esto es en cantidad. Tendréis cuidado en que con diligencia se entienda en hacer buscar todos los dichos tesoros, y que se tomen para nos, y lo que de ello se hubiere haréis que se nos envíe con relación de su valor aparte.
12. Y por cuanto somos informados que en cada uno de los pueblas, o en los más de ellos, hay un cacique indio que ellos tienen por principal y reconocen como a su señor, el cual lleva de los tales naturales además de los tributos que a nos pagan otros servicios y tributos, así reales como personales, sin que tengan título ni derecho para llevarlo; y a causa de lo mucho que los caciques llevan a la gente común están muy pobres y no pueden pagar a nos el servicio que sería razón; os informaréis de la verdad de ello y de todo lo que acerca de esto pasa, y de la orden que se podría dar para disminuir lo que así les llevan los caciques, y que redundase en nuestro servicio y acrecentamiento de nuestra hacienda. Y la relación de ello, con vuestro parecer, nos enviaréis.
13. Otrosí, somos informados que en muchas partes de la provincia hay grandes y muy ricas minas de oro y plata y otros metales, y que además del quinto, que las personas particulares que con licencia y permisión nuestra lo sacan a nos han pagado y pagan, podríamos ser muy servidos y nuestras rentas reales acrecentadas si nuestros oficiales en nombre y por nos tuviesen en las minas alguna buena cantidad de esclavos negros, o de los indios que justamente son habidos y tenidos por esclavos. Y porque esto es cosa muy importante y de que, si se acertase, podríamos ser muy servidos, os encargamos y mandamos que, platicado en nuestros oidores y oficiales de la Nueva España y otras personas que de ello tengan noticia y amén nuestro servicio, lo proveais como vieréis que más conviene para el efecto. Y si vieréis que para mejor cumplirse, convendría que de estos reinos, o de otras partes, se os envíe alguna cantidad de esclavos, nos avisaréis de ello, particularmente del número y calidad de ellos, y de lo que hubieréis comenzado a efectuar en este caso, para que yo lo mande proveer con brevedad, como convenga a nuestro servicio y al buen recaudo de nuestra hacienda.
14. Otrosí, somos informados que la provincia, o la mayor parte de ella, es muy fértil y abundosa, y tiene en sí diversidad de cosas de que nos podríamos ser servidos y los naturales y pobladores aprovechados, si con buena industria y buen cuidado se entiendiese en ello. Por ende, yo os encargo y mando que como cosa en que nos tendremos de vos por muy servidos, os informéis y entendáis en ello, siendo las cosas de calidad que al presente o adelante veais que puede resultar crecimiento a nuestras rentas y patrimonio real. Y encomendaréis el cargo y administración de cada una de estas cosas a nuestros oficiales y a otras personas que os parezcan más hábiles y suficientes, y que más convienen a nuestro servicio y al buen recaudo de nuestra hacienda.
15. Otrosí, os informaréis cuántos corregidores son los que por nuestro mandado, o de la audiencia en nuestro nombre, están proveídos en la provincia, y qué salarios llevan, y lo que montan todos ellos, y que pro y utilidad se sigue así a nuestro servicio como a la república. Y proveeréis acerca de todo lo que vereis que más conviene, excusando toda la costa y gasto que buenamente y sin inconveniente se pudiere excusar.
16. Otrosí, os informaréis en qué lugares de la Nueva España y otras provincias a ella comarcanas, que vienen por apelación a dicha audiencia, hoy, presentados por nos y proveídos por su santidad, obispos; y qué límites tiene cada uno de los obispados; y si convendría al presente o para adelante quitar o alargar los límites de los obispados o alguno de ellos para que los prelados y cabildos y fábricas y beneficiados tengan renta congrua y honesta sustentación. Y de lo que acerca de ellos os pareciere, envíaréis particular relación para que yo lo mande ver y proveer como convenga al servicio de Dios Nuestro Señor.
17. Otrosí, por cuanto nos habemos mandado al presidente y oidores de la audiencia se informen de la manera que se podría tener, para que los indios naturales de la provincia paguen diezmos eclesiásticos, que según ley divina y humana son obligados a pagar, y proveyesen acerca de ello lo que les pareciese sin vejación ni escándalo de los naturales. Os informaréis lo que acerca de esto está hecho, y, juntamente con los obispos y prelados, proveerá en ello lo que os pareciere que más conviene al servicio de Dios y nuestro. Y si viereis que la cantidad de los diezmos es de tanto valor que excede de lo que es necesario para el dote de las iglesias y prelados y ministros de ella, señalaréis para nos y nuestra corona de Castilla la cuota que os pareciere que se nos debe reservar, para disponer de ella como nuestra merced y voluntad fuere, pues los diezmos nos pertenecen por concesión apostólica. Y de lo que acerca de esto ordenareis y os pareciere que yo debo mandar proveer, me avisaréis muy particularmente, guardando en esto de los diezmos lo que por nos está escrito y mandado.
18. Otrosí, os informaréis de los monasterios que están hechos o comenzados en la provincia, y de los que convendrá que de nuevo se hagan en ella para mejor instrucción de los naturales a nuestra santa fe. Y proveeréis que aquellos se hagan con ayuda de dichos indios, a la menor costa nuestra que sea posible sin vejación ni agravio de los naturales. Y nos avisaréis de lo que acerca de ello hiciereis, y de lo que os parecerá que yo debo de nuevo mandar proveer, así en enviar religiosos de buena vida y ejemplo, como en otras cosas convenientes para dicho efecto.
19. Otrosí, os informaréis de las fortalezas y casas fuertes que en la ciudad de México y en otras partes de la provincia están hechas, y de las que convendrán que de nuevo se hagan, así en los puertos del mar como en otros lugares de la tierra. Y las que hallareis ser necesarias a nuestro servicio y seguridad y defensa de la tierra, mandaréis que se haga con ayuda de los indios y sin vejación ni agravio de ellos, como dicho es. Y nos avisaréis de ello y de las personas que nos han servido y os parecieren hábiles y calificadas para ser alcaides de ellas, y de los salarios y otras cosas que convendrá tener en cada una de ellas; y asimismo de la munición y artillería y otras armas necesarias en cada una de ellas para su defensa, para que yo le mande ver y proveer como convenga a nuestro servicio. Y si viereis que de la dilación de consultarlo con nos y esperar nuestro mandamiento, podría resultar algún daño de que nos fuésemos deservidos, proveeréis vos en el entretanto lo que convenga y viereis ser necesario para excusarlo.
20. Otrosí, os informaréis en qué estado están las cuentas que hemos mandado tomar a nuestros oficiales y otras personas que han tenido cargo de nuestra hacienda; y mandaréis de nuestra parte que se continúen y fenezcan, y se cobren los alcances que se hicieren o estuvieren hechos; y nombraréis para ello los contadores y otras personas que convengan para tomar dichas cuentas y fenecimiento y alcance de ellas, con el poder y facultad que a vos os parezca que deben tener, para mejor y más breve expedición de dichas cuentas y cobranza del alcance que en ellos hubiere.
21. Otrosí, os informaréis de la manera que al presente se tiene en hacer esclavos los indios naturales de aquella provincia, así por los caciques como por nuestros gobernadores y capitanes en la guerra que en nuestro nombre se les hace. Y asimismo, os informaréis de la manera que al presente se tiene en el cargar de los indios que llaman tamemes, y veréis las provisiones y ordenanzas que de ello están dadas. Y me avisaréis de si aquello que está proveído es bastante remedio para excusar los inconvenientes y excesos que en esto ha habido, o qué otra orden se podría dar en ello, lo que fuese mejor. Y ordenaréis lo que viereis que más conviene al buen tratamiento de los naturales y conservación y aumento del trato y comercio de la república de la provincia, sin agravio ni premio de los naturales de ella.
22. Otrosí, os informaréis de las poblaciones que nuevamente están hechas en Oaxaca y Puebla de los Angeles y Santa Fe y Michoacán, y si son convenientes al servicio de Dios y nuestro, y si convendrá sostenerlas o acrecentarlas o mudar o ordenar acerca de ello alguna cosa. Y proveeréis todo como a vos os pareciere que será mejor para el servicio de Dios y nuestro, y bien de la república de cada uno de estos pueblos, teniendo atención de lo que está ordenado o se ordenare no nazca error ni cosa escandalosa ni que desvíe de nuestra religión cristiana.
23. Otrosí, os informaréis en qué partes y lugares de la provincia convendrá hacer algunos pueblos de españoles, o si será bien para la conversión de los naturales a nuestra santa fe y buen tratamiento de ellos, que en los pueblos donde ellos viven haya vecinos y moradores españoles. Y lo que acerca de esto os pareciere más cumplidero para dichos efectos, lo proveeréis y nos daréis aviso de lo que acerca de ello proveyereis y ordenareis.
24. Otrosí, por cuanto acerca de la conquista y hacer guerra a los indios, en los casos de derecho permitidos están por nos dadas muchas y diversas provisiones e instrucciones de la forma y orden que acerca de esto, y de cautivar por esclavos los indios en la guerra, han de guardar; yo os encargo y mando que veaís todo lo que acerca de esto está proveído, ordenado y mandado, como cosa muy importante al servicio de Dios y nuestro, y que deseamos mucho acertar. Y por descargo de nuestra real conciencia acerca de ello, me enviéis relación verdadera de lo que en esto pasa, y de lo que os parece, y conviene que en ello se provea para reducir los naturales de aquella provincia a nuestra santa fe y ponerlos en nuestro señorío y obediencia, por manera que cesen las muertes y robos y otras cosas indebidas que se han hecho en la conquista y en cautivar y haber por esclavos dichos indios.
25. Me ha sido hecha relación por parte de la ciudad de México, que conviene a nuestro servicio y seguridad y noblecimiento de ella, que mandásenos proveer que las atarazanas, que es fortaleza de la ciudad, se mude de donde al presente está, y se haga en la calzada de Tacuba, porque al tiempo que se hizo en la parte donde ahora está fue causa que todo era por allí agua para el efecto de los bergantines, y que ahora estaba seco de manera, que aunque los bergantines hubiesen de servir, no había agua por donde entrasen ni saliesen sin mucho trabajo, y que para ello estaría en mejor parte y mas cercana a la tierra firme haciéndose en la calzada de Tacuba; y que estando allí, sería parte para defender dicha calzada y estaría libre de los naturales cuando algún bullicio hubiese, y que dicha calzada era la que más convenía que estuviere guardada; y que así era necesario que la fortaleza se hiciese grande y fuerte, para que en ella hubiese casa de munición de armas; y que asimismo convenía, y era necesario, que en las otras calzadas de ella se hiciese, en cada una, una fuerza en que pudiese haber algunos tiros de artillería para defensa de ellas, porque cada y cuando conviniese entrar y salir por dichas calzadas se pudiese hacer; y que asimismo convenía que la ciudad se cercase de muro aquello que se señalase por población de los españoles, porque estaba claro que, estando cercado, tendría más defensa y seguridad; y mandásenos comprar y proveyésemos como siempre hubiese armas en la ciudad de todo género, y casa, y munición de ello, porque así convenía para la seguridad de aquella tierra. Os informaréis de todo esto y veréis lo que conviene que acerca de ello se haga, y me avisaréis de lo que os pareciere que se debe hacer para que, visto, mande proveer lo que convenga.
26. Item. Sabed que yo he mandado tomar cierto asiento y capitulación con Micer Enrique y Alberto Aion, alemanes, sobre el hacer criar y beneficiar pastel y azafrán en la Nueva España, cuyo traslado se os dará para informacion vuestra. Y porque esta negociación se tiene por cosa importante a nuestro servicio y acrecentamiento de nuestras rentas reales, os encargo y mando que tengáis cuidado de ayudar y favorecer dicha negociación para que haya efecto, y de que se les guarde y cumpla lo que por la capitulación está asentado con dichos alemanes.
27. Asimismo, sabed que al tiempo que mandamos proveer los oidores que al presente residen en la Audiencia Real de México, por estar los mantenimientos y cosas de aquella provincia caras, porque se pudiesen bien y honradamente sustentar, les mandamos señalar a dos mil ducados de salario en cada año a cada uno. Ahora, vista la abundancia en que a Dios gracias la tierra está y los precios de las cosas de ella, ha parecido que les basta para su sustentación que tengan cada uno 500.000 maravedís de salario, y así he mandado despachar la cédula de ello, que se os entregará. Por ende, yo os mando que la hagáis luego notificar a los oidores y a nuestros oficiales para que de ahí adelante no les paguen más salario de a razón de 500.000 maravedís por año.
En lo cual entenderéis con aquel cuidado y diligencia, fidelidad y buen recaudo que yo de vuestra prudencia confío.
Fecha en Barcelona a 25 de abril de 1535. Yo el Rey. Por mandado de S. M. Cobos, comendador mayor. Señalada del Conde y Beltrán y Suárez y Mercado.”
In: Lewis Hanke et al.: “Los Virreyes españoles en América durante el gobierno de la casa de Austria: México”. 5 vols. Madrid, 1976-1978. Vol. I, pp. 21-31.
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ADDENDA II - Instrucciones al Virrey, 1568
ADDENDA II
INSTRUCCIÓN DE FELIPE II AL VIRREY DE NUEVA ESPAÑA, MARTÍN ENRÍQUEZ ALMANSA.
[Aranjuez, 7 de Abril de 1568]
“Lo que vos Don Martín Enríquez a quien hemos provisto del cargo de nuestro virrey de la Nueva España y sus provincias y presidente de nuestra audiencia real que reside en la ciudad de México de dicha Nueva España, habéis de hacer el servicio de Dios Nuestro Señor y nuestro y bien de toda aquella tierra, además de lo contenido en los poderes que de nosotros lleváis, lo siguiente:
1. Primeramente, por cuanto en reconocimiento de tan gran merced como Nuestro Señor nos ha hecho en hacernos rey y señor de tantas y tan largas provincias como son las de nuestras Indias, nos tenemos siempre por obligados a dar orden como los naturales de dichas provincias le conozcan y sirvan y dejen la infidelidad y error en que han estado, para que su santo nombre sea en todo el mundo conocido y ensalzado; y dichos naturales puedan conseguir el fruto grande de su sagradísima redención. Pues este es el principal y final deseo e intento que tenemos conforme a la obligación con que dichas Indias se nos han dado y concedido. Os mandamos y mucho encargamos que tengáis muy especial y por más principal cuidado de la conversión y cristiandad de dichos indios, y que sean bien enseñados y adoctrinados en las cosas de nuestra santa fe católica y ley evangélica; y que para esto os informéis si hay ministros suficientes que les enseñen dicha doctrina y los bauticen y administren a los otros sacramentos de la santa madre iglesia de que tuvieren habilidad y suficiencia para recibirlos.
Si en esto hubiese falta alguna la comunicaréis con los prelados de las iglesias de sus provincias, cada uno en su diócesis y nos enviaréis relación de ello y de lo que a vos y a nuestros oidores con quienes también lo comunicaréis. A los dichos prelados pareciere que se debe proveer para que visto vuestro parecer mandemos proveer en ello lo que convenga, y entretanto vos con los dichos oidores y prelados proveeréis en ello lo que más convenga para que por falta de doctrina y ministros que se la enseñen a dichos indios no reciban daño y perjuicio en sus ánimas y conciencias; lo cual haréis y cumpliréis con toda diligencia y cuidado como de vos se confía, con que descargamos nuestra real conciencia y encargamos la vuestra.
2. Porque la gobernación espiritual de aquellas provincias está encargada principalmente a los dichos prelados de las iglesias de ellas con lo cual descargamos nuestra real conciencia y deseamos mucho que tengan el cuidado y vigilancia que conviene en cosa tan cargosa y donde hay tanto que hacer, les encargaréis de nuestra parte que estén vigilantes y hagan lo que deben buenos prelados y pastores como creemos que lo han hecho y hacen. Porque su descuido y negligencia el demonio no tenga más parte de la que en tiempo de su infidelidad ha tenido.
3. Porque si entre los prelados y religiosos de aquellas partes hubiese alguna diferencia, que no creemos, pudiera haber muchos inconvenientes por el escándalo que podría causar entre los dichos indios. Debiendo ello ser los que principalmente fuesen causa de quitar todo escándalo si ello acaeciese, procuraréis que se remedie con toda conformidad para que sirva a Dios Nuestro Señor y se entienda en el provecho espiritual de los indios pues es el fin más principal que se debe pretender.
4. Porque somos informados de que el principal fruto que hasta aquí se ha hecho y al presente se hace en aquellas provincias en la conversión de los dichos indios, ha sido y es por medio de los religiosos que en las dichas provincias han recibido y reciben. Llamaréis a los provinciales priores y guardianes y otros prelados de las órdenes o lo que de ellos os pareciere, y daréis orden a ellos que se hagan y edifiquen y pueblen monasterios con acuerdo y licencia de diocesano en las provincias, partes y lugares donde veáis que hace más falta la doctrina. Encargándoles que tengan muy especial cuidado de la salvación de aquellas ánimas como creemos siempre lo han hecho, animándolos a que lo lleven adelante y que en el asiento de los monasterios tengan principal respeto al bien y enseñanza de los dichos naturales, que a la consolación y contentamiento de los religiosos que en ellos hubiesen de morar. Advierta mucho que no se haga un monasterio junto a otro sino que haya de uno a otro alguna distancia de leguas. Por ahora pareciere que conviene porque dicha doctrina se puede repartir más comodamente entre todos los naturales. Para los gastos de los edificios de dichos monasterios que se hubiesen de hacer y quien y como lo han de pagar está provisto por nosotros lo que se ha de hacer, para lo cual llamaréis para ello al arzobispo en cuyo distrito se hubiese de hacer tal monasterio, y al provincial de la orden de que se funde el dicho monasterio conforme a lo previsto por nosotros.
5. Porque tenemos relaciones que algunos españoles les pesan que residan religiosos en sus pueblos de indios, que tienen encomendados para sus particulares fines, y a esta causa procuran por sus criados e interpósitas personas que se les hagan molestias y malos tratos para que dejen los pueblos en que ya moran, y no vengan a hacer asiento en ellos. Lo cual si así es, sería gran ofensa a Dios Nuestro Señor e impedimento de nuestro principal fin que pretendemos que es la conversión y cristiandad de dichos indios e injuria de dichos religiosos. Y fuera más justo y más conveniete para el descargo de sus conciencias, que los dichos españoles procuraran religiosos para los pueblos de sus encomiendas; para que los descargasen de la grandísima obligación que les está impuesta por las cédulas que tienen en dichas encomiendas. Informaréis de lo que acerca de esto pasa y proveeréis que se castiguen con rigor los excesos que en esto hubiese habido y daréis orden que cesen y no se hagan de aquí en adelante y que dichos religiosos tengan libertad de entrar en los pueblos donde les parecere ser necesario plantar la ley evangélica y a doctrina cristiana en los dichos naturales. Asimismo, para hacer y edificar monasterios donde les pareciere por la orden y forma que está dicha.
6. Otrosí, somos informados que dicen que muchas veces los que tienen indios de pueblos encomendados y sus calpisques y otras personas por ellos, impiden a los indios que vayan a los monasterios donde todos ellos se juntan para aprender la doctrina cristiana, diciendo que con aquello se distraen de pagar sus tributos en lo cual reciben dichos indios muy notorio daño y perjuicio en su cristiandad. Tendréis muy especial cuidado que se castigue lo que en esto se hubiere excedido y se remedie en adelante y que ninguna persona ose poner en esto impedimento alguno a dichos indios, so muy graves penas de que no ha de haber remisión alguna y así lo mandaréis pregonar en los pueblos de españoles de esa Nueva España y en los principales lugares de los indios.
7. Asimismo en la ciudad de México hay un monasterio donde se recogen todos los mestizos y muchachos perdidos de la tierra y como la tenemos por obra buena, santa y provechosa, querríamos favorecerla por el buen fruto que de ella se espera. Luego de que lleguéis a la ciudad de México os informaréis del estado en que esta dicho colegio y provecho que en él se hace, y del cuidado que de él se tiene y si los niños que allí concurren aprovechan la buena doctrina y costumbres. Si acerca de esto hubiere alguna falta proveeréis lo que os pareciere que más convenga al servicio de Dios Nuestro Señor y nuestro y nos avisaréis particularmente de todo, porque en diversos veces hemos hecho merced a dicho colegio de alguna suma de maravedíes, como constara por las cédulas que acerca de ello hemos dado. Daréis orden que se tome cuenta de dicho dinero y sabréis como se ha gastado y en que y los que no se hubieren gastado daréis orden de como gastarlo en cosas necesarias y provechosas para dicho colegio. Y de todo nos daréis particular relación porque al virrey Don Luis de Velasco cometimos que se diese orden como se tomare la cuenta de los dineros de que habíamos hecho merced a dicho colegio. Haréis rever la dicha cuenta y saber como se ha gastado el dinero que hemos mandado dar para dicho colegio, y lo que no estuviese gastado daréis orden de como se gaste en cosas necesarias y provechosas, y de todo nos daréis particular relación.
8. Otrosí, porque os está ordenado y mandado que de ninguna manera ni por ninguna vía se carguen los indios en la Nueva España, porque cesen las muertes y daños que por esta causa se les puede causar y para remedio de esto convendría que se abran caminos y se hagan puentes con brevedad para que las recuas puedan ir libremente a todas partes. Os informaréis de lo que sobre ello hizo Don Luis Velasco, que fue virrey de aquella tierra y si en algunas partes hubiere necesidad de que se hagan dichos caminos y puentes, daréis orden de que se hagan y proveeréis que se guarde y cumpla lo que por nosotros está mandado acerca de no cargar dichos indios; y veréis las provisiones que acerca de ello están dadas.
9. En dicha ciudad de México y en algunos pueblos de la Nueva España se han hecho casas donde se recogen algunas indias doncellas para adoctrinarlas en las cosas de nuestra santa fe católica y enseñarlas como han de saber regir sus casas cuando fueren casadas. Esta obra la tenemos por importante al servicio de Dios y bien de los naturales de aquella tierra y por esta causa deseamos que vaya en crecimiento y se favorezca en todo lo que hubiere lugar. Nos informaréis que casas hay de esta calidad y que orden se tiene en ellas de adoctrinar y enseñar a las indias y como se sustentan y de que oficio, y de lo que conviene que se haga para su conservación. Procuraréis favorecerlas siempre y tener cuidado que en las provincias donde hubiere buen aparejo y no las hubiere se hagan casas para este efecto y se pongan en ellas mujeres de buen ejemplo y doctrina, para que se comunique el fruto de esta buena obra en toda la tierra. Enviaréis relación de lo que en esto supiéreis y de las cosas que os pareciere se deben proveer por nosotros para la conversión, aumento y perpetuidad de estas cosas.
10. También somos informados que en dicha ciudad de México y su comarca había muchas niñas mestizas hijas de españoles e indias que andaban perdidas sin padre y sin tener persona que las recogiese, se había hecho una casa para su recogimiento y sustentación y doctrina. Deseamos que esta buena obra se conserve y lleve adelante y nos informaréis del estado de esta casa y de lo que en ella se hace, así como de lo que tiene para sus sustentación y limosnas que para ello se hacen. Procuraréis en todo su favor y aumento como os mandamos que lo hagáis en las cosas de las Indias en el capítulo precedente.
11. Porque se nos ha hecho relación en la ciudad de México hay dos hospitales para recoger y curar a los enfermos, los visitaréis y nos informaréis bien del orden que en ellos se tiene para la cura y servicio de los enfermos, de su edificio y de la dote y limosna con que se sustentan. Procuraréis que sean favorecidos y se de orden en ellos como conviniere para la buena cura y tratamiento de los enfermos. Por el prelado de aquella ciudad si viéreis que hay necesidad de más orden de lo que al presente tienen, y siempre tendréis especial cuidado, vos y los oidores de la Audiencia real de dicha Nueva España, de favorecer estos hospitales pues es obra de tanto servicio de Dios y tan necesaria para los pobres de aquellas partes.
12. Porque somos informados que los indios que andan en las minas de plata de Nueva España, así libres como esclavos, reciben mucho daño en lo que toca a sus ánimas y conciencias, como en el buen tratamiento de sus cuerpos, entre otras cosas que visitaréis serán dichas minas, las que buenamente podáis y las que no las visitará el oidor que hubiere de ir a visitarlas. Daréis orden de que cesen dichos daños y agravios y nos informaréis si en dichas minas hay personas suficientes que tengan cuidado de adoctrinar a los dichos indios en las cosas de nuestra santa fe católica y administrar los santos sacramentos de la iglesia. Si hay algunos indios tenidos por esclavos que en verdad sean libres, haréis justicia acerca de ello conforme a un capítulo de una carta que mandamos a nuestro presidente y oidores de la audiencia real de la ciudad de México, que habla acerca de la orden que se ha de tener en los pleitos sobre la libertad de los indios y asimismo, os informaréis si algunos indios libres andan al servicio de dichas minas contra su voluntad y los pondréis luego en libertad.
13. Porque por falta de no visitarse la tierra los indios han recibido muchos agravios, mayormente los que están apartados de México, por ende, tendréis especial cuidado al llegar a la tierra de informaros de lo que pasa acerca de la orden que en cada lugar y pueblo se tiene en su doctrina, quien se la muestra, quien les dice misa les administra los sacramentos de la iglesia, y si en esto hubiere alguna falta daréis orden como se provea luego. Asimismo os informaréis en cada pueblo si tienen tasación de tributos y por quien fue hecha y si excede en llevarles más tributos, y si dichas tasaciones son excesivas y si están tasados en servicios personales. Si reciben otros daños y agravios, de que personas, y en todo haréis justicia y lo proveeréis de manera que los indios queden desagraviados y los tributos muy moderados, guardando y ejecutando en todo lo que las leyes nuevas que mandamos hacer para el buen gobierno de las Indias disponen. Veréis una provisión real que mandamos dar acerca de los servicios personales, la haréis guardar, cumplir y ejecutar como en ella se contiene y nos avisaréis de lo que hiciereis y porque podría ser que se hubiese hecho alguna novedad de lo que por nosotros fue ordenado acerca de ello, nos informaréis de lo que pasa. Estando vos ocupado de manera que no convenga salir de la ciudad de México, proveeréis que vaya de vista uno de los oidores de la audiencia real de la Nueva España, al que ordenaréis que haga lo tocante a las tasaciones. Llamadas y oidas las partes a quien tocare al que mandamos que tenga y reciba de ayuda de costa a razón de 300,000 maravedíes por año su salario y no más.
14. Otrosí, en algunos pueblos de indios hay tasaciones confusas que no tienen número ni cantidad cierta de lo que los indios han de pagar. Así muchas veces los indios han de pagar más de lo que deben, daréis orden como luego se aclaren y se haga tasación cierta y determinada para que los indios sepan lo que han de pagar y que sea moderada como está dicho. Y no sea causa de que paguen más de lo que deben y conforme a la orden que ahora nuevamente hemos mandado en la cobranza y distribución de los tributos para remedio de excesos y agravios que los indios de sus caciques y otras personas en esto reciben.
15. Los indios en su naturaleza en inclinación son amigos de holgar, de lo que se sigue harto daño, proveeréis en todas las provincias de la Nueva España que los indios que fueren oficiales entiendan y se ocupen de sus oficios y los que fueren labradores que cultiven y labren la tierra y hagan sementeras de maíz y de trigo, dándoles tierra en que labren en perjuicio de terceros. Los mercaderes que entiendan en sus tratos y mercaderías y los indios de de ninguna cosa de esas se ocupen. Daréis orden que se alquilen para trabajar en labores de campo y obras de ciudad de manera que no estén ociosos, porque la ociosidad es causa de muchos vicios, y encargaréis a los religiosos que les persuadan de que así lo hagan. Vos por vuestra parte así lo haréis y los oidores que visitaren tendrán el mismo cuidado en que lo ya dicho se haga y efectúe por mano de nuestra justicia, y que los españoles no los puedan compeler aunque sea a los indios de su encomienda. Daréis orden de que les paguen el jornal de su trabajo a los mismos indios que trabajaren y no a sus principales ni a persona alguna y que el trabajo sea moderado y sepan los que se excedieren en esto que han de ser gravemente castigados.
16. En las provincias de la Nueva España hay tierras muy buenas y templadas para en ellas plantar moreras y criar seda. Tendréis especial cuidado de informaros de dichas tierras y procuraréis que los indios que las tuvieren o si fueren en baldías, que los indios comarcanos planten las moreras y se den a criar la seda, tanto los indios que están en nuestra real corona como los que están encomendados.
17. Como en la Nueva España se da algodón en mucha cantidad porque los indios se dan a ello, lo hilan, tejen y hacen mantas; de la misma manera se darán lino si los indios se dieran a sembrarlo. Sería cosa útil y provechosa y procuraréis que los indios se apliquen a sembrar lino, hilarlo y tejerlo, ya que podría haber tanta abundancia y se podrían hacer tantos lienzos en aquella tierra, que ésta proveyese de lienzos de las Indias sin que fuese necesario traerlos de otros reinos extraños, o por lo menos, que las Indias se proveyesen de los lienzos hechos allá sin llevarlos de acá.
18. Asimismo somos informados que en muchas ciudades de la Nueva España, hay tierras muy buenas y aparejadas para poner caña de azúcar, hacer ingenios, porque son tierras templadas y de mucha agua. Así, cerca del mar del norte como en la costa del mar del sur, procuraréis que algunas personas se encarguen de hacer algunos ingenios de azúcar y los favoreceréis en lo que buenamente se pudiere hacer; dándoles tierras donde hagan los ingenios y planten la caña, lo que pareciere ser conveniente para ellos sin que sea ningún perjuicio para los indios, y han de entender que han de tener negros para el servicio de sus ingenios sin que en ellos entiendan indios, so graves penas.
19. Otrosí, somos informados que muchas de las estancias de ganado de españoles están en perjuicio de los indios por estar en sus tierras o muy cerca de sus labranzas y haciendas, a cuya causa dicho ganado les come y destruye sus sementeras y les hacen otros daños. Para remedio de esto proveeréis que el oidor que fuere a visitar, lleve a cargo como cosa principal el visitar dichas estancias sin ser requerido y ver si están en perjuicio sus tierras y las que hallare estar en perjuicios las mande luego quitar y pasar a otra parte que sean baldíos sin perjuicio de nadie. Ya que por la bondad de Dios la tierra es tan larga y tan grande que los unos y los otros podrán bien caber sin hacerse daño; esto hará el oidor, llamadas y oídas las partes a quien tocare.
20. Somos informados que algunas de las estancias de ganado están y ocupan tierras de regadío muy buenas para sembrar trigo y si allí no estuviesen las estancias los indios sembrarían estas tierras de trigo de regadío no se hielo y el que se coge sin regarse recibe en su mayoría el daño de los hielos. Por esta causa algunas veces dicen que hay falta de pan en la Nueva España, por ende, os informaréis de todas las tierras de regadío que hubiere y daréis orden que se siembren de trigo y si hubiere en ellas algunas estancias de ganado que no tengan título legítimo sobre las tierras las mandaréis quitar y pasará a otras partes donde estén sin perjuicio. Daréis orden a los indios que en las tierras de regadío siembren trigo, que la tierra sea muy bien abastecida y si tuvieran algún título, llamadas y oídas las partes haréis en ello justicia.
21. Otrosí, para seguridad y población de la tierra nos informaréis en que partes y lugares de la Nueva España conviene hacer y edificar algunos pueblos de españoles y procuraréis saber de algunos buenos sitios y proveeréis acerca de ello lo que viéreis que más conviene que sea sin perjuicio ni vejación alguna a los indios, y nos avisaréis de lo que acerca de ello hiciéreis.
22. Aca se ha tenido relación de que la ciudad de Veracruz es malsana y así muchos de los que de acá van a la Nueva España y de allá vienen a embarcarse, peligran sus vidas por detenerse en ella más de lo que conviene, por no haber otra parte y lugar donde estar. Para remedio de esto parece que convendría hacer y poblar un pueblo de españoles en término de Jalapa, que se tiene por buen sitio, lugar conveniente, y sano para convalescer los enfermos y los sanos conservarse. Según veréis por un capítulo de la congregación de los prelados que se hizo en la ciudad de México, por nuestro mandado del tenor siguiente:
la ciudad de Veracruz, mudándola de donde está, que es sepultura de vivos, con Guacuzalco y Tabasco Chinata Guazpaltepec y Tetlua, otro obispado con que se haga un pueblo de españoles en el término de Jalapa, que sea cabeza de obispado con un hospital real que se haga para remediar muchas vidas de hombres.
23. Asimismo se tiene noticia que sería buen sitio para otro lugar en la estancia de Villalobos, que está en el camino de la ciudad de Veracruz a la ciudad de Los Angeles. Veréis lo uno y lo otro pues por ambos sitios habéis de pasar y os informaréis bien de ello. Con el parecer de nuestros oidores proveeréis lo que convenga y que sea sin perjuicio ni vejación alguna de los indios y nos daréis aviso de ello.
24. Ya sabéis como vais como presidente de la audiencia real que reside en la ciudad de México y por la provisión que os mandamos dar, por ella veréis que se os manda que no tengáis voto en las cosas de justicia, así lo haréis y cumpliréis dejando la administración de ella a los oidores de la audiencia real, para que ellos la administraren en aquellas cosas y de la manera que lo hacen nuestros oidores de las audiencias que residen en la villa de Valladolid y la ciudad de Granada. Conforme a las ordenanzas de la real audiencia y en las cosas de justicia que los oidores proveyeran, despacharen y sentenciaren, firmaréis vos con ellos en el lugar que suelen firmar los presidentes de nuestra audiencia de Castilla.
25. En las cosas que tocaren a la gobernación de la Nueva España, vos sólo entenderéis en ella conforme a las provisiones e instrucciones que para ello os he mandado dar, pero será bien que siempre comuniquéis a los oidores las cosas importantes y que vos pareciere para mejor acertar y seguiréis lo que después de comunicado con ellos os parezca.
26. Otrosí, vos proveeréis los corregimientos de toda la tierra, a quien os pareciere según y como los proveyera Don Luis de Velasco, nuestro virrey y gobernador de la Nueva España, guardando en ello la orden por nosotros dada. Por una de las leyes nuevas que dispone y porque los oidores tienen conocimiento de las personas de la tierra y de lo que cada una ha servido y merece, será bien que si os pareciere lo comuniquéis con ellos y oído haréis lo que a vos mejor os pareciere.
27. Asimismo os mandamos que cuando algún oficio de regimiento o escribanía de la ciudad de México o de otra ciudad cualquiera o villa de la Nueva España, o de otros oficios que sean provechosos, vacaren por muerte o renunciación o en cualquier otra manera, nos aviséis de tal vacante para que luego nosotros lo mandemos proveer a quien fueremos servidos. Si en el tal pueblo no quedare ningún oficio de escribano para servir, en ese caso y no en otro, podréis proveer entretanto la persona que os pareciere para que sirva en tal pueblo la escribanía que hubiere vacado. Nos avisaréis luego de la vacante a quien la habéis provisto, y no os entrometáis en proveer los dichos oficios ni perpetua ni temporalmente ni entretanto, que nosotros los proveeremos, sino que lo remitáis todo a nosotros como está dicho, si no fuere de la manera que arriba se os dice.
28. Otrosí, tendréis mucha diligencia y cuidado de ver las nuevas leyes que mandamos hacer para el buen gobierno de las Indias y las ordenanzas que mandamos para la audiencia real de México. Tendréis muy especial cuidado en la custodia y observación de ellas, mandándolas guardar, cumplir y ejecutar segun como en ella se contiene, excepto lo que de las nuevas leyes ha sido revocado por nosotros.
29. Por un capítulo de las nuevas leyes se ha provisto y mandado que no haya ni se consienta el traspaso de pueblos de indios ni por vía de venta, compra, ni por donación, ni por otro título, ni causa, ni debajo de cualquier color que sea. Lo veréis y mandaréis guardar, cumplir y ejecutar como en ella se contiene, porque dicha ley nunca ha ido revocada por nosotros ni hemos tenido tal intención.
30. Porque está mandado que se haga un muelle en el puerto de San Juan de Ulúa para la seguridad de los navíos que a él fueren. Os informaréis en que estado está la obra y lo demás que nosotros hemos mandado que se haga en dicho puerto. Daréis prisa a que se acabe y tomaréis cuenta de lo que se hubiere cobrado para la obra y de lo que se ha gastado en ella. Nos avisaréis en los primeros navíos que vengan a estos reinos del recaudo que ha habido y de lo que convendrá proveer acerca de ello. Entretanto vos proveeréis lo que más convenga a nuestro servicio y el bien de dicha obra.
31. Otrosí, en la Nueva España según somos informados, se coge cantidad de seda y hemos mandado que se pague de diezmo diez capullos uno, os informaréis que es lo que vale al presente en el arzobispado de México y en cada uno de los obispados de aquella tierra en cada año el diezmo de la seda como se distribuye y gasta conforme a la erección del arzobispado y obispados y nos avisaréis de ello.
32. Item, os informaréis muy particularmente que cantidad de grana y carmesí se coge en la Nueva España por año y que personas lo cogen, a que precio valen en aquella tierra y que conviene hacerse con ella. Si sería bien tomarse asiento con alguna persona que se obligara a traerlo a estos reinos y venderlo en ellos; y fuera de ellos dándonos un tanto de renta por año. Comunicándolo con los oidores de dicha audiencia nos enviaréis relación de ello y la resolución que tomaréis acerca de todo ello.
33. Otrosí, os informaréis que minas hay en la Nueva España y como se benefician y si es necesario proveerse algo de ellas. Nos enviaréis relación de lo que vieréis que convenga, breve remedio lo trataréis con nuestros oidores de la audiencia real de la Nueva España para que lo proveáis como convenga.
34. Porque el año 1543 mandamos dar y dimos nuestro provision real sellada con nuestro sello por la que mandamos echar de todas nuestras Indias a todos los moriscos libres y esclavos que en ellas estuviesen. Porque al servicio de Dios Nuestro Señor, nuestro y de la cristiandad de los indios, conviene que dicha provisión sea ejecutada por el grande e incomparable daño que se podría hacer a los indios, por ser tan tiernos en la fe. Os mandamos que veáis dicha provisión y la hagáis guardar, cumplir y ejecutar, según y como en ella se contiene, sin considerar cualquier apelación o apelaciones. En esto tendréis mucho cuidado de cumplirlo así y luego nos avisaréis de lo que acerca de ello hiciéreis.
35. Otrosí, por cuanto en el año 1546 próximo pasado mandamos dar y dimos una cédula y provision real por la que mandamos que todas las personas estando en las Indias que fuesen casados y tuviesen sus mujeres en Castilla, fuesen echados de las Indias o dentro de cierto tiempo llevasen a sus mujeres para hacer vida con ellas, en cierta forma según se contiene en dicha cédula. Lo cual no ha sido guardado tan cumplidamente como conviniere y desde entonces por otra cédula fechada en Madrid a 10 de Mayo del año 1567, mandamos que las personas que hay así en la Nueva España como en las otras partes de las Indias que sean casados o desposados en estos reinos y tienen en ellos a sus mujeres, y no habiendo llevado licencia para pasar a esas partes aunque sean casados o habiéndose acabado el término de la licencia en caso que la hayan llevado, los hagáis embarcar en los primeros navíos. Sin embargo que digan que han enviado o enviaren por sus mujeres, la veréis y la haréis guardar, cumplir y ejecutar de acuerdo a lo dispuesto y mandado por la cédula de que de su uso se hace mención, para lo cual pondréis la diligencia que de vos confiamos.
36. Item, mandaréis guardar y cumplir la provisión que manda echar esas partes a los frailes que han apostatado.
37. Tenemos mandado dar algunas cédulas y provisiones reales para que haya buen recaudo en las cartas que de esas partes fueren para todas las provincias de las Indias y en las que de las Indias vinieren para estos reinos. Para que no se estorbe a las personas que las quisieren escribir ni se les tome ni embaracen de ninguna manera, así las que fueren escritas para nosotros como para personas particulares y a nuestro servicio. Conviene que dichas cédulas y provisiones se guarden, cumplan y ejecuten, pues por medio de las cartas se sabe lo que pasa en aquellas partes para proveer lo que conviene a nuestro servicio y a la buena gobernación de las Indias. Las mandaréis guardar, cumplir y ejecutar de manera que en esto no haya falta ni negligencia alguna.
38. Los días pasados mandamos dar y dimos una cédula y provisión real por la que mandamos que los oidores de todas las Indias, islas y Tierra Firme del mar océano, porque puedan más libremente entender en la administración de la justicia que les está encargada y cometida. Por otros justos respetos no pueden tener ni tengan ganados ni minas, ni casas ni huertas, ni hacerlas ni entiendan en otras granjerías y mercaderías, según lo que más largamente en dicha cédula se contiene. La que parece haberse notificado a los oidores de la audiencia real de la ciudad de México, de la que por alguno de ellos fue suplicado ante nosotros. Porque a nuestro servicio conviene que dicha cédula se cumpla y ejecute, mandamos dar Y dimos nuestra sobrecarta de dicha cédula, por la que se manda que al margen de dicha suplicación guarden y cumplan lo que en la cédula está contenido. La veréis y cuando lleiuéis a la ciudad de México la haréis guardar, cumplir y ejecutar como en ella se contiene, al margen de la suplicación o de otra apelación, o recurso alguno que de ella se interpusiere. Porque nuestra determinada voluntad es que así se efectue, porque así conviene a nuestro servicio; y lo mismo proveeréis que guarden dichos oidores de las audiencias del distrito de la Nueva España.
39. Fuimos informados que en los bienes de los difuntos que murieren en la Nueva España sin testamento o sin dejar herederos no ha habido tan buen recaudo como convenía, proveímos acerca de ello con muchas cédulas y provisiones, lo que convenía. Y ahora ultimamente se ha provisto generalmente para las Indais lo que veréis por una provisión que hallarés en el archivo de dicha audiencia. Proveeréis que se guarde y cumpla en la Nueva España, en todo y por todo lo que en ella contiene y daréis orden que se ponga todo el buen recaudo que convenga en tales bienes.
40. A nuestro servicio conviene que haya cuenta y razón de las provisiones y cédulas que se han dado y se dieren de aquí en adelante para la audiencia. Proveeréis que todas se pongan en un archivo por su orden y que haya un libro donde todas se asienten por extenso para que más facilmente se hallen y se puedan ejecutar. Porque podría ser que por no saberse lo que está provisto se dejan algunas cédulas y provisiones de cumplir y ejecutar como convendría. Y las que de aquí en adelante mandaremos dar se han de asentar en dicho libro luego.
41. Asimismo os mandamos que todo lo que proveyeréis por vuestros mandamientos y en otra cualquier manera, quede registro de ello en extenso, firmado por el escribano que lo refrendare, lo cual se asienta en un libro que mandaréis hacer para dicho efecto, porque es razón que haya registro de vuestros mandamientos como lo ha de haber de lo que proveyeréis por nuestro título real y sello.
42. En la instrucción que dimos a Don Luis de Velasco, que fue virrey de la Nueva España, hay un capítulo del tenor siguiente, otro sí en la congregación que los prelados de aquellas provincias tuvieron el año 1546, por nuestro mandado; está un capítulo del tenor siguiente, la causa más principal porque se ha hecho esta congregación y lo que todos más deseamos y oramos a Dios con todo afecto es que estos indios sean bien instruidos y enseñados en las cosas de nuestra santa fe católica, en las humanas y políticas. Porque para ser verdaderamente cristianos y políticos como hombres racionales que son, es necesario estar congregados y reducidos en pueblos, y no vivan desparramados y dispersos por las sierras y montes, por la cual son privados de todo beneficio espiritual y temporal, sin poder tener socorro de ningún bien. Su Majestad debía mandar en toda instancia a sus audiencias y gobernadores que entre las cosas que tratan de gobernación, tengan por muy principal esta. Que se congreguen los indios como ellos más cómodamente vieren que conviene, con acuerdo de personas de experiencia y para que esto haga efecto y ellos sean provocados a congregarse, S. M. se ha servido hacerles merced de los tributos y servicios, o de buena parte de ellos. A los encomenderos mande lo mismo por el tiempo que estuvieren ocupados en congregarse y poner en orden sus pueblos y repúblicas, que no se podrá hacer sin dificultad y mucho trabajo y costa suya, pues todo está encauzado para servicio de Nuestro Señor y salvación y conservacinó de esta gente. Que se consiga el fin que S. M. pretende, la congregación suplica lo mande proveer con brevedad porque se tiene por cierto que de ello saldrá muy gran fruto. Así en la cristiandad como en la policía humana de los indios, se podrá tener más cierta cuenta en el patrimonio de Jesucristo y aun en el servicio y provecho temporal de Su Majestad. Veréis el dicho capítulo y comunicaréis su contenido a los oidores de la audiencia y con los prelados y religiosos que os pareciere que tengan experiencia de las cosas de la tierra. Platicaréis que orden se podrá tener para la ejecución de lo contenido en dicho capítulo, porque seríamos muy servidos que así se efectuase por las razones en él contenidas. Nos enviaréis vuestro parecer de lo que de ello resultare para que mandemos proveer la que más convenga al servicio de Dios Nuestro Señor y nuestro y bien de los indios. Entretanto proveeréis vos lo que os pareciere que convenga y tendréis cuidado de que lo contenido en dicho capítulo se cumpla y efectue como en él se dispone, por la mejor orden y más cómoda que allá vieren que convenga.
43. Otrosí, por cuanto por experiencias se ha visto el daño que ha causado el pasar a las Indias algunos frailes y clérigos sin licencia de sus prelados y sin llevar dimisorias, porque por la mayor parte son díscolos y de mal ejemplo que causarían daño en los indios. Os mandamos y encargamos no dejéis estar en la tierra a ningún religioso ni clérigo, ni otro alguno, exento de nuestra licencia expresa, y deis orden a sus prelados de que si los hay salgan de la tierra y sean traídos a España conforme a la cédula que está dada.
44. Otrosí, tendréis especial cuidado en guardar y cumplir los capítulos de corregidores, especialmente los que hablan y disponen acerca de los pecados públicos. Entenderéis en el castigo de ellos con toda diligencia y cuidado porque Dios Nuestro Señor será muy servido de ello. Como son los blasfemos, hechiceros, alcahuetes, amancebados, usureros públicos y juegos y tableros públicos y otros semejantes, en ello pondréis la diligencia que de vos confiamos para que se evite tanto daño.
45. Porque somos informados de que los vagabundos españoles no casados que viven entre los indios y en sus pueblos les hacen muchos daños y agravios tomándoles por fuerza a sus mujeres e hijos, haciendas, y les hacen otras molestias intolerables, para evitar dichos daños proveeréis que ninguna de las personas susodichas pueda estar ni habitar entre los indios ni en sus pueblos, so graves penas que les pusiéreis, las cuales ejecutaréis. En los que lo contrario hicieren, sin remisión alguna daréis orden de que dichas personas holgazanas, asientan con personas a quienes sirvan, o pretendan oficios, o se ocupen en algunas cosas en que puedan ganar y tener de comer. Cuando esto no bastare ni lo quisieren hacer, si viéreis que quisieren hacer, si viéreis que conviene, echaréis a algunos de la tierra para que los que quedaren con temor de la pena vivan de su trabajo y hagan lo que deban, lo cual se os remite a vuestra prudencia.
46. Asimismo habéis de estar advertido de que no habéis de proveer ni criar oficio ni acrecentar salario de nuevo, ni aumentar salario a persona alguna que tenga oficio provisto sin nuestra expresa comisión. Y que cuando en algún caso os pareciere que conviniese acrecentar dicho salario nos lo consultaréis primero para que una vez visto por nosotros se provea lo que más convenga.
47. Item, no habéis de librar cosa alguna en nuestra real caja por vía de merced ni gratificación, ni en otra manera alguna, sin nuestra comisión especial para ello.
48. Otrosí, no habéis de tomar de nadie dinero prestado ni otras cosas, ni dádivas ni presentes en poca ni en mucha cantidad. aunque sean cosas de comer o beber, bajo las penas contenidas en las leyes de nuestros reinos que acerca de ello disponen y de 2.000 ducados para nuestra cámara y fisco.
49. Otrosí, habéis de estar advertido de no dar a vuestros parientes ni allegados ni criados cosa ninguna de los aprovechamientos, ni oficios ni salarios y entretenimientos de la tierra, sino a las personas que conforme a las leyes y provisiones nuestras se les deben de dar y proveer antes. Tendréis cuenta de vivir de manera que con vuestra vida y costumbres deis buen ejemplo a los de aquella tierra como de vuestra persona se confía.
50. Item, no habéis de casar hijos ni hijas ni parientes en aquella tierra sin nuestra expresa licencia.
51. Asimismo tendréis especial cuidado de que el relator y los escribanos, así de la audiencia real como los de la ciudad, lleven los derechos que son debidos conforme a nuestro arancel y no más, porque en esto ha habido mucho exceso.
52. Asimismo al fin de cada año proveeréis una persona que vea y visite los registros de todos los escribanos públicos y del número y nuestros, para que vean si están conformes a las leyes y pragmáticas de nuestros reinos. Lo mismo que se ha dicho en este capítulo y en el supra próximo, proveeréis para todas las ciudades y villas y lugares de españoles de la Nueva España.
53. Porque por experiencia ha parecido que los daños e inconvenientes que se han causado y siguen de los que gobiernan en las Indias que entienden en granjerías y descubrimientos; en estos aprovechamientos os mando que no entendáis en armadas ni descubrimientos, ni tengais granjería de ninguna suerte de ganados mayores ni menores, ni estancias ni labranzas, ni casas ni viñas, ni ninguna otra labor, ni tengais minas ni tratos de mercaderías, ni otras negociaciones por vos ni en compañía, ni por interpósitas personas, directa o indirectamente, ni os sirvais de los indios de agua ni leña ni otros servicios ni aprovechamientos directos ni indirectos, porque teniendo esta consideración os mandamos dar salario competente con vuestro cargo.
54. Otrosí, cuando llegado a la Nueva España os informaréis del estado en que están las cosas de la casa de moneda de la ciudad de México. Habiendo necesidad de proveer algunas cosas en ella, nos avisaréis de ello y entretanto proveeréis como viéreis que conviene.
55. Otrosí, podría acaecer que hubiera alguna manera de levantamiento en aquella tierra, o venir de las provincias del Perú, o de otra parte, o de alguna isla o provincia cerca de la Nueva España; y en tal caso convendría proveer de paso que para remediarlo estaréis advertido. Cuando el caso ocurriere proveeréis para ello lo que convenga como persona que tendrá la cosa presnte.
57. Otrosí, os encargamos generalmente que miréis mucho por todo lo que convenga en esas provincias al servicio de Dios Nuestro Señor y nuestro y buena gobernación y población de esa tierra. Al buen tratamiento y conservación de los naturales de ella y al buen recaudo y aumento de nuestra hacienda, el cuidado de las cédulas y provisiones que para este efecto han sido dadas por nosotros y se dieren de aquí en adelante.
En lo que todo entenderéis con el cuidado y diligencia que de vos confiamos. Hecha en Aranjuez, 7 de junio de 1568, yo el rey, refrendada de Eraso señalada del Consejo.
El rey.”
In: Lewis Hanke & al.: “Los Virreyes españoles en América durante el gobierno de la casa de Austria: México”. Madrid, 1976-1978, 5 Vols. Vol. I, 1976, pp. 189-202.
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THESE ACADEMICA - Os Almirantes de Castella
Caros confrades,
Seguem aqui os indices e as paginas 91-115 e 212-214 da dissertação de doutoramento de
Francisco Javier García de Castro: “La marina de guerra de la corona de Castilla en la baja edad media.
Desde sus orígenes hasta el reinado de Enrique IV”.
Universidad de Valladolid, Instituto Universitario de Historia Simancas, 2011
ÍNDICE GENERAL.............................................................................................5
PRESENTACIÓN .............................................................................................13
CAPÍTULO I. ORIGEN DE LA MARINA DE CASTILLA .............................................21
************************************************
I. ANTECEDENTES..........................................................................................24
[...]
II. LA CAMPAÑA DE SEVILLA ...........................................................................37
III. LA CONSTITUCIÓN DE UNA MARINA REAL ...................................................44
CAPÍTULO II. EL ALMIRANTAZGO DE CASTILLA................................................. 49
*********************************************
I. LA INSTITUCIÓN........................................................................................ 51
― I. 1. Origen............................................................................................... 51
― I. 2. Evolución .......................................................................................... 56
― I. 3. Legislación......................................................................................... 63
[...]
―― 1399. Carta de Enrique III........................................................................ 77
―― 1405. Nombramiento de Alonso Enríquez ................................................... 79
―― 1411. Sobrecarta de Juan II......................................................................80
―― 1426. Nombramiento de Fadrique Enríquez..................................................81
―― 1464. Nombramiento de Alonso Enríquez ...................................................85
― I. 4. El tribunal del almirantazgo ................................................................. 87
II. EL ALMIRANTE ......................................................................................... 91
― II. 1. Atribuciones militares ........................................................................ 94
― II. 2. Atribuciones jurisdiccionales ............................................................... 96
―― II. 2. 1. Potestad judicial.......................................................................... 96
―― II. 2. 2. Potestad administrativa................................................................ 98
― II. 3. Atribuciones económicas....................................................................100
― II. 4. Los hombres del almirante ................................................................104
―― II. 4. 1. Jurisdicción militar......................................................................104
――― El sota almirante.................................................................................104
――― El Capitán Mayor de la Mar...................................................................105
――― Cómitres ...........................................................................................108
―― II. 4. 2. Jurisdicción civil ........................................................................110
――― Lugartenientes....................................................................................110
――― Alcaldes.............................................................................................112
――― Alguaciles ..........................................................................................113
――― Escribanos..........................................................................................114
III. PROSOPOGRAFÍA....................................................................................116
III. 1. Adelantado Mayor de la Mar .................................................................117
― Juan García de Villamayor..........................................................................117
III. 2. Almirantes..........................................................................................125
[...]
― Alfonso Enríquez (I) ................................................................................ 192
― Fadrique Enríquez ....................................................................................196
― Alfonso Enríquez (II) ............................................................................... 202
III. 3. Análisis de los Almirantes de Castilla..................................................... 203
― III. 3. 1. Alfonso X. Los comienzos del Almirantazgo..................................... 203
― III. 3. 2. Los años difíciles. La indefinición del Almirantazgo........................... 205
― III. 3. 3. Los dos Alfonsos: el Rey y el Almirante.......................................... 206
― III. 3. 4. El Almirantazgo y la Política ......................................................... 206
――Intento de secuenciación cronológica del conflicto Guzmán-Mendoza............. 208
― III. 3. 5. Los Enríquez. La patrimonialización de la Institución ....................... 212
CAPÍTULO III. HISTORIA DE LA MARINA DE CASTILLA .................................... 215
***************************************************
I. LOS ESCENARIOS BÉLICOS........................................................................217
― I. 1. El Estrecho ......................................................................................218
― I. 2. El Mediterráneo ................................................................................221
― I. 3. El Atlántico.......................................................................................223
II. LAS ACCIONES NAVALES [..]. UNA VISIÓN CRÍTICA ....................................226
[...]
― 1337. Primera guerra con Portugal ........................................................... 248
[...]
― 1369-1371. Segunda guerra con Portugal. El bloqueo de Sevilla.................... 282
[...]
― 1373. Tercera guerra con Portugal. La victoria de Lisboa.............................. 284
[...]
― 1381-1385. Cuarta guerra con Portugal .................................................... 288
― 1396-1402. Quinta guerra con Portugal .................................................... 293
[...]
― 1415. Conquista de Ceuta por los portugueses .......................................... 300
[...]
― La intervención en las Islas Canarias........................................................ .304
CAPÍTULO IV. ORGANIZACIÓN DE LA MARINA DE CASTILLA............................ 309
*********************************************************
I. ORDENANZAS Y NORMATIVA ................................................................... 311
― I. 1. Las Partidas.................................................................................... 313
― I. 2. Las Ordenanzas de 1430 .................................................................. 315
II. RECURSOS ECONÓMICOS........................................................................318
― II. 1. Servicios otorgados en Cortes ...........................................................321
[...]
―― 1429. Medina del Campo .......................................................................340
―― 1430. Salamanca ..................................................................................341
― II. 2. Obligaciones navales de los puertos de Castilla ................................... 341
― II. 3. Otras fuentes de financiación ........................................................... 345
―― II. 3. 1. Financiación a través de recaudación regia directa .........................345
―― II. 3. 2. Financiación a través del botín de guerra ......................................349
III. TRIPULACIONES .....................................................................................351
― III. 1. Clasificación .................................................................................. 351
― III. 2. Enrolamiento ................................................................................. 353
―― III. 2. 1. Cómitres y patrones ................................................................. 354
―― III. 2. 2. Marineros y galeotes ................................................................ 364
― III. 3. Condiciones de vida a bordo ............................................................. 370
IV. NAVES DE GUERRA ..................................................................................372
― IV. 1. Tipología .........................................................................................374
―― IV. 1. 1. Galeras ....................................................................................375
―― IV. 1. 2. Embarcaciones auxiliares de combate .......................................... 379
―― IV. 1. 3. Naves...................................................................................... 380
― IV. 2. Armamento y dotación ..................................................................... 382
― IV. 3. Tácticas de combate y estrategias...................................................... 388
V. INFRAESTRUCTURAS................................................................................. 392
― V. 1. Puertos atlánticos.............................................................................. 392
― V. 2. Puertos mediterráneos....................................................................... 398
― V. 3. Atarazanas ...................................................................................... 401
―― V. 3. 1. Santander ................................................................................. 405
―― V. 3. 2. Sevilla ...................................................................................... 407
VI. ¿UNA FLOTA PERMANENTE? ..................................................................... 411
CONCLUSIONES, &c...................................................................................... 425
Seguem as paginas mencionadas. Omitto notas, excepto, como exemplo e pella importancia, a nota 130
***********************************************************************************
II. EL ALMIRANTE
Almirante es el «cabdiello de todos los navios que son para guerrear». Así define Alfonso X el nuevo oficio de la Administración real instaurado por él, que atendía a sus planes de creación, organización y desarrollo de un poder naval en Castilla sobre el que asentar su política de dominio y control de los reinos heredados de su padre Fernando III. Se trata de una definición sencilla y directa pero que expresa mejor que cuanto se le pueda añadir qué era el Almirante. No obstante, osaremos introducirnos en el asunto para intentar exponer y recrear el pensamiento del rey Sabio al respecto, porque, sensible a las cosas de la mar, estableció además los inicios de una legislación al efecto, definiendo las funciones, deberes y privilegios del responsable de la Marina castellana, el Almirante.
Dispone Alfonso X las cualidades que debe reunir aquel en quien recaiga la dignidad del oficio, dejando ya claro, con anterioridad a cualquier nombramiento y en correspondencia con el elevado poder del que dispondrá, que no podrá tratarse de ningún plebeyo, sino de «buen linaje», equiparando de esta forma las virtudes del elegido a su mismo origen, es decir, el tan característico ensalzamiento medieval de una cuna noble, que viene a ser sinónimo de honradez, inteligencia, autoridad, valentía, buen juicio y lealtad, y que sólo podrán encontrarse en los pertenecientes a este privilegiado estamento social:
―― “Et por este poderio que ha tan grande debe ante seer mucho escogido el que quisieren facer almiral, catando que haya en sí todas estas cosas: primeramente que sea de buen linaje para tener vergüenza, et desi que sea sabidor de fecho de la mar et de la tierra porque sepa lo que conviene de facer en cada una dellas, et que sea de grant esfuerzo; ca esta es cosa quel conviene mucho para cometer et facer daño á sus enemigos, et otrosi para apoderarse de la gente que troxiere, que son homes que han siempre meester justicia et grant acabdellamiento: et otrosi debe ser mucho granado porque sepa bien partir lo que hobiere con aquellos quel han de ayudar et de servir. Et como quier que todos los homes hayan placer et sabor naturalmente quando les facen bien et les dan buena parte de lo que ganan, mucho lo han mayor los de la mar; lo uno por la grant cuita que sufren en ella, lo al porque son en logar que non pueden haber la cosa sinon por mano dél: et sobre todo le conviene que sea leal de guisa que sepa amar et guardar al señor et á los que van con él, et eso mesmo de non facer cosa que mal le esté”
En los inicios de la institución del Almirantazgo el nombramiento, duración y cese en el desempeño del oficio fue de completa discrecionalidad por parte del monarca, sólo atendiendo a las peculiaridades anteriormente señaladas o a la eficacia demostrada en el cumplimiento de las obligaciones inherentes al cargo, y en todo caso sin que el origen extranjero del elegido fuera un obstáculo para la designación, como se comprueba por la nómina de almirantes de la época estudiada, en la que encontramos a los genoveses Benedeto Zaccaria, Egidio Bocanegra y Ambrosio Bocanegra, y a los aragoneses Bernal de Sarriá y Gilberto de Castellnou. Como tampoco lo era el ya debatido Ramón Bonifaz, por más que no conste oficialmente como almirante.
Incluso el mismo Cristóbal Colón, Almirante de la Mar Océana, aun cuando exceda cronológicamente de nuestro estudio, no era castellano, si bien en este caso no se trata del Almirantazgo de Castilla histórico sino de uno de nueva creación en las tierras que se descubrieran para la Corona, pero cuyos privilegios y jurisdicción se concederían a semejanza del castellano, como contemplan las Capitulaciones. Si bien en la primera época del Almirantazgo castellano el nombramiento o destitución del titular podía obedecer a su pericia marinera, además de su origen noble, lo cierto es que existe un gran número de almirantes en un periodo relativamente corto de tiempo, como ya pusimos de manifiesto. La destitución del titular del oficio por parte del rey, cuando no su muerte en acto de servicio, caso de Alfonso Jofre Tenorio, sería la forma habitual de terminación del desempeño de las funciones de almirante. No será hasta el mencionado Jofre Tenorio, es decir, a partir de 1310, que el oficio alcance cierta estabilidad, configurándose ya su carácter vitalicio aunque no figure como tal expresamente en los privilegios de nombramiento, si bien encontramos una excepción en el caso de Egidio Bocanegra, muerto por orden de Pedro I tras su traición al entregar el tesoro real al usurpador Trastámara. En una etapa posterior el cargo se hará ya no sólo vitalicio, como queda reflejado en la carta de merced de Fadrique Enríquez, sino además hereditario de hecho en el linaje de esta familia castellana, instituyéndose así la patrimonialización del Almirantazgo de Castilla. Desde este momento el almirante concluye su mandato junto con su vida, salvo que se produzca la renuncia por mayorazgo, como hicieron Alonso Enríquez y Fadrique Enríquez.
II. 1. ATRIBUCIONES MILITARES
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De la definición del almirante señalada se desprende el carácter básicamente militar del oficio, al constituirse en jefe de la flota real. Por consiguiente, ésta, la militar, será la primera y más importante atribución del cargo, si bien con el tiempo derivará hacia un absentismo tal que las contribuciones puramente navales o militares del almirante para con el Almirantazgo serán ejercidas en ausencia, cuando no directamente delegadas en sus subordinados, ocupado como estaba el titular del oficio en las rentas económicas y en los asuntos políticos del Reino.
Como jefe militar de las fuerzas navales, el almirante ejerce su autoridad sobre todos los integrantes de las flotas y armadas de Castilla:
―― “Et otrosi deben obedecer su mandamiento los cómitres et todos los otros que fueren con él en la flota ó en la armada, et acabdellarse por él, así como farien por el rey.”
Es significativa la distinción que se hace en el texto entre flota y armada, diciendo de la primera «quando son muchos ayuntados en uno», y de la segunda «quando son pocos». Probablemente la distinción, que puede resultar extraña a nuestros ojos actuales, ya que hoy el significado en términos militares de ambos vocablos es exactamente el contrario, obedezca a la disposición pretendida por Alfonso X, diferenciando la concentración del suficiente número de galeras para emprender un combate o acción naval de envergadura, del agrupamiento de unas pocas naves para la vigilancia o control de una zona marítima o costera concreta, o de la realización de acciones de corso:
―― “…et tal guerra como esta se face en dos maneras: la primera es flota de galeas et de navios armados et poderosos de gente; bien asi como la grant hueste que se face por tierra: la segunda es armada de algunas galeas, ó de leños corrientes, ó de naves armadas en corso.”
Aún más, equipara el poder del almirante cuando dirige la flota al que tendría si fuera en gran hueste o hueste mayor en tierra; y al ejercido en armada como si se tratara de una cabalgada, en ambos casos de igual manera a la autoridad y poder de que disfrutaría el propio rey en esas situaciones:
―― “…et ha tan gran poder cuando va en la flota que es asi como hueste mayor, ó en el otro armamiento menor que se face en logar de cabalgada, como si el rey mesmo hi fuese…”
Entre las facultades militares del almirante se encuentra, también, la potestad de dictar ordenanzas. Desgraciadamente sólo tenemos constancia de las dictadas por Fadrique Enríquez en 1430 con motivo de la guerra contra Aragón. Desde el siglo XV el carácter militar del oficio se va desfigurando fruto de las continuas intrigas políticas en las que participan los sucesivos almirantes de la familia Enríquez y del consecuente absentismo. Es en estos momentos cuando cobra fuerza la figura del Capitán Mayor de la Mar como verdadero jefe militar de la Marina castellana, cuya figura y cometidos serán objeto de estudio más adelante.
II. 2. ATRIBUCIONES JURISDICCIONALES
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II. 2. 1. POTESTAD JUDICIAL
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La potestad judicial es asimismo inherente al oficio de almirante, pues a él y sólo a él corresponde la administración de justicia en relación con los «fechos de la mar», para «facer justicia por mar e por tierra en los que fueren en las dichas naos en aquellos que lo mereciesen con derecho».
Todos los hombres que integran la flota o armada real se encuentran, por tanto, bajo la potestad judicial del almirante, salvo los cómitres designados directamente por el rey, a quienes podría arrestar pero no juzgar, privilegio que el rey se reservaba salvo que expresamente lo hubiera delegado en el almirante:
―― “Et él ha poderio desque moviere la flota fasta que torne al logar onde movió de oir las alzadas que los homes feciesen de los juicios que los cómitres hobiesen dado. Et otrosi de facer justicia de todos los que merecieren por que, asi como de los que se lo demandasen, ó que fuyesen, ó que furtasen alguna cosa, ó que peleasen de guisa que hobiese hi feridas ó muerte, fueras ende de los cómitres que fuesen puestos por mano del rey; ca estos como quier que los pueda recabdar si meciesen por que para traerlos delante el rey, con todo eso non debe facer justicia dellos si non gelo mandase el rey señaladamente.”
Más adelante se señala este mismo privilegio que poseen los cómitres no sólo de ser designados directamente por el rey sino de sustraerse a toda justicia que no provenga de éste:
―― “Mas estos comitres non deben seer puestos sinon por el rey mesmo ó por su mandado: et por ende el almiral non les puede dar pena en los cuerpos nin en cosa que sea raiz, si él non gelo mandase.”
Pese a lo dispuesto en esta Ley alfonsina, no parece que los cómitres pudieran sustraerse por mucho tiempo a la jurisdicción del almirante, ya que en la carta de merced de 1374 por la que se confiere el oficio a Fernán Sánchez de Tovar, se dice textualmente:
―― “E otrosy tenemos por bien e mandamos que si alguno o algunos ommes de la mar o del rrío fizieren en la mar o en el rrío porque merezca ser fecha justiçia en él ommes de la mar o del rrío fizieren en la mar o en el rrío porque merezca ser fecha justiçia en él o en ellos, o vos fueren desobedientes a vos o a los vuestros oficiales en la mar o en el rrío o en la tierra, que podades vos el dicho Almirante fazer o mandar fazer justicia en él o en ellos e de les dar e mandar dar aquella pena o penas que de derecho mereçen aver.”
Ha pasado un siglo desde la promulgación de Las Partidas hasta que podemos comprobar, de manera oficial, la extensión de la potestad judicial del almirante sobre absolutamente todos los hombres sometidos a su autoridad. Es la primera referencia documental que tenemos, pero probablemente no resulte aventurado pensar que ésta ya se habría producido con anterioridad, y en todo caso su efectividad real sería obvia al consolidarse progresivamente la institución del Almirantazgo bajo titulares cada vez más afianzados en el oficio ―!―!― Nota 130 ―!―!―
―!―!― Nota 130: No obstante la extensión de la potestad jurisdiccional del Almirantazgo a la totalidad delterritorio de los reinos castellanos, muy probablemente no sería plenamente efectiva en todos los lugares, sobre todo en el norte peninsular, como se demostró ya durante la armada de la flota para la guerra contra Aragón en 1430. De hecho, y ante lo que entendemos como ausencia manifiesta de autoridad de facto que pudiera garantizar los privilegios del Almirante, a mediados del siglo XV el Fuero Viejo de Vizcaya no reconoce en su territorio más jurisdicción que la del Rey, señalando expresamente «que no aya almirante en Vizcaya ni los uizcaynos tengan subjeçion a almirante alguno», cf. C. HIDALGO DE CISNEROS AMESTOY, E. LARGACHA RUBIO, A. LORENTE RUIGÓMEZ y A. MARTÍNEZ LAHIDALGA, Fuentes Jurídicas Medievales del Señorío de Vizcaya. Cuadernos Legales, Capítulos de la Hermandad y Fuero Viejo (1342-1506), en la serie Fuentes documentales medievales del País Vasco, San Sebastián 1986, p. 89, vid. Apéndice I. Documentos, n.º 59. Como muestra de una situación manifiestamente similar, en 1470 el rey Enrique IV concede a las juntas de Guipúzcoa jurisdicción para entender de los delitos cometidos tanto en tierra como en el mar, signo evidente de que, al menos allí, los hombres del almirante no podían o no querían actuar. Cf. la provisión real de 8 de julio de 1470 dada en Segovia por el Rey, en M. LARRAÑAGA ZULUETA e I. TAPIA RUBIO, Colección documental del Archivo Municipal de Hondarribia. Tomo I (1186-1479), en la serie Fuentes documentales medievales del País Vasco 48, San Sebastián 1993, doc. XLV, pp. 178-179. Muy probablemente esta situación, aunque no conservemos documentación expresa que lo corrobore, se daría en muchos más sitios. A pesar de las peculiaridades fiscales de los territorios vascongados y de sus reticencias a someterse a la jurisdicción del Almirantazgo, no por ello se sustraían a las directrices fiscales de la Corona, y por supuesto no estuvieron exentos de aportar hombres y naves cuando el rey lo solicitaba, como las fuentes se encargan de recoger. Así por ejemplo Pedro I, Pero LÓPEZ DE AYALA, Crónica…, I, año IX, cap. 10, p. 281, o Juan II, Fernán PÉREZ DE GUZMÁN, Crónica de Juan II, Prólogo (1407), cap. XXV, p. 288; Alvar GARCÍA DE SANTA MARÍA, Crónica de Juan II, cap. 37, pp. 109-110. Cf. M. Á. LADERO QUESADA, Fiscalidad y poder real en Castilla (1252-1369), Madrid 1993, G. BAÑALES, “Las lanzas mareantes del Señorío de Bizcaia”, Antzina 7, 2009, pp. 31-41, o, más recientemente, E. GARCÍA FERNÁNDEZ, “Acerca de la contribución militar de la Junta General de la provincia de Guipúzcoa a la guerra de Granada en 1484”, Anuario de Estudios Medievales 40/2, juliodiciembre 2010, pp. 617-642. ―!―!―
II. 2. 2. POTESTAD ADMINISTRATIVA
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El almirante era también la máxima autoridad al frente de la jurisdicción administrativa especial que, por razón de la materia, se había desarrollado en torno a los maravillosos fechos. Aunque la escueta y concisa definición de almirante en la Partida II declara el carácter eminentemente militar del cargo, ya referido, «…todos los navios que son para guerrear», lo cierto es que las potestades del almirante alcanzarán también, en una extensión más civil y administrativa, al resto de embarcaciones de los reinos castellanos, atribuciones que las sucesivas cartas de merced del oficio confieren a los distintos almirantes de la mar, que tendrán poder sobre todos los hombres de mar y de río, pescadores o barqueros, y en general cuantos oficios tuvieran relación con asuntos marineros, que quedan así sometidos al fuero de la mar con fórmulas muy similares desde que la conocemos por vez primera en el nombramiento de Fernán Sánchez de Tovar:
―― “E por esta nuestra carta o por el traslado della signado de escrivano público, mandamos a todos los capitanes e comitres o naucheles e maestres de las naos e a todos los ommes de la mar e del rrío e a los pescadores e a los barqueros del rrío e a todos los otros qualesquier que andan en la nuestra flota o fuera de la nuestra flota en qualesquier navíos o andudieren de aquí adelante de qualquier estado o condiçión que sean, que vos ayan e rreçiban por nuestro Almirante mayor de la Mar e vos obedezcan e fagan vuestro mandado así como de nuestro Almirante mayor de la Mar e asý conmo farían por el nuestro cuerpo mesmo”
Compárese con el texto del privilegio de nombramiento de almirante a Diego Hurtado de Mendoza veinte años más tarde:
―― “Mando a todos los capitanes y cómitres y naucheles y maestres de las naos, y a todos los omes de la mar y del río y a los pescadores y a los barqueros del río e a todos los otros qualesquier que andan en la mi flota o fuera de la mi flota en cualesquier nabios (…) de qualquier estado o condizion que sean.”
No obstante las expresas órdenes reales, al parecer su efectividad habría estado en entredicho durante un periodo indeterminado de tiempo, de suerte que se hizo preciso, en 1420, realizar una concordia entre el entonces almirante, Alonso Enríquez, y un grupo en representación de los barqueros de Sevilla, por la cual éstos se comprometían a someterse a la jurisdicción civil y criminal del Almirante renunciando a sus propios alcaldes y alguaciles.
Otra importantísima faceta del poder jurisdiccional administrativo será la autoridad para nombrar a sus subordinados, desde su propio sustituto, el sota almirante o vicealmirante, hasta los escribanos, pasando por los alcaldes de la mar, los alguaciles y los demás oficiales. Toda esta compleja trama de oficios entreteje una de las verdaderas esferas del poder del Almirantazgo, ya que dispone de libertad absoluta otorgada por el rey para nombrar y quitar cargos a discreción, colocando en los puestos de mayor relevancia a personajes de su total confianza, y estableciendo así una red clientelar lo suficientemente densa como para proporcionarle unos réditos económicos considerables.
Aunque en un principio esta potestad de nombramientos de los alcaldes y alguaciles estaba en manos del rey, ya la carta de Fernando IV reconoce y acepta que sea el almirante quien se encargue de esta tarea. Y más tarde, en 1426, comprobamos en el nombramiento de Fadrique Enríquez como Almirante Mayor de Castilla que se amplía el número de oficiales bajo su mando, incluyendo al vicealmirante y otros oficiales:
―― “E por esta mi carta e con ella vos do e entrego la posesión e quasi posesión del dicho ofiçio con libre, conplido, bastante poderío, plenaria facultat para usar dél, e para que podades poner en vuestro lugar sota almirante e allcaldes e alguaziles e escrivanos, e los otros ofiçiales acostunbrados en el dicho ofiçio, los quales podades tirar e poner, subrrogar, otro o otros en su lugar, cada e quando e quantas vezes quisiéredes...”
II. 3. ATRIBUCIONES ECONÓMICAS
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En Las Partidas ya establece Alfonso X el embrión de la participación económica del almirante en las empresas navales, una circunstancia que no tardando alcanzará en el oficio una relevancia singular que terminará por imponerse a los otros cometidos competenciales del Almirantazgo. Se especifica qué se debe hacer con los botines apresados, hecho habitual en toda empresa militar de la época independientemente del medio, terrestre o marino, en que se produjera el combate:
―― “Otrosi á su oficio pertenece de facer recabdar las cosas todas que ganaren por mar ó por tierra, et de facerlo escribir, estando delante todos los cómitres ó la mayor parte dellos, porque las non pueda ninguno furtar nin encubrir, et pueda dar cuenta y recabdo dellas al rey, de manera que haya él ende su derecho, et cada uno de los otros el suyo.”
Puesto a salvo el botín, la legislación alfonsina contempla la casuística posible en orden al reparto de las ganancias, destacando como factor decisivo la participación real en la empresa. Dependiendo de si había corrido a cargo del rey la aportación de naves, de hombres, de las soldadas, del aprovisionamiento, de los aparejos y de las armas en su totalidad o por partes, así se estipulaba el reparto de manera proporcional al aporte de la Corona, que consistía en el botín completo, la mitad, un tercio, un cuarto o, en último caso, y aunque no hubiera contribuido en manera alguna al gasto inicial de la empresa, el quinto que le correspondía por señorío. El almirante debía recibir un séptimo del botín «porque es cabdiello mayor dellos so el rey». Al margen de lo contemplado por la legislación alfonsina, la realidad de los acontecimientos militares y políticos impondría una retribución considerablemente mayor a los servicios prestados por los titulares del Almirantazgo, ya que se convirtió en normal una participación del tercio de las ganancias desde, al menos, la época de Fernán Sánchez de Tovar, como consta en la documentación:
―― “E tenemos por bien que de todas las ganançias que ovierdes e fizierdes con la nuestra flota por la mar que nos, que ayamos ende las dos partes e vos el dicho Almirante que ayades ende la terçia parte yendo vos por vuestro cuerpo mesmo en la dicha flota, aunque la dicha pena o parte della se aparte por mandado de vos el dicho Almirante o sin vuestro mandado.”
Pero esto, que era habitual en tiempo de guerra, perdía vigencia en situación de paz en los reinos castellanos, de modo que eventualmente podía producirse una inestabilidad económica en las prerrogativas del almirante debido a la merma en los ingresos. Tal extremo se compensaría por los derechos que el Almirantazgo fue obteniendo a través del desempeño de sus funciones extramilitares, como la potestad judicial y la administrativa, que tendrían su principal base de acción en Sevilla como núcleo fundamental de actuación del Almirantazgo, pero desde el que se irradiaría al resto de puertos a la par que la extensión de la jurisdicción del almirante. Tales derechos económicos, además del señalado tercio en el botín de guerra, serían el quinto de las presas, el despacho, el almirantadgo y el ancoraje.
El quinto correspondía al rey por su señorío, pero de él solía ceder un tercio al almirante, y alcanzaba a lo obtenido por todos los navíos no armados por el rey, tercio que bajo los Reyes Católicos aumentó hasta convertirse en el total del quinto real, y cuya concesión se advierte por vez primera en los nombramientos como almirantes de Ambrosio Bocanegra y Fernán Sánchez de Tovar:
―― “E otrosí tenemos por bien que todas las galeas e naos e galeotas e leños e otras fustas qualesquier que armarais a partes de que ayamos nos de aver el quinto, que ayamos nos las dos partes deste quinto e vos, el dicho Almirante, que ayades la tercia parte deste quinto.”
Compárese con el texto del privilegio de confirmación otorgado por Juan II al almirante Alonso Enríquez en 1416, y se verá la absoluta igualdad entre ambos, por lo que presumimos que sería extensiva al resto de almirantes:
―― “Otrosi, tengo por bien e mando, que todas las galeas, e naos. e galeotas, e leños e otras fustas cualesquier que armaren a otras partes, de que Yo haya de haber el quinto, que Yo haya las dos partes de este dicho quinto, e el dicho mi Almirante la tercia parte de él.”
El despacho era el derecho que tenía el almirante de recibir de cada nave un tercio del valor del flete, según se documenta en el ya señalado privilegio de nombramiento de Fernán Sánchez de Tovar, pero que también encontramos en el de Ambrosio Bocanegra:
―― “E otrosí tenemos por bien que qualquier nao o baxel o otro navío qualquier que fuere o viniere a la çibdat de Sevilla o a otros puertos qualesquier de los nuestros Regnos, fletado o por flota, que podades vos el dicho Almirante cargar la terçia parte en él o en ellos para vos, segunt el presçio que vinieren fletados o fletaren.”
En la práctica se resumía en una cantidad que el maestre de cada barco debía abonar, y que pasó a convertirse de una pequeña cantidad fija en función de la carga y el puerto de destino a un porcentaje a veces desorbitado que el teniente del almirante exigía y que, ante la negativa de los capitanes, provocaba retrasos en la partida de las naves y una mayor inflexibilidad por parte de las autoridades del Almirantazgo.
El almirantadgo es un impuesto o derecho económico del almirante que gravaba la carga y descarga de las naves y el consiguiente uso de las instalaciones del puerto para tal menester. Se trata de un privilegio que en los textos suele aparecer junto a otro derecho económico, el ancoraje o anclaje, que se cobraba a todo barco por entrar y fondear en el puerto o río, constituyendo ambos parte de las rentas privilegiadas del titular de la institución del Almirantazgo. Su reflejo en la documentación lo encontramos en el nombramiento de Fernán Sánchez de Tovar:
―― “E otrosí tenemos por bien que vos el dicho Almirante que ayades el dicho Almirantadgo e anclaie bien e conplidamente en todos los puertos de los nuestros Regnos, así conmo en la muy noble çibdat de Sevilla.”
No obstante todos estos derechos económicos, probablemente las deficiencias en el aparato burocrático y administrativo de la institución, al menos hasta la potestad otorgada al almirante para designar a sus propios subordinados, motivaría retrasos, pérdidas y omisiones en la percepción de sus rentas, las más de las veces ocasionadas por la desidia o injerencias de las autoridades concejiles. Quizá estas circunstancias se encuentren detrás del privilegio de Enrique III concediendo al almirante Diego Hurtado de Mendoza en 1397 una cantidad anual de mil doblas de oro en compensación por el tercio que le correspondía cobrar en periodos de guerra, y que vendría a suplir, también, lo dejado de percibir por sus derechos en tiempo de paz.
II. 4. LOS HOMBRES DEL ALMIRANTE
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II. 4. 1. JURISDICCIÓN MILITAR
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EL SOTA ALMIRANTE
Este oficio, equivalente al vicealmirante de tiempos modernos, aparece por primera y única vez en la documentación en la carta de merced por la cual Juan II nombra almirante a Fadrique Enríquez, concediéndole la potestad de nombrarlo discrecionalmente, lo mismo que al resto de oficiales necesarios para el desarrollo institucional del Almirantazgo:
―― “E por esta mi carta e con ella vos do e entrego la posesión e quasi posesión del dicho ofiçio con libre, conplido, bastante poderío, plenaria facultat para usar dél, e para que podades poner en vuestro lugar sota almirante e allcaldes e alguaziles e escrivanos, e los otros ofiçiales acostunbrados en el dicho ofiçio, los quales podades tirar e poner, subrrogar, otro o otros en su lugar, cada e quando e quantas vezes quisiéredes...”
En realidad, más que un subordinado en sentido estricto, entendemos que se trataría de su sustituto, o mejor su lugarteniente, un delegado con plena capacidad y autoridad, si bien en directa dependencia suya. No obstante, nos ha sido imposible documentar caso alguno en que aparezca esta figura. Quizá el oficio mudó de denominación y encubra las atribuciones propias del lugarteniente, en sentido genérico, ya que este cargo sí es referido en numerosas ocasiones, si bien su jurisdicción no abarcaría aspectos bélicos, resultando entonces cierta contradicción al tratarse de una figura que debería realizar las funciones del almirante en su ausencia o en determinados ámbitos geográficos. Es decir, si en realidad el sota almirante deviene en lugarteniente, nos parece incomprensible que se le desposea de autoridad militar, reduciendo su ámbito de actuación a la jurisdicción civil y penal. Quizá podríamos ver en esto el deseo de los titulares del Almirantazgo de no contar con subordinados que pudieran asumir en sus manos tanto poder como el que ellos tenían, para lo cual lo más conveniente era un reparto de competencias, una bicefalia bajo su estricta supervisión: por un lado encomendar las múltiples actividades administrativas y judiciales que la institución generaba a los lugartenientes, y por otro designar capitanes que se hicieran cargo del mando de las diferentes armadas de la flota, que siempre estuvo bajo su sola autoridad.
Quizá sólo se trate de un problema de nombres y la consiguiente confusión creada en su entorno, pero es cuando menos curioso que se le ofrezca al almirante, mediante privilegio real, la potestad de nombrar sustituto y éste no aparezca nunca en la documentación. Por ello entendemos que en realidad estos sustitutos serían los ya señalados lugartenientes y capitanes, diferenciando perfectamente sus respectivos ámbitos de actuación para, a nuestro parecer, evitar la asunción por parte de cualquier individuo de tanto poder como el propio almirante tenía en sus manos.
Podríamos ver cierta analogía con lo referido en el nombramiento como Adelantado Mayor de la Mar de Juan García de Villamayor, para quien se crea una dignidad superior a la del almirante, según expusimos, que a la postre no obtuvo refrendo institucional y por tanto desapareció de la documentación, consolidándose la figura del almirante.
EL CAPITÁN MAYOR DE LA MAR
Este cargo debió de estar ligado al propio origen y evolución del oficio de almirante, y según Torres Sanz es desde el reinado de Alfonso XI cuando adquiere mayor vigencia, al desaparecer la duplicidad de almirantes, no debiendo ser confundido con el lugarteniente. Sin embargo, en la legislación alfonsina el oficio de almirante está perfectamente definido ya, pero no hay rastro alguno del de Capitán Mayor, no al menos con esta denominación, como no queramos verlo en el término cómitre, que obviamente carece de las prerrogativas asignadas al capitán.
Sí aparece el oficio, además de en las crónicas, en época tan temprana como 1310, en la carta de privilegio de fuero dada por Fernando IV a favor de la gente de mar, donde el capitán figura como instancia inmediatamente inferior al propio almirante enateria judicial. Y lo volvemos a encontrar en la carta de merced de Enrique II a Fernán Sánchez de Tovar nombrándole Almirante mediante la cual le concede autoridad sobre «todos los capitanes e comitres o naucheles e maestres de las naos e a todos los ommes de la mar e del rrío», lo que en términos semejantes se repite en el nombramiento de Alonso Enríquez. Desgraciadamente no se han conservado, o están en paradero desconocido, los privilegios de nombramiento de los anteriores almirantes, de modo que carecemos de noticias fiables sobre el oficio de capitán al margen de las referencias citadas. Respecto a su designación, si bien a partir de cierto momento sería competencia del almirante al igual que el resto de oficiales bajo su mando, para periodos anteriores no podemos tener la certeza, ya que no lo recoge la documentación salvo casos puntuales como la Crónica de Alfonso XI, «Et envió por gentes que entrasen en aquellas galeas et en aquellas naves, et fabló con Frey Alfonso Ortiz Calderon, Prior de Sanct Joan, que fuese en ellas por mayoral»; en este cargo de mayoral podríamos ver una transposición del de capitán o sota almirante, toda vez que ya en Partidas figura esta denominación, si bien referida al mismo almirante: «Homes de muchas maneras son meester en los navios cuando quisieren guerrear por mar, asi como almirante, que es guiador et mayoral de la armada (…)».
Claro que en estecaso no podía ser nadie más sino el Rey quien lo designara, ya que el almirante Jofre Tenorio había muerto y el cargo estaba vacante hasta la llegada de Bocanegra. De igual forma vemos que sucede en época de Pedro I, cuando, con motivo de la formación de la armada que hizo en Sevilla para la guerra contra Aragón, designa a Pedro López de Ayala, su cronista oficial, capitán bajo las órdenes del almirante Bocanegra:
―― “…e miçer Gil Boca Negra almirante de Castilla, e Pero Lopez de Ayala, que fue en aquella armada capitan de la flota...”
Durante el bloqueo de Lisboa en el transcurso de la guerra contra Portugal, se postula la figura de Per Afán de Rivera, por entonces veinticuatro de Sevilla, a quien se encomienda el mando de una armada en calidad de capitán mayor de la flota, si bien actuaría directamente a las órdenes de Juan I antes que bajo el almirante Tovar. En 1384 al parecer no habría logrado impedir el abastecimiento de la ciudad por parte de los barcos portugueses, en tanto que al año siguiente estaría de nuevo al frente de las naos que partieron desde Sevilla rumbo a Lisboa. Fue este personaje de longeva vida, y desarrolló una brillante carrera política tras su paso por la Marina de Castilla.
En todo caso es el de Capitán Mayor un cargo subordinado al almirante y lo encontramos ejerciendo el mando sobre una armada, es decir, una fracción de la flota. Al parecer su doble función militar y jurisdiccional se vería reducida en el siglo XV exclusivamente a cometidos militares, en lo que podría interpretarse como un avance de los poderes conferidos a los lugartenientes del almirante, que asumirían en exclusividad los asuntos de jurisdicción civil y penal.
En 1407, con motivo de la campaña contra el reino de Granada, el recién nombrado Almirante Alonso Enríquez designa a su bastardo Juan Enríquez como Capitán Mayor de la flota enviada a guardar el Estrecho.
Con motivo de la guerra contra Aragón, el almirante Fadrique Enríquez comunica a sus cómitres y capitanes, en carta fechada el 20 de noviembre de 1429, que nombra a su hermano Juan de Tovar capitán mayor de la armada que estaba preparando:
―― “Capitanes y Maestros de las naos y ballineres que el Rey mi Señor mandó armarel año que viene del Señor de MCCCCXXX años. Yo D. Fadrique, Almirante de Castilla, vos envio mucho saludar, é vos fago saber que mi voluntad es que mi Hermano Juan de Tovar sea Capitan mayor de las dichas naos e ballineres...”
Por otro lado, durante la mayor parte del referido siglo XV habrían ejercido como capitán mayor de la armada del Cantábrico Fernando y Álvaro de Castro, padre e hijo, y a la muerte de éste habría pasado el oficio, en 1472, al merino de Valladolid Pero Niño.
CÓMITRES
El cómitre o capitán de la nave de guerra es una figura de especial significado en el desarrollo de la Marina castellana, y anterior incluso, al menos documentalmente, a la del propio almirante, ya que lo encontramos representado en el repartimiento de Sevilla, en 1253, celebrando contrato con el rey Alfonso X por el que se comprometían a servir en la naciente Marina Real.
En la legislación alfonsina cuentan igualmente con un lugar destacado al exigírseles unas cualidades idénticas a las del mismo almirante:
―― “…deben seer mucho escogidos de manera que hayan en sí aquellas cosas que deximos del almirante; ca pero que él es cabdiello sobre todos ellos tanto ha de facer cada uno de los comieres en su navio como el almiral en toda la flota ó el armada en que fuese.”
No obstante estas cualidades y preeminencias, entre las que se cuenta el privilegio de ser nombrados y juzgados sólo por el rey, estaban directamente sometidos a la autoridad del almirante como jefe supremo de la flota en caso de actuaciones negligentes o costosas para los intereses reales, y así el almirante podía incluso decretar su muerte en situaciones manifiestas de sublevación:
―― ”…et si dende adelante errase en razon del acabdellamiento desmandándose al almirante o faciendo bando contra él con los otros comieres ó con alguno del armada, debe morir por ello. Mas si errase en los juicios que diese, debe haber pena segunt el fuero; et si menoscabase ó perdiese por su culpa algunas cosas de la galea, débelas pechar dobladas: et él es tenudo de dar recabdo de todos los que en su navio fueren si ficieren algunt yerro: pero si se le desmandasen mostrándolo al almirante, si les fuere probado deben morir por ello.”
A pesar de la importancia del cómitre en los arranques y posterior desarrollo de la Marina castellana, con el tiempo su cometido militar como capitán de la nave será cedido a una nueva figura, el patrón, siendo él relegado a los cometidos propios del primer oficial a bordo: dirección de las maniobras y de la tripulación, mantenimiento del orden y castigo de los forzados. Los nuevos patrones de las galeras serán ya designados directamente por el almirante entre gente de su confianza, como es el caso de Juan Carrillo, criado de Fadrique Enrique, que es designado por éste patrón de una galera con motivo de la guerra contra Aragón en 1430.
II. 4. 2. JURISDICCIÓN CIVIL
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LUGARTENIENTES
La figura del lugarteniente no es privativa de ningún oficio o dignidad, ya que está documentada en infinidad de ocasiones ejerciendo los poderes delegados de cancilleres, condestables, notarios… y, por supuesto, de los almirantes.
Se trata de un sustituto del titular del oficio, de un delegado al que se reviste de las competencias precisas para desarrollar con éxito su cometido. El lugarteniente del almirante surge cuando la complejidad de la Institución requiere la presencia y actividad de su representante en varios lugares y ámbitos al mismo tiempo. El almirante, dedicado al mando militar de la Marina castellana, por sí o a través de sus capitanes, y a la mediación política cerca de la Corte, carece de tiempo y/o interés en los aspectos más prosaicos del cargo, entiéndase la administración civil de los asuntos navales y la potestad judicial en los numerosos pleitos surgidos en el acontecer cotidiano de la actividad marinera. No obstante, como parte de sus competencias, no puede desatender estos asuntos, de modo que deberá encomendarlos a quien, en su nombre, sea capaz de afrontarlos y resolverlos. Además, los privilegios económicos son de tal magnitud que necesariamente atraen el interés del almirante.
Surge, así, fruto de la extensión del ámbito tanto jurisdiccional como territorial del Almirantazgo, la necesidad de contar con oficiales capaces de encargarse de estas funciones de carácter judicial, administrativo y económico, ya que las militares correspondían a los capitanes mayores o al propio almirante.
No disponemos de información sobre el momento exacto en que este oficial comienza a figurar en la nómina del Almirantazgo, pero la primera referencia diplomática del lugarteniente del almirante aparece en un documento de 1399 en el que Enrique III ordena que la jurisdicción sobre pleitos de corsarios del litoral andaluz sea devuelta al almirante y a su lugarteniente, y a partir de entonces, gracias a los continuos pleitos sevillanos que enfrentan a ambas jurisdicciones, sus constataciones serán más frecuentes. Lo encontramos de nuevo referenciado en el privilegio de nombramiento
como Almirante de Alonso Enríquez en 1464:
―― “E quiero e mando e me plaze e es mi merçed e voluntad que ayades e tengades el dicho ofiçio de mi Almirante por juro de heredad para siempre jamás, vos e vuestros herederos e subçesores después de vos, e vos e ellos podades usar e usedes dél e lo administredes por vos o por vuestros ofiçiales e lugaresthenientes.”
Quizá, según Calderón Ortega, podríamos ver un antecedente de este oficial en el Ordenamiento de los Guindajes de 1302, donde se nombra al alcalde teniente del capitán. Sin embargo, no nos parece que esto sea muy verosímil toda vez que, aparte de la función intrínseca que se le atribuye a todo lugarteniente como delegado de la autoridad de la que emana, y que en este caso es la del capitán del rey, Pedro Sol, ninguna relación vemos con el Almirantazgo como no sea que aparecen ambos en el mismo acto documentado, a saber, el establecimiento de los sueldos por la carga y descarga de mercancías en el puerto de Sevilla. Pero este alcalde teniente lo es del capitán del rey, no del Almirante Alvar Páez, actuante en el documento. Los lugartenientes del almirante en Andalucía son con frecuencia elegidos entre la oligarquía sevillana, generalmente veinticuatros, como el primero de ellos conocido, Fernán Yáñez de Mendoza, o Pedro de Pineda, lo que a la postre incidirá en esa conflictividad referida entre ambas jurisdicciones, la del Almirantazgo y la de la ciudad, cuyos intereses son a menudo coincidentes. A veces el volumen y la complejidad de los asuntos dependientes del almirante hacen preciso el nombramiento de varios lugartenientes de forma simultánea, lo cual no es extraño si tenemos también en cuenta que la jurisdicción del Almirantazgo se extendía, al menos nominalmente, al conjunto de los reinos, por más que fuera Sevilla y su área de influencia el objeto de su jurisdicción por antonomasia. También se produce en ocasiones el arrendamiento del cargo a cambio de una cantidad estipulada, y la colaboración de profesionales en leyes que asesoraran a los lugartenientes en pleitos complejos.
El oficio de lugarteniente, en tanto máximo representante de la autoridad del almirante, estuvo siempre acompañado de controversia por el ya referido conflicto de jurisdicciones, pero también por la propia naturaleza del cargo como delegado del Almirantazgo, al aparecer sus titulares permanentemente involucrados en la actividad política del Reino y granjearse, consecuentemente, las enemistades de distintas facciones nobiliarias, cuando no la del propio monarca.
ALCALDES
Bajo esta denominación encontramos a lo largo de la historia del Almirantazgo de Castilla a varios oficiales, el primero de los cuales dependía directamente del rey en una época en la que la institución estaba aún en ciernes. Se trata de los alcaldes de la mar, instaurados por Fernando III en la carta por la que concede Fuero a Sevilla en 1251, y que debían resolver todos los pleitos relacionados con la actividad marinera:
―― “…otorgamos a los de la mar, por mercet que les fazemos que ayan su alcalde que los judgue toda cosa de mar...”
Estos alcaldes de la mar, designados por la autoridad real, pasan después, en el reinado de Fernando IV, a someterse a la jurisdicción del Almirantazgo, que tendrá desde entonces plenas competencias sobre todos los individuos dedicados a los asuntos de la mar, en lo que constituye un poderoso impulso para los intereses jurisdiccionales de la Institución. Más tarde, también en la documentación referente a Sevilla, aparecen, junto a estos alcaldes de la mar, los de los barqueros como autoridad diferenciada, y en continua disputa con las competencias propias del Concejo de la ciudad, lo que motiva la intervención real a través de diversas cartas, en 1310 para delimitar las jurisdicciones respectivas y preservar los derechos de las gentes de la mar, y en 1327 para, al contrario, evitar que los alcaldes de la mar se extralimiten en sus atribuciones invadiendo las competencias de los alcaldes de tierra. En algún momento del siglo XIV surgen los alcaldes mayores del Almirantazgo, que irán asumiendo las competencias de los alcaldes de la mar y de los barqueros.
ALGUACILES
El oficio de alguacil es uno de los más característicos de la administración de justicia del periodo medieval castellano, definido con nitidez por Alfonso X, tanto en las Partidas como en el Especulo:
―― “Asi como el merino mayor es puesto para guardar la tierra e para emendar las cosas mal fechas con justicia e con derecho, otrosi la justicia de casa del rey que llaman alguacil es puesto para guardarle su corte, vedando e. escarmentando las cosas desaguisadas con derecho e con justicia.”
El paralelismo resulta evidente en origen entre los oficios de Merino y Justicia, con la sola distinción de la jurisdicción territorial, creándose cierto confusionismo entre ambos términos de Justicia y Alguacil, lo que no impide el desarrollo del oficio derivando en última instancia del propio Merino con carácter subsidiario hasta que pasó a depender del Justicia como tal tras la creación de este oficio, pasando a significar el alguacil un oficio secundario delegado o subordinado del Justicia. Las Partidas definen aún mejor el oficio de Alguacil, remarcando aún más su carácter subordinado de la autoridad judicial, ya sea el rey, los alcaldes o jueces:
―― “Alguacil llaman en arábigo aquel que ha de prender et de justiciar los homes en la corte del rey por su mandado, ó de los jueces que judgan pleytos (…) Otrosi él ha de prender aquellos que fueren de recabdar, et meter á tormento á los que mecieren por que; mas esto non debe facer sin mandado del rey ó de sus alcalles, ó del sobrejuez de la corte (…) et otrosi él debe facer guardar los presos fasta que sean judgados á la pena que merecen, ó dados por quitos...”
En el caso de los alguaciles del almirante sus competencias serían mantenimiento del orden, inspección de barcos y mercancías transportadas, ejecución de lo juzgado y custodia de presos, según se desprende de un documento de 1318 en el que se fijan perfectamente sus derechos económicos en función de estas competencias.
ESCRIBANOS
Desde los primeros tiempos medievales se constata la existencia al servicio del rey de individuos, generalmente integrantes del estamento eclesiástico, encargados de la expedición y control de la documentación jurídica que asegurara el correcto y ordenado funcionamiento del poder real y su corte, y en consecuencia, debido a su imprescindible concurso, es imposible determinar un momento concreto en que se iniciara su actividad burocrática, si bien en lo referente a la administración bajomedieval objeto de estudio podría fijarse el siglo XII, dentro de la configuración de la Cancillería, como el momento de partida de los escribanos reales.
A través de las Partidas y el Espéculo es posible igualmente definir los aspectos funcionales y orgánicos de estos escribanos de la administración regia y otros estamentos públicos, pero también del resto de escribanos encargados de la tramitación de los asuntos de carácter privado:
―― “Escribano tanto quiere decir como home que es sabidor de escribir; et son dos maneras dellos; los unos que escriben los previllejos, et las cartas et las actas en casa del rey, et los otros son los escribanos públicos que escriben las cartas de las véndidas, et de las compras, et los pleytos et las posturas que los homes ponen entre sí en las ciudades et en las villas.”
Con un origen en el seno de la cámara real, el oficio acaba extendiéndose y abarcando todos los apartados burocráticos que el desarrollo de la administración bajomedieval requiere, ya sea en la Cancillería o el Notariado:
―― “Ca como quier que ellos sean tenidos de fazer mandamiento de los chancelleres e de los notarios toda via el mayor lazerio e el mayor trabajo por ellos pasa de fazer los privillejos e las cartas, ca de una parte reciben afan en entender la razon, e de otra en escrivirla (…). E estos son en dos maneras, ca los unos son recibidos por el rey, e los otros por los chancilleres e por los notarios.”
Lógicamente, para atender todo el proceso burocrático y administrativo que conlleva la estructura de la institución del Almirantazgo en sus vertientes tanto militar como judicial y económica, resultan imprescindibles los escribanos así configurados, tan característicos, como vemos, a este periodo medieval, y cuya presencia resultó en no pocas ocasiones conflictiva al contraponerse a los intereses de los escribanos de otras instituciones, especialmente de los concejos de las villas, ya que se resistían a admitir la nueva jurisdicción que implicaba la actividad del Almirantazgo.
[...]
III. 3. 5. LOS ENRÍQUEZ. LA PATRIMONIALIZACIÓN DE LA INSTITUCIÓN
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La dura pugna de que fue objeto el Almirantazgo por parte de Alvar Pérez de Guzmán y Diego Hurtado de Mendoza había dejado claro que la dignidad de almirante, además de uno de los cargos de la Casa del Rey de mayor preeminencia, podía convertirse, y de hecho así fue, en fuente no sólo de un poder político considerable, sino, sobre todo, de una posición económica elevada. La apetencia por el oficio, pues, se revela en estos momentos como una prioridad para diversos nobles castellanos, como demuestra el hecho de que la viuda de Diego Hurtado de Mendoza tratara, sin éxito, de asegurar para su pequeño hijo la transmisión de la dignidad con carácter hereditario.
La gran importancia económica del Almirantazgo tenía sus bases sólidamente asentadas en su carácter jurisdiccional y en la territorialidad del mismo, ya que, al ser extensible a todos los puertos de los reinos castellanos se ampliaba enormemente la fuente de ingresos de todo tipo. La realidad, no obstante, reducía tal fuente de ingresos a Sevilla y su zona de influencia andaluza, lo que no era, de todas formas, desdeñable, pues aun constituyendo la única área de jurisdicción efectiva del Almirantazgo, las rentas eran considerables. Es Alfonso Enríquez el elegido por el Rey para ostentar la dignidad de Almirante de Castilla en 1405. Sin duda influyó el hecho de tener sangre real, lo cual le situaba en un lugar ciertamente privilegiado y a suficiente distancia como para frenar los posibles movimientos de otros candidatos de menor rango. La consolidación de su linaje en la política castellana y la extensión de su poder jurisdiccional, junto con su parentesco real, se convierten a la postre en los fundamentos del carácter no sólo vitalicio sino hereditario que adquiere la dignidad de Almirante ya desde los primeros momentos de este siglo XV, dignidad que nunca abandonará a esta familia castellana en los tres siglos siguientes.
La patrimonialización del Almirantazgo es un hecho en manos de los Enríquez, y sin este linaje no se entendería la consumación de la primacía efectiva de la propia Institución ya desde los inicios del siglo XV, cuya jurisdicción está sólo por debajo de la del rey. La capacidad para ejercerla sobre todos los ámbitos que a la Institución compitieran se ve progresivamente acrecentada, por más que no siempre esta jurisdicción fuera respetada, como demuestran los documentos de litigios promovidos por las ciudades y el frecuente recurso a la confirmación de su jurisdicción por parte de la autoridad del rey. No son los Enríquez marinos en el término propio del término, y de hecho su actividad naval será muy limitada, ya que concentrarán sus esfuerzos en los asuntos políticos del Reino, sobre los que tanta influencia tendrá sobre todo Fadrique Enríquez.
Se convirtió en privilegio destacable la renuncia de quien ostentaba la dignidad en la persona de su primogénito y heredero, y así lo hicieron Alfonso y Fadrique, pese a lo cual el Rey les concedió la potestad de seguir usando el oficio mientras vivieran, en una muestra más del poder de la familia. A pesar del gusto de Alfonso Enríquez por la política de Castilla, es con su hijo Fadrique cuando se alcanza el nivel más alto de intervención en el desarrollo de los acontecimientos del Reino, actuando activamente bajo Juan II y después durante el reinado de Enrique IV. Y será a don Fadrique a quien competa llevar a cabo la campaña naval mejor documentada en sus aspectos organizativos de todo el periodo bajomedieval, aunque a la postre se resolviera sin ninguna gloria para Castilla. La traición del almirante Fadrique Enríquez al rey Enrique IV no produjo aparente merma en sus rentas y privilegios, por cuanto éstos fueron confirmados por el pretendiente Alfonso, titulado Rey, quien lo mantuvo al frente del Almirantazgo, sin que Enrique IV actuara en consecuencia designando a un nuevo jefe de la Institución para sustituir al traidor. Se produjo, entonces, una situación paradójica en Castilla, al coexistir durante algún tiempo en un solo reino dos cabezas visibles, dos reyes, pero un único Almirante."
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BIBLIOGRAPHIA - "El gobierno de un mundo"
Caros Confrades,
Aqui deixo uma suggestão de leitura sobre o thema da implantação dos vice-reinados na America espanhola. Incluo os artigos da obra mais relevantes, e ignoro secções inteiras menos relevantes, como as reformas do seculo XVIII, onde apenas menciono o titulo do capitulo.
EL GOBIERNO DE UN MUNDO: VIRREINATOS Y AUDIENCIAS EN LA AMÉRICA HISPÁNICA
Feliciano Barrios Pintado [Coord.]. Universidad de Castilla-La Mancha, 2004. ISBN: 84-8427-306-7
I ― Los estudios sobre el gobierno y la administración de las Indias españolas [pp. 21-94]
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― “Los estudios sobre el gobierno y la administración de las Indias españolas. Ensayo de caracterización general”
―――― Santos Manuel Coronas González ― pp. 21-54
II ― El Gobierno Central de las Indias: el Consejo y la Secretaría de Indias [pp. 95-252]
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― “El Gobierno Central de las Indias. El Consejo y la Secretaría del despacho”
―――― José Antonio Escudero López ― pp. 95-118
― “Consolidación de la Polisinodia Hispánica y Administración Indiana”
―――― Feliciano Barrios Pintado ― pp. 119-134
III ― Los virreinatos americanos (I). La implantación del régimen virreinal en Indias [pp. 253-430]
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― “La implantación del régimen virreinal en Indias”
―――― Agustín Bermúdez Aznar ― pp. 253-298
― “La actividad jurisdiccional del virrey y el carácter judicial del Gobierno Novohispano en su fase formativa”
―――― Andrés Lira González ― pp. 299-318
― “De virreinatos indianos a virreinatos mediterráneos. Una comparación contrastada”
―――― Ernest Belenguer Cebrià ― pp. 319-340
― “La Corte virreinal peruana: perspectivas de análisis (siglos XVI y XVII)”
―――― Pilar Latasa ― pp. 341-374
― “Régimen virreinal. Constantes y variantes […] en Iberoamérica (siglos XVI al XXI)”
―――― Bernardino Bravo Lira ― pp. 375-430
IV ― Los virreinatos americanos (II). Reformas borbónicas y creación de nuevos virreinatos [pp. 431-538]
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V ― Las Audiencias Indianas (I). El transplante de la institución a Indias [pp. 539-710]
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― “Las Audiencias Indianas y su transplante desde la metrópoli”
―――― Antonio Dougnac Rodríguez ― pp. 539-586
VI ― Las Audiencias Indianas (II). Justicia, gobierno y conflictos de jurisdicción [pp. 711-864]
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― “Las Audiencias: la justicia y el gobierno de las Indias”
―――― Carlos Antonio Garriga Acosta ― pp. 711-794
VII ― El gobierno espiritual de los dominios ultramarinos: Iglesia y Corona [pp. 865-942]
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― “El gobierno espiritual de los dominios ultramarinos”
―――― Alberto de la Hera Pérez-Cuesta ― pp. 865-904
― “El gobierno espiritual de las Indias. Estado de la cuestión”
―――― Rosa María Martínez de Codes ― pp. 905-922
VIII ― El Gobierno de las Indias portuguesas [pp. 943-1078]
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― “Hacia una historiografía eurocolonial. América portuguesa y Monarquía Hispánica”
―――― Jean Frédéric Schaub ― pp. 1053-1078
IX ― Antiguas Audiencias y nuevas naciones [pp. 1079-1172]
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Cumprimentos,
Anachronico
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COMMENTARIOS
Caros confrades,
Gostaria agora de pedir que deixem os vossos commentarios como resposta a esta mensagem, para manter a unidade dos TEXTOS &c e facilitar a sua consulta; é tão aborrecido andar à procura de mensagens antigas no topico. Se se quiser commentar especificamente por exemplo a PARTE XIII ou o TEXTO IX bastará indicar esses como "Assunto".
Novamente me despeço com os desejos de uma boa leitura a todos, e volto a pedir desculpas por quaesquer pequenos lapsos &c. Escrevi isto em cinco dias no meu tempo livre. Julgo que não se pode pedir mais, e espero que todos encontrem algo de interesse.
Os meus melhores cumprimentos aos confrades,
Anachronico
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RE: COMMENTARIOS
...
Deus enviou o seu Filho e o Espírito Santo para conquistar os nossos corações. Deus quer o homem, seu Vice-Rei, de volta, cooperando com seu Reino
E à medida que reconhecemos Deus como nosso supremo Rei, nos tornamos vice-Reis melhores, "conforme à imagem de seu Filho" (1Sm 15.22; Rm 8. 29)
Mas Cristóvão Colon foi vice-rei de quem?
Dos Reis Católicos???? Deixem-me rir!!!!!!!!!!!!!!!!
Ainda não leram as capitulações da Santa Fé??? Então quem pagava a quem?
Os Reis católicos é que tinham de pagar o dízimo a Cristóvão Colon pelas terras que Cristóvão colocava sob o seu mando ( leia-se, sob o mando dos Reis Católicos)!!!
Quem dava a posse das terras aos Reis Católicos era um Vice-Rei, um vice-Rei de Deus!!!
Para ser superior a reis terrenos só poderia ser um Vice-Rei de Deus!!!
Eu já dei a resposta! Fiquem-se com Deus...
...
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RE: COMMENTARIOS
Caro Anachronico,
Li apenas as duas mensagens de abertura, onde se encontra a conclusão. Não irei fazer comentários de fundo até ter tempo de ler com a atenção merecida a documentação. Quero no entanto alerta-lo para potênciais complicações na diplomática dos papeis assinados "El Almirante". Quero também felicita-lo pelo conjunto notável de documentação que consultou e que pôs à nossa disposição.
Os Meus Cumprimentos,
Francisco
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RE: COMMENTARIOS
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Deus enviou o seu Filho e o Espírito Santo para conquistar os nossos corações. Deus quer o homem, seu Vice-Rei, de volta, cooperando com seu Reino
E à medida que reconhecemos Deus como nosso supremo Rei, nos tornamos vice-Reis melhores, "conforme à imagem de seu Filho" (1Sm 15.22; Rm 8. 29)
Mas Cristóvão Colon foi vice-rei de quem?
Dos Reis Católicos???? Deixem-me rir!!!!!!!!!!!!!!!!
Ainda não leram as capitulações da Santa Fé??? Então quem pagava a quem?
Os Reis católicos é que tinham de pagar o dízimo a Cristóvão Colon pelas terras que Cristóvão colocava sob o seu mando ( leia-se, sob o mando dos Reis Católicos)!!!
Quem dava a posse das terras aos Reis Católicos era um Vice-Rei, um vice-Rei de Deus!!!
Para ser superior a reis terrenos só poderia ser um Vice-Rei de Deus!!!
Eu já dei a resposta! Fiquem-se com Deus...
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NÃO È VERDADE, .....subserviente vasallo e a inferiores como um grande senhor,
Caro Anachronico,
Por todas estas mensagens sai sempre um seu preconceito de que CC era um Colombo tecelão de Génova e por isso continua a pintar tudo como um pincel de três metros... sem se dar ao trabalho de considerar outra opção senão aquela de um Plebeu com grande vontade de ser um nobre. O que para si parece um tão claro caso de um plebeu a vestir roupas de nobre não o é...
PERGUNTA: Não e verdade que TUDO o que o Anachronico escreve aqui como sendo aplicado a um Plebeu vaidoso que queria ser nobre, NÃO È VERDADE, que se aplica da mesma forma a um NOBRE VAIDOSO????????
"Mas no caso de Colombo, e ainda na minha interpretação, de mãos dadas com essa ambição caminhava uma não pequena porção de vaidade."
PERGUNTA: Sim muita vaidade, mas vaidade de ter nascido Nobre ou de ter nascido Plebeu?
"Nada d’isto é parecido ao estylo de Colombo, que escreve aos monarchas como qualquer subserviente vasallo e a inferiores como um grande senhor, normalmente fazendo alarde do “Almirante e Visorey e Governador General...."
PERGUNTA: E se o caso fosse que o Almirante estava de facto numa posição de subserviente porque tanto a sua verdadeira identidade e o segredo de toda a sua vida e da vida do seus pais DEPENDIA da boa vontade dos Reis Católicos manterem o SEGREDO?
Não acha que uma pessoa que está a esconder as suas origens com a ajuda da corte necessitava de dar passos cautelosos por todo o resto da sua vida... não acha que o Edward Snowden deve ter toda a cautela possível com o Putin?
Imagine bem um refugiado num país que não era o seu, em que tentava levar os Reis para uma India falsa em que se empenhou por 7 anos para o conseguir e que após o ter conseguido pensava que a sua missão estava comprida, MAS ALIÁS foi forçado de volta imediatamente para "ganhar tudo" vendo-se forçado a manter tanto a personalidade falsa como a mentira da viragem de "descoberta" guardado até ao fim.. cujo rei am quem beneficiou morrera em 1495 deixando-o para viver or esto da vida com o seu papel de "Descobridor das índias" e tendo que manter a farsa até ao fim!!!
De facto a sua posição era perigosa de mais.. por isso ser-se subserviente vassalo era a única opção, a não ser que pudesse regressar à sua mulher, filhos e à Terra Natal e recomeçar a sua vida que deixara em 1484.
"― 1a) Como assinava o “Gobernador e Capitan General de Nueva España”? ― ”HERNAN CORTES”
― 1b) Como assinava practicamente sempre Colombo todas as suas cartas? ― ”EL ALMIRANTE”"
Aqui o confrade de novo não parece entender o cenário. XpoFERENS Colon e Cristóbal Colón não eram o NOME do Almirante. Este nome era um pseudônimo escolhida à medida para esconder a verdadeira identidade. Neste caso, como deveria assinar as cartas como nome falso de Cristóbal Colón, que ele não era, o melhor assinar com um Posto/Titulo/Cargo que ele REALMENTE tinha e ERA.
É que ele FOI mesmo Almirante, o que não e foi Cristóbal Colón apenas pela força da situação do seu nascimento que o OBRIGAVA a não divulgar os seus piassem o seu verdadeiro nome.
É Verdade ou Não é verdade que TUDO o que sabemos sobre a vida do Amirante Colón em Portugal e Espanha aplica-se facilmente à vida de uma pessoa que nasceu nobre?
É Verdade ou NÃO È VERDADE??????
Cumprimentos,
Manuel Rosa
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RE: NÃO È VERDADE, .....subserviente vasallo e a inferiores como um grande senhor,
Caro Manuel Rosa
"Imagine bem um refugiado num país que não era o seu, em que tentava levar os Reis para uma Índia falsa em que se empenhou por 7 anos para o conseguir e que após o ter conseguido pensava que a sua missão estava"
Primeiro que tudo gostava de me dissesses qual foi o povo que primeiro usou a palavra Índia no Mundo???
Se nunca compreenderes o que está na génese da palavra "Índios" nunca descobrirás Cristóvão Colon!!!
Se não souberes eu digo-te...
Cumprimentos
Zé Maria
P. S. Quando te dizer vais ver porque razão Cristóvão Colon era de Beja e chamou Índios ao indígenas do Novo Mundo!!!
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Ponto de Situação??? a Virreina e o tecelão Colombo...
Caro Anachronico,
Fico sem entrender o "porquê" disto tudo.
É so seu intento de PROVAR que o Almirante Colón nasceu um plebeu? Se SIM, mostre em tudo isto qual é o documento que o prova.
É o seu intento de provar que o Almirante Colón era a mesma pessoa que o tecelão Cristofaro Colombo? Se SIM, mostre em tudo isto qual é o documento que o prova.
Todo o resto prece ser muita palha sem pouco trigo.
Ainda outra questão que não devemos deixar fora, além do casamento em 1479, qual é a importância da esposa de D. Diego Colón, 2º Almirante ser titulada de Virreina?
Seria também por Vaidade?
Cumprimentos,
Manuel Rosa
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RE: Ponto de Situação??? a Virreina e o tecelão Colombo...
Caro Manuel Rosa
"Fico sem entrender o "porquê" disto tudo."
Se ficas sem entender o porquê disto tudo, é porque ainda não percebeste nada!!!
...
Deus enviou o seu Filho e o Espírito Santo para conquistar os nossos corações. Deus quer o homem, seu Vice-Rei, de volta, cooperando com seu Reino
E à medida que reconhecemos Deus como nosso supremo Rei, nos tornamos vice-Reis melhores, "conforme à imagem de seu Filho" (1Sm 15.22; Rm 8. 29)
Mas Cristóvão Colon foi vice-rei de quem?
Dos Reis Católicos???? Deixem-me rir!!!!!!!!!!!!!!!!
Ainda não lêste as capitulações da Santa Fé??? Então quem pagava a quem?
Os Reis católicos é que tinham de pagar o dízimo a Cristóvão Colon pelas terras que Cristóvão colocava sob o seu mando ( leia-se, sob o mando dos Reis Católicos)!!!
Quem dava a posse das terras aos Reis Católicos era um Vice-Rei, um vice-Rei de Deus!!!
Para ser superior a reis terrenos só poderia ser um Vice-Rei de Deus!!!
Eu já te dei a resposta! Fica-te com Deus...
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Zé Maria
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PARTE XXI - O accesso directo aos Monarchas
PARTE XXI ― O accesso directo aos Monarchas
――― Vinte? Trinta? Duzentos? Ou dous mil?
Caros confrades,
Gostaria de responder aqui a uma pergunta do confrade Francisco sobre o accesso aos Monarchas à epocha de Colombo, pergunta essa feita n’outro topico:
―― ”Preocupam-se alguns confrades com o facto de os poderes mágicos de Vice-Rei apenas terem efeito nas Antilhas; estando no continente Europeu, Colón perdia os seus poderes de Vice-Rei voltava a ser mortal. Uma pessoa que nunca se preocupou com esta faceta do Vice-Rei foi o próprio Colón. Nada na biografia de Colón nos indica que se preocupava com a sua posição na corte ou com títulos de Senhorio em Castela. Colón já tinha acesso directo (sem intermediação) aos Reis de Castela, de Portugal e Aragão. Quantas pessoas tinham acesso directo à Rainha Iabel a Católica? 100 pessoas? 200? E quantas pessoas tinham acesso directo, em simultâneo, aos Reis de Portugal, Reis de Castela e Reis de Aragão? 20? 30?”
[http://www.geneall.net/P/forum_msg.php?id=341425#lista]
Ignoro o que o nosso confrade quererá dizer exactamente com ”acesso directo (sem intermediação) aos Reis de Castela, de Portugal e Aragão”.
Se por accesso directo quer dizer que podia chegar ao paço, passar por todos os guardas, passar por todos os varios niveis d’os que hoje chamariamos secretarios, passar pello conde e pello bispo que aguardavam a sua audiencia, e entrar na real camara de despacho onde os Monarchas consultavam com um duque e um arcebispo, então esse numero seria de facto talvez esses duzentos que suggere. E se por accesso directo quizer dizer que podia entrar no paço de noute, novamente passar por todos os guardas e secretarios, e exigir entrar na real camara e acordar a Monarcha, esse numero de pessoas seria então talvez os vinte ou trinta suggeridos.
Mas se por accesso directo sem intermediação se quizer dizer que a pessoa poderia ter uma audiencia com os Monarchas ― poderia escrever aos mesmos, ou apenas apresentar-se no paço onde os Monarchas estivessem na altura e requerer uma audiencia ―, esse numero implicaria milhares de pessoas n’as coroas de Castella e Aragão. E o numero de pessoas com semelhante accesso directo ― direito de audiencia ― em simultaneo ao Reis de Portugal, Castella e Aragão contar-se-ia igualmente aos milhares.
Qualquer um dos condes, marqueses, e duques d’as varias coroas ibericas teria accesso directo a qualquer Monarcha. Qualquer um d’os numerosos abbades, bispos e arcebispos idem. Qualquer administrador principal d’as Ordens Militares ― como os Treze da Ordem de Santiago ― e importantemente, qualquer commendador das mesmas Ordens idem. Se um commendador da Ordem de Santiago de por exemplo Zamora ou Plasencia ou Caceres na provincia de Leão desejasse falar com D. João II, bastaria escrever ou apresentar-se no paço, e seria admittido. Apenas n’estas categorias encontramos facilmente mais de um milhar de homens com accesso directo aos varios monarchas ibericos.
Qualquer alto cargo em qualquer Corte iberica teria accesso directo a qualquer Monarcha iberico. Qualquer Alferes-Mor, Almirante, Almotace-Mor, Anadel-Mor, Camareiro-Mor, Cappellão-Mor, Chanceller, Contador-Mor, Condestavel, Corregedor da Corte, Coucel-Mor, Estribeiro-Mor, Guarda-Mor, Marechal do Reino, Meirinho da Corte, Monteiro-Mor, Mordomo-Mor, Reposteiro-Mor, Thesoureiro-Mor, e os principaes Vedores ―Vedor da Casa, Vedor da Chancellaria, e Vedor da Fazenda ―, assim como certos Juizes, Ouvidores e Procuradores d’as Cortes, teriam accesso directo a qualquer Monarcha iberico. Qualquer membro dos varios conselhos, como o Consejo de Castilla, idem. Podemos discutir se cargos menores na Corte teriam accesso directo ― cargos como por exemplo, na Coroa de Aragão, o Lloctinent e Scrivans del Maestre Racional, o Lloctinent e Scrivans del Tesaurer, ou o Prothonotari Tinent los Segells. Alguns d’estes cargos julgo que teriam, outros não. No entanto, apenas n’esta categoria encontramos algumas centenas de homens com accesso directo a todos os Monarchas ibericos.
Qualquer responsavel de alto nivel ― alcaldes, corregidores, juizes &c ― de qualquer cidade principal ― cidades como Avila, Badajoz, Barcelona, Bilbao, Burgos, Cadiz, Cordoba, Cuenca, Gijon, Guadalajara, Leão, Lerida, Malaga, Oviedo, Palencia, Palma, Pamplona, Salamanca, Segovia, Sevilha, Soria, Tarragona, Toledo, Valencia, Valladolid, Vigo, Zaragoza, e tantas outras ― teria tambem accesso directo a qualquer Monarcha iberico. Se um corregidor de Salamanca quisesse falar com D. João II, bastaria escrever ou apresentar-se no paço, e seria admittido. Apenas aqui encontramos tambem algumas centenas de homens com accesso directo a qualquer Monarcha iberico.
Qualquer principal responsavel de qualquer cidade ou villa inferior, mas ainda assim importante ― lugares como Alba de Tormes, Alcala de Henares, Alcazar de San Juan, Aranda de Duero, Arcos de la Frontera, El Burgo de Osma, Carrion de los Condes, Ciudad Real, Ciudad Rodrigo, Madrigal de las Altas Torres, Medina del Campo, Miranda de Ebro, Monforte de Lemos, Peñaranda de Bracamonte, Talavera de la Reina, Tudela de Duero, Villanueva del Campo, Xerez de la Frontera;
ou ainda de lugares como Albuquerque, Alarcon, Almeria, Arevalo, Astorga, Castellon, Cuellar, Gerona, Haro, Huelva, Huesca, Jaen, Linares, Lugo, Merida, Murcia, Olmedo, Ourense, Peñafiel, Pontevedra, Santander, Tordesillas, Tortosa, e Zafra,
ou ainda de varias dezenas dos principaes castellos d'os Reinos, teria igualmente accesso directo a qualquer Monarcha iberico. Apenas n’esta categoria encontramos facilmente algumas centenas mais de homens com accesso directo aos Monarchas.
Mas mais importante: os homens escolhidos para os cargos na Corte, n’os Consejos, n’as cidades e villas, e n'os castellos seriam os mais importantes dos reinos ― caso d'os altos cargos da Corte e d'os mais importantes castellos ― ou a nivel local ― caso d'as cidades e villas e todos os outros castellos. Que significa isto?
Temos que lembrar que as Cortes europeis de Quatrocentos eram ainda itinerantes. Em Castella, devido ao tamanho do reino, alliado ao tradicional poderio da sua nobreza e igualmente forte tradição communitaria d’os concelhos ― ver todo o chaos da primeira metade do seculo XV, ou ainda a Guerra das Communidades de 1520 ― a Corte era bastante mais itinerante que a portuguesa, que essencialmente residia, no seculo XV, em Lisboa, Santarem, Coimbra e Evora apenas. Os itinerarios da Corte de Castella eram bastante mais variados, e os Reis de Castella visitavam muitas mais cidades, villas, e castellos, e conheciam bastantes mais homens da elite local que os portugueses ― o que é apenas natural, visto existirem muito mais cidades, villas, e castellos importantes em Castella que em Portugal.
Tudo isto significa que todos os homens da elite local ― alcaldes, corregidores, cabildos, juizes, &c ― que os Monarchas tivessem conhecido durante as suas deslocações poderiam ainda ter accesso aos Monarchas mesmo depois do fim do mandato. Isto porque eram ainda, normalmente, poderosos membros da elite local, e possivelmente voltariam a exercer funcções a nivel local ou talvez na Corte &c. Assim como temos que considerar os seus parentes proximos. Os numeros que vimos supra relativos às cidades e villas e castellos terão assim que ser multiplicados varias vezes.
Enfim, não tenho infelizmente tempo para muito mais, pois recebo este Sabbado visitas. Às categorias mencionadas devemos ainda acrescentar varias outras, como os principaes burgueses d’as cidades onde a burguesia fosse mais importante, por exemplo. E ainda casos de homens de origens inferiores que por uma ou outra razão fossem escolhidos para missões varias, enquanto não perdessem o favor regio. Dependendo d’os casos, taes burgueses e plebeus ― de lettrados a navegadores ― poderiam ou não ter accesso directo aos varios Monarchas da Peninsula.
Tudo isto é obviamente hypothetico: não julgo que D. João II tenha andado aflicto tentando encontrar tempo para audiencias a todos os commendadores de Salamanca, bispos de Segovia, commerciantes de Sevilha e navegadores de Santander que battiam às suas portas, assim como seriam poucos os homens de Santarem que battiam às portas de Fernando, o Catholico. Mas exactamente por não ser habitual, se alguma vez succedesse, os Monarchas normalmentenão os excluiriam.
Enfim, com estes exemplos apenas quero dar uma ideia do numero de pessoas com accesso directo, sem intermediação e em simultaneo, a todos os Monarchas ibericos à epocha de Colombo. Não seriam as 20-30 pessoas que suggere o confrade Francisco: seriam milhares.
É exactamente esta muito maior fluidez organica da sociedade tardo-medieval que sempre tenho tentado defender aqui no forum: as cortes ibericas de Quatrocentos não eram a rigida e crystallizada corte austriaca de Maria Theresa no seculo XVIII, uma corte vedada ao mundo exterior. As Cortes tardo-medievaes eram itinerantes e abertas ― quasi, por assim dizer, ”democraticas”. Nunca no seculo XVIII um rei de Espanha responderia a um homem como Corvera como vimos na PARTE X. Mas em fins de Quatrocentos e inicios de Quinhentos ainda não era assim. O accesso aos Monarchas era muito mais facil.
Cumprimentos,
Anachronico
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”acesso directo (sem intermediação) aos Reis de Castela, de Portugal e Aragão”.
Caro Anachronico,
Vejo o seu constante empenho de encontrar o mais baixo nível da plebe a entrar na corte aos MILHARES.... pois era?
E quantos desses plebeus é que seriam CONVIDADOS insistentemente para voarem à Corte?
Também MILHARES????
Lembro-lhe que D. João II insistia com Xpoval Colon para ir da Espanha a Portugal se reunir com o rei.
Lembro-lhe que D. Leonor, Rainha de Portugal insistiu com Xpoval Colon para ir visitá-la à Castanheira.
Pois no seu Mundo Medieval, haviam Milhares de Plebeus em tal posição, pois os plebeus eram verdadeiramente nada menos que Nobres....
Era mesmo uma confusão
Cumprimentos,
Manuel Rosa
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RE: COMMENTARIOS 1
Caro Anachronico,
Por todas estas mensagens sai sempre um seu preconceito de que CC era um Colombo tecelão de Génova e por isso continua a pintar tudo como um pincel de três metros... sem se dar ao trabalho de considerar outra opção senão aquela de um Plebeu com grande vontade de ser um nobre. O que para si parece um tão claro caso de um plebeu a vestir roupas de nobre não o é...
PERGUNTA: Não e verdade que TUDO o que o Anachronico escreve aqui como sendo aplicado a um Plebeu vaidoso que queria ser nobre, NÃO È VERDADE, que se aplica da mesma forma a um NOBRE VAIDOSO????????
"Mas no caso de Colombo, e ainda na minha interpretação, de mãos dadas com essa ambição caminhava uma não pequena porção de vaidade."
PERGUNTA: Sim muita vaidade, mas vaidade de ter nascido Nobre ou de ter nascido Plebeu?
"Nada d’isto é parecido ao estylo de Colombo, que escreve aos monarchas como qualquer subserviente vasallo e a inferiores como um grande senhor, normalmente fazendo alarde do “Almirante e Visorey e Governador General...."
PERGUNTA: E se o caso fosse que o Almirante estava de facto numa posição de subserviente porque tanto a sua verdadeira identidade e o segredo de toda a sua vida e da vida do seus pais DEPENDIA da boa vontade dos Reis Católicos manterem o SEGREDO?
Não acha que uma pessoa que está a esconder as suas origens com a ajuda da corte necessitava de dar passos cautelosos por todo o resto da sua vida... não acha que o Edward Snowden deve ter toda a cautela possível com o Putin?
Imagine bem um refugiado num país que não era o seu, em que tentava levar os Reis para uma India falsa em que se empenhou por 7 anos para o conseguir e que após o ter conseguido pensava que a sua missão estava comprida, MAS ALIÁS foi forçado de volta imediatamente para "ganhar tudo" vendo-se forçado a manter tanto a personalidade falsa como a mentira da viragem de "descoberta" guardado até ao fim.. cujo rei am quem beneficiou morrera em 1495 deixando-o para viver or esto da vida com o seu papel de "Descobridor das índias" e tendo que manter a farsa até ao fim!!!
De facto a sua posição era perigosa de mais.. por isso ser-se subserviente vassalo era a única opção, a não ser que pudesse regressar à sua mulher, filhos e à Terra Natal e recomeçar a sua vida que deixara em 1484.
"― 1a) Como assinava o “Gobernador e Capitan General de Nueva España”? ― ”HERNAN CORTES”
― 1b) Como assinava practicamente sempre Colombo todas as suas cartas? ― ”EL ALMIRANTE”"
Aqui o confrade de novo não parece entender o cenário. XpoFERENS Colon e Cristóbal Colón não eram o NOME do Almirante. Este nome era um pseudônimo escolhida à medida para esconder a verdadeira identidade. Neste caso, como deveria assinar as cartas como nome falso de Cristóbal Colón, que ele não era, o melhor assinar com um Posto/Titulo/Cargo que ele REALMENTE tinha e ERA.
É que ele FOI mesmo Almirante, o que não e foi Cristóbal Colón apenas pela força da situação do seu nascimento que o OBRIGAVA a não divulgar os seus piassem o seu verdadeiro nome.
É Verdade ou Não é verdade que TUDO o que sabemos sobre a vida do Amirante Colón em Portugal e Espanha aplica-se facilmente à vida de uma pessoa que nasceu nobre?
É Verdade ou NÃO È VERDADE??????
Cumprimentos,
Manuel Rosa
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De Carlos Calado RE: COMMENTARIOS
Caro confrade Anachronico,
Em primeiro lugar quero felicitá-lo pelo seu belo trabalho de sistematização do tema que aqui foi suscitado, pois constato, como foi por si escrito, que nunca se tinha dedicado verdadeiramente a estudar o Almirante.
Pela minha parte, que já conhecia a quase totalidade dos documentos publicados, mas nunca os apreciei, como é óbvio, numa perspectiva de tentativa de destrinçar se os "Offícios" mencionados nas Capitulaciones seriam mais cargos ou menos títulos, fico a ganhar também com esta nova perspectiva.
Em segundo lugar quero agradecer-lhe por disponibilizar esse trabalho aqui no forum, independentemente de virmos a concordar ou não com os seus resultados.
Em terceiro lugar não posso deixar de ironizar com a questão semântica: o caro confrade despendeu cinco preciosos dias do seu tempo, escreveu várias páginas, coligiu inúmeros documentos, comparou, analisou, confrontou e tirou conclusões, mas acabou por falhar rotundamente num aspecto importante: continuou a falar em Colombo sem ter encontrado um único documento onde conste esse nome. Objectivamente, cometeu um erro de palmatória num trabalho de investigação histórica que até já fez ressuscitar o "excelente blogue" ph-colombina.
Quanto à questão base, penso que posso resumir o 'dilema' nas seguintes afirmações suas:
«A semantica é assim differente. “Governador-geral” realça a acção. “Vice-rei” realça o symbolismo. Mas o cargo é exactamente o mesmo.
Lembro a pergunta inicial do confrade Carlos Calado: “Não seria Vice-Rei um título de representação dos Reis, independente do Cargo de Governador?”
A resposta apenas pode ser negativa
A differença entre um governador-geral e um vice-rei era apenas semantica: o governador-geral tambem representava o Rei, e o vice-rei tambem governava.
Possivelmente esta acepção da dignidade superior do termo de vice-rei tambem existiria em Castella na ultima decada de Quatrocentos. E muito provavelmente por isso insistiu Colombo em que lhe fosse outorgada tambem essa nomenclatura. O significado practico era identico; mas a nomenclatura de vice-rei seria de facto possivelmente considerada superior.»
Ou seja, para Colón, que negociou com os Reis Católicos as Capitulaciones, era importante intitular-se, para além de Almirante, como Vice-Rei - que realçava o simbolismo de representação real e Governador (Geral) - que realçava a acção governativa.
Falta-nos ligar todo o seu trabalho de sistematização e análise ao que vinha a ser discutido antes de se entrar na definição do que seriam os "Offícios" de Colón.
Vinha a ser discutido qual o nível ou status de Colón para poder negociar/exigir com os Reis Católicos, e, perante o que o caro confrade escreveu, parece-me que só há uma conclusão óbvia: Colón fez escrever nas Capitulaciones tudo (ou quase tudo - o que não conseguiu ou de que só sentiu necessidade mais tarde, teve que obter por cartas de mercê) aquilo que pretendia que lá figurasse,
mesmo que agora se possa eventualmente admitir que se tratava de um único cargo.
E isso, caro confrade, não tem qualquer comparação possível com o indivíduo da plebe que pede ao Rei que lhe seja reconhecido um direito retirado porque não tinha ainda cumprido 5 anos no Novo Mundo.
cumprimentos
Carlos Calado
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Comentários 2 - Mudar paradigma para entender enigma
Caro Anachronico e restantes confrades,
Como sabemos, já por várias semanas andamos cá em busca de saber o que era um Almirante, Vide-Rei e Governador, como coisa que tais cargos, títulos e ofícios fossem bichos de 7-cabeças.
O facto é que o navegador pediu, exigiu e recebeu os ditos Cargos, Postos e Titulos sem sequer ter levantado âncora ainda.
O facto é que seu filho Português, D. Diego Colón foi feito Pagem do Príncipe D. Juan uns 5 meses antes de CC ter levantado âncora.
O facto é que estes Cargos, Postos e Titulos representavam o Máximo Poder no Novo Mundo e no Mar. Quem crê que tais Cargos, Postos e Titulos seriam dados a um qualquer plebeu que aparecesse na corte sem ter feito NADA???
Quem crê que tais Cargos, Postos e Titulos seriam dado a um plebeu mesmo se ele tivesse feito algo de importante?
Quantos filhos de plebeus é que eram feitos Pagens da corte?
Ainda para responder se era Cargos, Postos e Titulos, coisas que para o dia de hoje parece terem muito pouco peso, pois já que Vice-reis eram aparentemente escolhidos de entre a plebe, aconselho que vaiam ler os documentos da época em que foram escritos e decidam por si próprios o significado e importância de tais:
CONFIRMÇÃO DOS PRIVILEGIOS:
http://bib.cervantesvirtual.com/servlet/SirveObras/colon/01349464200915179534680/ima0024.htm
PRIVILEGIOS E MERCÊS DEL ALMIRANTE:
http://bib.cervantesvirtual.com/servlet/SirveObras/colon/01349464200915179534680/ima0035.htm
RESPOSTA DO ALMIRANTE AOS CAPITULOS:
http://bib.cervantesvirtual.com/servlet/SirveObras/colon/01349464200915179534680/ima0044.htm
E no fim façam as seguintes perguntas:
«Existe alguma palavra ou frase nestes documentos todos que mostram ou que provam que o Almirante era rum plebeu?»
«Existe alguma palavra ou frase nestes documentos todos que mostram ou que provam que o Almirante não nasceu de pais nobres?»
Depois considerem que além do filho ter sido feito pagem meses antes de iniciar a primeira viagem, já o navegador tinha casado em Portugal com uma nobre senhora privilegiada que necessitava que D. João II autorizasse seu casamento...
E de novo façam as seguintes perguntas:
«Existe algum FACTO na vida de Cristóvão Colon que mostre ou que prove que o Almirante era rum plebeu?»
«Existe algum FACTO na vida de Cristóvão Colon que mostre ou que prove que o Almirante não nasceu de pais nobres?»
No fim, as repostas a estas perguntas dão o inicio para mudança do paradigma que é necessário para entender o enigma Colón.
Cumprimentos,
Manuel Rosa
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RE: COMMENTARIOS - Rui Rodrigues
Caro Anachronico
Tendo finalmente lido todo o texto ao longo de vários dias, tentei da mesma maneira ao longo de vários dias elaborar os meus comentários. Da mesma forma que outros confrades, felicito-o pelo trabalho que teve e agradeço o tempo despendido independentemente de concordar ou não com o exposto.
Embora seja longo o texto não considero que esteja completo, pois alguns pontos ficaram por referir mas o tempo não me permite neste momento adiar mais esta resposta pelo que provavelmente acrescentarei mais alguns comentários posteriormente.
Segue então o logo comentário e igualmente sem revisão.
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PARTE III ― TERMINOLOGIA E SEMANTICA I: NOMENCLATURAS NO SECULO XV
“(…) O cargo de vice-rei, governador-geral, e lugar-tenente são fundamentalmente uma e a mesma cousa, apenas com usos especificos a certas partes e certas epochas.(…)
O cargo de GOVERNADOR-GERAL –(…) “O que faz elle?”
Os cargos de VICE-REI e de LUGAR-TENENTE –(…) “O que é elle?” (…)
A semantica é assim differente. “Governador-geral” realça a acção. “Vice-rei” realça o symbolismo. Mas o cargo é exactamente o mesmo.
Veja-se como nunca, em dominio algum d’as coroas ibericas, ao existir um vice-rei existiu tambem um governador-geral do mesmo territorio, e vice-versa.(...)"
Bobadilla nunca foi vice-rei mas sim e apenas governador geral
"(...) Antes de continuar, é importante lembrar que não existiam n’estas eras mais recuadas nomenclaturas fixas: por vezes vemos nomenclaturas differentes usadas para os mesmos homens e os mesmos cargos em fontes differentes. Outras vezes as nomenclaturas podiam mudar com o tempo ― tal como succedeu n’estes casos.(...)"
Mas posteriormente no texto anachronico dá grande importância entre chamar colon governador e não vice-rei.
"(...) Apenas para dar um exemplo, Affonso d’Albuquer que é por vezes referido como vice-rei da India, o que todos nós aqui sabemos que não foi: era governador-geral, afinal o mesmo.(...)"
Se o cargo é o mesmo qual a diferença então de chamá-lo vice-rei ou governador-geral? Se não há diferença porque diz “o que todos nós aqui sabemos que não foi”? Se é a mesma coisa, não importa dar-lhe uma ou outra nomenclatura.
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PARTE IV ― TERMINOLOGIA E SEMANTICA II: A REPRESENTAÇÃO DOS REIS
“(…) Do mesmo modo tambem Nicolas Ovando representava os Reis Catholicos no Novo Mundo apesar de não ser vice-rei.(…)”
Se não existia diferença, porque não era chamado Vice-rei Ovando?
“(…)Mas que qualquer governador-geral tinha essa funcção de representação dos Reis não podemos discutir. (…)A differença entre um governador-geral e um vice-rei era apenas semantica: o governador-geral tambem representava o Rei, e o vice-rei tambem governava.(…)”
Será que o governador-geral representava os Reis? Tinham ou não os Reis o poder de aplicar Justiça? Os governadores que seguiram a Colón não tinham esse poder foi-lhes dado adicionalmente. Colón como Vice-Rei tinha esse poder.
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PARTE VI ― COLOMBO: VICE-REI E GOVERNADOR?
“(…) Um Vice-Rei não era assim apenas um mero representante do poder Real: era governante. Mas apenas na sua jurisdicção, e apenas durante o seu mandato. Isto não pode nunca ser um titulo. É um cargo. Um titulo é eterno e universal.(…)”
Colón foi Vice-rei e governador geral com termo vitalício e hereditário.
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PARTE X ― PODERES II: A INTERVENÇÃO REAL NO NOVO MUNDO E OS HOMENS
――― O poder real e o Real poder. Exemplos: de Ovando em 1503 a Diego Colon em 1509. O caso de Gonzalo de Corvera, 1503-1508.
Nunca foi colocado em causa a intervenção ou não dos monarcas na governação das Índias. Isso parece ser evidente para todos. Os monarcas tinham poder absoluto sobre todos os seus reinos e por isso intervinham.
O caso corvera é para mim, como diria a cara Maria Benedicta – despiciendo
“(…)Por vezes vemos tambem vice-reis ou governadores no dilemma classico de ter melhores informações in situ que os Monarchas tinham aquando da nomeação e d’as instrucções originaes. Mas ao contrario do caso da India portuguesa, com maiores distancias e difficuldades de communicação, a proximidade do Novo Mundo permittia aos Monarchas estarem bem informados da situação n’as Americas, e assim de poder interferir mais directamente no governo d’os dominios ultramarinos. (…)"
O número de intervenções dos monarcas em Terras que estão em processo de descoberta é proporcional ao número de Terras efectivamente descobertas. Isto julgo ser senso-comum. Agora onde o confrade Anachronico se engana é dizer que pela distância e pela facilidade de comunicações o cargo de vice-rei nas Índias era inferior ao mesmo cargo na Índia portuguesa. Garanto-lhe que a qualidade dos vice-reinados não se qualifica pela distância ou melhores condições ou não de comunicações. O caso Colón é exemplo disso mesmo. Vasco da Gama quando chegou à Índia, toda agente sabia onde se localizava a Índia. Em 1494 quando os Reis Católicos negociaram o Tratado de Tordesilhas e mesmo na Bula papal que foi redigida depois, não sabiam ao certo onde se localizavam essas ilhas e terras descobertas. D. Fernando, o Católico quando promete a D. Diego a restituição do cargos de Vice-rei e Governador, faz-lhe ver que só naquele momento é que ele se inteirou da questão das Índias porque até ao momento não sabia de nada.
Carta de 23 de Fevereiro de 1512 de D. Fernando a D. Diego Colón:
“.....porque vos sabéis muy bien que cuando la reina, que santa gloria aya, e yo lo enviamos [a Bobadilla] por gobernador a esa isla a causa del mal recaudo que vuestro padre se dio en ese cargo que vos agora tenéis, estava toda alçada y perdida y sin ningund provecho, y por esto fue necessário darle al comendador mayor el cargo absoluto para remediarla, porque no avía otro remedio ninguno ni avía caso para que se pudiese dar ningún orden ni concierto desde acá para las causas susodichas; y también porque no tenía yo noticia ni información ninguna de las cosas de esa isla para poderlas proveer. Ahora que, gracias a Nuestro Señor las cosas desas partes las entiendo... he de mandar proveer las cosas de allá como viere que convengan... y cuando mandé que se os diese la provisión conforme a la del comendador mayor, ya sabéis que entonces fuisteis como fue el comendador mayor y no por virtud de vuestros privilejios... Y pues agora estáis por nuestro visorrey e gobernador por virtud de vuestros privilejios, lo cual yo mandé, aunque avía hartos caminos para escusarlos sin haceros agravio, pero sed çierto que sirviendo vos bien... os haré merçedes y no he de dexar de proveer todo lo que convenga en serviçio de Dios, Nuestro Señor, e nuestro e al bien d’esa tierra»
Como vê, a distância era menor e a comunicação efectivamente era bastante menor.
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PARTE XI ― PODERES III: AS PRIORIDADES D’OS MONARCHAS
Título alternativo – Os Reis Católicos tinham mais que fazer do que responder a Colón por estarem ocupados com as guerras em Itália mas em 1508 o Rei responde um suposto insignificante
O texto abreviado nesta mensagem mas completo em própria mensagem com todo texto (TEXTO IV) foi deliberadamente truncada, pois omite uma parte importante da carta e de maneira parcial faz passar a ideia de que efectivamente os Reis não respondem porque estão ocupados.
O texto diz “…Lo primero, que sus altezas no scriben larga mente porque COM EL MAL DE TORRES Y CON LAS HOCUPACIONES GRANDES DESTA GUERRA DE FRANCIA NO HAN TENIDO LUGAR DE PROVEER NIN RESPONDER hasta que haya hoydo e comunicado con Torres, y que entonzes proveheran y responderan larga mente sus altezas á todas las cosas que Torres troxo á cargo, y el escryvio. La respuesta dello lleuaran las cuatro caravelas que tras vos partyran luego, plaziendo á Dios….”
Isto é o que o caro Anachronico deveria ter colocado nesta parte argumentativa ou explicativa do texto. O omissão da questão com “el mal de Torres” é fulcral e mostra falta de imparcialidade.
Ainda para mais o TEXTO IV na verdade são 2 textos. Um com uma data nas costas de novembro de 1495 e a outra sem data.
Ambos os textos são de instruções dos próprios Reis Católicos, que Juan Aguado deveria passar a D. Cristóbal Colón. Portanto, para que fique claro, a parte do texto em maiúsculas não são de forma nenhuma uma queixa de Colón (má interpretação do próprio Anachronico que parece que nem leu o título do documento) mas sim uma afirmação que parte dos próprios Reis Católicos.
Veja-se em contraste com o excerto do texto apresentado pelo caro Anachronico, a carta de 9 de Abril de 1495 dos Reis Católicos ao Bispo de Badajoz, onde são os próprios Reis que estão em cuidado por ter passado tanto tempo sem noticia do Almirante
“(…)por estas letras que aqui vos enviamos vereis lo que vos escribimos cerca de las quatro carabelas que hábeis agora de enviar á las Indias; y porque temendo que algo há Dios dispuesto del Almirante de las Indias en el caminho que fue, PUES QUE HÁ TANTO TIEMPO QUE DÉL NO SABEMOS, tenemos acordado de enviar allá al Comendador Diego Carrillo, (…)”
Juan Aguado teve ordem de parir para as Índias em Maio de 1495. A 5 de Agosto Juan Aguado parte para as Indias e com ele iriam estas instruções.
No dia 1 de Junho desse mesmo ano, os Reis Católicos escrevem directamente a Colón
Quanto à conclusão final: “…Enfim, estes curtos exemplos servem para mostrar como, à epocha de Colombo e tambem mais tarde, e tal como no caso de Portugal, outras prioridades por vezes levavam os Monarchas a não ter, n’as palavras de Colombo, “lugar de proveer nin responder” aos requerimentos d’os governadores ultramarinos”
Já referido acima que o caro Anachronico erra rotundamente ao afirmar que “lugar de proveer nin responder” eram palavras de Colón quando efectivamente trata-se de uma afirmação dos próprios Reis Católicos. É caso para relembrar os “sabe ler?” do próprio confrade Anachronico.
Deixo em mensagem separada a relação de cartas emitidas pelos Reis Católicos referentes às Indias, apenas para o caro Anachronico perceba que quando dá a entender que os Reis estavam demasiado ocupados com a importantíssima guerra em Itália, negligenciaram ou desprezaram as Indias de Colón.
“(…)Um factor parece-me importante realçar: os Reis Catholicos prometteram a Fernandez de Lugo e seus dous parceiros na conquista um premio de 700.000 maravedis a repartir se conseguissem completar a conquista dentro de um anno. Porquê esta pressa extraordinaria? Teria que ver com o perigo imminente da erupção de hostilidades em Italia?(…)”
A pressa da conquista das Canárias parece-me que seja não só pelo facto de ser um ponto estratégico para África mas, principalmente porque era um ponto importante na rota das Índias.
O caro Anachronico vê a questão da Itália em todo o lado. Parece que todas as movimentações e decisões dos Reis Católicos prendem-se sempre com as guerras em Itália. Será que o casamento de D. Manuel e a promessa do trono de Castela também tem a ver com as guerras de Itália? Será que o Tratado de Tordesilhas tinha a ver com os conflitos em Itália? Será que Colón foi destituído de governador por causa das guerras em Itália? Acho que o caro está demasiado obcecado com as guerras em Itália porque as vê em todo o lado.
É verdade que os Reis estavam ocupados com as guerras em Itália mas daí a dar a entender que não respondiam a Colón durante esse tempo porque estavam demasiado ocupados ou porque era uma questão menor mas ao mesmo tempo poderiam responder a um Corvera, é um erro. Mais ainda é afirmar que para os Reis a questão das Indias era um problema menor e que por isso não lhe dão muita atenção.
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PARTE XII ― PODERES IV: DELEGAÇÃO E DILEMMAS
“(…)Toda esta relação entre Monarchas e governadores-geraes vemos, mutatis mutandis, reproduzida entre o vice-rei e os governadores ou capitães locaes, com o visorei no papel dos Monarchas, a delegar poder n’outros (…) Que escreve Colombo por fim a Margarite em 1494?:(…) Aqui, tal como n’as extensas delegações a seu irmão Bartholomeu, vemos claramente Colombo a portar-se como um governador-geral: a delegar poderes a governadores e capitães subalternos.(…)”
As delegações não eram livres para um Vice-rei da mesma forma que não o eram para governadores ou capitães locais.
As delegações que Colón fez a Pedro Margerite e ao seu próprio irmão resultaram em reprimenda por parte dos Reis, como nos diz Las Casas.
Por uma cédula de 28 de Maio de 1493, os Reis autorizaram o Almirente a fornecer «los ofícios de gobernación en las Indias a las personas que bien le pareciere», e assim fez desde a primeira viagem. No entanto em algumas ocasiões excedeu-se fazendo uma interpretação abusiva dessas delegações. Uma dessas ocasiões foi exactamente o nomear a 17 de Fevereiro de 1496 o seu irmão como «adelantado» e «com outro tanto poder como yo mismo tengo para poder regir e governar,… e para disponer e mandar e fazer e ordenar e proveer todas aquellas cosas que a vos paresciere ser necessárias e complideras para le buen gobierno e conservaçión desta población» (TEXTO V)
Las Casas diz-nos que os Reis recriminaram esta atitude de Colón, pois não correspondia ao oficio «de visorrey criar tal dignidade, sino solo a los reyes», contudo os Reis por quererem fazer mercê a ambos acabaram por confirmar o título (ou será cargo?) de «adelantado de las Indias» a 22 de Julho de 1497 a Bartolomeu.
Quando o caro Anachronico diz que ele aqui se está a comportar como um governador-geral, na verdade ele está a comportar-se como um Rei e daí, possivelmente a fazer uso e abuso do seu privilégio de Vice-Rei.
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PARTE XIII ― PODERES V: NOVAMENTE NOMENCLATURA E SEMANTICA
――― Exemplos: Capitães de Marrocos e Vice-Reis da India
“…Ou visto d’outra forma: os capitães portugueses de Marrocos tinham immensos poderes de emergencia, typicamente mais vastos que quaesquer vice-reis portugueses ou castelhanos na India ou no Novo Mundo, incluindo por vezes o de ***condenar à morte***, uma prerrogativa que nenhum vice-rei da India por exemplo teve, pertencendo isso à esphera do Tribunal da Relação de Goa….”
Ora se Colón condenou à morte uma dezena de castelhanos e ìndios, isto faz de Colón um Vice-rei superior aos capitães de Marrocos e Vice-Reis da India portuguesa?
“…Symptomaticamente, apenas começamos a observar com tanta frequencia taes illustres nobres no Oriente justamente a partir do abandono d’as praças marroquinas por D. João III por volta de 1541. Esta é tambem a altura em que o termo Vice-Rei começa a suplantar o de Governador-Geral na India. Que nos diz isto, e como está isto relacionado com Colombo? …”
Lá volta o caro Anachronico a misturar as épocas. Colón morreu em 1506 e até 1541 muita água correu… Por isso, nada disto está relacionado com Colón.
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PARTE XIV ― A IMPORTANCIA DA SEMANTICA
――― A differença entre vice-rei e governador-geral. “Condestavel e marechal do Reino”?
“(…) Mas existia de facto a importante ideia de que a nomenclatura de vice-rei era mais digna. Por isso vemos por exemplo mais tarde os governadores-geraes do Brasil a partir da Restauração, no auge da economia açucareira, tambem querer essa nomenclatura para o seu cargo.
Possivelmente esta acepção da dignidade superior do termo de vice-rei tambem existiria em Castella na ultima decada de Quatrocentos. E muito provavelmente por isso insistiu Colombo em que lhe fosse outorgada tambem essa nomenclatura. O significado practico era identico; mas a nomenclatura de vice-rei seria de facto possivelmente considerada superior…”
Não julgo que a diferença seja apenas uma ideia de que a nomenclatura de vice-rei era mais digna. Porque é que em 1500 quando Colón é destituído de Vice-rei e Governador (geral) e substituído por Francisco de Bobadilla nomeado Governador das Ilhas e Tierra Firme (portanto Geral) e mais tarde por Nicolas Ovando, também este com a mesma nomeação (exceptuando os territórios governados por Alonso Pinzón e Alonso de Hojeda), nunca vemos em documento algum a nomenclatura de Vice-Rei para nenhum destes novos Governadores?
Porque é que desde 1500 até 5 de Maio de 1511, deixou de existir Vice-rei nas Índias?
Em 5 de Maio de 1511, o Rei concede a D. Diego Colón (filho) a nomenclatura de Vice-rei mas apenas nas terras que o seu pai tinha descoberto. Essa nomenclatura é herdada por D. Luís Colón, até que, depois de ser agraciado com o título de Duque de Verágua e Marquês da Jamaica, a nomenclatura de Vice-rei deixa de existir e em 1535 é criado novamente um virreinato (Nova Espanha).
Porque é que durante todo este tempo nunca mais nenhum governador-geral ou capitão-geral foi também denominado Vice-rei? Parece-me que a razão é porque realmente existia diferença e não era apenas de semântica.
Na carta de 5 de Maio de 1511, quando o Tribunal decide a favor de D. Diego Colón na restituição dos títulos e cargos das Capitulações por serem hereditários, vem: “…de Castilla ansy de la ysla Española como de las otras yslas quel almirante don Cristoual Colon su padre descubrio en aquellas mares y de aquellas yslas que por yndustria del dicho su padre se descubrieron com titulo de visorrey de juro…”
Temos então nas Capitulações de Santa Fé a denominação de “oficio” e em 1511 a denominação de “titulo”, para a mesma posição. Em que ficamos?
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PARTE XV ― VICE-REI: TITULO OU CARGO?
――― Differenças entre cargos e títulos
Dos cinco exemplos que dá o caro Anachronico para exemplificar o que seriam títulos e cargos, em todos eles revejo Colón, substituindo as palavras “conde” ou “duque”.
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PARTE XVI ― CARGOS VITALICIOS E HEREDITARIOS
――― Os cargos de Colombo
“…Assim, estou disposto a admittir que os cargos vitalicios e hereditarios ― incluindo os de Colombo ― são de certa forma semelhantes a titulos nobiliarchicos, e que apenas uma analyse dos direitos e prerrogativas que os acompanham e de como eram exercidos poderá evaluar a sua importancia individual. Para o caso de Colombo, nada me impede de os considerar ainda equivalentes a titulos honorificos, ainda que não completamente equivalentes nem inseriveis na hierarchia nobiliarchica classica…”
Pois a mim também me parece que são equivalentes a títulos honoríficos, particularmente, para mim, seria-o o de Vice-rei. Ainda que o cargo fosse exercido efectivamente.
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PARTE XVIII ― ANALYSE DOCUMENTAL II: A SEMANTICA D’OS REIS CATHOLICOS
――― Como se referem os Monarchas a Colombo e seus cargos hereditarios?
Neste capítulo o caro Anachronico cai noutro erro. Listar textos que não se referem a Cristóvão Colón mas sim ao seu filho que, como deveria saber, só lhe foi restituído o titulo/cargo de Vice-rei em 1511.
“…― TEXTO XV [1509]: “vos don Diego Colón, nuestro ALMIRANTE Y GOBERNADOR de las Indias...”
― TEXTO XVI [1509]: “a vos don Diego Colon nuestro ALMIRANTE E GOUERNADOR de las Indias... doy poder conplido a VOS EL DICHO MI GOUERNADOR...”
Daqui conclui o caro Anachronico:
“…E em todos os restantes textos d’os Reis Catholicos, não apenas n’esta pequena amostra mas n’os existentes, os Monarchas apenas raramente referem o cargo de Vice-Rei: normalmente referem-se aos cargos de Colombo como “Almirante y Gobernador de las Indias”.
Almirante e Governador. Não Vice-Rei, nem sequer Governador-Geral, mas apenas Governador, e sempre precedido pello mais importante Almirante.”
Pois claro, com textos referentes ao seu filho D. Diego que não era à data dos textos Vice-rei, é perfeitamente normal que o tratassem apenas por aquilo que ele era: Almirante e Governador.
“Que revela isto?”
Lá tenho que chamar uma argumentação “á lá Taviani”. Usar textos do filho para argumentar sobre o tratamento que os Reis dão ao pai.
Na grande maioria dos documentos, os Reis Católicos referem-se a “Almirante” e em todos, repito, TODOS os documentos que se referem a mais dizem sempre - Almirante, Vice-rei e Governador. Em nenhum documento dos muitos que eu já li, alguma vez encontrei a referência a apenas Almirante e Governador sem o “Vice-Rei” inserido no meio. Se o caro Anachronico encontrou algum, gostaria que me pudesse indicar qual e a fonte.
“…Que revela isto? Revela primeiramente que era o cargo de Almirante o verdadeiramente importante. Isto porque a longo prazo e tal como em Castella, o poder civil e economico do cargo poderiam potencialmente ser muito significantes. Em 1495 a importancia real era ainda practicamente nulla; mas em 1550, se todos os direitos e prerrogativas fossem respeitados, o Almirante d’as Indias seria um homem poderosissimo; e em 1600 seria poderossissimo e riquissimo. Por alguma razão não respeitaram os Monarchas a longo prazo os privilegios attribuidos a Colombo n’as capitulações de Santa Fe. Mas a supremacia d’este cargo era algo de que Colombo estava perfeitamente consciente: por isso terá sempre escolhido assinar como “El Almirante”….”
Diz o caro Anachronico que, por alguma razão não respeitaram os Monarcas a longo prazo os privilégio atribuídos a Colón nas Capitulações. Curiosamente aquilo que os Reis nunca retiraram a Colón foi o titulo/cargo de Almirante. Nem a ele nem aos seus descendentes.
O facto de Colón usar constantemente a denominação de Almirante ou os Reis o tratarem assim, julgo que é perfeitamente normal. Colón ainda tem uma “agravante” como não poderia assinar com o seu nome verdadeiro, estipulou desde logo que passaria a assinar “El Amirante”. Até aqui nada de novo.
Qualquer titular escolhe um título que usa com mais frequência para si mesmo, e o mesmo acontece com os outros em relação a esse titular, isto em troca de correspondência.
O facto de Colón usar muitas vezes Almirante, poucas vezes “Vice-rei e Governador” e menos vezes ainda Vice-rei, deveria servir para perceber que o “Almirante” era uso frequente por ser um cargo que Colón mais usou durante toda a sua vida (vida no mar). As cartas onde assina como “Almirante, Vice-Rey e governador”, são cartas onde efectivamente está a responder como tal. As poucas cartas que assina “Vice-rei” leva a pensar que seria efectivamente esse o título honorífico e não tanto um cargo.
Depois diz o caro Anachronio: “(…)Mas a analyse semantica d’os documentos dos Reis Catholicos revela ainda que Vice-Rei e Governador eram uma e a mesma cousa. E curiosamente, normalmente escolhem mencionar o cargo de Governador apenas, não ambos. E quando apenas mencionam um d’os termos, é sempre o de Governador o escolhido, nunca o de Vice-Rei.(…)”
Argumento este que cai por terra porque nunca os Reis Católicos se referiram a Cristóvão Colón apenas por – Governador.
“(…)É tambem inegavel, ainda a partir das fontes, que estamos perante duas realidades distinctas: a de Colombo e a d’os Monarchas. Colombo não perdia como ficou escripto practicamente nenhuma opportunidade de refererir todas as dignidades, e fazer alarde do “Almirante, Visorey, e Governador”. Para os Monarchas, Colombo as mais d’as vezes era simplesmente ou Almirante, ou Governador ― e quando muito Almirante e Governador.(…)”
Estamos perante duas realidades: a realidade dos escassos documentos que o caro Anachronico leu e a realidade de todos os documentos conhecidos até à data.
Na realidade do caro Anchronico Colón não perde oportunidade para se referir a todas as suas dignidades e os Reis Católicos referem-se a (e reparem agora na palavra em tom depreciativo) “simplesmente” Almirante ou Governador.
Na realidade dos documentos conhecidos, Colón na maioria das vezes apenas assina com as suas siglas e “El Almirante” em substituição do seu verdadeiro nome mas nunca se refere a si próprio, em texto com nenhuma dignidade. Esta assinatura com “El Almirante” fica quase em igualdade ao número de vezes que assina com “Xpo FERENS” e mais uma vez, assina apenas. Assina por duas vezes (conhecidas) com as siglas e “Virey” e nunca, mas nunca apenas com “Governador”.
As poucas, e repito, POUCAS, vezes que se refere a todas as suas dignidades é em nomeações.
Os Reis Católicos referem-se a Colón na sua maioria das vezes como “Almirante” e em todas as outras apresentam sempre, repito SEMPRE, as três dignidades juntas.
Estamos portanto, perante duas realidades. A do historiador e a dos documentos.
Esta é a realidade dos documentos de como se refere Colón a si mesmo:
1493 – Janeiro 4 – carta a Rodrigo de Escobedo: assina com - Siglas e “XpoFERENS”
1493 – Fevereiro 15 – Carta a Luis Santángel: assina com - “El Almirante”
1493 – Fevereiro 20 – Ordenança de Colón: assina com - Siglas e “XpoFERENS”
1494 – Janeiro 30 – Memorial para os Reis Católicos: assina com - Siglas e “El Almirante”
1494 – Abril 9 – Instrução a Mosen Pedro Margarite: assina com – El Amirante
1496 – Fevereiro 17 – Nomeação de Bartolomeu Colón: assina com – El Almirante
1497- Julho - Memorial de la Mejorada: “… enbiaron su Almirante…dicho Almirante…el dicho Almirante…dicho Almirante…”
Memorial de agravios – “…el Almirante…que el Almirante… E d’ésta se agravia el Almirante…el Almirante…”
1497 – Outubro 31 – Poder a Jerónimo de Agüero – “… don Cristóbal Colón, Almirante del mar Océano e Visorey e Gobernador de las islas e tierra firme de las Indias…”
1498 – Janeiro 1 – Contrato de Cristóbal Colón e Fonseca com Antón Mariño – “…Don Christóbal Colón. Almirante de las Indias del mar Océano,…e Don Christobal Colón, Almirante…señor Almirante don Christobal Colón…dicho Almirante…”
1498 – Janeiro – Carta a D. Juan de Fonseca, Obispo de Badajoz: “assina com – “El Almirante”
1498 – Fevereiro 17 – Recebimento de maravedis: assina com – “El Almirante”
1498 – Abril 26 – Albalá a Ximeno de Briviesca: “…el Almirante don Cristoval Colón…” assina com – Sigla e “El Almirante”
1498 – Abril 26 – Carta a D. Diego Colón: assina com – sigla e “El Almirante”
1498 – Maio 12 – Carta a Frei Gaspar Gorricio: assina com – sigla e “El Almirante”
1498 – Maio 28 – Carta a Frei Gaspar Gorrico: assina com – sigla e “El Almirante”
1498 – Outubro 26 – Salvo-conduto a Francisco Roldán: “Yo Don Christóval Colón, Almirante del Océano, Visorey e Governador perpetuo de las islas y tierra firme de las Indias…” assina com – “El Almirante”
1499 – Maio 21 – Carta a Miguel Ballester: “…e yo, por virtud de los poderes que de Sus Altezas tengo y como su Visorey, aseñallo a vos, Miguel Ballester, Alcaide de la Concepción, en nombre del dicho Don Diego, mi fijo,…” assina com – sigla e “El Almirante”
1499 – Agosto 3 – Provisión a Pedro de Salcedo: “ A vos, Don Cristóbal Colón, nuestro Almirante mayor del mar Oçeano e nuestro Visorey e Gobernador general de las islas e tierra firme de las Indias descobiertas e por descobrir…e para esto mandamos al Almirante Don Cristóbal Colón…” assina com – sigla e “Virey” “…e yo Diego de Alvarado, Secretario del Almirante e Visorey, Capitán General de las Indias…”
1500 – Janeiro 30 – Carta de Mercê a Juan Pestaña Tesoureiro da Casa da Moeda da Española: assina com – siglas “Virey”
1501 – Fevereiro 26 – Carta a Frei Gaspar Gorricio: assina com – assina com – sigla e “El Almirante”
1501 – [Abril] 14 – Carta a Frei Gaspar Gorricio: assina com – sigla e “El Almirante”
1501 – Maio 24 – Carta a Frei Gaspar Gorricio: assina com – sigla e “El Almirante”
1501- Junho 9 – Carta a Frei Gaspar Gorricio: assina com – sigla e “El Almirante”
1501 (?) – fragmento a Gaspar Gorricio: assina com – sigla e “El Almirante”
(?) – Memorial aos Reis sobre a povoação das Indias: assina com – sigla e “XPO FERENS”
1501 – Outubro 22 – Conhecimento de cem castelhanos de ouro a Alonso de Morales: assina com – sigla e “El Almirante”
1502 – Fevereiro 6 – Carta aos Reis: assina com – sigla e “XPO FERENS”
1502 – Março 21 – Carta a Nicolò Oderigo: assina com – sigla e “XPO FERENS”
1502 – Abril 2 – Carta ao Banco de S. Jorge: “…El Almirante Mayor del mar Oçéano y Visorey y Gobernador General de las islas y tierra firme de Asia e Indias del Rey e de la Reina, mis Señores, y su Capitán General de la mar y del su Consejo.” Assina com – sigla e “XPOFERRENS”
1502 – Abril 4 – Carta a Frei Gaspar Gorricio: assina com – sigla e “XPOFERRENS”
1502 – Maio 20-25 – Carta a Frei Gaspar Gorricio: assina com – sigla e “XPO FERRENS”
1503 – Julho 7 – Carta a Frei Gaspar Gorricio: assina com – sigla e “XPO FERRENS”
1504 – Agosto 3 – Carta a Nicolás Ovando: assina com – sigla e “XPO FERRENS”
1504 – Setembro 7 – Livramento afavor de Diego Rodriguez: assina com – “XPO FERRENS”
1504 – Setembro 8 – Livramento a favor de Rodrigo Viscaíno e Francisco Niño: assina com – “XPO FERRENS”
1504 – Setembro 9 – Livramento a favor de Diego de Salcedo: assina com – “XPO FERRENS”
1504 – Novembro 21 – Carta a Diego Colón: assina com – sigla e “XPO FERRENS”
1504 – Novembro 28 – Carta a Diego Colón: assina com – sigla e “XPO FERRENS”
1504 – Dezembro 1 – Carta a Diego Colón: assina com – sigla e “XPO FERRENS”
1504 – Dezembro 3 – Carta a Diego Colón: assina com – sigla e “XPO FERRENS”
1504 – Dezemro 13 – Carta a Diego Colón: assina com – sigla e”XPO FERRENS”
1504 – Dezembro 21 – Carta a Diego Colón: assina com – sigla e “XPO FERRENS”
1504 – Dezembro 27 – Carta a Nicolò Oderigo: “… El Almirante Mayor del Mar Oçéano, Visorey y Gobernador General de las Indias, etc…” assina com – sigla e “XPO FERRENS”
1504 – Dezembro 27 – Carta a Juan Luis de Mayo: “… El Almirante Mayor del Mar Oçéano, Visorey e Gobernador General de las islas y tierra firme de Asia e Indias, etc…” assina com – sigla e “XPO FERRENS”
1504 – Dezembro 29 – Carta a Diego Colón: assina com – sigla e “XPO FERRENS”
1505 – Janeiro 4 – Carta a Frei Gaspar Gorricio: assina com – sigla e “XPO FERRENS”
1505 – Janeiro 18 – Carta a Diego Colón: assina com – sigla e “XPO FERRENS”
1505 – Fevereiro 5 – Carta a Diego Colón: assina com – sigla e “XPO FERRENS”
1505 – Fevereiro 25 – Carta a Diego Colón: assina com – “XPO FERRENS”
Nos Arquivos da Duquesa de Alba foi encontrada no meio de Memorais, um fragmento do que seria uma carta que diz: «la corte» seguido de sigla e “Virey”
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PARTE XIX ― ANALYSE DOCUMENTAL III: AS CAPITULAÇÕES DE SANTA FE
――― Porque razão afinal “Visorey e Governador General”?
Sobre as repetições nas Capitulações estou em desacordo com o caro Anachronico. Primeiro porque não é apenas nesse texto que tal acontece mas sim em muitos outros e estou a lembrar-me de momento do texto do tratado de Tordesilhas. Segundo, algumas palavras referenciadas pelo confrade não são exactamente uma repetição como por exemplo “yslas y tierra firme” ou “herederos e sucessores”. Trata-se na verdade de conceitos diferentes. “yslas” são Ilhas e “tierra firme” é território inserido num continente. “Heredero”, são herdeiros. No caso de Colón eram D. Diego e D. Hernando. “Sucessores” no caso Colón foi apenas D. Diego. As únicas a que se poderia referir eram:
“Todas y qualquier..”; “cada huna y qualquier…”.
Sobre isto pode bem o caro Luciano referir-se ou mesmo a cara Maria Benedita. Juridicamente os termos apresentados pelo caro Anachronico são diferentes.
Todo o texto que se segue neste capítulo fica sem sentido.
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PARTE XX ― CONCLUSÕES E INTERPRETAÇÕES
――― Porque razão afinal “Visorey e Governador General”?
Este capítulo não vou comentar porque como é óbvio estou em desacordo com as suas conclusões que partem de erros apontados anteriormente.
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COMPARAÇÕES E INTERPRETAÇÃO
Como já em resposta disse o caro Manuel Rosa, Colón assina com El Almirante não por vaidade mas sim porque o estipulou por não querer assinar o seu nome verdadeiro. Logo todos os exemplos neste capítulo caiem por terra.
Apenas aponto este:
“(…)― 4a) Como assinava Ferrante I Gonzaga, filho dos marqueses de Mantua, Principe de Molfetta, Cavalleiro do Tosão de Ouro, Vice-Rei da Sicilia, Governador de Milão, &c? ― ”FERNANDO GONZAGA” [sic]
― 4b) Como assinou Colombo a carta a Nicolas Oderigo em 1504? ― ”EL ALMIRANTE MAYOR DEL MAR OCÉANO, VISORREY Y GOBERNADOR GENERAL DE LAS INDIAS, ETC. EL ALMIRANTE” (…)”
De dezenas de documentos o caro Anachronico escolhe cirurgicamente e não aleatoriamente os documentos que lhe servem à argumentação não servindo nem sequer como amostra em qualquer tipo de estudo da sua assinatura.
O caro Anachronico foi buscar os únicos dois documentos em que Colón de refere como “El Almirante mayor del mar oceano, visorey y gobernador general de las islas y tierra firme de Asia e Indias,etc.” Neste documento a Nicolas Oderigo e em outro documento ao Oficio de S. Giorgio.
Esta é a assinatura que está nesses dois documentos e não a que apresentou o caro Anachronico retirando-lhe “islas y tierra firme e Asia”
Estes dois documentos são os únicos em que supostamente Colón se refere assim e pelo facto de lá constar “Asia” (omitida por Anachronico) leva-me a torcer um pouco o nariz em relação aos documentos. Nunca durante toda a sua vida Colón se referiu a Asia nas duas dignidades e é logo em 1052 quando se trata da questão do Banco de Génova.
Qualquer pessoa isenta nunca se referiria a estes dois documentos ao analisar a assinatura de Colón durante toda a sua vida, exactamente por serem a exacessão e não a regra.
“(…)Compare-se as cartas dos duques de Alba, de Albuquerque, ou de Najera aos Monarchas com as de Colombo. Ou a dos marqueses de Denia, e de Villena, e as do conde de Miranda. Como iniciam por exemplo os verdadeiramente nobres as suas cartas aos Monarchas durante as guerras italianas?(…)”
Caro Anachronico, se quer comparar as cartas dos condes e duques com as cartas de Colón quando se correspondem com os Reis, deveria colocar todo o texto inicial e não excluir o “Muy Exc.º Señor:” ou qualquer tipo de enunciado das cartas.
Em todos os exemplos finais o caro Anachronio é tendencioso ao comparar como se refere o duque Alba a um Bispo ou ao presidente da Ordem de Santigo com a carta de Colón a Aguero!!
O que nos diz isto sobre a insenção do caro Anachronico?
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Ainda não estou 100% convencido que Governador-geral e Vice-rei é a mesma coisa e tudo é apenas semântica.
Deixo-lhe aqui um excerto de texto retirado do Códice diplomático-americano de cristóbal colón, etc, pág. 253, pertencente a "un escripto de declaracion de las partes que perteneçen al Almirante de las Yndias fecho contra la declaracion de S. A."
"(...)Por el Segundo Capitulo Sus A. le fisieron su Viso Rey y Governador general de todas las dichas yslas y tierra firme, con faculdad que oviese todos los ofiçios que pertenecen a la governación(...) S.A. no le otorgan los dichos ofiçios y governación (...) Y porque agora el dicho Almirante estando pacificamente en servicio de S. A. exercitando los dichos ofiçios en las dichas Yndias le desapoderaron de la posesion dellos ynjustamente, y contra toda razon y derecho syn ser llamado, ni oido ni vençido; de lo cual dice que recició el dicho Almirante grandisimo agravio y gran desonor en su persona y menos cabo en sus bienes (...) Porque S. A. le dieron los dichos ofiçios y governación de la dicha tierra e satisfacion del servicio y costa que el dicho Almirante fiso en ganalla, de donde consiguió justo ynteres y perpetuo titulo á los dichos ofiçios; (...)"
Neste texto Colón refere que juridicamente os Reis Católicos nunca poderiam tê-lo destituído da maneira que o fizeram segundo o que ficou acordado nas capitulações. Não conheço outras nomeações de Vice-rei ou de Governadores gerais mas julgo que não me engano ao dizer que não era hábito o súbdito dos Reis não poder ser destituído por simples vontade dos Reis.
Neste texto é patente a referência a "ofiçios y governación" ao referir-se a Vice-rei e Governador geral.
Cumprimentos
Rui Rodrigues
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Cartas expedidas em 1495 pelos Reis Católicos durante as guerras em Itália
Caro Anachronico e confrades
Esta relação de cartas serve para ilustrar a correspondência em 1495. O caro Anachronico na sua mensagem deu a entender que em 1495 os Reis Católicos estavam demasiado ocupados com a guerra em Itália e menosprezavam a questão das Indias.
1495 – Enero, 25. Madrid
Real Cédula dando facultad á don Juan de Fonseca, para tener un alguacil com vara de justicia, que haga prisiones y ejecucinones en lo tocante á las Armadas de Indias.
1495 – Febrero 16 Madrid
Carta de los Reyes á Garcilaso de la Veja, su embajador em Roma, noticiando que Fr. Bernal Buil vino dolente de Indias, y por qué no puede volver, suplique á Su Santidad otorgue á outra persona que propondrán, las facultades que aquel tenía.
1495 – Febrero 18 Madrid
Carta de los Reyes á D. Juan de Fonseca, encargando despache sin dilación cuatro carabelas com bastimientos, que mucho se necesitan, según los informes de Fr. Boil y los demás que han venido.
1495 – Febrero 28 Madrid
Carta de los Reyes á Jaime Ferrer, su vassalo, agradecendo la carta y escritura que les envio, y encargándole vaya á la corte á fines de Mayo.
1495 – Marzo 22 Madrid
Asiento que mandaron hacer los Reyes com maestre Pablo Belvis, vecino de Valencia, sobre lo que toca á su ida á las Indias é catar e lavar el oro dellas.
1495 – Abril 7 Madrid
Carta de los Reyes al Obispo de Badajoz (Fonseca), recomendando el despacho de las carabelas, para lo cual se envían dos cuentos de mrs. Se há hecho asiento com Juanoto Berardi que ofrece dar las carabelas. Hay personas que desean ir á descubrir y para ello han dado la adjunta provisión que se há de pregonar y publicar en la comarca.
1495 – Abril, 9 Madrid
Carta de los Reyes al Obispo de Badajoz. ESTÁN CON CUIDADO POR HABER PASSADO TANTO TIEMPO SIN NOTICIA DEL ALMIRANTE: han determinado enviar allá al Comendador D. Carrillo ó á outra persona de respecto, para que en ausência del Almirante provea y aun en su presencia remedie en las cosas que convinieren, según información que tienen de los que de allá vienen, que dan quejas unos de otros. No pudiendo ir desde luego el Comendador, le encargan designe alguna persona de respecto que vaya en estas carabelas y que se informe bem del estado de las cosas allá y cómo se gobierna y com la información se venga. Para ello envían el despacho com el nombre en blanco. Item porque Fr. Buil no va agora y hay allá falta de clérigo de conciencia y letras, busque alguno que marche en las carabelas, que al efecto va poder de Fr. Buil.
1495 – Abril 9 Madrid
Real cédula al Conde de Cifuentes sobre secuestro de quince cahices de trigo hecho por un teniente, encargando la justificación.
1495 – Abril 9 Madrid
Real cédula ordenando que los contadores mayores de cuentas reciban en las suyas á Jimeno de Bribiesca todo el trigo y cebada que há de ir a Indias
1495 – Abril 9 Madrid
Real cédula al Obispo de Badajoz ordenando que si algunos de los que sirven com sueldo en Indias quisieren que se pague aqui á sus mujeres é hijos, lo haga.
1495 – Abril 9, Madrid
Carta de los Reyes haciendo merced á Alonso de Carvajal de un marco y médio de oro que le dieron en las Indias los hermanos del Almirante D. Cristóbal Colón, para costa de su venida.
1495- Abril 9 Madrid
Carta de los Reyes á D. Bartolomé y á D. Diego Colón, diciendo vieron las letras que vinieron com Alonso de Carvajal, y porque envían allá a Francisco de Aguado, su repostero, él hablará de su parte, y mandan le de fe y creencia.
1495 – Abril 9 Madrid
Carta al Obispo de Badajoz diciendo que por cuanto Alonso de Carvajal há informado que algunas personas querían enviar mantenimientos y vestuários á los hijos y parientes que tienen en las Indias, lo puedan hacer en las carabelas que van.
1495 – Abril 9 Madrid
Carta credencial dada por los Reyes á Juan de Aguado, su repostero
1495 – Abril 9 Madrid
Real cédula á los caballeros y escuderos que están en Indias, mandando den fe y creencia á su repostero Juan Aguado
1495- Abril 9 Madrid
Carta de los Reyes al Obispo de Badajoz. Sabiendo que algunos de los que sirven en Indias se quieren volver y siendo menester proveer de otras personas, manda encaminhe las que pueda, entre ellas algunos frailes y clérigos de misa.
1495 – Abril 9 Madrid
Carta de los Reyes al Obispo de Badajoz, mandando se pague á Alonso de Carvajal el sueldo de la capitanía que há servido en Indias
1495 – Abril 9 Madrid
Real cédula al Obispo de Badajoz, mandando ayudar com algún sueldo á los labradores de Linares que van á Indias, y que se guarden y cumplan los conciertos hechos com ellos.
1495 – Abril 9 Madrid
Carta de los Reyes á D. Cristóbal Colón. Vieron la letra que envio com Alonso de Carvajal y oyeron lo que les dijo de su parte, y cerca de ello mandan á Francisco d Aguado, su repostero, que responda de palabra; que le de fe y creencia.
1495 – Abril 9 Madrid
Memorial de las cosas que es menester proveer luego para el despacho de cuatro carabelas que vayan á las Indias.
1495 – Abril 10 Madrid
Provisión real concedendo autorización para ir á descubrir, á comerciar y á poblar en las Indias, con las condiciones que se expresan. Entre ellas se cuenta el derecho del Almirante á cargar en cada navío la ochava parte de su porte.
1495 – Abril 10 Madrid
Carta á D. Juan de Fonseca encargándole que por si Dios há dispuesto del Almirante, envia á Indias un clérigo de conciencia y letras
1495 – Abril 12 Madrid
Carta de los Reyes al Obispo de Badajoz. Enterados de la llegada de cuatro carabelas de las Indias; sobre lo que escribe de los indios que vinieron en ellas les parece se podrán vender; que Bernal de Pisa passe á la corte y se dé priesa al despacho de cuatro carabelas.
1495 – Abril 12 Madrid
Orden de los Reyes á Alonso Gutiérrez de l Caballería, para enviar á Sevilla 15 quintales de azogue
1495 – Abril 12 Madrid
Confirmación del asiento hecho con Juanote Berardi para el envio de doce navios á las Indias
1495 . Abril 12 Madrid
Carta de los Reyes al Obispo de Badajoz. Han acordado vaya por capitán de las cuatro carabelas J. de Aguado, su repostero de capilla, y queda, por tanto, sin efecto la orden que le habían dado de elegir persona para este caso.
1495 – Abril 12 Madrid
Carta mandando al Obispo de Badajoz afianzar el produto de la venta de indios que envio el Almirante hasta consultar si podrán ser vendidos.
1495 – Abril 13 Madrid
Carta de los Reyes al Obispo de Badajoz, mandando se cumpla lo estipulado con D. Cristóbal Colón, abonándole la ochava parte de todo lo que haya venido y venga de las Indias por vía de rescate, poniendo él la ochava de dicho rescate.
1495 – Abril 14 Madrid
Traslado de la carta que se envio á Gonzalo Fernández de Córdova, estando de partida para Cicilia
1495 – Abril 15 Madrid
Convenio entre los Reyes Católicos y el de Portugal, prorrogando el término de los diez meses que habían capitulado para la demarcación y partición del mar Oceáno.
1495 – Mayo 5 Madrid
Traslado de la seguridade que se envio al Obispo de Badajoz, de que no será tomada cosa alguna de lo que llevaren los que quieran ir á Indias
1495 – Mayo 5 Madrid
Carta de los Reyes al Obispo de Badajoz. Encargan hable com el hermano del Almirante que vino de las Indias y procure darle todo contentamento. Que escriba al Almirante en las carabelas que van á marchar, apartando cualquier resabio que tenga com él y le dé contentamento
1495 – Mayo 5 Madrid
Carta de los Reyes al Obispo de Badajoz, mandando no demande á don Diego Colón el oro que trujo de Indias, de que le hacian merced.
1495 – Mayo 5 Madrid
Nombramiento de capitán de las carabelas que van á las Indias, á favor de J. Aguado
1495 – Mayo 5 Madrid
Real cédula al Obispo de Badajoz, ordenando socorra á Juan de Aguado com algún dinero á cuenta de su sueldo
1495 – Mayo 5 Madrid
Cédula Real de creencia en favor de Juan Aguado, mandado á todos los españoles residentes en Indias que hagan todo lo que les mandare
1495 – Mayo 5 Madrid
Real cédula al Obispo de Badajoz, ordenando acelere la partida de las carabelas, por la mucha necessidade que hay allá, según informa Antonio de Torres.
1495 – Mayo 7 Madrid
Real cédula acordando que en vez de ir á las islas Canarias, como está estipulado, carabelas com astrólogos y pilotos del reino de Castilla y del de Portugal, para señalar la línea de demarcación del Océano, á 370 leguas de las islas de Cabo Verde, á la parte de Poniente, se junten los dichos astrólogos en alguna parte de la frontera del reino de Portugal, en todo el mês de Septiembre próximo para acordar la manera de partición, y mandan los Reyes, so grandes penas, que en todas las cartas de marear se ponga la línea de dicha partición.
1495 – Mayo 12 Madrid
Carta de los Reyes al Obispo de Badajoz. Aunque le escribieron que hiciese ender los indios enviados por D. Cristóbal Colón, querendo informarse de letrados teólogos si esto puede haceres, y hasta que vean las cartas del Almirante y la causa porque envia estos indios por cautivos, encargan que la venta sea al fiado, sin que los compradores sepan cosa de esto, y que Torres se dé priesa en parecer en la corte ó envie las cartas que trae
1495 – Mayo 30 Arévalo
Real provisión concedendo licencia á todos los que quieran ir á poblar y comerciar á las tierras descubiertas y por descubrir, con las condiciones que expressa.
1495 – Junio 1 Arévalo
Instrucciones de los Reyes al Obispo de Badajoz, sobre las carabelas assentadas con Juanoto Berardi. Procure enviar gente á las Indias para remudar la que allí está, y publique seguridades. Escriben al Almirante que deje venir á los que tiene detenidos contra su voluntad, y no queden allí más de 500 personas, dándoles ración, y no pudiendo quitársela si no hicieren delito que merezca pena de muerte, y envie en este caso los processos. En cuanto á la parte que demanda Juanoto en nombre del Almirante, de los esclavos que vinieron de las Indias, no puede resolverse hasta ver la consulta de los letrados. En el memorial de Vicente Yáñez Pinzón, para descubrir, han resuelto lo que verá.
1495- Junio 1 Arévalo
Carta de los Reyes á D. Cristóbal Colón. Han sido informados que en la isla Española no se repartían los mantenimientos como se debía, y que por qualquer delito se quitaban, y no pareciéndoles bien, mandan que en adelante no se quiten sino á delincuentes que merezcan pena de muerte, que á ella equivale quitar los mantenimientos.
1495 – Junio 1 Arévalo
Carta de los Reyes á D. Cristóbal Colón, ordenando que dé licencia para venir á las personas que tengan necesidad de ello, y queden allí 500, reemplazándolas con las que sucessivamente vayan.
1495 – Junio 1 Arévalo
Carta de los Reyes á D. Cristóbal Colón. Les há sido suplicado que manden venir á D. Fernando de Guevara, Fermín Sedó, Bdo. Veneciano y Miguel Malcaraz (Muliarte?), que tienen mucha necesidad de regressar, por tanto, que les dé licencia, y si alguno há cometido delito envie las pesquisas ó processos y acá se les dará la pena que merecieren.
1495 – Junio 1 Arévalo
Carta de los Reyes á D. Cristóbal Colón. Han sabido que Fr. Jorge, que está allá, tiene necesidad de venirse y él no le da licencia, de que recibe agravio. Que le deje venir en estas carabelas que llevan la carta.
1495 – Junio 1 Arévalo
Carta de los Reyes Católicos al Obispo de Badajoz. Han visto la suya noticiando que D. Diego Colón, hermano del Almirante, vistas las cosas de Italia, está de propósito no ir allá. Que está bien; que si quiere volver com su hermano, venir á la corte ó estarse ende, faga lo que él quisiere.
1495- Junio 2 Arévalo
Carta de los Reyes al Obispo de Badajoz sobre despacho de las carabelas de Juanoto Berardi. Escribe este que el Almirante le envio nueve cabezas de índios para que los diese á personas con quienes aprendisen la lengua. Pueden entregársele, así como la parte que le toque del oro. Maestre Pablo há pedido ir á las Indias com mantenimiento para él y los suyos. Désele.
1495 – Junio 2 Arévalo
Carta de los Reyes á Juanoto Berardi, sobre lo que previenen al Obispo de Badajoz en cuanto al apresto de la Armada y entrega de los indios.
1495 – Junio 2 Arévalo
Carta del Rey á maestre Pablo Belvis, catador de oro, diciéndole haber mandado al Obispo de Badajoz se lleven mantenimientos separados para él y los suyos.
1495 – Junio 16 Burgos
Real cédula al Obispo de Badajoz, reencargando la marcha de las carabelas; cuanto á la demanda de Juanoto de mitad del precio de la carabela que es del Almirante y está allá, le socorra ahora con 50 ó 60.000 mrs. Y después se verá.
1495 – Junio 17 Burgos
Real cédula á Juanoto Berardi, contestando á su carta sobre envio de las cuatro carabelas y cobro de la ochava parte del Almirante.
1495 – Junio 17 Burgos
Real cédula al Obispo de Badajoz, respondendo á su carta sobre despacho de las cuatro carabelas, encargándole partan luego.
1495 – Julio 10 Sevilla
Asiento que se hizo con Bartolomé Colón, Juan Lusero, Bartolomé de Leza y Fernán Pérez, maestres de cuatro carabelas, para un viaje de ida á Indias y vuelta. Partieron de Sevilla el 5 de Agosto, yendo á bordo don Diego Colón, hermano del Almirante.
1495 – Julio 16 Burgos
Carta de los Reyes al Obispo de Badajoz, encargando entenda en despachar otras cuatro carabelas segundas; lleven trigo y cebada. Han habido enojo de los peones gallegos que se salieron de los navios y los mandarán castigar de manera que sirva de ejemplo.
Siin Fecha
Carta de los Reyes al Obispo de Badajoz, encargándole que designe las personas que á fin de Septiembre vayan á Badajoz á juntarse con otras tantas que irán á Yelves por parte de Portugal, para platicar en la forma que se haga la raya y repartición del mar Océano
1495 – Octubre 21 Tarazona
Carta del Rey D. Fernando á S.S. el Papa, recomendando á Fr. Bernardo Boyl, á quien tiene mucha voluntad por lo que le sirvió y sirve.
1495 – Octubre 21 Tarazona
Carta del Rey D. Fernando al Cardenal de Santa Cruz, en Roma, recomendando al devoto padre Fr. Boyl, del que há recibido buenos servicios y le tiene mucha voluntad.
1495 – Octubre 21 Tarazona
Carta del Rey D. Fernando al Obispo de Cartagena, procurador en Roma, recomendando al devoto padre Fray Boyl.
1495 – Octubre 21 Tarazona
Carta del Rey D. Fernando á Garcilaso de la Veja, su embajador en Roma, recomendando á Fr. Boyl, al cual tiene mucha voluntad por los buenos servicios que de él há recibido.
Cumprimentos
Rui Rodrigues
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Method of Madness - ou a Lenda de Fadas
Caro Rui Rodrigues,
EU já tinha escrito noutra mensagem que não é culpa do Anachronico ter-se apaixonado pelo herói de uma Lenda de Fadas e tentar combater contra a verdade neste tópico gritando "Viva o Colombo Tecelão da Génova que se nomeou a si próprio Vice-rei!"
A culpa não é dele de lhe terem ensinado uma mentira, a qual mentira ele agora tenta reforçar com um "estudo" em busca dos seus PRECONCEITOS.
Lembro-me uns 9 anos atrás quando comecei por cá a alertar os participantes deste Fórum que a esposa de CC era uma nobre privilegiada e fui logo atacado pelos "sabões" na matéria que comentavam quer era uma pobre nobre sem valor algum filha de um insignificante capitão de uma insignificante ilha neta de um insignificante secretário de um insignificante condestável!!!!
E eu vinha cá e dizia, não mas ela vivia em Santos, Comenda de Santiago...
E eles gritavam em uma só vós, "Ò PARVO, A FILIPA MONIZ VIVIA EM SANTOS COMO SERVIÇAL DAS DONAS!!!"
Mas eu respondia que não era serviçal era COMENDADORA...
E eles repetiam, "Ò PARVO, APRENDE HISTÓRIA, NÃO SABES NADA, A FILIPA MONIZ NÃO ERA COMENDADEIRA. A COMENDADEIRA ERA A VIOLANTE NOGUEIRA"
Nem as palavras de Don Fernando Colón dizendo que a Filipa Moniz era uma Dona Filipa Moniz de nobre sangue, fidalga residente em Todos-os-Santos não era suficiente para nenhum deles, nem as palavras de D. Diogo Colón de que estava sepultada na Capela da Piedade no Carmo, era indicação da sua alta posição na sociedade de Portugal.
Foi preciso ir buscar o documento e mostar que em 1475 era nomeada uma das DONAS COMENDADORAS de Santos...
Já o Anachronico anos atrás fez uma tentativa de apoiar o Tecelão de Génova mas sem nenhum sucesso...
( http://www.geneall.net/P/forum_msg.php?id=301163#lista )
Volta agora à carga com estes novos tópicos tentando dar as razões de um Vice-rei não ser um Vice-rei apenas porque nenhum Tecelão seria capáz de ser um Vice-rei...
A sua linha de pensamento é:
"o Colombo era um plebeu tecelão, plebeus não poderiam ser Vice-reis, logo ser Vice-rei não era algo de importância"
Em, vez de pensar corretamente e menos forçado que:
"o Colombo era um plebeu tecelão, plebeus não poderiam ser Vice-reis, logo O Colombo não poderia ser Vice-rei Colon"
Aqui chamamos a isto "Method of Madness" o "Método da Loucura" porque, além de não ter NENHUMA lógica, continua a ir contra a documentação e contra as regras da sociedade daqueles tempos.
Eu tinha já tentado esclarecer os erros deles nesta mensagem, mas eles recusam ler, continuam desatualizados e embrenhados numa Floresta de Asneiras da qual não sabem sair:
http://www.geneall.net/P/forum_msg.php?id=144032&fview
Expliquei que se filho foi feito pagem na corte uns 5 meses antes de içar velas, sem ter feito NADA... expliquei que foi feito "Cavaleiro da Espora Dourada" que sobre as regras deste grua da Cavalaria, CC teria que ser de sangue NOBRE.
É como se vivemos em dois universos paralelos em que os DOCUMENTOS servem para provar uma coisa mas APENAS se essa coisa é em beneficio da Lenda de Fadas.. quando os Documentos mostram algo que nega a Lenda de Fadas, esses documentos já não são bons e têm que ser descartados...
Toda esta confusão remonta a Abril de 1493 apenas porque um Pedro Posa decidiu nomear COLON por COLOM que foi um ERRO monumental...um erro tão enorme que tem servido de cobertura a uma história falsa de 500 anos. Apenas uma simples letra um M mudou a história de um Homem, a história de dois reinos e eventualmente a história humana por 500 anos...
Porque COLON foi COLONUS não foi nem é Colombo-Colom e Palomo nem Columbus.. http://www.geneall.net/P/forum_msg.php?id=341343#lista
O certo é que a verdade de pouco a pouco vai aparecendo e vai mudando a forma como a história é vista. Isto para quem tem olhos, claro, e não para quem anda empenhado em construir lendas para o Walt Disney!!!
Cumprimentos,
Manuel Rosa
Link directo:
RE: Method of Madness - ou a Lenda de Fadas
Onde vai escrito:
"o Colombo era um plebeu tecelão, plebeus não poderiam ser Vice-reis, logo O Colombo não poderia ser Vice-rei Colon"
Deveria ser:
"o Colombo era um plebeu tecelão, plebeus não poderiam ser Vice-reis, logo O Colombo não poderia ser o mesmo Vice-rei Colon"
onde vai escrito:
foi feito "Cavaleiro da Espora Dourada" que sobre as regras deste grua da Cavalaria, CC teria que ser de sangue NOBRE.
Deveria ser:
foi feito "Cavaleiro da Espora Dourada" que sobre as regras deste grau da Cavalaria, CC teria que ser de sangue NOBRE.
Para ser-se "Cavaleiro da Espora Dourada" tinha que PERTENCER À NOBREZA? (1), (2)
(1) José Sanroma Aldea, and Francisco Javier Díaz Revorio, Armas y letras: la guerra y el derecho en el IV Centenario de El Quijote (Marcial Pons Historia, Jan 1, 2006), 170.
(2) Francisco José Morales Roca, Caballeros de la Espuela Dorada del Principado de Cataluña: dinastía de los Trastámara, 1412-1555 (Ediciones Hidalguia, 1988), 7.
Link directo:
RESPOSTA a COMMENTARIOS - Rui Rodrigues
Caro confrade Rui Rodrigues,
Caros confrades,
Muito obrigado pella sua resposta, e por todas as perguntas que faz em
http://www.geneall.net/P/forum_msg.php?id=342116#lista
Como se deu ao trabalho, aqui segue uma longa serie de respostas.
Segue ainda um agradecimento especial por ter corrigido um erro meu.
Segue ainda outro agradecimento por ter fornecido tantos excellentes argumentos em favor do que escrevo.
E segue finalmente uma pergunta.
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PARTE X ― PODERES II: A INTERVENÇÃO REAL NO NOVO MUNDO E OS HOMENS
――― O poder real e o Real poder. Exemplos: de Ovando em 1503 a Diego Colon em 1509. O caso de Gonzalo de Corvera, 1503-1508.
[RUI RODRIGUES]: “O número de intervenções dos monarcas em Terras que estão em processo de descoberta é proporcional ao número de Terras efectivamente descobertas. Isto julgo ser senso-comum.”
―――RESPOSTA: Lamento, mas quanto a isto o confrade não tem razão. O seu “número de intervenções dos monarcas em Terras que estão em processo de descoberta” é proporcional não ao “número de Terras efectivamente descobertas”, mas sim à distancia e facilidade de communicação com essas descobertas. E isto não é apenas senso commum: veja-se o numero e o typo de intervenções directas dos Reis Catholicos no Novo Mundo digamos até a morte de Fernando, o Catholico, e o numero e o typo de intervenções directas de D. Manuel I na India e na Insulindia digamos até a morte de D. Manuel I. Não quer realmente disputar isto, pois não? E isto é interessante porquê? Porque a Fernando, o Catholico, o Novo Mundo interessava muito menos que o Oriente interessava a D. Manuel I...
[RUI RODRIGUES]: “Agora onde o confrade Anachronico se engana é dizer que pela distância e pela facilidade de comunicações o cargo de vice-rei nas Índias era inferior ao mesmo cargo na Índia portuguesa.”
――― RESPOSTA: Não foi bem isso que escrevi. Que escrevi eu exactamente? [Minhas maiusculas, esta vez]:
“Mas já no tempo de Colombo a facilidade de communicações e a rapidez de resposta possibilitavam uma interferencia Real n’as Caraibas nunca vista na India portuguesa na primeira metade de Quinhentos. O PODER D’OS GOVERNADORES E VICE-REIS na America espanhola ― mesmo o de Colombo ― ERA ASSIM INFERIOR ao que talvez seja do conhecimento d’os confrades do forum habituados à realidade da India portuguesa. Ou, dicto de outra forma: O PODER DO VICE-REI D. CHRISTOVÃO COLOMBO NO NOVO MUNDO SERIA, NA PRACTICA, MUITO INFERIOR AO DO VICE-REI D. FRANCISCO DE ALMEIDA NA INDIA. Tudo motivado pellas differenças de distancias e difficuldades ou facilidades de communicação e intervenção Real.”
Se Colombo abusasse grandemente do seu poder, quatro ou cinco meses mais tarde estaria a caminho de volta ao reino em ferros ― como effectivamente se verificou. Se D. Francisco d’Almeida abusasse grandemente do seu poder ― como effectivamente abusou, recusando abandonar o poder a Affonso d’Albuquerque ―, poderia esperar resposta dentro de anno e meio [no minimo] a dous annos ou mais. No caso D. Francisco d’Almeida teve um azar enorme, porque logo na Armada da India seguinte à do Albuquerque seguia o proprio Marechal do Reino, d’os condes de Marialva, que logo chamou o vice-rei à ordem. Isto [o facto de um Marechal do Reino ter ido à India] é um caso absolutamente extraordinario; caso contrario, com o Albuquerque afastado para Cannanor, quem sabe quando teria o vice-rei renunciado o poder no Terribil? É isto que sempre observamos n’as Americas, desde Colombo e especialmente desde Cortes e Pizarro: a autonomia ― e a insubordinação ― dos portugueses no Oriente, de governadores-geraes a capitães locaes, era na practica superior à da d’os castelhanos no Novo Mundo. Não me diga que quer disputar isto...
[RUI RODRIGUES]: “Garanto-lhe que a qualidade dos vice-reinados não se qualifica pela distância ou melhores condições ou não de comunicações. O caso Colón é exemplo disso mesmo. Vasco da Gama quando chegou à Índia, toda agente sabia onde se localizava a Índia. Em 1494 quando os Reis Católicos negociaram o Tratado de Tordesilhas e mesmo na Bula papal que foi redigida depois, não sabiam ao certo onde se localizavam essas ilhas e terras descobertas. D. Fernando, o Católico quando promete a D. Diego a restituição do cargos de Vice-rei e Governador, faz-lhe ver que só naquele momento é que ele se inteirou da questão das Índias porque até ao momento não sabia de nada.”
――― RESPOSTA: O confrade aqui, sem dar por isso, armou uma engenhosa armadilha a si proprio. Por duas razões:
―― 1) Isto é claramente um exaggero por parte do Monarcha, mas ainda assim um exaggero esclarecedor: não é de maneira alguma plausivel um Monarcha não estar totalmente inteirado de um assumto como o do Novo Mundo, a não ser que ― como sempre venho argumentando ― esse assumpto para esse monarcha fosse claramente secundario. Que o Novo Mundo para Fernando era secundario não apenas obviamente a Italia, mas tambem a Marrocos, não pode ser discutido. Não será possivel a confrade algum argumentar o contrario, pois tudo mostra bem como o complexo Italia/Rossilhão/França e Marrocos eram as verdadeiras prioridades estrangeiras de Fernando. Que Italia fosse prioritaria é obviamente totalmente logico: a constatação acaba por ser banal, e qualquer contestação absurda. Mais interessante é o caso de Marrocos. Mas aqui é importante lembrar que ainda n’os ultimos annos de Quatrocentos e primeiros de Quinhentos não se adivinhava o advento da dynastia Saadi; assim, o desejo de conquista no Norte de Africa por parte d’os reinos ibericos ainda fazia sentido.
―― 2) O confrade menciona “a restituição do cargos de Vice-rei e Governador”. Isto porque, como cita [carta de 1512]: “enviamos [a Bobadilla] por gobernador a esa isla a causa del mal recaudo que vuestro padre se dio en ese cargo”. Aqui vemos claramente os effeitos da proximidade: depois de pouquissimo tempo como governador efectivo na Española ― isto é, se excluirmos o tempo passado em Castella e o tempo passado n’as varias expedições ― Colombo foi exonerado e levado para Castella em ferros pura e simplesmente. Nunca um governador-geral da India portuguesa foi tão rapidamente exonerado como Colombo: isto apenas era possivel devido à curta distancia entre as Caraibas e a Peninsula. O confrade escreveu: “Garanto-lhe que a qualidade dos vice-reinados não se qualifica pela distância ou melhores condições ou não de comunicações. O caso Colón é exemplo disso mesmo.” Mas como pode ver, não é a qualidade, mas o menor poder effectivo do vice-rei/governador devido à facilidade de intervenção Real [ver o subtitulo d’esta PARTE X...] que commento. E o caso de Colombo, comparado com o de D. Francisco d’Almeida, é de facto exemplo d’isso mesmo...
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PARTE XI ― PODERES III: AS PRIORIDADES D’OS MONARCHAS
Aqui tenho primeiramente que dar a mão à palmatoria, e agradecer a importante correcção:
[RUI RODRIGUES]: “Ainda para mais o TEXTO IV na verdade são 2 textos. Um com uma data nas costas de novembro de 1495 e a outra sem data.
Ambos os textos são de instruções dos próprios Reis Católicos, que Juan Aguado deveria passar a D. Cristóbal Colón. Portanto, para que fique claro, a parte do texto em maiúsculas não são de forma nenhuma uma queixa de Colón (má interpretação do próprio Anachronico que parece que nem leu o título do documento) mas sim uma afirmação que parte dos próprios Reis Católicos.”
É de facto má interpretação minha: sabia que eram dous textos, mas ficara convencido de que o texto que citei era uma resposta de Colombo ao texto d’os Monarchas escripta no verso do mesmo. Terei lembrado a phrase “(En las espaldas, de mano de Colón.)” e esquecido que isto seriam apenas as duas linhas seguintes. De facto, vejo agora que o confrade Rui Rodrigues tem razão, e que li mal. É o que dá ler [e escrever] apressadamente.
No entanto, e curiosamente, isto absolutamente nada muda ― na realidade, antes ainda mais confirma. Na minha versão original era Colombo quem suggeria que os Monarchas “CON LAS HOCUPACIONES GRANDES DESTA GUERRA DE FRANCIA NO HAN TENIDO LUGAR DE PROVEER NIN RESPONDER”. Agora, verifico que são as proprias Majestades que o dizem, o que dá muito mais peso à suggestão inicial.
Quanto ao “mal de Torres”, este é, no fundo, irrelevante, e por isso o omitti: são as “occupações grandes” da guerra a causa principal da falta de communicação ― se o Novo Mundo tivesse prioridade absoluta, muito mais rapidamente teriam os Monarchas tido “lugar de prover e responder”. Ou dicto de outra maneira: julgar-se-á que os Reis Catholicos teriam esperado meses seguidos sem noticias de Italia sem fazer nada? Que teriam esperado meses, sem nada saber, por um qualquer “Torres” ter recuperado do seu “mal” antes de enviar instrucções ao Gran Capitan, ou reforços a qualquer guarnição de uma praça-forte, &c, &c?
Assim, repito na integra, apenas agora com a devida correcção em maiusculas, o que escrevi:
“Enquanto Fernando, o Catholico em 1508, no meio de problemas de ordem interna e externa, encontrou tempo de attender à supplicação de Corvera, um simples vizinho de Santiago, os Reis Catholicos em 1495, no contexto das “hocupaciones grandes desta guerra de Francia”, não encontraram tempo de prover nem responder ao “Almirante, Visorey e Gobernador” Colombo.
[...]
Enfim, estes curtos exemplos servem para mostrar como, à epocha de Colombo e tambem mais tarde, e tal como no caso de Portugal, outras prioridades por vezes levavam os Monarchas a não ter, n’as palavras D’OS PROPRIOS MONARCHAS, “lugar de proveer nin responder” aos requerimentos d’os governadores ultramarinos ― o que por outro lado significava tambem menor interferencia Real e maior poder ao governador.”
_______
Se quisemos agora comparar as “occupações” d’os Monarchas, temos que considerar as occupações de todo o typo ― que formariam uma lista muitissimo mais extensa que a que o confrade Rui Rodrigues elaborou para o caso d’as Indias ― em relação às guerras em Napoles e no Rossilhão: preparações de navios, de fortalezas, de armamentos, de tripulações, de tropas, de mantimentos, de provisões diversas, instrucções constantes aos quatro cantos d’os reinos sobre recrutamentos, aprontamentos, correspondencia com todos os principaes nobres que iriam participar nas campanhas italianas, instrucções a Napoles, e tantos outros lugares italicos, &c, &c. Veja-se como a Armada de Vizcaya, para outros fins, cujo preparo foi ordenado em Septembro de 1492, apenas largou no verão seguinte:
]Bem se poderá imaginar que questão mais occupava o tempo d’os Reis Catholicos em 1495.
Quanto às cartas e cedulas que refere o confrade Rui Rodrigues: muito obrigado por divulgar mais textos, que justamente me dão razão. Novamente agradeço. Segundo estes textos, vemos claramente que apenas por três [ou quatro] vezes em 1495:
― meados de Abril, principalmente a 9 e 12 do mesmo
― inicios de Maio, principalmente dia 5 do mesmo
― inicios de Junho, principalmente dia 1 e 2 do mesmo
[― meados de Junho [duas cartas de 16 e 17 do mesmo]]
se occupam os Reis Catholicos seriamente com as Indias, sendo tudo o resto correspondencia escassa e esporadica. Isto é, os Monarchas esperam largos meses sem muito fazer, e despacham então, no espaço de dous meses ― meados de Abril a meados de Junho ― toda uma serie de documentos, para depois pouco mais se ouvir. Isto apenas confirma exactamente o que escrevi no meu texto, com o exemplo anterior:
“...[Sus Altezas] CON LAS HOCUPACIONES GRANDES DESTA GUERRA DE FRANCIA NO HAN TENIDO LUGAR DE PROVEER NIN RESPONDER hasta que haya hoydo e comunicado con Torres, y que entonzes proveheran y responderan larga mente Sus Altezas á todas las cosas...” [cf. TEXTO IV, 1495]”
Assim, não posso deixar de agradecer: o caro confrade Rui Rodrigues mais uma vez, agora com estes exemplos, confirma amavelmente o que eu antes escrevera.
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[RUI RODRIGUES]: “A pressa da conquista das Canárias parece-me que seja não só pelo facto de ser um ponto estratégico para África mas, principalmente porque era um ponto importante na rota das Índias.”
――― RESPOSTA: Lamento, mas isto não faz qualquer sentido. As outras ilhas já estavam conquistadas e poderiam perfeitamente servir como poncto de apoio ― como alias foi o caso de Gran Canaria, no centro geographico do archipelago, na primeira e segunda viagem de Colombo, e mais tarde tambem na quarta, e na pequena La Gomera, n’as primeiras três expedições. Mais tarde a armada de Magalhães, em 1519, faria escala em Tenerife, a outra das grandes ilhas centraes. Existia obviamente uma vontade por parte d’os Reis Catholicos de subjugar tambem La Palma, no extremo Occidental do archipelago, e Fuerteventura, no extremo Oriental, e por isso foi enviada a expedição de mil e seiscentos homens. Mas não existia necessidade immediata de conquista ― e a rota d’as Indias passaria perfeitamente durante as proximas decadas sem La Palma e Fuerteventura.
Não existia nenhuma razão em 1493 para apressar a campanha, e para premiar mesmo uma conquista rapida, a não ser o que importava realmente: a guerra imminente em Italia. Uma rapida conquista possibilitaria a utilização d’esse milhar e meio de homens d’armas, já apetrechados, experientes e moralizados depois de uma conquista, n’os campos de batalha em Napoles se fosse necessario ― um poco como mais tarde veteranos d’as guerras italianas foram enviados para o Novo Mundo, e acabaram por conquistar o Mexico com Cortes. Qualquer outra conclusão faz pouco sentido.
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[RUI RODRIGUES]:” O caro Anachronico vê a questão da Itália em todo o lado. Parece que todas as movimentações e decisões dos Reis Católicos prendem-se sempre com as guerras em Itália. Será que o casamento de D. Manuel e a promessa do trono de Castela também tem a ver com as guerras de Itália? Será que o Tratado de Tordesilhas tinha a ver com os conflitos em Itália? Será que Colón foi destituído de governador por causa das guerras em Itália? Acho que o caro está demasiado obcecado com as guerras em Itália porque as vê em todo o lado.”
――― RESPOSTA: Entendo o que quer dizer, mas olhe que não é bem assim. De igual modo, se admittirmos que eu soffro de uma certa dose moderada de Italianite, eu poderia dizer que certos confrades do forum soffrem de Colonite aguda: esses sim, veem um Colon demasiado importante, e veem Colon em todo o lado.
O problema que aqui vemos é que o caro Rui Rodrigues, e outros confrades, que fundamentalmente apenas estudaram a Historia de Portugal e, especificamente, a de Colombo, não teem ideia ― e não teem mesmo, ou não estariamos agora a ter esta tola ainda que interessante conversa ― da importancia que as guerras italianas tinham à epocha. As Antilhas eram um punhado [obviamente mais de um milhar, mas o confrade entende onde quero chegar] de ilhas povoadas por selvagens primitivos, sem ouro, ou prata, ou pedras preciosas. Napoles, a Sicilia, e a Sardenha eram mais de meia Italia. Nada menos que meia Italia: não falamos de Olivença, ou d’as villas de Ribacoa. Eram o controle do Mediterraneo Occidental. Eram a differença entre uma Castella e Aragão superpotencia na Peninsula e uma Castella e Aragão superpotencia na Europa. E eram igualmente a differença entre essa ultima Castella e Aragão e, se perdidas, a alternativa ― uma França superpotencia na Europa. Em 1495, a importancia do Novo Mundo em relação à guerra de Napoles era infima. Em 1495, a differença entre a futura grandeza ou pequenez de Castella e Aragão encontrava-se na outra Peninsula a Levante, não no Novo Mundo a Poente.
Não é isto que nos ensinaram, e ainda ensinam, em Portugal, com o nosso totalmente obsoleto systema de ensino. A visão que temos, e a que mais facilmente temos accesso, é ainda mais ethnocentrica que a maioria d’as historiographias europeias: é tudo visto a partir de Portugal, somos o umbigo do Mundo, e a Castella interessaria apenas a competição maritima com Portugal. Isto é um disparate digno apenas de historiographias chauvinistas. A propria forma de certo modo leviana e ― exactamente ― quasi desinteressada com que os Reis Catholicos negociaram, ou melhor, deixaram negociar o Tractado de Tordesilhas mostra bem como não era esta a sua principal prioridade em 1494, depois da morte do rei de Napoles. Os confrades que soffrem de Colonite aguda veem n’isto uma prova de que Colombo enganou os Reis Catholicos, escondeu-lhes parte da verdade, não os informou totalmente, cumpriu o seu dever de agente secreto. Eu vejo n’isto uma excellente prova de que para os Monarchas vizinhos a questão não era mesmo assim tão importante. Ninguem em 1494 se apercebia ainda da futura importancia do continente americano.
As Guerras Italianas de 1494-1559 são a Guerra dos Trinta Annos do seculo XVI; apenas duraram mais de sessenta, sendo algo como quarenta de guerras. Immensos Estados tomaram parte n’estas guerras: para alem de Castella e Aragão e a França, ainda o Papado, Veneza, Milão, Genova, Florença, Siena, Ferrara, Mantua, a Inglaterra [normalmente alinhada com Castella], a Escocia, o Imperio, Estados allemães como a Saxonia e Brandemburgo, e o Imperio Ottomano [sempre alliado da França]. Por alguma e estranha razão hoje este conflicto, o grande conflicto internacional do seculo, é muito pouco conhecido.
Segundo todos os criterios quantificaveis ― sommas de dinheiro, numeros de homens, quantidades e qualidades de preparações, &c ― as guerras italianas de 1494-1504 attingem uma expressão muitissimo maior que a demanda do Novo Mundo. Não há mesmo comparação possivel, como se poderá imaginar. Entre Castella e o Novo Mundo encontramos Portugal. E não digo que Portugal não fosse importante. Mas não era obviamente tão importante como uma guerra contra a muito mais poderosa França, em varias frentes, do Rossilhão a Napoles, sobre a hegemonia em Italia. E possiveis conflictos com Portugal, como varios confrades já mencionaram antes, foram evitados, por assim dizer, com um tractado e dous casamentos, que fortuitamente [quando Isabel se casou com D. Manuel I ainda o seu irmão era vivo] chegaram mesmo como se sabe a prometter uma futura união dynastica iberica.
Mas que escreveu Machiavelli sobre Fernando, o Catholico, no seu “O Principe” de 1513, e porquê? Que escreveu Machiavelli a Vettori sobre Fernando n’esse mesmo anno? Porque menciona Machiavelli a guerra de Granada, as conquistas em Marrocos, e obviamente a guerra de Napoles, e nada sobre o Novo Mundo? Isto mostra bem a importancia relativa com que as guerras italianas e o Novo Mundo eram vistos na altura.
Não sou assim eu que vejo as guerras italianas em todo o lado: eram os proprios Reis de Castella e Aragão, e a França, e o Papa; e todos os principes italianos, e o rei de Inglaterra, &c; e mesmo escriptores como Machiavelli e Vettori. E ainda em 1494 Henri VIII invadiu de facto Napoles, como se esperava que fizesse quando o velho rei morresse. E veja-se como todo este complexo systema de conflictos que se seguiu apenas terminou em 1559. Razão tinham os Reis Catholicos em andar preoccupados com a situação em Italia...
[RUI RODRIGUES]: “É verdade que os Reis estavam ocupados com as guerras em Itália mas daí a dar a entender que não respondiam a Colón durante esse tempo porque estavam demasiado ocupados ou porque era uma questão menor mas ao mesmo tempo poderiam responder a um Corvera, é um erro. Mais ainda é afirmar que para os Reis a questão das Indias era um problema menor e que por isso não lhe dão muita atenção.
――― RESPOSTA: Não é um erro: é afinal ― como o caro Rui Rodrigues me fez ver ― simplesmente o que os proprios Monarchas affirmam em 1495. E eu não affirmo que os Reis Catholicos não dão muita attenção à questão d’as Indias: eu faço essa simples constatação, comparando com a attenção que dão a varias outras questões mais importantes, entre ellas a questão d’os Judeus, a Inquisição, e a guerra de Napoles. Quanto ao Novo Mundo e quando comparado, os Reis Catholicos, de facto, não lhe dão muita attenção... Faça a comparação e verá, caro confrade.
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PARTE XII ― PODERES IV: DELEGAÇÃO E DILEMMAS
[RUI RODRIGUES]: “...No entanto [Colombo] em algumas ocasiões excedeu-se fazendo uma interpretação abusiva dessas delegações. [...] Quando o caro Anachronico diz que ele aqui se está a comportar como um governador-geral, na verdade ele está a comportar-se como um Rei e daí, possivelmente a fazer uso e abuso do seu privilégio de Vice-Rei.
――― RESPOSTA: Novamente: que escrevi eu exactamente?
“Aqui, tal como n’as extensas delegações a seu irmão Bartholomeu, vemos claramente Colombo a portar-se como um governador-geral: a delegar poderes a governadores e capitães subalternos.”
As delegações de Colombo foram exactamente extensas. A maior parte estaria dentro de suas prerrogativas. Talvez certos aspectos não estivessem. Se se ler o TEXTO III e TEXTO V que o confrade Rui Rodrigues cita, e se comparar com o escripto no TEXTO II que tambem cita, ver-se-á que existe muito espaço para interpretação. Naturalmente um vice-rei ambicioso tentaria fazer uma interpretação inclusiva ― que, dependendo da optica, poderia ser considerada abusiva. Mas apenas um vice-rei que se comportasse como tal poderia soffrer tal accusação. E apenas um vice-rei mais timido ― ou, em casos totalmente differentes, mais autocratico ― não poderia ser accusado de tal por simplesmente não delegar poderes n’outros. O procedimento de Colombo é assim apenas natural para um homem ambicioso. Colombo nunca foi timido, e portou-se como um vice-rei audaz: delegou poderes extensos. Por vezes demasiado extensos, talvez. Isto já é uma questão de interpretação.
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PARTE XIII ― PODERES V: NOVAMENTE NOMENCLATURA E SEMANTICA
――― Exemplos: Capitães de Marrocos e Vice-Reis da India
“…Ou visto d’outra forma: os capitães portugueses de Marrocos tinham immensos poderes de emergencia, typicamente mais vastos que quaesquer vice-reis portugueses ou castelhanos na India ou no Novo Mundo, incluindo por vezes o de ***condenar à morte***, uma prerrogativa que nenhum vice-rei da India por exemplo teve, pertencendo isso à esphera do Tribunal da Relação de Goa….”
[RUI RODRIGUES]: “Ora se Colón condenou à morte uma dezena de castelhanos e ìndios, isto faz de Colón um Vice-rei superior aos capitães de Marrocos e Vice-Reis da India portuguesa?”
――― RESPOSTA: Não, apenas faz de Colombo um homem que abusou do seu poder, e que por isso mesmo, por varios typos de abusos de poder, foi exonerado. Ver resposta supra.
[RUI RODRIGUES]: “...Lá volta o caro Anachronico a misturar as épocas. Colón morreu em 1506 e até 1541 muita água correu… Por isso, nada disto está relacionado com Colón.”
――― RESPOSTA: Com o exemplo quis explicar porque o termo “Vice-Rei” é mais frequente na India portuguesa após 1541. No entanto, isto está totalmente relacionado com o caso de Colombo, pois verificamos toda a mesma serie de phenomenos ainda durante a sua vida: as primeiras expedições à India não levavam governadores a bordo; mas quando o primeiro é nomeado, em 1505, é justamente o irmão mais novo do II conde de Abrantes, e por isso vice-rei; enquanto o segundo, Affonso d’Albuquerque, nomeado em 1508, ainda que sem sombra de duvida fidalgo e mesmo neto materno de um conde, ainda assim é apenas governador. Segue uma successão de governadores, mas apenas voltamos a ver um vice-rei com o conde Gama em 1524, e em 1538 com D. Garcia de Noronha, neto do arcebispo D. Pedro de Noronha [o tal a quem a Perestrello tão nobre que foi barregã abriu as pernas], este neto como sabemos de D. Fernando I.
Assim, vemos que de 1506 a 1541 “muita agua correu”, mas nada mudou no caso português. Trinta e cinco annos na Historia não são nada, e normalmente muito poucos mechanismos e estructuras sociaes alguma vez mudam em tão pouco tempo n’este seculos tão recuados. Apenas, no caso, devido ao abandono de varias praças marroquinas n’esse ultimo anno começamos a ver mais fidalgos na India a partir de meados da decada ― e por essa razão a partir de D. João de Castro em 1545 o representante maximo do Rei de Portugal no Oriente é as mais d’as vezes um vice-rei e não um governador. Mas isto apenas para fortalecer o seu prestigio perante os vaidosos fidalgos que commandava. E isto apenas por razões de semantica.
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PARTE XIV ― A IMPORTANCIA DA SEMANTICA
――― A differença entre vice-rei e governador-geral. “Condestavel e marechal do Reino”?
[RUI RODRIGUES]: “Não julgo que a diferença seja apenas uma ideia de que a nomenclatura de vice-rei era mais digna. Porque é que em 1500 quando Colón é destituído de Vice-rei e Governador (geral) e substituído por Francisco de Bobadilla nomeado Governador das Ilhas e Tierra Firme (portanto Geral) e mais tarde por Nicolas Ovando, também este com a mesma nomeação (exceptuando os territórios governados por Alonso Pinzón e Alonso de Hojeda), nunca vemos em documento algum a nomenclatura de Vice-Rei para nenhum destes novos Governadores?
Porque é que desde 1500 até 5 de Maio de 1511, deixou de existir Vice-rei nas Índias?
――― RESPOSTA: O caso de Colombo é unico: é totalmente experimental, e é um caso de vaidade aguda. Assim, nada custa imaginar que por um lado Colombo insistiu em ser vice-rei; e por outro lado os Reis Catholicos aceitaram, visto ser uma experiencia nova, munir o seu enviado de por assim dizer todos os titulos e honras que desejasse. Mas a questão se existia Vice-Rei n’as Indias ou não é totalmente irrelevante: existia um governador, o que para todos os effeitos era o mesmo. Ser vice-rei ou governador-geral ou governador não importava ― assim como antes de 1640 nunca existiu um Vice-Rei no Brasil. Que differença fazia, quando haviam governadores-geraes? Como disse, a nomenclatura não importa: apenas os poderes especificos merecem a nossa attenção.
[RUI RODRIGUES]: “Em 5 de Maio de 1511, o Rei concede a D. Diego Colón (filho) a nomenclatura de Vice-rei mas apenas nas terras que o seu pai tinha descoberto. Essa nomenclatura é herdada por D. Luís Colón, até que, depois de ser agraciado com o título de Duque de Verágua e Marquês da Jamaica, a nomenclatura de Vice-rei deixa de existir e em 1535 é criado novamente um virreinato (Nova Espanha).
Porque é que durante todo este tempo nunca mais nenhum governador-geral ou capitão-geral foi também denominado Vice-rei? Parece-me que a razão é porque realmente existia diferença e não era apenas de semântica.”
――― RESPOSTA: Está errado, e todo o seculo XVI em Nova Espanha, Peru, Brasil e India Portuguesa o mostram. Não existiam differenças na Coroa de Aragão entre um “lloctinent”, um governador geral, e um vice-rei no seculo XV, e não existiam fundamentalmente differenças entre por exemplo o “Gobernador y Capitan General de Nueva España” de Hernan Cortes e o “Visorey e Governador General” de Christovão Colombo, excepto quanto à geographia da jurisdicção.
A ideia de que a qualquer nomenclatura correspondem responsabilidades, poderes e prerrogativas muito especificas e bem definidas é um phenomeno moderno, essencialmente do seculo XVIII e principalmente seculos posteriores. Com a crescente burocratização do apparelho de Estado tornou-se cada vez mais necessario definir exactamente toda uma serie de nomenclaturas, responsabilidades, poderes e prerrogativas. Isto não era o caso nos seculos XV e XVI, quando tudo era ainda bastante mais vago.
A questão de vice-reis e governadores equivale assim de certo modo a perguntar: quando é que começou a existir um Primeiro-Ministro em Portugal? Qual era exactamente a differença entre um Castello Melhor “escrivão da puridade”, e um Pombal “secretario de Estado do Reino”? Não é a nomenclatura o importante...
[RUI RODRIGUES]: “Temos então nas Capitulações de Santa Fé a denominação de “oficio” e em 1511 a denominação de “titulo”, para a mesma posição. Em que ficamos?
――― RESPOSTA: Exactamente. Em que ficamos, afinal? O que significava a palavra “officio” n’essa epocha? O que significava “titulo”? O que significa “cargo”? Duvido muito que os proprios na altura nos soubessem responder de maneira uniforme. É esta uma d’as maravilhas, um d’os verdadeiros espantos, do historiador: descobrir que o significado d’as palavras é fluido, vago, diffuso. Como acabei de escrever, tudo era muito mais vago. Por tudo isto temos a Alta Critica quanto a textos Biblicos: uma virgem [e isto é um caso veridico] não era uma virgem: temos que saber differenciar. O que significam afinal as palavras? Por tudo isto temos os historiadores profissionaes tantas difficuldades em communicar com amadores, que julgam que tudo é bem definido ― quando nem mesmo as palavras que usamos para descrever os phenomenos o eram...
Exactamente por isto escrevi, na PARTE XX ― Conclusão Final:
“Afinal no que ficamos? Se os proprios Monarchas não se importavam com a exactidão, deveremos nós hoje?”
E agora salto para o que o confrade escreve no final da sua mensagem:
"(...)Por el Segundo Capitulo Sus A. le fisieron su Viso Rey y Governador general de todas las dichas yslas y tierra firme, con faculdad que oviese todos los ofiçios que pertenecen a la governación(...) S.A. no le otorgan los dichos ofiçios y governación (...) Y porque agora el dicho Almirante estando pacificamente en servicio de S. A. exercitando los dichos ofiçios en las dichas Yndias le desapoderaron de la posesion dellos ynjustamente, y contra toda razon y derecho syn ser llamado, ni oido ni vençido; de lo cual dice que recició el dicho Almirante grandisimo agravio y gran desonor en su persona y menos cabo en sus bienes (...) Porque S. A. le dieron los dichos ofiçios y governación de la dicha tierra e satisfacion del servicio y costa que el dicho Almirante fiso en ganalla, de donde consiguió justo ynteres y perpetuo titulo á los dichos ofiçios; (...)"
[RUI RODRIGUES]: “...Neste texto é patente a referência a "ofiçios y governación" ao referir-se a Vice-rei e Governador geral...”
――― RESPOSTA: Não conheço o texto, e apenas posso commentar o excerpto que nos offerece. E pello menos n’este, não é patente o que affirma: a phrase “todos los ofiçios que pertenecen a la gobernación” e o que escolheu repetir refere-se aos cargos de Visorey e Governador General e a todos os cargos inherentes ― tal como, por exemplo, o de Capitan General, visto o Vice-Rei ser automaticamente o supremo commandante militar. Do mesmo modo o Vice-Rei teria poderes de Embaixador, no caso de apparecer subbitamente um emmissario do Cathai, ou do Grão-Mogol; &c. Do mesmo modo o visorei ou gobernador teria certos poderes acrescidos de juiz, antes do systema da Real Audiencia ser implementado. São estes alguns exemplos d’os “ofiçios que pertenecen a la gobernación”. Isto parece tornar-se obvio ao ler a ultima phrase, “...consiguió justo ynteres y perpetuo titulo á los dichos ofiçios...”. Baseado apenas n’estas phrases, vemos aqui como os dictos officios ― isto é, cargos ― foram conseguidos de forma perpetua como titulos ― isto é, hereditarios e honorificos. Aqui vemos justamente a divisão que eu sempre affirmei: os officios de governação eram cargos ― excepto quando vitalicios e hereditarios, quando se confudiam com titulos.
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PARTE XVIII ― ANALYSE DOCUMENTAL II: A SEMANTICA D’OS REIS CATHOLICOS
――― Como se referem os Monarchas a Colombo e seus cargos hereditarios?
[RUI RODRIGUES]: “Diz o caro Anachronico que, por alguma razão não respeitaram os Monarcas a longo prazo os privilégio atribuídos a Colón nas Capitulações. Curiosamente aquilo que os Reis nunca retiraram a Colón foi o titulo/cargo de Almirante. Nem a ele nem aos seus descendentes.”
――― RESPOSTA: Sim e não. O que é certo é que Colombo e os seus successores nunca chegaram a exercer o cargo de Almirante no Novo Mundo com todas as suas prerrogativas como o faziam os Enriquez de Castella. Todos os direitos jurisdiccionaes e economicos sobre os varios portos, todos os direitos de nomeação para varios cargos importantes, &c, &c, nunca foram exercidos por Colombo e seus descendentes. Por isso inclui as paginas citadas em separado da THESE ACADEMICA: para que se possa ver as enormes attribuições do cargo de Almirante de Castella, que segundo as Capitulações seriam prerrogativa identica de Colombo no Novo Mundo. Mas não foram.
[RUI RODRIGUES]: “O facto de Colón usar constantemente a denominação de Almirante ou os Reis o tratarem assim, julgo que é perfeitamente normal. [...] Qualquer titular escolhe um título que usa com mais frequência para si mesmo, e o mesmo acontece com os outros em relação a esse titular, isto em troca de correspondência.”
――― RESPOSTA: Exacto: qualquer titular. Mas... nem qualquer titular. Por isso dei os exemplos de Andrea Doria, um principe e grande almirante de guerra que chegou a assinar simplesmente “Andrea Doria”; e Ferrante Gonzaga, outro principe e chefe de exercitos que chegou a assinar simplesmente “Fernando Gonzaga”.
E Colombo não era titular.
Por isso dei tambem o exemplo de Hernan Cortes, o “Gobernador y Capitan General de Nueva España”. Sempre durante a decada de 1520 o vemos assinar “Hernan Cortes” n’as suas cartas a Carlos V. Não “El Gobernador”, ou “El Capitan General”, ou ambos. Apenas quando foi feito Marques del Valle [de Oaxaca] em 1529 o vemos começar a assinar “El Marques del Valle”. Mas Colombo logo a partir de 1492 sempre assinou “El Almirante”. Isto entender-se-ia se elle fosse um Juan Fernandez ou um Diego Rodriguez; mas poderia perfeitamente assinar “Cristobal Colon” e ser reconhecido pello nome apenas. Mas não quiz: quiz soar mais importante. E isto, tal como um qualquer homem do povo, qualquer “paesano” italiano mafioso, tyrannico, avaro, que logo coloca os irmãos em lugares de poder assim que tem opportunidade [refiro-me ao seu governo na Española], mais me suggere um homem pequeno que um homem nobre.
[RUI RODRIGUES]: “O facto de Colón usar muitas vezes Almirante, poucas vezes “Vice-rei e Governador” e menos vezes ainda Vice-rei, deveria servir para perceber que o “Almirante” era uso frequente por ser um cargo que Colón mais usou durante toda a sua vida (vida no mar).”
――― RESPOSTA: Aceito esta explicação como uma possibilidade, apesar de não accreditar n’ella. De facto, se considerarmos a ligação de Colombo ao mar, isto faz algum sentido. E se o “Almirante” de Colombo fosse um posto puramente militar naval, daria inteira razão ao confrade.
No entanto, o facto do “Almirante” de Colombo não se tractar de um titulo meramente honorifico, ou de um posto puramente naval, mas implicar theoricamente vastos direitos administrativos, jurisdiccionaes, fiscaes, e economicos, e de se tractar assim de todo um enorme cargo, muito mais importante a longo prazo que os de “Visorey e Governador General”, leva-me a pensar que Colombo terá sempre pensado no “Almirante” mais no sentido do cargo na acepção d’os Almirantes de Castella, que seria tambem o seu caso se os Reis Catholicos soubessem respeitar o que lhe fora accordado n’as Capitulações. O que, como sabemos, não foi o caso.
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PARTE XIX ― ANALYSE DOCUMENTAL III: AS CAPITULAÇÕES DE SANTA FE
――― Porque razão afinal “Visorey e Governador General”?
[RUI RODRIGUES]: “Sobre as repetições nas Capitulações estou em desacordo com o caro Anachronico. Primeiro porque não é apenas nesse texto que tal acontece mas sim em muitos outros e estou a lembrar-me de momento do texto do tratado de Tordesilhas.
――― RESPOSTA: Muito obrigado por mais uma vez confirmar o que escrevo. Eu até pensei em mencionar o facto, mas esperei que algum d’os confrades o mencionasse [algo que, confesso, até pode parecer malvado de minha parte]. A verdade é que quando vemos semelhantes formulas n’outros textos, tractam-se de textos muito formaes com longas enumerações, as mais d’as vezes repetitivas e redundantes. É toda esta a formula rhetorica de redundancia de que falo. O facto de por exemplo o Tractado de Tordesilhas obedecer a padrões semelhantes apenas mostra que estamos perante algo formal e, por isso mesmo, altamente rhetorico. Veja o exemplo que nos offerece o confrade:
[RUI RODRIGUES]: “Segundo, algumas palavras referenciadas pelo confrade não são exactamente uma repetição como por exemplo “yslas y tierra firme” ou “herederos e sucessores”. Trata-se na verdade de conceitos diferentes. “yslas” são Ilhas e “tierra firme” é território inserido num continente. “Heredero”, são herdeiros. No caso de Colón eram D. Diego e D. Hernando. “Sucessores” no caso Colón foi apenas D. Diego...”
――― RESPOSTA: Quanto ao ultimo, obrigado por me dar razão. Mas primeiro, as “ilhas e terra firme”. Que escrevi eu?
“O gosto pella repetição e juncção de palavras, por vezes justificado ― no caso de “islas y tierras firmes” ― mas as mais das vezes totalmente superfluo, é marcante ― gritante mesmo ― e pervade todo o texto”
Como se pode ver, eu mencionei especificamente as “ilhas e terra firme” como uma excepção justificada. Quanto a casos como “Dan e otorgan...”, “Por su mano o industria…”, “Herederos e successores…“, “Preheminencias e prerrogativas…“, “Cosas e mercadurias…”, “Comercio y tracto...”, ou “Tracto e negociacion…”, a repetição acaba por ser fundamentalmente redundante. Que significa isto?
O confrade acaba de escrever:
““Heredero”, são herdeiros. No caso de Colón eram D. Diego e D. Hernando. “Sucessores” no caso Colón foi apenas D. Diego”.
Logo, o cargo de Colombo de Almirante, a que o paragrapho especificamente se refere, não seria extensivel a todos os seus herdeiros, mas apenas aos seus successores. Assim, graças mais uma vez à ajuda do caro confrade Rui Rodrigues, podemos ver como estamos de facto perante repetições superfluas e meramente rhetoricas: n’este caso, a unica palavra necessaria seria “successores” ― o “herederos” não pertence aqui.
[RUI RODRIGUES]: “Sobre isto pode bem o caro Luciano referir-se ou mesmo a cara Maria Benedita. Juridicamente os termos apresentados pelo caro Anachronico são diferentes.
Todo o texto que se segue neste capítulo fica sem sentido.”
――― RESPOSTA: Talvez agora, como acabo de demontrar, possa ver como todo o texto que se segue n’esse capitulo faz todo o sentido...
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COMPARAÇÕES E INTERPRETAÇÃO
[RUI RODRIGUES]: “Como já em resposta disse o caro Manuel Rosa, Colón assina com El Almirante não por vaidade mas sim porque o estipulou por não querer assinar o seu nome verdadeiro. Logo todos os exemplos neste capítulo caiem por terra.
――― RESPOSTA: Isso, caro Rui Rodrigues, é supposição de Manuel Rosa, e apparemente sua tambem. Eu diria que não existe nada que o prove, nem sequer que o indique. Estou perfeitamente preparado para aceitar que um qualquer “paesano” italiano, com complexos de inferioridade, tenha vergonha de seu nome e prefira simplemente assinar “El Almirante” ou siglas. Porque mudam homens hoje frequentemente o nome? Porque o mudavam há quinhentos annos? E isto, claro, nem sequer é supposição minha; apenas o menciono como suggestão. A verdade é que não sabemos, e que nenhum d’os meus exemplos assim cai por terra.
[RUI RODRIGUES]: “De dezenas de documentos o caro Anachronico escolhe cirurgicamente e não aleatoriamente os documentos que lhe servem à argumentação não servindo nem sequer como amostra em qualquer tipo de estudo da sua assinatura.
O caro Anachronico foi buscar os únicos dois documentos em que Colón de refere como “El Almirante mayor del mar oceano, visorey y gobernador general de las islas y tierra firme de Asia e Indias,etc.” Neste documento a Nicolas Oderigo e em outro documento ao Oficio de S. Giorgio.
Esta é a assinatura que está nesses dois documentos e não a que apresentou o caro Anachronico retirando-lhe “islas y tierra firme e Asia”
Estes dois documentos são os únicos em que supostamente Colón se refere assim e pelo facto de lá constar “Asia” (omitida por Anachronico) leva-me a torcer um pouco o nariz em relação aos documentos.”
――― RESPOSTA: Aqui não está a ser justo. Eu não escolho cirurgicamente os documentos; li varias dezenas, entre elles os dos duques &c infra, e inclui em annexo cerca de vinte, que me pareceram ser uma amostra representativa. Eu não affirmo ser especialista em Colombo; se aqui escrevo, é porque eu proprio, aqui e acolá, vou apprendendo um pouco ao longo de tudo isto. Se o confrade quiser discutir o seculo XVII comigo, poderei à vontade proporcionar-lhe algumas dezenas de milhares de documentos de variados typos: é isso que faço, histoire serielle baseada em milhares de documentos. Não pode exigir o mesmo quanto a themas que não investigo. Em cinco dias escrevi o que escrevi como resposta ao confrade Carlos Calado, que para muitos serviria como uma dissertação de bacharelato rasca na faculdade, d’aquellas que não sabemos se reprovar ou não: é obvio que a minha amostra não será exhaustiva.
Mas... não inclui especificamente um d’os textos que menciona, o de San Giorgio, pois julguei lembrar-me que a veracidade d’esse é disputada. Vejo não me ter enganado. Mas se isso é apenas devido ao facto de constar “Asia” não o entendo: em 1502 tinham já regressado do Oriente as armadas do Gama e de Cabral; a Asia estava por assim dizer na moda na Europa, e não me espantaria o facto de Colombo n’esse contexto agora o mencionar.
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“(…)Compare-se as cartas dos duques de Alba, de Albuquerque, ou de Najera aos Monarchas com as de Colombo. Ou a dos marqueses de Denia, e de Villena, e as do conde de Miranda. Como iniciam por exemplo os verdadeiramente nobres as suas cartas aos Monarchas durante as guerras italianas?(…)”
[RUI RODRIGUES]: “Caro Anachronico, se quer comparar as cartas dos condes e duques com as cartas de Colón quando se correspondem com os Reis, deveria colocar todo o texto inicial e não excluir o “Muy Exc.º Señor:” ou qualquer tipo de enunciado das cartas.”
――― RESPOSTA: Caro Rui Rodrigues: termino esta longa serie de respostas fazendo-lhe o favor. Transcrevo assim:
― [Arcebispo de Toledo]*: “C.M. = La letra de V.M. de 9 de Junio recibí y por ella...”
― [Duque de Alba]: “S.C.C.M. = Hoy viernes de noche…”
― [Duque de Albuquerque]: “En lo que V.M. respondió de palabra al rey…”
― [Duque do Infantado]: “Recibí la carta de V.M. y vi la intención que tiene con ella...”
― [Duque de Najera]: “S.C.C.M. = A diez y ocho de junio en la noche…”
― [Marques de Denia]: “Lo que á mí me parece…”
― [Marques de Villena**: “S.C.C.M. = Recibí la carta de V.M….”
― [Diego Garcia de Paredes]: “S.C.C.M. = V.M por su carta hizo saber…”
* Oito dias depois o mesmo inicia segunda carta simplesmente: “La carta de V.M de 25 del presente recibí...”
** Em segunda carta posterior inicia este simplesmente: “La carta de V.M. recibí Sábado por la mañana...”
Como pode ver, os duques e marqueses, para alem de no texto quasi sempre apenas fazerem uso da abbreviatura de Vossa Majestade, usam no inicio simplesmente a abbreviatura de Catholica Majestade. Isto quando a usam: n’os sete exemplos referentes a nobres, três d’elles não escrevem de facto a mais minima cortesia antes de iniciar a carta à Majestade. Uma d’elles é o fantastico “Lo que a mí me parece...” do marques de Denia.
Estes são homems que trocam tanta correspondencia com os Monarchas que ― e isto nota-se nitidamente n’os textos ― as suas cartas são de uma simplicidade impressionante, e de uma sinceridade por vezes, para quem não estiver habituado, brutal. Estes eram de facto homens que podiam escrever ao Monarcha, como n’os exemplos mencionados, e sem grandes cortesias e euphemismos, que a culpa de novos conflictos com a França eram do proprio Monarcha. O padrão é simples: após qualquer hiato de correspondencia, iniciam a primeira carta às Catholicas Majestades com o C.M. ou variantes, para logo na segunda e seguintes cartas este ser normalmente omittido. Curiosamente, entre estes exemplos que escolhi, é exactamente o marques de Denia a excepção: nas suas duas cartas seguintes, como que para se redimir da inicial, já inicia com uma abbreviatura de cortesia. No entanto, quer o duque de Albuquerque, quer o duque do Infantado nem na primeira carta isso escrevem, n’estes casos.
Como pode ver, fui inteiramente justo ao transcrever as phrases d’os duques e marqueses [e mesmo de um homem como Diego Garcia de Paredes], que em nada se comparam ao estylo de Colombo; apenas não transcrevo mais porque tal como o confrade tenho que o fazer manualmente, e não tenho paciencia para tanto. Mas por isso posso affirmar o que affirmo: que o estylo de Colombo reflecte uma realidade totalmente differente da dos verdadeiramente nobres ou importantes: Colombo não escreve, de maneira alguma, como um fidalgo sequer como Francisco de Zuñiga, III conde de Miranda, ou Pedro Giron Tellez, filho do II conde de Ureña. O seu estylo assemelha-se mais ao de supplicas de cidades e villas mais modestas, como o municipio de Santo Domingo de la Calzada, que em cartas aos Monarchas são já marcadamente mais subservientes.
É assim que escreve Colombo: como um “campagnolo” que subiu na vida e agora se enaltece perante os mais fraccos, mas não se esquece de ser subserviente em relação ao mais fortes. Tal como o homunculo que vemos como governador na Española, um “paesanotto” que logo coloca os irmãos em lugares de poder perto de si [!], governando tyrannica e barbaramente, approvando por exemplo que um d’os irmãos tenha mandado cortar a lingua a uma mulher que os accusara de serem filhos de um tecellão [!], para proteger a “honra da familia”. Mal comparado, isto mais parece um filme sobre a mafiosa familia Colombone da Liguria...
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Se Colombo era de baixa extracção social, já os habitantes da Española o sabiam ver. Depois de tudo isto, tem que admittir que muitas das ideias que os confrades tinham do que seria a realidade do Mundo de Quatrocentos afinal não eram verdade. Como quando o confrade Francisco [fxcct] insistiu que
“não havia títulos ou cargos mais importantes no reino de Castela do que vice rei e governador”
[citado e refutado em http://www.geneall.net/P/forum_msg.php?id=340806#lista]
...ou o mesmo confrade Francisco n’este mesmo topico suggere que
“Quantas pessoas tinham acesso directo à Rainha Isabel a Católica? 100 pessoas? 200? E quantas pessoas tinham acesso directo, em simultâneo, aos Reis de Portugal, Reis de Castela e Reis de Aragão? 20? 30?”
[citado e refutado em http://www.geneall.net/P/forum_msg.php?id=341888#lista]
...certos confrades muitas vezes baseiam as vossas opiniões em supposições falsas, em defficientes comprehensões do que era afinal a sociedade de Quatrocentos. Como agora o caro Rui Rodrigues pode ver, duques e marqueses podiam de facto escrever às Majestades sem mesmo qualquer cortesia de abertura...
Como sempre affirmei, as cortes itinerantes de Quatrocentos e inicio de Quinhentos eram microcosmos da sociedade: eram abertas, inclusivas, visitavam villas e lugares, encontravam alto e baixo da sociedade, e admittiam muito mais do que se julga; eram quasi “democraticas” em comparação com a rigidez d’os elaborados protocolos que vemos mais tarde. E por tudo isto, nada do que vemos na vida de Colombo, vistas as cousas no seu verdadeiro contexto, suggere o mysterioso “Colon” importante nobre da Corte portuguesa que alguns confrades tentam ver. Veja este caso, ainda mais fantastico:
http://en.wikipedia.org/wiki/Olivier_le_Daim
http://fr.wikipedia.org/wiki/Olivier_Le_Daim
Ora se este filho de um barbeiro flamengo foi feito conde em França à epocha de Colombo, porque não o Colombo filho de um tecellão ligure, ou fosse o que fosse, poderia ser o que foi?
E no fim de tudo isto, apenas lhe quero fazer uma pergunta. Como pode ver, e ao contrario de Manuel Rosa, eu posso sempre dar excellentes ou pello menos satisfactorias respostas a practicamente qualquer pergunta que me façam, desde que para isso tenha tempo de investigar um pouco e aqui escrever. Ao contrario de Manuel Rosa, toda a minha argumentação é logica e coherente. Ao contrario de Manuel Rosa, absolutamente nada do que eu aqui escrevo não é defensavel. Repare que nenhuma tentativa d’os varios confrades da “opposição” de me criticar alguma vez me foi impossivel refutar ou explicar. Que lhe diz isto, confrade? Eu offereço uma realidade totalmente plausivel ― veja-se o exemplo de Olivier le Daim filho de um barbeiro que foi feito conde que acabo de dar n’outro topico: http://www.geneall.net/P/forum_msg.php?id=342195#lista ―, baseada em factos e documentos historicos, e sem necessidade de conspirações, de CIFFRAS SECRETAS, e de transformar Colombo em James Bond. Como sempre, basta ter conhecimentos sufficientes para ver como tudo se enquadra e faz sentido; e apenas quem não os tem sente essa necessidade de, pura e simplesmente, inventar, fabricar, e perverter factos e documentos historicos. E a minha pergunta é simples: o que eu escrevo é assim tão difficil de accreditar?
Queira mais uma vez aceitar os meus agradecimentos pellas suas perguntas e exemplos, e por tão amavelmente me ter assistido em toda a minha argumentação. E principalmente obrigado por me ter corrigido quanto ao texto no verso do TEXTO IV. Assim ficamos todos mais esclarecidos.
Cumprimentos,
Anachronico
Link directo:
RESPOSTA; é supposição de Manuel Rosa, e apparemente sua tambem.
Caro Anachronico,
O confrade escreve o seguinte aqui: http://www.geneall.net/P/forum_msg.php?id=342197
.....«[RUI RODRIGUES]: “Como já em resposta disse o caro Manuel Rosa, Colón assina com El Almirante não por vaidade mas sim porque o estipulou por não querer assinar o seu nome verdadeiro. Logo todos os exemplos neste capítulo caiem por terra.
――― RESPOSTA: Isso, caro Rui Rodrigues, é supposição de Manuel Rosa, e apparemente sua tambem. Eu diria que não existe nada que o prove, nem sequer que o indique. Estou perfeitamente preparado para aceitar que um qualquer “paesano” italiano, com complexos de inferioridade, tenha vergonha de seu nome e prefira simplemente assinar “El Almirante” ou siglas. Porque mudam homens hoje frequentemente o nome? Porque o mudavam há quinhentos annos? E isto, claro, nem sequer é supposição minha; apenas o menciono como suggestão. A verdade é que não sabemos, e que nenhum d’os meus exemplos assim cai por terra.»....
É aqui que o confrade mostra a sua ignorância sobre a vida do Almirante Colón.
Surgiria-lhe que fosse rever a vida do Almirante e de seus dois irmãos em Castela para entender que esta família estava a esconder a sua identidade, nome de família, local de nascimento, linhagem e os seus verdadeiros progenitores.
Não é SUPOSIÇÃO nenhuma, é um FACTO que o Almirante e a corte de Castela escondiam a verdadeira identidade do Almirante.
De facto, a corte de Castela AJUDOU a esconder a sua identidade, local de nascimento, linhagem e os seus verdadeiros progenitores do todos nós.
Infelizmente os estiradores decidiram que um plebeu vindo de nada conseguiria esconder a sua verdadeira identidade, local de nascimento, linhagem e os seus verdadeiros progenitores não só de todos nós mas também dos REIS.
PRIMEIRO: Pergunto-lhe caro Anachronico se era assim tão fácil de alguma pessoa se apresentar numa corte COMO NOBRE e ser levadas a sério?
Resposta de Anachronico: ___________________________________________________________________
SEGUNDO: Pergunto-lhe caro Anachronico se era assim tão fácil de alguma pessoa se apresentar numa corte COMO NOBRE e ser levado tanto a sério que seus filhos seriam feitos pagens na corte?
Resposta de Anachronico: ___________________________________________________________________
TERCEIRO:
1- Pergunto-lhe caro Anachronico se uma corte decide AJUDAR A ESCONDER a verdadeira identidade, nome de família, local de nascimento, linhagem e os seus verdadeiros progenitores de todos nós, se essa ajuda da corte seria dada porque descobriram que eram de facto PLEBEUS e decidiriam que não queriam que o público fizesse troça da corte por ter concedido tantos privilégios a um plebeu e assim fizeram tudo o possível para esconder a verdadeira identidade, nome de família, local de nascimento, linhagem e os seus verdadeiros progenitores de todos nós?
OU
2- Se de facto os COLÒN eram NOBRES, e tão nobres que mereciam a ajuda da corte em esconder a verdadeira identidade, nome de família, local de nascimento, linhagem e os seus verdadeiros progenitores de todos nós?
Qual das duas opções acima lhe parece mais plausível??????
A) Aquela que ajuda a esconder um PLEBEU, dar-lhe brasão de armas, títulos, cargos, dinheiro, navios, pagens?
B) Aquela que ajuda a esconder um NOBRE, dar-lhe brasão de armas, títulos, cargos, dinheiro, navios, pagens?
Cumprimentos,
Manuel Rosa
Link directo:
... o célebre navegador era português, até um cego o vê!
«Quanto à questão do Cristóvão Colon, li o seu livro «Colombo Português - Novas Revelações» e não restou a menor dúvida que o célebre navegador era português, até um cego o vê! Aliás, nós aqui na minha terra sempre dissemos que ele era português e muito se admiravam os mais velhos de lhes dizerem que era italiano...
Por favor, continue!» ( http://colombo-o-novo.blogspot.com/2014/01/mapa-da-australia-de-nicholas-vallard.html )
Link directo:
RE: RESPOSTA a COMMENTARIOS - Rui Rodrigues
Caro Rui Rodrigues,
Caro Manuel Rosa,
Caros confrades,
Em nenhuma d’as mensagens de Manuel Rosa n’este topico até agora:
― http://www.geneall.net/P/forum_msg.php?id=341875#lista [01-02-2014, 02:40]
― http://www.geneall.net/P/forum_msg.php?id=341913#lista [02-02-2014, 00:44]
― http://www.geneall.net/P/forum_msg.php?id=341915#lista [02-02-2014, 02:04]
― http://www.geneall.net/P/forum_msg.php?id=341974#lista [03-02-2014, 19:28]
― http://www.geneall.net/P/forum_msg.php?id=342129#lista [07-02-2014, 14:48]
― http://www.geneall.net/P/forum_msg.php?id=342209#lista [09-02-2014, 02:37]
― http://www.geneall.net/P/forum_msg.php?id=342226#lista [09-02-2014, 16:44]
este respeita o thema do topico: desvendar a differença entre os varios cargos / titulos / officios de Colombo. Como exemplo, reproduzo na integra a ultima d’estas mensagens:
―― ” «Quanto à questão do Cristóvão Colon, li o seu livro «Colombo Português - Novas Revelações» e não restou a menor dúvida que o célebre navegador era português, até um cego o vê! Aliás, nós aqui na minha terra sempre dissemos que ele era português e muito se admiravam os mais velhos de lhes dizerem que era italiano...
Por favor, continue!» ( http://colombo-o-novo.blogspot.com/2014/01/mapa-da-australia-de-nicholas-vallard.html )”
Manuel Rosa: isto não é apenas totalmente irrelevante: é de um extremo mau gosto.
O confrade, com todas as suas mensagens, intromette-se n’uma conversa entre os confrades Carlos Calado, Rui Rodrigues e eu com algo totalmente irrelevante ao thema. Isso não se faz. A sua mãe não lhe ensinou boas maneiras?
Repare que o confrade Rui Rodrigues ao commentar este meu topico, que é essencialmente uma resposta à pergunta de Carlos Calado, mostra que leu com attenção o que escrevi. E o longo commentario de Rui Rodrigues contem muitas affirmações ou interpretações interessantes e dignas de resposta minha. E mais ainda, contem uma importante correcção quanto a um erro meu quanto ao TEXTO IV, que eu não soube ler correctamente. Isso apenas chegaria para lhe dar valor.
O confrade Manuel Rosa nada d’isto faz. Em vez de corrigir esse erro meu, faz perguntas tolas. Em vez de fazer perguntas intelligentes relacionadas com o que escrevo, colloca questões irrelevantes ao topico. Em vez de fazer commentarios serios, escreve idiotices.
Este topico não tracta nem da nacionalidade de Colombo, nem muito menos de identidades secretas, um thema irrelevante para o que aqui tento esclarecer, digno sem duvida de estorias de ficção como ”O Conde de Monte Christo” mas que não quero perder o meu tempo a discutir. O topico, como o seu titulo indica, tracta d’os cargos de Colombo de Visorey e Governador General, e quando muito, de Almirante. Não fiz este trabalho todo para discutir agora identidades secretas. Tenha a bondade, ou pello menos a decencia, de respeitar o meu trabalho.
Como o longo commentario de Rui Rodrigues merecia longa resposta, abordei ainda certos outros themas.
Como o seu commentario não merece outra resposta que esta, não o farei.
Se esse thema de identidades secretas deseja discutir, ou qualquer outro thema irrelevante ao topico, suggiro que o faça n’um dos varios topicos sobre Colombo que já iniciou. Este topico tracta d’os cargos/ titulos / postos / officios de Colombo. Se puder offerecer novos dados, artigos academicos, &c sobre o thema que permittam esclarecer afinal a differença entre elles, isto é, se puder de alguma forma contribuir, agradeço. Caso contrario, desenvolva quaesquer outros themas que seja sua vontade discutir n’outro lado.
_________
Caros confrades: como a mensagem de Manuel Rosa diverte da minha resposta ao interessante commentario de Rui Rodrigues, peço que tenham a bondade de a ler, se ainda não tiveram opportunidade de o fazer:
http://www.geneall.net/P/forum_msg.php?id=342197#lista
Cumprimentos,
Anachronico
Link directo:
não merece outra resposta que esta, não o farei
Caro Anachronico,
Apenas estou aqui alertando aos leitores que todo este seu esforço de pouco ou de nada serve, no sentido do seu intento original ser um esforço de querer provar que um Colombo plebeu tecelão conseguiria ser feito Almirante, Governador e Vice-rei em Castela, receber o titulo de Don, ele e seus dois irmãos, os tecedores e lã Bartolomeu e Giacomo, e ter seu filho feito Pagem na corte.
E porque, no seu preconcebo que um Plebeu Tecelão fora feito Almirante, Governador e Vice-rei, o seu intento é provar como os títulos, cargos, oficios e postos de Almirante, Governador e Vice-rei eram tão insignificantes que até os Reis os davam a qualquer plebeu sem esse ter feito NADA, NADINHA em Castela!!!
O mesmo é verdade do casamento de um Colombo plebeu tecelão com a Comendadora de Santiago, Filipa Moniz, sem esse ter feito NADA, NADINHA em Portuga- apenas naufragou e zás, como um conto de fadas, é casado com uma nobre num reino onde o tecelão nem uma retrete tinhal!!!
O confrade começou pela ponta errada do novelo. Em vez de tentar provar que qualquer plebeu conseguiria ser feito Almirante, Governador e Vice-rei, deveria primeiro PROVAR que o Almirante, Governador e Vice-rei Cristóvão Colón nasceu um tecelão, irmão de tecelões, filho de um tecelão e neto de outro tecelão.
Quando conseguir provar que o homem que navegou para as Caraíbas em 1492 ao serviço de Castela era aquele mesmo Colombo plebeu tecelão que está documentado como laneiro nos documentos de Génova, então eu darei melhor consideração ao seu esforço de provar que Almirantes, Governadores e Vice-reis eram escolhidos de entre a plebe.
Até lá, eu continuarei a apontar que nem tudo é como o confrade Anachronico tenta passar nas suas mensagens, não o faço para beneficio do Rui Rodrigues e outros que entendem bem seu jogo, mas sim para beneficio daqueles que possam não ter melhor conhecimento dos factos e que poderiam aceitar a premissa do Anachronico de que o Colombo tecelão da Génova poderia assim facilmente se transformar de um inculto, pobre e insignificante plebeu num Almirante, Governador e Vice-rei apenas por pedir tais mercês e sem ter feito NADA, NADINHA para tais coisas merecer.
Cumprimentos,
Manuel Rosa
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O Mistério Colombo Revelado
Apenas para relembrar onde a mudança a historia começou «O Mistério Colombo Revelado» Outubro 22, 2006
http://colombo-o-novo.blogspot.com/2006/10/colombo-portugus.html
Apenas semanas mais tarde apareceu a «Bibliografia da controvérsia» 15 DE NOVEMBRO DE 2006
http://ph-colombina.blogspot.com/2006/11/bibliografia-da-barafunda-01.html
E a controvérsia continua, mais como forma de negar que existe uma controvérsia do que tentar resolver a controvérsia em prol da verdade.
Manuel Rosa
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O Grande Exercício da Futilidade
Caro Anachronico,
Enfim qual é o resultado de tudo isto?
O que conseguiu provar com todas estas mensagens e tópicos?
Um exercício em futilidade já que todo o mundo sabe que rum Vice-Rei não era feito do nada nem era atribuído por uma coroa a um Zézinho Ninguémzinho recentemente chegado ao reino sem UMA SÓ prova no seu passado de que tinha a experiência necessária tanto para navegar como para governar gente.
Temos 500 anos de história falsa e ainda hoje existe quem crê tanto nessa história que leva semana após semana investigando para provar verdadeiro aquilo já está provado ser falso.
Cumprimentos,
Manuel Rosa
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Mysterio desvendado? Colombo:
Caro confrade Anachronico,
Por ocasião do 525º aniversário da vinda de Cristóvão Colon a Portugal no regresso da sua viagem ao Novo Mundo, a qual ficou registada na História como sendo a Descoberta da América, a Associação Cristóvão Colon vai levar a efeito um Congresso Internacional sobre o notável navegador, que intitulámos «Almirante Colon – um feito no Ponente».
Esse Congresso irá decorrer em Março de 2018, nos dias 8 e 9 (e uma visita cultural no dia 10) em Lisboa, na Academia de Marinha. Contamos também com o envolvimento de outras instituições académicas de relevo como Entidades Parceiras, designadamente a Academia Portuguesa da História, a Comissão Portuguesa de História Militar, para além da Academia de Marinha.
CALL FOR PAPERS
A Associação Cristóvão Colon e as entidades parceiras convidam historiadores, pesquisadores, estudantes e, em geral, a comunidade científica internacional dedicada ao estudo do tema em análise a apresentar propostas de comunicação.
Serão aceites propostas relativas ao tema do congresso e, mais especificadamente, dentro das seguintes áreas temáticas, genéricas e não restritivas:
• Infância e juventude de Colon – documentos reais, conjecturas, livres interpretações, base religiosa, etc.
• Fase portuguesa do navegador – actividades, casamento, ligações, saída para Castela, etc.
• Presença de Colon em Castela – itinerários, apoios, negociações, etc.
• Primeira viagem - preparativos, apoios humanos e logísticos, roteiro, registos no Diário, peripécias, largada de regresso, etc.
• Vinda de Colon a Portugal, no regresso – circunstâncias, motivos, acontecimentos e consequências, etc.
• Hipóteses sobre a origem de Colon e ponto da situação sobre exames ADN.
O Call for Papers está ainda aberto até ao próximo dia 15 de Dezembro de 2017.
Esta é uma oportunidade ímpar para que os confrades que aqui nos têm trazido as suas apreciações ou pesquisas sobre o tema as apresentem perante o público.
O caro confrade Anachronico demonstrou-nos que estudou profundamente muita documentação disponível e a sua presença enriqueceria o debate com outros académicos e estudiosos participantes
Informação completa em
http://colon-portugues.blogspot.pt/
cumprimentos
Carlos Calado
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Mysterio desvendado? Colombo:
Cristóvão Colombo apareceu na Torre Vã
E foi dar uma volta aos Columbaes,
Antigamente Colombo nos Mares navegava
Depois foram navegadores do Ar, os Britos Paes.
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COLOMBO: Mistério Resolvido
Caros Confrades,
O novo livro, resultado de 26 anos de pesquisas em vários países foi lançado poucas semanas atrás chttps://colombo-o-novo.blogspot.pt
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COLOMBO: Mistério Resolvido
Caros Confrades,
O novo livro, resultado de 26 anos de pesquisas em vários países foi lançado poucas semanas atrás chttps://colombo-o-novo.blogspot.pt
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COLOMBO: Mistério Resolvido
Caros Confrades,
O novo livro, resultado de 26 anos de pesquisas em vários países foi lançado poucas semanas atrás chttps://colombo-o-novo.blogspot.pt
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Mysterio desvendado? Colombo:
Caro confrade Anachronico,
Recebi hoje no e-mail uma notificação sobre esta mensagem sua, datada de 31 Jan 2014
Não percebo porquê, se se trata de uma mensagem totalmente nova ou se corresponde a uma falha no software do Geneall, mas também não me recordo de ter visto esta mensagem há 8 anos.
Cumprimentos
Carlos Calado
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