O significado de se ser "estudante" na segunda metade do século XVIII
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O significado de se ser "estudante" na segunda metade do século XVIII
Boa tarde,
Gostaria de saber qual o significado de se ser estudante em 1787. Tenho um avô que aquando de um batismo em que foi padrinho era descrito pelo pároco como sendo "estudante", tendo ele a est altura 19 anos.
Na espectativa de que alguem me possa elucidar sobre esta questão,
Cumprimentos.
Paulo Estrela
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RE: O significado de se ser "estudante" na segunda metade do século XVIII
Boa tarde.
Estudante era o jovem que preparava junto de um pároco a sua futura carreira como servidor da Igreja.
Em suma, estudava para padre.
Cumprimentos,
Heinrich
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RE: O significado de se ser "estudante" na segunda metade do século XVIII
Caro Paulo Estrela
Penso que Estudante, tal como acontece com substantivo francês Étudiant, significava Universitário, ou pelo menos, estudante de preparatórios visando a admissão à universidade.
Cumprimentos,
Manuel Cravo.
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RE: O significado de se ser "estudante" na segunda metade do século XVIII
Caros Heinrich e Manuel Cravo
Na verdade, este meu avó seguiu uma carreira militar, sendo que exerceu o cargo de Alferes, assim como seu pai foi Capitão de Ordenanças. Tal como Manuel Cravo eu também inclinei-me para a hipótese de que se tratava de alguém que estava a cursar um curso universitário ou, como disse, pelo menos se prepara para tal. Porém, seguindo a linha de pensamento que o Heinrich demonstrou e a favor desta posso dizer que no mesmo assento estava contido o nome de um individuo que, sendo testemunha, também era estudante, o qual curiosamente viria mais tarde a ser o pároco da paróquia em questão.
Agradeço deste já a vossa pronta resposta e possíveis outras observações.
Cumprimentos
Paulo Estrela
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RE: O significado de se ser "estudante" na segunda metade do século XVIII
Caro Paulo Estrela
Quem pretendia seguir a carreira militar e visava atingir os mais altos postos, estudava em Coimbra na Faculdade de Matemática.
Cumprimentos,
Manuel Cravo.
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RE: O significado de se ser "estudante" na segunda metade do século XVIII
Caro Sr. Manuel Cravo,
Sob o risco de estar a ser maçador, queria dizer-lhe que à semelhança de meu antepassado sou dos Açores. Mas era uma necessidade ou simples opção estudar? Supondo que fosse um costume, seria normal que se fosse das zonas insulares para o Continente? Poderia ainda elucidar-me sobre as patentes mais elevadas a que se refere? E porquê estudar matemática e não direito?
Cumprimentos
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RE: O significado de se ser "estudante" na segunda metade do século XVIII
Boa noite.
É natural que tenhamos ambos razão. Tenho-me deparado várias vezes com o termo, usado mais antigamente na forma studante, complementado com "desta residência", referindo-se à residência paroquial, onde esses estudantes assistiam. Posteriormente, vim encontrá-los exercendo o sacerdócio. No princípio, também me interrogava acerca do seu significado e depois contentei-me com esta minha interpretação. Mas pode também significar alguém que prossiga estudos de outra natureza que não a religiosa.
Cumprimentos,
Henrique Ribeiro
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RE: O significado de se ser "estudante" na segunda metade do século XVIII
Caro Paulo Estrela
A matemática era fundamental sobretudo para a Engenharia e a Arquitectura Militares, Fortificação, Artilharia, Balística, etc., e mais ainda para a Marinha, onde tudo se passa sob e sobre calotes esféricas, o firmamento e o mar, entidades que só com o domínio da dita ciência se podem compreender e utilizar.
A Faculdade de Matemática foi criada pelo marquês de Pombal. Procurando na Net, nada encontrei que competentemente explicitasse a sua relação com os militares; no entanto, essa relação surge com alguma clareza em artigos sobre a reforma do Ensino promovida por Luís da Silva Mousinho de Albuquerque, na década de 1830.
Acredito que, se introduzir no Google "Luís da Silva Mousinho", "cursos militares", encontrará resposta às questões que colocou.
Cumprimentos,
Manuel Cravo.
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RE: O significado de se ser "estudante" na segunda metade do século XVIII
Caro Henrique Ribeiro
Que a designação se usava no mundo das ciências laicas, ou seja, que se aplicava a quem frequentasse uma qualquer Faculdade da Universidade de Coimbra, é certíssimo. Todos os alunos de Leis ou de Cânones, de Teologia ou de Filosofia, de Matemática ou de Medicina, eram Estudantes.
Que o uso da palavra se reservava – tal como ainda hoje acontece na Francofonia – aos alunos do ensino superior, é que pode ser questionado.
Se reler o que escrevi, verificará que eu disse o que "penso", pois não tenho absoluta certeza; mas... quanto a mim... se um pároco do séc. XVIII (ou dos séculos anteriores), no assento de um baptismo qualifica o padrinho como Estudante, isso significa que o dito estudava em Coimbra.
Cumprimentos,
Manuel Cravo.
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