Rosa / Anna
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Boa tarde,
Seria possível um escrivão enganar-se ao escrever um assento e nunca mais o corrigir?
No caso que investigo, o escrivão escreveu perfeitamente "Rosa" no baptismo daquela de julgo ser "Anna", o que na caligrafia dele até ficava parecido.
Alguém já se deparou com uma situação idêntica?
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Rosa / Anna
Como se chama a mãe e a madrinha da Rosa? Por vezes acrescentavam os nomes, segundo alguns registos que já pesquisei.
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Rosa / Anna
Caro confrade
O nome Ana não terá sido o que foi adoptado e pelo qual ficou a ser conhecida, aquando do crisma ?
Conheço vários casos em que assim aconteceu.
Maria Ribeiro
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Rosa / Anna
Boa tarde, MPrata
Da minha experiência pessoal, posso adiantar que já me deparei com várias situações dessas, donde resultaram várias justificações:
- engano de quem escreveu
- adopção voluntária de outro nome
- alteração do nome em função do crisma
- utilização de um dado nome pelo qual se era mais conhecido
Na minha ancestralidade, ainda que tivesse apanhado de tudo, tenho algumas situações interessantes que poderia relatar, mas bastam dois exemplos:
1 - Uma bisavó, da qual conhecia o nome completo, datas de nascimento, casamento e óbito, tinha sido referenciada no livrinho das recordações da sua filha como Maria Amélia. Meu pai, seu neto, também se referia a ela como "a minha avó Maria Amélia". Quando comecei a levantar os registos paroquiais, foi facílimo: no óbito vinha Maria Amélia, no do casamento Maria Amélia e...o do baptismo não aparecia. No tempo em que ainda podíamos consultar os livros (hoje é através de microfilmes), corri primeiro o livro que correspondia à freguesia do seu nascimento e cujas informações eu detinha e ...Nada! Passei a todas as outras freguesias da cidade e...Nada! Eu procurava por Maria, por Amélia, por Maria Amélia e...Nada! Parti do princípio que talvez tivesse sido baptizada numa outra terra e desisti, pela impossibilidade de encontrar tal agulha em palheiro, já que todos os documentos e a tradição familiar a davam por Maria Amélia, nascida, casada e falecida em S.Pedro da Covilhã.
Trinta e muitos aos depois, ao procurar outros assentos de baptismo na freguesia que me interessava, já em época de microfilmes, ao fazer correr o rolo para a data aproximada de um baptismo de um outro ancestral, os olhos caíram, de súbito numa Francisca que, curiosamente, tinha os mesmos pais e os mesmos avós de ambas as partes dessa minha bisavó Maria Amélia. Olhei a data e verifiquei que era, exactamente, a mesma da bivó. E pensei "que engraçado, não fazia a mínima ideia que ela tivesse tido uma irmã gémea"... Tirei a fotocópia do assento e marchei, feliz, para casa. Lá, ao arquivar o documento, reparei que estava manchado na dobra do meio do livro e com qualquer coisa rasurada à margem. Com uma lupa, tentei perceber o que poderia estar escrito. Muito sumido, quase invisível a olho nú, estava "Mudou o nome para Maria Amélia pelo crisma". Estava decifrado o enigma!
2 - Um dos meus trisavós aparecia, em árvores manuscritas de vários membros da família, como Miguel António Nunes de Sousa. O mesmo, em assentos paroquiais, quer de baptismo, casamento ou óbito, para além de registos de baptismo e casamento dos filhos, aparecia de várias maneiras: Miguel de Sousa, Miguel António Nunes, Miguel Nunes de Sousa. Várias designações para o mesmo indivíduo.
Dados estes exemplos, com o intuito de mostrar que não é assim tão raro aparecerem vários nomes para a mesma pessoa, resta-me alertar para um tipo de registo que "sofre" mais alterações - o do óbito. Nem sempre quem dá a notícia do falecimento está bem ciente dos dados do finado, quer de idade, profissão, nome completo, etc. Há, por vezes, a identificação do morto com a terra de origem ou alcunha ou laços familiares com outras pessoas. Isto torna os registos de óbito mais difíceis de detectar, exigindo outras formas de comprovação.
Cumprimentos
Maria
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Rosa / Anna
Maria,
Em primeiro lugar, agradeço o tempo que dispensou a escrever tão esclarecedora resposta.
Nunca tinha pensado na possibilidade de alteração do nome de Rosa para Anna no crisma, situação que tentarei investigar.
O exemplo 2. da sua resposta ajuda-me ainda a esclarecer uma outra questão que coloquei aqui no fórum há dias atrás.
Concordo consigo sobre a utilidade duvidosa dos registos de óbito. Mas por vezes encontram-se alguns bastante caricatos (quando mencionam a causa da morte), ou com valor histórico (como um que encontrei de 1832 em que "faleceu de pancadas que deram os soldados na invasão de Dom Pedro").
Muito obrigado.
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Rosa / Anna
Bom dia, MPrata
Só uma pequena achega à sua resposta, sem que me interprete mal. Todos devíamos ficar super satisfeitos com alguns comentários escritos no próprio assento ou à margem do mesmo. É que constituem pistas fantásticas sobre eventuais doenças de família, acontecimentos históricos, situações vividas de cariz particular, indicadores de práticas religiosas diferentes da católica, usos regionais, esclarecimentos de laços de família, etc, etc, etc. Infelizmente, muitos párocos foram parcos na escrita e deixaram-nos, a maior parte das vezes, com problemas de identidade por resolver. Deixo-lhe apenas 4 exemplos, 2 da minha ancestralidade (para não sobrecarregar a mensagem) que ilustram o que acabei de dizer e 2 recolhidos pela pobreza de informação, por um lado e pelo inusitado da situação pelo outro:
1 - Tenho uma 9ª avó chamada Maria Rodrigues, que casou duas vezes com dois António Rodrigues e teve filhos de ambos os casamentos, sem que nos assentos de casamento se façam referências aos pais dos noivos, o que teria facilitado a minha investigação. Do primeiro casamento, apenas uma filha faz alusão a esses 2 casamentos, quando diz "que ela teve seis irmãos inteiros....e dois meios irmãos ....e todos são naturais de Monsanto..." ; do segundo casamento, apenas um dos filhos fala da mesma situação: "E que seus pais são já defuntos e se chamavam António Rodrigues, sapateiro e Maria Rodrigues....E que ele teve uma irmã inteira, cristã nova, filha filha dos ditos seus pais, chamada Leonor Rodrigues ...E que ele tem sete meios irmãos filhos da dita sua mãe Maria Rodrigues, de seu segundo marido António Rodrigues". Ambos os António Rodrigues eram curtidores e sapateiros! Claro está, não fossem os processos do santo ofício desses dois filhos que deram essas preciosas informações e jamais eu teria chegado à conclusão que havia dois matrimónios com descendência, pois nem os respectivos casais, quando tocou a declinarem a sua genealogia, fazem distinção dos filhos, metendo no mesmo pacote a filharada toda!
2 - Situação vivida por uns 7ºs avós, que tiveram vários filhos. Um deles não vingou e o seu registo de óbito foi esclarecedor e interessante: (Este casal protagonizou o primeiro caso conhecido na família de hermafrodistismo, com um dos filhos)
"Registo de óbito:
Aos quatro dias do mês de fevereiro da era de mil setecentos e quarenta e cinco anos, faleceu um menino, filho legítimo de David Mendes e de Leonor Maria, desta vila e freguesia, se sepultou em cova da fábrica desta igreja, não baptizado, em parte, se não conhecia se era macho ou fêmea pela comadre Maria da Serra, mulher de Manuel Thomaz, desta freguesia, o qual examinei, de que maneira mandei fazer este assento, dia mês e era ut supra."
3 - Num dos livros de baptismos que consultei, era frequente encontrar laconismo por parte do pároco: "Aos tantos do mês tal, baptizei solenemente uma menina, a quem foi dado o nome de Rosa, filha do António que mora na rua de baixo". Assim, tal e qual!. Quem era o António, quem era a mãe da Rosa, de que rua estava ele a referir-se....etc. Segue-se a assinatura e mais nada.
4 - Num dos livros de Óbito da freguesia de S.Pedro da Covilhã, encontrei uma série de assentos que reportavam a causa da morte dessas pessoas a um naufrágio "que se deu nesta freguesia....". Ora como toda a gente sabe, a Covilhã é uma cidade encastrada e alcandorada na encosta da Serra da Estrela. E pensei "aqui deve haver qualquer engano, só pode....". Comentando o facto com historiadores, fiquei a saber que poucos séculos atrás, a Covilhã era rodeada de muitas ribeiras caudalosas e rios. Ainda hoje se conseguem ver os terrenos que foram leitos desses caudais de água. As travessias de margem para margem só podiam ser feitas através de barcos ou jangadas. Tinha havido grandes temporais naquela época a que se reportaram os assentos e os naufrágios foram uma consequência desses temporais. Para ter morrido tanta gente é porque a água não era pouca!...
Como pode constatar pelos simples exemplos que dei, as informações constantes dos registos são primordiais para quem se interesse por investigar o passado dos seus ancestrais.
Bom domingo!
Maria
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Rosa / Anna
Obrigado Maria,
Infelizmente no assento da "Rosa" não existe anotação lateral.
Sobre o crisma, no único caso que investiguei (a avó da Anna) a cerimónia foi num mosteiro duma outra freguesia, sendo no entanto o assento feito no rol de crismados da freguesia onde ela vivia.
Mas, não existindo livro do rol de crismados da freguesia da Rosa/Anna, onde poderei pesquisar?
Bom Domingo.
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