Livros Paroquiais de Espiunca / Alteracões de dependência administrativa / Lugar de Vila Viçosa (Cor

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Livros Paroquiais de Espiunca / Alteracões de dependência administrativa / Lugar de Vila Viçosa (Cor

#357850 | CAAM | 22 mai 2015 07:12

Bom dia,

Gostaria de colocar três questões simples, e o que se lhes segue, talvez longo em demasia, releva menos para quem tenha a amabilidade de pensar no assunto do que para quem de alguma forma queira estudar a freguesia de Espiunca sobre outros pontos de vista. Esta, talvez devido a contingências geográficas, passou por alteracões de dependência administrativa, cuja clarificação de início julguei que me pudesse auxiliar nas questões que coloco. Porém, concluí que a dependência diocesana manteve-se inalterada até 1882 (quando passa de Lamego para o Porto) - não excluo ter acontecido em datas anteriores ao Concílio de Trento, mas não para o lugar de Vila Viçosa (Cornes). Ficam portanto as notas a seguir às perguntas, na esperança que possam ser úteis.

Tanto na página respectiva do site do A. D. Aveiro, como no site tombo.pt, da freguesia da Espiunca, os baptismos só recuam até 1806, e os óbitos e casamentos até pouco mais de 50 anos antes. Todos estes livros estão fisicamente em Aveiro. Estiveram à guarda da Universidade de Coimbra até 1976, diz a página do Arquivo Distrital de Aveiro. A busca no site do Arquivo Diocesano de Lamego não exibe quaisquer resultados.

http://cloud.archeevo.com/results?t=Espiunca

O mesmo ocorre quer no AUCoimbra online, quer no ADPorto online. Contudo no site FamilySearch aparecem mais livros, como pertencentes a Lamego. Não os posso confirmar definitivamente dado que não tenho acesso às imagens.


Portugal, Lamego, Diocesan Records, 1529-1963 // Aveiro // Arouca // Espiunca

Batismos e óbitos 1578-1700
Batismos e óbitos 1656-1680
Batismos e óbitos 1700-1749


Já vi sobreposicões, mas normalmente referentes a períodos menores. Em todo o caso coloco a hipótese do livro intermédio constar de duplicados de assentos. Acho estranho a existirem estes documentos, não aparecerem indexados nos arquivo diocesano online ou no portal tombo.pt. Normalmente, mesmo quando ainda indisponíveis online, são referenciados pelas datas extremas. Em todo o caso faltaria a segunda metade do séc. XVIII, em termos de baptismos, e desde o início dos registos até 1749, em termos de
casamentos.

Apesar do atendimento muito simpático não me adiantaram nada de concreto quando telefonei para Aveiro. Tentei Lamego sem resultado, mas talvez para o número errado (não atenderam).


Para complicar as coisas, parece haver notícia de que o lugar de Cornes, hoje Vila Viçosa, o qual me interessa particularmente, sendo o único na margem direita do rio Paiva, pertenceu em tempos a outra freguesia. Pelo que vi, necessariamente em data anterior a 1756.



- Será que posso considerar fiável a existência dos livros referidos no FamilySeach, sobre os quais Arquivo Diocesano de Lamego, é omisso? Porque não estão indexados nos arquivos nacionais online?

- E onde estarão, se é que estarão em algum lugar, os restantes livros (50 anos de baptismos e quase duzentos de casamentos)?

Desde logo, a existência de livros anteriores, leva-me a supor que nestas lacunas não haverá influencia do incêndio de 1794 na igreja paroquial de S. Martinho. Julgo que haveria duplicados de qualquer das formas. Houve contudo um conhecido problema de conservação nos livros do Arquivo de Lamego.


- Quando se dá passagem do então lugar de Cornes para Espiunca, se é que realmente se deu, e de que freguesia inicial?


Desde já agradeço a vossa atençao.

Com os melhores cumprimentos,

Carlos Miranda


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Pela consulta que fiz de várias informacoes dispersas concluí que a freguesia pertenceu sucessivamente ao Concelho das Terras do Paiva (foral manuelino), concelho de Paiva / Castelo de Paiva, concelho de Alvarenga e concelho de Arouca. Pinho Leal diz que em 1139 pertencia ao concelho de Sanfins (da Beira)*.
* https://archive.org/details/portugalantigoe01ferrgoog

Assim, ainda em 1758, de acordo com as Memórias Paroquiais* da freguesia integrava-se no bispado de Lamego, na comarca de Lamego, na ouvidoria Barcelos e no concelho de Paiva. Pinho Leal diz que em 1750 fazia parte da comarca de Barcelos - embora as definiçoes de "comarca" e "ouvidoria" parecem excluir-se mutuamente, mesmo considerando que a sobreposição da ouvidoria e da comarca, mencionada pelo vigário redactor das "memórias" seja admissível.(Se alguém se interessar por este assunto: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ouvidor )
*cf. http://digitarq.dgarq.gov.pt/viewer?id=4239977

Passou para o em data incerta do séc. XVIII para o Concelho de Alvarenga até à sua extinção em 1836 (em livros de assentos anteriores a este ano lê-se "Arouca" na capa e no início, mas parecem-me acrescentos posteriores). A partir dessa data passou a fazer parte do Concelho de Arouca, situação que se mantém na actualidade, ao ser incorporada na freguesia de Canelas e Espiunca.(A ligação a Arouca é de resto antiquíssima - no século onze um documento fala da doação da Terra da Espiunca ao Mosteiro de Arouca; antes do aparecimento do Mosteiro de Espiunca, de freiras beneditinas, cf. VELBC e Pinho Leal, "Portugal, Antigo e Moderno"). A página do Arquivo Distrital de Aveiro informa ainda sobre este verdadeiro caso de nomadismo:"Em 1839 aparece na comarca da Feira; em 1852 na comarca de Arouca e em 1878 aparece no julgado de Canelas."

Agora sobre Cornias ou Vilia de Cornias (baixa Idade Média, não sei os limites temporais precisos) / Cornes / Vila Vicosa (a partir do final do séc. XIX):


"Conforme referia o ilustre investigador arouquense Simões Junior, in “ Arouca – subsídios para a sua monografia “, o lugar de Vila Viçosa, que pelo Cadastro da População do Reino, de 1527, pertencia à freguesia de Souselo, do concelho de Sanfins, extinto em 24 de Outubro de 1855, passou para a freguesia de Espiunca que, por sua vez, tendo pertencido ao vizinho concelho de Paiva e comarca de Barcelos, por volta de 1750 foi anexada ao concelho de Alvarenga."
in http://vilavicosaarouca.blogspot.co.uk/2009/02/recortes-historicos-de-vila-vicosa-e-da.html

A ideia da pertença a Souselo vem também na Monografia do Extinto Concelho de Sanfins da Beira, de Manuel de Castro Pinto Bravo, que neste momento não posso consultar porque vivo fora de país (não sei que fonte cita). Contudo geograficamente faria mais sentido que tivesse pertencido a Fornelos ou Nespereira (ambas do extinto concelho), tal como se diz um comentário num blogue, que infelizmente já não consigo encontrar. O "enclave" de Vila Vicosa é contíguo a ambas, mas não a Souselo. Nunca
pesquisei os livros de Nespereira, mas vi esporádicos assentos relativos a Cornes nos dos Fornelos, não posso precisar as datas (não vi mais dos que os poucos disponíveis online, os mais antigos do final do séc. XVIII) - contrariava-se o ordenamento paroquial motivado pela não tão fácil travessia por barco do Paiva, o qual adicionalmente é algo distante povoação. Penso que tais registos indicam autorização do pároco de Espiunca. (Diga-se de passagem, que sobre esta travessia abundam curiosos factos e lendas). Também nos livros da freguesia de Espiunca se faz referencia ao Reitor de Santo Erício
(Nespeira), que em determinadas épocas supervisionava o pároco da Espiunca.

Creio que li na referida monografia, que mesmo depois da passagem do lugar então chamado Cornes para a freguesia de Espiunca (o único que nesta freguesia fica na margem direita do Rio Paiva), este ainda estava submetido ao Juiz de Fora e ao Capitão-Mor de Sanfins, ao contrário do resto da freguesia - o que parece encontrar algum eco nas "Memórias". Mesmo assim, é difícil compreender a existência de registos de passaportes e prazos, relativos a Cornes e datados da segunda metade do séc. XIX, no Arquivo Distrital de Viseu (distrito a que pertenceu Sanfins da Beira e a que pertence Cinfães, onde o primeiro foi incorporado em 1855).

Seguindo as "Memórias", dos lugares da freguesia, o lugar de Cornes surge efectivamente no concelho de Sanfins, estando a freguesia repartida por outros dois: Alvarenga (lugar de Ardena; também nome de rio, afluente do Paiva, não sei se continua a existir um lugar com este nome) e Paiva (os restantes, que são menos do que parecem existir agora). (Não encontrei na internet nenhuma lista de lugares contemporânea credível, surpreendentemente).O lugar de Merlres (concelho de Paiva), não sendo aparentemente da freguesia pertence 'a igreja paroquial. O vigário não acrescenta nada sobre esta fragmentação

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#357851 | MCNN | 22 mai 2015 08:14 | Em resposta a: #357850

Caro Carlos Miranda

Apesar de não ter quaisquer conhecimentos específicos sobre a paróquia de Espiunca, queria no entanto procurar esclarecer a sua primeira questão.

Assim, o facto de a consulta ao site do Arquivo Diocesano de Lamego não produzir quaiquer resultados não quer dizer absolutamente nada. Esse site só tem vindo a disponibilizar a informação sobre os livros à medida que os disponibiliza para consulta online.

Exemplificando, se procurar no site os livros de Vila Nova de Foz Côa também não lhe são fornecidos quaisquer resultados. Mas os livros estão comprovadamente em Lamego porque eu já tive oportunidade de os consultar presencialmente.

Aliás, no site só consta informação sobre livros já disponibilizados para consulta online.

Assim sendo, se no familysearch constam esses livros é porque estão em Lamego.

Cumprimentos

Mário César Navarro

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#357857 | CAAM | 22 mai 2015 14:15 | Em resposta a: #357850

Caro Mário César Navarro,

Sao óptimas notícias. Muito obrigado pela rápida resposta. Se livros existentes podem nao estar sinalizados nos sítios da internet habituais, isso quer dizer que os livros em falta porventura podem estar nalgum lado - e o mesmo se aplica a umas falhas nos de Santiago de Piaes.

Um bom fim-de-semana.

Carlos Miranda

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#360521 | napstrute | 17 ago 2015 19:09 | Em resposta a: #357850

Boa tarde,

Eu também não conheço este sítio, contudo deparei-me nas minhas pesquisas com um assento de casamento de 1694 na paróquia do Lumiar, Lisboa, difícil de ler

http://digitarq.arquivos.pt/viewer?id=4815315 PT-ADLSB-PRQ-PLSB18-002-C1_m0951

À altura do nome dos noivos na margem diz "..igreja de Roma por marido e mulher a Gonçalo Rodrigues, filho de ?? (Domingos?) e de Catherina L?, do lugar de Villa Viçoza freguesia de São Martinho da ? comarca de Lamego"

Eu acho que esta Vila Viçosa de Arouca é a única que faz sentido, visto que terá pertencido à Diocese de Lamego. Contudo, em 1694 ainda se deveria chamar "Cornes". Será possível tratar-se mesmo deste sítio?

Cumprimentos

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#360567 | CAAM | 19 ago 2015 10:42 | Em resposta a: #360521

Bom dia,

Na minha opiniao, trata-se da mesma freguesia, grafada em portugues arcaico: "Sao Martinho de Spinqua". Este assento que agora compartilha mostra que o topónimo Vila Vicosa, em Sao Martinho de Espiunca, é muito mais antigo do que normalmente se diz. Poderá ser referido ao lugar historicamente chamado Cornes (que possuiria dois nomes que alternaram) ou a um pequeno lugar próximo hoje extinto (como é possivelmente o caso de um lugar acima referido). É normalmente dito que, no final do século dezanove, os habitantes de Cornes quiseram mudar o nome da aldeia por o considerarem depreciativo.

Já agora, reitero o que escrevi anteriormente, sobre a improbabilidade da ligacao a Souselo. Tendo vindo a ver livros mais recentes de Fornelos, e mais atento ao caso, constato que o baptismo em Fornelos era relativamente comum no Inverno, quando o Paiva enchia e as enbarcacoes socobrariam.

Com os melhores cumprimentos,

Carlos Miranda

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