Ajuda com leitura de Habilitação para Familiar

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Ajuda com leitura de Habilitação para Familiar

#383469 | GP Porto | 09 ago 2017 14:00

Bom dia caros compadres curiosos de genealogia,

Ia pedir ajuda com a leitura de 3 páginas de uma habilitação para familiar, cujos link está disponível através do site da Torre do Tombo. Percebi as conclusões da habilitação, que foram negativas não só pelo carácter do habilitando, mas também pela sua impureza de sangue visto o seu avô materno ser Cristão-Novo, mas gostaria de perceber o que é especificamente dito acerca desse seu avô. Consegui interpretar parte do texto, mas gostaria de obter mais informação, que poderá ser relevante. Nas páginas iniciais do processo diz que ele é natural de Vila Nova do Casal (hoje Vila nova de Tázem) mas num outro ponto o inquiridor diz que não conseguiu comprovar essa naturalidade.
Se alguém me puder ajudar com as palavras que estão indicadas abaixo com pontos de interrogação, agradecia. O link em questão e a minha tradução são as seguintes:

http://digitarq.arquivos.pt/viewer?id=2344440

slide 18, parte inferior da página:
Na freguesia de Vila Nova do Casal, junto ao rio Torto me informei com pessoas cristãs velhas, amigas, iguais, fidedignas, ??? da qualidade de sangue de Domingos Rodrigues Ranito avô materno que se diz ser de António Geraldes Rego, ? que aquela freguesia de ??? da Covilhã Eu Domingos Roz(?) [Rodrigues] mas não vinha a ? de Ranito este ? poderia ???? as ditas pessoas este ? o avô materno do dito António Geraldes Rego e por parte deste tem o dito António Geraldes muitas pessoas ????? juízo ???, mas não por ser ??? este avô teve o rumor de ser Cristão Novo por se dizer descende[nte] de ????, ??? do Bispado de Viseu servir este na vila de nossa Senhora da Marinha em casa de ? Judeu, desta ??? grande, e quiseram ????, que ???? que esta criada ??? do qual procede ????????? do Sal, Judeu, ???? depois os ditos ??? que a dita ???? do Sal

slide 19:
Para ??? de ??? servir, que ???? Judeu ??? que é Cristão Velho, e querendo eu averiguar com certeza a qual das ???????, com individuação(?), que nos ? e não sabem as mais das ???? qual ???? do ??? Cristão Velho, ??? Cristão Novo, vejo ???? que as mais vendo os ???? da mesma descendência, ???? ?????????????????????? apurar se este ? da fama que ???? foi que ??? verdade, ou falsa, ???? sem dúvida ser este avô materno o mesmo de natural da freguesia donde ?????? vila da Covilhã, ?????????????????, deste que não foi ???? alguma ?? ou penitenciada ???nem ??? em infâmia pública, ou ?????, ou de ?????? e bem informada, ?????????????????? todas as ocupações nobres, como também na ???? As pessoas com que me informei são as seguintes: Alarinho ?, Albano(?) Manuel Lopes Bicho, o Pedro ?, Eufémio João ? Lopes do forno António Nunes o velho, Ana Lopes, ? Lopes de Laforinhos(?) ? nesta diligência fora da minha ??? dois dias. ? que pude colher de informações da ?????????? de Março 8 de 1748

slide 22:
De Coimbra pela parte de donde Domingos Rodrigues avô materno do habilitando padeceu o rumor de poder ser alguma coisa de Cristão Novo são as seguintes: O ? António Lopes da freguesia de Rio Torto, ? inquirições deste de ? a dita fama primeiro, e depois nas do ? Inocêncio Nunes da dita freguesia de Vila Nova do Casal e a menos anos se discutiu também nas do ? Lopes Álvares da dita Vila Nova. O dito Domingos Rodrigues avô materno do habilitando ? ser ? da lei do dito ? António Lopes e se chamava António Fernandes natural da mesma Vila Nova. Passei nesta diligência fora de tempo na dita freguesia ? de Maio nesta minha ???????????? Junho 26 de 1748

Obrigado pela atenção!
Cumprimentos

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#383617 | mtt | 15 ago 2017 05:32 | Em resposta a: #383469

Aí está um leitura:

Muito Ilustres Senhores
Na freguesia de Vila Nova do Casal, junto a Rio Torto me in-
formei com pessoas cristãs-velhas, antigas, leais [legaes, leyais(?)], fide-
dignas, noticiosas e sem suspeita, da qualidade de sangue de Do-
mingos Rodrigues Ranito, avô materno que se diz ser de
António Geraldes Rego, e achei que daquela freguesia se tinha ab-
sentado para a vila da Covilhã um Domingos Rodrigues, mas não
tinha a alcunha de Ranito; este lá poderia havê-la e assen-
tas(1) as ditas pessoas este é o avô materno do dito António Geraldes
Rego, e por parte deste tem o dito António Geraldes muitas pessoas ha-
bilitadas pelo Juizo Eclesiástico, mas não por esse Tribu-
nal; este avô teve o rumor de ter parte de cristão-novo,
por se dizer [que] descende de uma moça, que indo do Bispado
de Viseu servir neste, na vila de Santa Marinha, em casa de
um judeu, desta saiu prenha, e quiseram inclinar os mais,
que o menino que esta criada parira, do qual procede a geração
deste avô materno, era filho do tal judeu. Mostraram porém
os ditos habilitados que esta moça saíra da tal casa
//
casa prenha de um moço de servir, que na casa do dito judeu
assistia, que era cristão-velho, e querendo eu averiguar com
certeza a qual destes pais atribuíam este parto
com individuação destes, que neste particular se não sabem as mais
das pessoas resolver qual é a verdade; se pariu a tal moça
do moço cristão-velho, se do amo cistão-no-
vo; vejo porém que as mais, vendo ordenados sacerdotes
desta mesma descendência, assentam que a tal moça
parira do dito moço, e nenhuma pessoa se atreve
a jurar se este rumor e fama que algum dia foi
grande é verdadeira ou falsa; Achei que é sem dúvida
ser este avô materno o mesmo e natural da freguesia de
donde de pequeno se absentou para a vila de Covilhã,
e aí aprendeu o ofício de tecelão de panos; desta
geração não foi pessoa alguma presa ou penitenciada
pelo Santo Ofício, nem morreram em infâmia pública ou
penável(2) de feito ou de direito. Toda esta geração
é bem inclinada e dada [a] Deus, e tem servido na Igreja
todas as ocupações nobres, como também na república.
As pessoas com quem me informai são as seguintes:
Marinha Ferreira, Manuel Lopes Bicho, o o Padre Pe-
dro Fernandes, Eufémia João, viúva, Domingos Lopes, do forno,
António Nunes o velho, viúvo, Ana Lopes, Pedro Lopes,
de Passoínhos. Gastei nesta diligência fora
da minha folita(?!) residência dois dias. Esta [é] a verdade
que pude colher e informar xxxx a Vossas Senhorias que Deus guarde mais
anos. Nabaínhos, de Março 8 de 1748.
De Vossas Senhorias
Mais humilde súbdito
O Comissário Manuel Simões

(1) Parece significar que chegaram a acordo, que foram convencidas.
(2) Deve ser um sinónimo de punivel inventado pelo comissário.

de Coimbra, pela parte de donde Domingos Rodrigues,
avô materno do habilitando padeceu o rumor de poder
ter alguma coisa de cristão-novo, sãio as seguintes: O Padre
António Lopes, da freguesia de Rio Torto, e inquirições
deste se discutiu a dita fama primeiro, e depois nas do Padre
Inocêncio Nunes da dita freguesia de Vila Nova do Casal,
e há menos anos se discutiu também nas do Padre José
Álvares da dita Vila Nova. O dito Domingos Rodrigues,
avô materno do habilitando, achei ser irmão do pai do
dito padre António Lopes e se chamava António Fernandes,
nartural da mesma Vila Nova. Gastei nesta diligência fora
da minha residência, só um dia, por fazer outras ao mesmo
tempo, na dita freguesia de [topónimo] de meio, nesta minha resi-
dência. Deus Nosso Senhor guarde a Vossa Senhoria mais anos. Naba-
ínhos, de Junho 26 de 1749.

Cumprimentos,
Manuel Cravo.

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#384184 | GP Porto | 05 set 2017 11:15 | Em resposta a: #383617

Caro Manuel Cravo,

Antes de mais peço desculpa pela resposta tardia, mas estive sem acesso ao Geneall nestes últimos 15 dias.

Muito obrigado pela sua excelente ajuda, enviou-me novos dados muito relevantes. Posso ver então que este meu ascendente directo (e o mais antigo que encontrei) tinha sobre si a dúvida de ser fruto de uma ligação entre uma "moça" e um Judeu residente de Santa Marinha ou de um rapaz cristão-velho que aí trabalhava, e que o inquisidor se inclinou para a segunda hipótese; contudo esta informação não é coincidente com outros dados que tenho, e que ligam o apelido Ranito à comunidade Cristã-Nova (de que poderei falar num outro post, caso tenha interesse). É curioso também ver que ele não apresentaria o apelido Ranito em Rio Torto, apenas o adoptando quando foi para a Covilhã.
Pelo que posso perceber, a mãe deste meu antepassado terá ido trabalhar para Santa Marinha, engravidou, voltou para Rio Torto, onde teve o meu antepassado, e este foi depois para a Covilhã; é isso? Tenho então que descobrir onde é esta Santa Marinha...

Mais uma vez muito obrigado pela sua ajuda!

GP Porto

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#384185 | GP Porto | 05 set 2017 11:32 | Em resposta a: #384184

Bom dia novamente,

Encontrei mais rapidamente do que esperava a informação que procurava, pelo que deverá ficar:

"descende de uma moça, que indo do Bispado de Viseu servir neste [de Coimbra], na vila de Santa Marinha [em Seia, que então pertencia ao Bispado de Coimbra, mudando para o da Guarda em 1881], em casa de um judeu"

Logo, a mãe deste meu antepassado é originária do Bispado de Viseu mas não diz de onde, e foi para Santa Marinha em Seia mas não diz o nome do Judeu para onde foi trabalhar... Será aqui o beco sem saída relativamente à minha árvore genealógica?

Cumprimentos,

GP Porto

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