Gomides
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Gomides
Procurando sobre Gomides, encontrei o site do confrade Ricardo Charters de Azevedo que, para Nuno Martins de Gomide, se limita a reproduzir a informação que consta no LGFCP [1], pedindo quaisquer outras indicações que sobre ele se possam dar. Sendo Nuno Martins de Gomide o primeiro membro conhecido desta família e tendo ela cruzado com tantas outras, pareceu-me que o assunto poderia ter interesse para este fórum.
A propósito do dito Nuno Martins de Gomide, refere o LGFCP que viveu em tempo d’el-rei D. Pedro l (1357-1367) e d’el-rei D. Fernando (1367-1383) e que foi escrivão da puridade e senhor de Vila Verde [dos Francos], crendo eu que estas duas últimas afirmações não se confirmam.
De facto, a investigação feita por Aragão Morato [2] revela que, nem nos cronistas nem nos documentos do reinado de D. Afonso IV (1325-1357), este encontrou pessoa alguma designada com o título de escrivão da puridade e que, entre o início do reinado de D. Pedro I (1357) e o final do reinado de D. João I (1433), foram escrivães da puridade do rei: Gonçalo Vasques de Goes, João Gonçalves Teixeira, João Fernandes, Afonso Pires, Afonso Martins, Gonçalo Lourenço de Gomide (o primogénito do sobredito Nuno Martins de Gomide) e João Gonçalves de Gomide (primogénito do anterior). Mais refere que só a partir do reinado de D. João I se começam a encontrar escrivães da puridade de rainhas e infantes, indicando apenas um para o período em apreço – o cronista Fernão Lopes, escrivão da puridade do Infante D. Fernando, filho de D. João I. Assim, a menos que alguma fonte primária o contradiga, tudo leva a crer que Nuno Martins de Gomide nunca exerceu o cargo de escrivão da puridade.
Igualmente, deverá haver confusão relativamente ao senhorio de Vila Verde dos Francos, cujas sisas gerais (e do vinho) Nuno Martins de Gomide arrendou em 1383 [3] e cujo senhorio só foi instituído por D. João I em 1396 a favor do seu escrivão da puridade Gonçalo Lourenço de Gomide [4], filho primogénito do dito Nuno Martins de Gomide. Isto mesmo é referido por António Baião [5].
De notar que em 1383, Nuno Martins de Gomide arrendou não só as sisas gerais e do vinho de Vila Verde, mas também as de Aldeia Galega, Alenquer e Vila Nova da Rainha. Morava então na vila de Dom Durão, termo do Cadaval [3, 5].
Fontes
[1] Manuel da Costa Juzarte de Brito (1675-1759). Livro Genealógico das Famílias desta Cidade de Portalegre, anotado, corrigido e actualizado por Nuno Borrego e Gonçalo de Mello Guimarães, 2002, p. 585. De notar que, na presente edição, Nuno Borrego e Gonçalo de Mello Guimarães referem ter complementado as notas soltas fornecidas por Juzarte de Brito com o muito mais completo título de Gomides da obra de Manso de Lima, seu contemporâneo.
[2] Francisco Manuel Trigoso de Aragão Morato, 1836. Memória sobre os escrivães da puridade dos reis de Portugal e do que a este ofício pertence. Em: Memórias da Academia Real das Ciências de Lisboa, Tomo XII, Parte I, 1837. Lisboa: Academia Real das Ciências de Lisboa, p. 153-212.
[3] Chancelaria de D. Fernando I, liv. 3, fls. 24v, 36v, 40v e 53; de notar que a datação original se refere à era de César, pois em 1421 d.C. já reinava D. João I.
[4] Chancelaria de D. João I, liv. 2, fl. 119v; de notar que a datação original continua a referir-se à era de César, pois em 1434 d.C. já reinava D. Duarte.
[5] António Baião, 1915. Alguns ascendentes de Albuquerque e o seu filho à luz de documentos inéditos. Lisboa: Academia das Ciências de Lisboa, p. xi.
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