Origem judaica dos Rocha do Canto de S. Gens, Braga
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Origem judaica dos Rocha do Canto de S. Gens, Braga
Boa noite, gostaria de saber se o Padre João da Rocha do Canto (1626-1693) era de origem judaica. Ele era natural de São Gens, Fafe, Braga. Era filho de André Gonçalves do Canto e Maria da Rocha.
Tenho lido a obra “Cantos e Rochas, de Guimarães, São Gens e Santana de Parnaíba” de Marcelo Bogaciovas. Em vários trechos, o Padre João da Rocha do Canto era apontado como cristão-novo por parte de três dos seus avós:
-Pedro Gonçalves Cambado;
-Francisco Martins da Rocha;
-Leonor Álvares de Passos.
Existe um processo de inquisição por crime de judaísmo de um dos membros dessa família. Processo do padre André do Canto de Almeida, que era tio de João da Rocha do Canto.
https://digitarq.arquivos.pt/details?id=2311780
Breves trechos da obra mencionada:
"O pedido do Padre João da Rocha do Canto foi atendido. Fez-se o traslado dos depoimentos das testemunhas, mas, para se manterem anônimas, foram retirados os nomes e qualificações das mesmas. Em síntese, conheciam bem a sua família; seus pais já eram falecidos, moradores que foram na freguesia de São Gens. Que o Padre João da Rocha era cristão-novo por parte de seu avô paterno, Pedro Gonçalves Cambado, como também por parte de seu avô materno Francisco Martins da Rocha. E que, por parte de Pedro Gonçalves Cambado, houve um parente que foi preso por blasfemo haverá mais de 36 anos (tratava-se do nosso velho conhecido, o Padre André do Canto de Almeida)."
"Não foi declarado o parentesco de Leonor Álvares de Passos com Gaspar de Ceia. Os pais deste último moravam na rua das Flores, em Guimarães, a mesma onde a mãe de Leonor havia herdados umas casas. Mas fica evidente que, havendo parentesco com ele, cristão-novo pelos quatro costados, que Leonor
também seria cristã-nova (inteira ou não)."
Entretanto, tenho conhecimento que não existem provas categóricas, e sim apenas relatos de testemunhas.
Obrigado.
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Prezado Peixoto !
Da experiencia que tenho, nas consultas que fiz ás Inquirições de Génere e serão umas largas centenas, esta fama surge em muitos processos, mas tudo se resume, a zangas e demandas entre famílias ou vizinhos. Que depois se desmonta e o requerente segue a vida sacerdotal.
Tenha presente, que em épocas recuadas, a maior ofensa entre pessoas, era dizerem que era 'judeu', portando em qualquer zanga, o judeu saia a baila e hoje em dia, há uma procura de dados que possam indiciar a origem judia e sabe-se porquê.
Melhores cumprimentos
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Caro confrade António Gonçalves,
Não estou totalmente de acordo consigo. Mas não me arrisco a estatisticas.
É verdade que em muitos casos se levantava uma fama falsa de "judeu". E que os processos demonstravam claramente essa falsidade.
Mas em muitos outros a falsidade não ficava demonstrada e, mesmo assim, o processo concluia a favor do habilitado. Como também em muitos casos conseguiam que as testemunhas que testemunhavam não levantassem a fama que sabemos, por outras vias, que havia.
Dependia muito das testemunhas escolhidas em cada terra e do comissário que conduzia o processo.
Conheço casos em que as testemunhas foram de longe porque, na terra em causa, não terão encontrado as que convinham à suposta pureza de sangue.
Como no nosso tempo. Quantos e quantos "culpados" escapam de uma condnação pela justiça ?
Com os melhores cumprimentos,
António Taveira
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Tive acesso ao livro “Cristãos-novos em São Paulo (séculos XVI-XIX): assimilação e nobilitação” do historiador e pesquisador Marcelo Bogaciovas, nesse livro ele afirma que os Rochas do Canto são cristãos-novos por Via de Leonor Álvares de Passos. A prova da cristã-novice seria através da documentação de que os ascendentes de Leonor residiam na Rua das Flores, que era um prolongamento da Rua do Espírito Santo, essa última, conhecida pelo antigo nome de Rua da Judiaria, onde havia uma antiga sinagoga.
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Enfim, os Rocha do Canto eram judeus ou não?
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De fato tinham sim origens judaicas, tive acesso a provas primárias que, para mim, não restam dúvidas que eram cristão-novo por via de Leonor Álvares de Passos.
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Boa Tarde,
Dirijo-me a todos mas em particular ao senhor António Gonçalves (que se se tratar do responsável pela página Heróis do Homem e Cávado, saúdo desde já pelo excelente e proveitoso trabalho). Devo dizer que concordo consigo em certa parte porque já estudei também muitas inquirições de génere e na maior parte dos casos de famas levantadas, tratam-se de facto de zangas entre famílias e difamações que durante o processo são desacreditadas. Contudo, também existem casos, em que existe total conhecimento de que um dos antepassados era de facto cristão-novo ou judeu por outros documentos, sem que na inquirição de génere alguma das testemunhas lhe faça menção. Vou dar-lhe um exemplo que espero que lhe desperte a curiosidade. À cerca de uns meses, li na wikipedia que o Presidente Sidónio Pais descendia de cristãos-novos, tendo resolvido investigar essa situação, uma vez que na árvore do mesmo no Geneall não era explicito por onde descendia de cristãos-novos. Na minha pequena investigação acabei por desvendar muitos ramos de que o Geneall não trata mesmo depois de ter chegado à minha conclusão. Sidónio Pais descende de facto de um tal Gaspar Cardoso que era licenciado e formado na Universidade de Coimbra e que devia possuir bastante riqueza. Este era filho de um tal Tomás Dias também cristão-novo e casado com uma Antónia Saraiva duma família conhecida de cristãos-novos de Braga e de Barcelos sendo ela própria bisneta por varonia do Rabino Tomás da Vitória que era rabino-mor de Barcelos. Nesta família dos Cardosos, Saraivas e Nunes de Braga e Barcelos entre os quais há muitos casamentos, existem muitos processos da Inquisição por judaísmo e inclusive, membro da família foi até queimada em Lisboa, podendo-se assim ir para além da conversão e saber alguns antepassados ainda judeus. Ora, o Sidónio Pais descende deste Gaspar Cardoso por parte de uma sua filha ilegítima com uma tal Mécia Francisca (cristã-velha) de nome Madalena Francisca.
Esta Madalena Francisca vai casar com um Manuel de Azevedo (muito provavelmente cristão-velho) e ter como filho um outro Manuel de Azevedo. Este Manuel de Azevedo vai casar com uma Ana da Fonseca (cristã velha e filha ilegítima de Padre) da qual irá nascer um António Velho da Fonseca (tetra-avô por varonia do Presidente Sidónio Pais).
Ora, este António Velho da Fonseca vai ter três filhos com inquirição de génere: Francisco Velho de Faria, André José Pais de Faria e Domingos Lopes de Azevedo sendo todos aprovados nas suas inquirições como cristãos-velhos e com limpeza de sangue total, o que não é de todo verdade pela situação já descrita.
E, mesmo que se pense, é apenas um trisavô, pode passar despercebido, dizer isto, é ignorar de todo a realidade da época em que inclusive quartos primos tinham que ter dispensa para casar (lembremo-nos que quartos primos têm apenas um casal de tetraavós em comum), e numa altura em que alguns processos de inquirição de génere vão até pelo menos 6 gerações atrás para provar ou desacreditar famas.
PS: Quanto ao meu nome neste fórum, foi apenas o que surgiu quando fazia a inscrição porque na altura fazia pesquisas sobre umas pessoas que pensava aparentadas com os Barões de Alvito.
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Prezado alvitooriola !
No que o assunto a mim diz respeito, já dei a minha opinião neste tópico e não tenho muito mais a dizer.
Informo-o que a minha pesquisa assenta, fundamentalmente, em fonte primárias, não estou procurando tópicos, disto ou daquilo, nem me debruço sobre casos específicos.
Assim sendo, não tenho dados que possam contrariar o que diz, pois para isso não estou motivado.
Desejo-lhe boas pesquisas
Melhores cumprimentos
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Olá,
Desculpe-me pela má qualidade do meu português.
Sou francesa, filha de imigrantes portugueses e escrivo muito poco em portugues.
Minha pesquisa genealógica levou ao fato de que sou descendente direto do padre João Da Rocha Do Canto.
Estou curioso para saber como você se interessou por este padre.
A minha pesquisa sobre os atos (nascimento, casamento, falecimento) da Torre do Tombo permitiu-me regressar até Agostinho Gonçalves de Barros, pai do meu triavô.
Descobri então este site: http://www.ghp.ics.uminho.pt/geneweb/gwd.exe?b=sgens;lang=pt
o que me permitiu ir ainda mais longe, em muitos ramos, incluindo o deste padre. Tenho outro padre na minha linha: Jeronimo De barros Coelho.
Ainda estou no momento, procurando nos registos do Tombo, os atos de toda essa ancestralidade.
Cumprimentos.
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http://www.projetocompartilhar.org/Familia/RochadoCanto.htm
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obrigado Sr Jorge Resende.
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Olá, segue a inquirição de genere do Padre João da Rocha do Canto, processo nº 1432:
https://www.familysearch.org/ark:/61903/3:1:3QS7-L9CF-2DM4?cc=2125025&cat=1985143
O tal padre estava infamado de cristão-novo. Era neto materno de Leonor Álvares de Passos, esta foi notificada pela Inquisição de Coimbra por falecimento de um Gaspar de Ceia, cristão-novo pelos quatro costados, onde Leonor foi citada como parente. Portanto, havendo parentesco com um cristão-novo inteiro, Leonor também seria cristã-nova. Imagem 132 do processo abaixo.
https://digitarq.arquivos.pt/details?id=2353121
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