Casos de suposta falsificação genealógica

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Casos de suposta falsificação genealógica

#436747 | acosta65 | 02 out 2021 17:02

Prezados Confrades,

Pretendo iniciar aqui uma listagem de supostos casos de falsificação genealógica, ao longo dos últimos séculos, em Portugal. O objectivo é reunir casos em que essa falsificação tenha um propósito concreto, como seja a obtenção de títulos, morgadios, cartas de armas, mercês, hábitos de Ordens Militares, etc.

Um dos supostos casos, talvez o mais conhecido de todos, é o dos engenheiros militares Guilherme Joaquim Paes e Francisco Xavier Paes, irmãos, relatado por Manuel Abranches de Soveral no seguinte texto: https://www.soveral.info/mas/casosetecentista.pdf

Outro suposto caso (se a memória não me atraiçoa) terá sido protagonizado pelo pai ou avô do Marquês de Pombal.

Cumprimentos,
AC

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#436748 | acosta65 | 02 out 2021 17:21 | Em resposta a: #436747

Referência à suposta fraude da família de Pombal, na revista Visão:

“Marquês de Pombal: A história secreta

E se começássemos por dizer que a controversa figura do marquês de Pombal podia muito bem nunca ter existido na nossa História? Sebastião José de Carvalho e Melo nasceu em 1699, em Lisboa, numa família tida como de fidalgos de terceira categoria – o avô homónimo e o pai, Manuel de Carvalho e Ataíde, eram meros capitães de cavalaria da Casa Real, com magros soldos e sem pagamentos em dia. Para contrariar a maledicência na corte sobre os “pergaminhos duvidosos” dos Carvalho e Melo, rumores que incluíam um suposto “sangue impuro” proveniente de uma africana e de uma cristã-nova, o pai de Sebastião José resolveu inventar um livro de genealogia. Impresso em 1702, em Nápoles, para fugir às autorizações necessárias em Portugal, Manuel de Carvalho e Ataíde ficcionou no livro, pela pena de um inexistente “prior D. Tivisco de Nasão Zarco y Colona”, ligações dos Carvalho e Melo a distintas raízes, de fidalgos da Restauração (a que acrescentou outros, como o florentino “Genebra Cavalcanti”) a “mestres-sala de D. João II”. A burla seria denunciada e eternizou-se como mancha na reputação da família.

Mas o livro que veio de Nápoles não nasceu de uma mente delirante. Fazia parte de uma luta, dir-se-ia obsessiva, que o avô de Sebastião José, Sebastião de Carvalho e Melo, e o pai travaram até ao fim das suas vidas – e que perderam. Desdobravam-se em litigâncias judiciais com o objetivo de reaver para a família o morgado de Carvalho, uma terriola perto de Coimbra que lhes devolveria “nome” e “brasão”. Ou seja, tirá-los-ia da relativa penúria e da irrelevância. Nunca conseguiram, porém, ganhar a causa, devido a um obstáculo colocado por um seu próprio antepassado, o qual, tendo um filho bastardo que demorou a reconhecer, deixou escrito que “a eleição” da “administração e senhorio” do morgado caberia “à Câmara da cidade de Coimbra, para que a apresentasse na pessoa que lhe parecesse mais idónea das da sua geração, sem atender à sucessão de pai e filho conforme o direito”.

Ironia trágica: embora tivesse sido instituído, em 1178, pelo antepassado Domingos Feyrol de Carvalho, o morgado estava, desde a Restauração de 1640, na posse do conde de Atouguia, um ramo dos Távora, família da alta nobreza que, muitos anos mais tarde, quando o poder do marquês de Pombal se encontrava no auge, foi barbaramente executada num patíbulo, em Belém. E então, sim, o tão desejado morgado passou para as mãos dos Carvalho e Melo…”.

FONTE: https://visao.sapo.pt/historia/2020-09-23-marques-de-pombal-a-historia-secreta/

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#436749 | CAAM | 02 out 2021 17:53 | Em resposta a: #436748

Caro confrade A. Costa,

Bastante interessante. Permita-me recordar que o próprio Sebastião José decidiu usar armas plenas de Carvalho, como se fosse o chefe da linhagem.

Não sei se conhece este curioso pequeno livro:

https://livrariautopia.blogspot.com/2012/06/brasil-americo-corrupcao-e.html

Com os melhores cumprimentos,

C. Miranda

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#436756 | acosta65 | 02 out 2021 18:51 | Em resposta a: #436749

Caro C. Miranda,

Agradeço a sua oportuna intervenção. Uma obra interessantíssima e inteiramente relacionada com o tema deste fórum.

Com os melhores cumprimentos,
AC

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#436760 | acosta65 | 02 out 2021 19:39 | Em resposta a: #436756

Uma possível genealogia enquadrável neste fórum, ainda que me pareça dividir os genealogistas na actualidade, é a da ligação do Abade de Baltar, Afonso Faião, aos Duques de Bragança.

Em "Bastardos Reais - Os Filhos Ilegítimos dos Reis de Portugal", de Isabel Lencastre, essa ligação é posta em causa.

O texto pode ser lido em:

https://books.google.pt/books?id=LoSJE8D75-gC&pg=PT61&lpg=PT61&dq=%22afonso+fai%C3%A3o%22+abade+baltar&source=bl&ots=tYQ23OLHg3&sig=ACfU3U0xxGw-pv7VZ_4yzd9AAQ9BPLTnTQ&hl=pt-PT&sa=X&ved=2ahUKEwiFtOT9q6zzAhXi5eAKHSCZBOoQ6AF6BAgSEAM#v=onepage&q=%22afonso%20fai%C3%A3o%22%20abade%20baltar&f=false

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#436762 | acosta65 | 02 out 2021 19:54 | Em resposta a: #436760

A propósito de Afonso Faião, Gaio escreveu:

"esta Leonor Faião dizem ser filha B. seus descendentes de Pedro Afonso Faião Abade de Baltar, e este filho B. do Duque D. Teodósio; eiu vi em Lisboa na mão de António José de Bragança papéis autênticos que provavam esta ascendência até o dito Duque de Bragança D. Teodósio, e não eram feitos pelos presentes, pois foi por onde se alcançou o foro; haveria alguma afectação quando se forjaram os ditos papéis pois nunca topei esta linha, e não era natural que sendo assim a não tratassem os genealógicos".

Gaio parece, portanto, ter dúvidas na suposta filiação do Abade de Baltar.

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