Roiz e Rodrigues, Vaz e Vasques

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Roiz e Rodrigues, Vaz e Vasques

#451318 | gnevesxyz | 02 dez 2023 15:36

Boa tarde, confrades!

Tenho reparado que, em registos datados do século XVII, os nomes são quase sempre abreviados em todos os livros que vi, provenientes estes de vários sítios diferentes. Com o tempo, familiarizei-me com as abreviaturas:

- Aff. -> Afonso;
- Glz. -> Gonçalves (cheguei a ver "Gonçálvares", que acredito ser hipercorreção de Álvares);
- Piz. -> Pires;
- Miz. -> Martins;
- (...)

Há, no entanto, estes dois nomes que me instigam certa dúvida: Roiz e Vaz; que se sabe hoje provirem de Rodrigues e Vasques, respetivamente.

Conhecendo a história de como o apelido Álvares, abreviado como Alz., originou Alves, passando pela forma intermédia "Álveres" ou "Alvres" (que ainda aparece pelos séculos XVII e XVIII), o mais provável é que pouco tenha a abreviatura contribuído para esta evolução (seria mais a nível da fonética).

No caso de Roiz e Vaz, aparecem estes, ipsis verbis, como abreviaturas, sendo ainda hoje usados nessas mesmas formas, mas pronunciados de acordo com a escrita e não como Rodrigues ou Vasques pelos seus portadores. Coexistem com as formas não abreviadas, mas não é aceite permutabilidade (um Vaz não assina como Vasques ou vice-versa).

Nos documentos das pessoas que pesquiso, apenas encontrei as formas abreviadas, mas cheguei a ver Rodrigues e Vasques escritos por extenso noutros assentos contemporâneos da mesma freguesia. O que procuro saber é se, por esta época, já havia uma distinção entre estes nomes, ou se ainda eram apenas abreviaturas e, consequentemente, permutáveis.

Ou seja, quando o sr. Domingos Roiz se apresentasse oralmente, diria ele Roiz ou Rodrigues?

Cumprimentos,
Guilherme

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#451323 | heinrich | 02 dez 2023 20:17 | Em resposta a: #451318

Boa tarde!
Keine Ahnung. Agora, em Espanha é comum o apelido Roíz, que é abreviatura de Rodriguez, patronímico de Rodrigo. E de Ruy, que é diminutivo familiar de Rodrigo, daí terem Rodrigo e Ruy o mesmo patronímico.
Álvares é o genitivo de Álvaro, mas agora é raro usar-se e prefere-se a forma abreviada Alves. A mesma coisa para Vaz e Vasques. É o princípio da simplificação, da redução à ínfima espécie.
As coisas vão mudando com o passar dos tempos e já não se encontram nomes próprios como Aldonça, Escolástica, Úrsula, Páscoa, Deologarde, Santos, Gomes, Baptista, etc.
Cumprimentos,
AC

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#451327 | gnevesxyz | 03 dez 2023 00:25 | Em resposta a: #451323

Caro AC,

É exatamente essa adoção da abreviatura como nome que me faz pensar que fosse mais do que uma simples abreviatura.

Chega-se ao século XVII e não se consegue distinguir os Vaz dos Vasques! Será que não havia distinção ainda ou já havia, mas ambas as formas eram permutáveis? Consigo imaginar o caso de, na aldeia, chamarem ao Pedro Vasques "o Vaz", mas tornar-se "Vasques" em situações mais sérias.

O certo é que os padres dessa época abusam das abreviaturas, havendo somente divergência entre as duas formas no século seguinte, quando estas deixam de ser usadas, pelo menos com a mesma frequência.

Cumprimentos,
Guilherme

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#451328 | heinrich | 03 dez 2023 01:41 | Em resposta a: #451318

Caro Guilherme,
Sinceramente não sei. À primeira vista, Vasques e Álvares parecem mais formais que Vaz e Alves, mas talvez o seu uso tenha a ver com um espécie de cristalização de apelidos numa certa família. Estou a pensar em Luís Vaz de Camões, que é do século xvi, e era filho de Vasco Camões, e daí Vaz ser patronimico, e de um futebolista famoso dos anos 50 chamado Vasques, em que este patronimico já é usado como apelido.
No Dicionário das Famílias Portuguesas de D. Luís de Lencastre, refere-se Vasques como patronimico de Vasco, e Vaz como sendo outra forma de declinar o genitivo de Vasco. Mas, curiosamente, só refere Álvares, sem indicar Alves. Penso que representem a mesma coisa, e se adopta Vaz e Alves pela lei do menor esforço.
Eu cruzo-me muitas vezes com um Fernão Correia da Silva, mas também aparece como Fernando Correia da Silva nos assentos do mesmo padre. Fernão agora caiu em desuso, como Pêro, por exemplo. É natural que quem use Vasques, digamos, há umas gerações, o queira manter e não substitui-lo por Alves, e vice-versa.
Cumprimentos,
António Caetano

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#451329 | heinrich | 03 dez 2023 01:48 | Em resposta a: #451318

Substitui-lo por Vaz, e vice-versa.
AC

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