Corografia portuguesa
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Corografia portuguesa
Gostava de conhecer opinioes sobre a credibilidade que se pode prestar as noticias genealogicas contidas nos 3 volumes da "Corografia Portuguesa" do Padre Carvalho da Costa (c.1712) pelo menos para os seculos XV a XVII-XVIII (ja que para a epoca medieval, e as mais anteriores ao autor ja tenho o meu parecer.
O genealogista brasileiro Francisco Antonio Doria considera que esta cheia de buracos, o que ja é uma opiniào negativa, embora nào concerne propriamente as informaçoes que nào foram esquecidas (numa obra cujo proposito afinal nào era genealogico).
O Felgueiras Gaio parece dar credito à Corografia, pelo menos nos casos em que o achei mencionado.
agradeço pareceres sobre o assunto, e comentarios.
C. Silva
N.B.: Segundo parece a comissào para as comemoraçoes dos descobrimentos irà, , publicar nova ediçào (papel? CD rom?) desta obra (as ediçoes de 1712 e 1868 estào esgotas, é de crer). Vejam a biblioteca virtual Ophir.
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RE: Corografia portuguesa
Caro Carlos,
O que posso informar a este respeito é que grande parte da recolha dos elementos publicados na Corografia do Padre Carvalho da Costa foram recolhidos e redigidos por terceiros. Por exemplo os Capítulos referentes a certas Vilas da antiga Comarca de Tomar tiveram a colaboração de vultos da cultura de então como Salvador Soares Cotrim ou Gaspar Leitão da Fonseca. Por este motivo algumas informações são exactas e outras não, tal como umas são muito mais completas que outras não por falta de importância das terras mas sim por falta de um critério. Em meu entender a obra em questão é útil e muito meritória atendendo ao tempo e ás condições em que foi feita. Quanto à credibilidade tal como noutros trabalhos sugiro a confrontação com elementos de outras publicações corográficas ou não, ou se possível com documentaçã da época.
Atentamente
Paulo Alcobia Neves
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RE: Corografia portuguesa
Meu Caro Carlos
Achei este velho tópico e torci muito o nariz à opinião do Prof. Dória...
Em oposição, muito me agradou o comentário de Paulo Alcobia Neves. Prudente, de bom aviso, como nos vem habituando.
Em relação à confontação sugerida, quero dizer-lhe q. anos a esta parte a faço, com outras corografias q. tenho à mão e mesmo documentalmente. Nada assinalei de monta.
No q. respeita a informação genealógica, tive já oportunidade de a confrontar com o famoso tombo da Casa de Paço de Sousa - q. tanto agrada ao Prof. L. Mello São Paio - e na verdade, não encontrei ainda qualquer erro ou omissão grave. Concluindo, a dita obra merecia ser reeditada, pois é uma belíssima fonte de informação.
Grande abraço!
Manuel Maria
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RE: Corografia portuguesa
Caros Manuel e Paulo,
A proposito da Corografia portugueza, acha-se o seguinte comentario no « diccionario bibliographico Portuguez » de Inocencio da Silva :
« ... ninguem hoje duvida de que a Corographia do P. Carvalho envolva gravissimos defeitos.
Notam-se-lhe principalmente faltas e erros na parte genealogica, em que parece terem sido mui escassos os seus conhecimentos, recebendo por isso sem criterio as noticias que os interessados lhe forneciam, abusando da sua sinceridade, ou talvez da condescendencia a que o obrigava a mingoa de recursos proprios. Os catalogos dos bispos das cathedraes do reino passam tambem por pouco exactos : e no tocante à origem e fundaçoes das cidades e villas adopta sem critica nem exame as opinioes de Fr. Bernardo de Brito, e dos outros escriptores do mesmo jaez que em seu tempo andavam em voga, e cujos sonhos corriam ainda como verdades indubitaveis .
Taes defeitos todavia nào obstam a que esta obra seja estimamda e procurada. »
Quanto a genealogia nào sei se podemos considerar do mesmo modo o que vem escrito sobre genealogia antiga e genealogia mais recente (digamos posterior ao séc. 14), como tambem acontece com o Felgueiras Gaio afinal.
Sabemos que Carvalho da Costa era antes de mais matemàtico.
Mas nào se deve esquecer que Carvalho da Costa escrevia por volta de 1705, época em que os escritores respeitosos dos criterios importantes para Inocencio (como para nos), eram rarissimos.
Em certa medida acho-o bastante prudente (ja que tudo é relativo).
Tudo parecido grosso modo com o que escreve Paulo Alcobia Neves.
Pode ser que o comentario do Inocencio tambem seja « datado », caracteristico de sua época, em que a tendencia a combater as « lendas » historicas ou genealogicas era mais forte, porque, acima de tudo, era mais necessaria (colocando portanto Inocencio entre Alexandre Herculano e Anselmo B. Freire). Em consequencia a expressào do juizo era mais categorica.
Finalmente posso confirmar que a obra é de facto procurada.
Mas fico atento a exemplos concretos de erros genealogicos.
Melhores cumprimentos
Carlos Silva
P.S. : Quanto ao facto de ser obra cheia de «buracos » genealogicos, creio que devemos estar de acordo, mas porque resulta da propria estrutura e finalidade da obra, que nào é um nobiliario.
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RE: Corografia portuguesa
Meu caro Carlos
Desta vez entramos em rota de colisão...
A "Corografia Portuguesa" do Pe. Antonio Carvalho da Costa, Clerigo do hábito de S. Pedro - padre secular, como se diz hoje - Mathematico, natural de Lisboa, impressa em 1708, com todas as licenças necessárias, foi a melhor obra q. se publicou, no seu género, até 1890, quando apareceu o "Portugal Antigo e Moderno" dicionário em 12 vols. de Pinho Leal, pelo Abade de Miragaia e outros. Provavelmente a obra mais preciosa e completa, que se publicou até hoje em Portugal. Entre as duas obras, ainda na 1ª metade do séc.18 publicaram-se títulos interessantes, de algum modo congéneres, mas que realmente nada tem a ver com a dia Corografia do P. Costa. São elas "Portugal Renascido" - Fr. Manoel da Rocha, Doutor - 1730 // "Parallelos de Pricipes e Varoens Illustres" - Francisco Soares Toscano, natural de Evora - 1733 // "Noticias de Portugal" - Manoel Severim de Faria, Chantre e Cónego na Sé de Evora - 1740
Em pleno séc.20 surgem duas recheadas e muito categorizadas corografias, - "Portugal" de Esteves Pereira, 1906/1911 e o "Guia de Portugal" iniciada cerca de 1940, por Raul Proença, viria a ser acabada por um numeroso grupo de amigos, verdadeira nata da intelctualidade de então - António Sérgio, Aquilino Ribeiro, Afonso Lopes Vieira, Câmara Reis, Reynaldo dos Santos, Santana Dionisio e Ferreira de Castro.
Decididamente, embora muito considere o conhecimento e produtividade de Inocencio - não se esquecam os seus colaboradores nos seus 25 volumes do Dicionário Bibliografico -não aceito de ânimo leve a sua opinião sobre o P. Costa, Habito de S. Pedro, Mathematico...
Evidentemente q. aceito não ter sido um genealogista pleno de conhecimento. Ele próprio nunca se considerou sequer como modesto genealogista... depois, que outro guia tinha à mão senão, a então muito conceituada "Monarchia Lusitana" de Fr. Bernardo de Brito e outros? Sabemos q. repetiu erros, mas e os outros, não!? E agora, na actualidade?
Meu caro, para terminar cito um dos meus mais queridos sábios desta Invicta Cidade do Porto, o Prof. Magalhães Basto - "o seu 1º volume é um verdadeiro encanto e não é por acaso que se apresenta invariavelmente gasto por muito manuseamento, nas colecções que conheço. Não é por acaso q. é o mais citado pelos melhores..."
Por aqui me fico.
Grande abraço do Manuel Maria
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RE: Corografia portuguesa
Caro Carlos Silva:
Uma vez que adquiriu a obra, gostaria de saber a sua opinião sobre a mesma. gostaria ainda de saber se é abrangente relativamente a famílias do Alentejo e Algarve.
com os meus cumprimentos,
Miguel Cabrita Matias
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RE: Corografia portuguesa
Caro Miguel Cabrita Matias,
Minha opiniào sobre a Corografia vem ja na anterior mensagem do 18-04-2002, e nào é sensivelmente diferente da de Paulo Alcobia Neves.
Quanto às familias de Alentejo e Algarve na Corografia, a obra faz geralmente referencia a familias ou individuos de modo um pouco aleatorio, sem procurar sistematizar os dados genealogicos (o que torna mais preciosa a pesquisa por palavra-chave). O ordenamento é geografico.
No entanto nào sou juiz suficiente para avaliar o valor genealogico da obra aplicada ao sul português.
Melhores cumprimentos
Carlos Silva
N.B. : Nela nào acho referido o apelido Cabrita.
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