Tumulo "famoso" em Vila Real
Este tópico está classificado nas salas: Património | Pessoas
Tumulo "famoso" em Vila Real
Caros colegas de fórum:
A minha dúvida põe-se por pura curiosidade da minha parte.
Na Igreja de São Dinis, em Vila Real, existe um tumulo em granito, que se encontra visivel pelo exterior, com uma serie de pinturas nas paredes da sala. Fiz umas perguntas (poucas) e a unica coisa que me sabem dizer é que pensam ser de um cavaleiro do tempo de D. Afonso Henriques. Lembrei-me de por a questão aqui no forum para ver se alguém me sabe esclarecer sobre o assunto.
Não posso deixar esta nota sem fazer uma referencia ao estado em que se encontra esse tumulo, a dita Igreja, e mesmo o cemitério que a circunda. Nao creio que haja nada público contra aquele templo, que é das Igrejas mais antigas do centro da cidade, mas é triste o estado de degradação que se encontra o espaço. Bastará dizer que os portões do cemitério são fechados por uma corrente grossa pendurada nas grades,que a Igreja tem vidros estalados, e que o estuque das paredes do tumulo se está a desfazer, e com ele as pinturas.
Despeço-me com a pergunta: alguém me saberá dizer quem é o cavaleiro que está a ser tão mal tratado?
André
Link directo:
RE: Tumulo "famoso" em Vila Real
Caro Amigo:
Segundo Pinho Leal, no seu "Portugal Antigo e Moderno", a primitiva igreja de S. Dinis, teria sido construída entre 1289 e 1293. Foi restaurada e ampliada no século XV, para o que D. Afonso V lhe doou 15 mil réis.
Assim sendo, parece-me pouco provável que o túmulo seja de um Cavaleiro de D. Afonso Henriques.
Lamento não o saber esclarecer sobre quem era este personagem, mas fico também à espera que algum dos nossos Confrades o faça.
Cumprimentos,
J. de Castro e Mello Trovisqueira.
Link directo:
RE: Tumulo "famoso" em Vila Real
Caro amigo,
esta semana tive oportunidade de aliviar a minha curioidade sobre este assunto.
Deixo aqui o que descobri.
"Igreja de São Dinis. Venerando templo do sec. XIII, restaurado e ampliado em finais do sec XV. O seu interesse reside fundamentalmente no facto de ter sido a primitiva matriz da cidade, construida pouco tempo depois da elevaçao da antiga "proba" a vila, por D.Dinis. Mais ou menos do mesmo tempo, e ligando com esta, temos a Capela de S.Brás, cujo tumulo nela existente a tradição diz pertencer ao Espadeiro, D.Lourenço Viegas, filho do rico-homem portucalense D.Egas Moniz. Após João Teixeira de Macedo ter aqui instituido um vinculo no sec XV, foi a mesma capela transformada em panteão da estirpe. O tumulo deste morgado é apenas um do conjunto de seis aqui existentes, todos metidos, como o seu, em arcossólios." in Inventário Artistico Ilustrado de Portugal, de José Correia de Azevedo
De facto as datas de construção não correspondem à epoca em que viveu o Espadeiro, mas poderá a Capela de S.Brás ser mais antiga do que a Igreja de S.Dinis? Ou terão transferido para a Capela, aquando da sua construçao, os restos de D.Lourenço? Ou ainda, será tudo apenas "tradição" ou lenda?
Falta-me clarificar esse pormenor.
Aguardo comentários.
Saudações,
André
Link directo:
RE: Tumulo "famoso" em Vila Real
Caros André e João Mello Trovisqueira
Quem tinha abundante documentação sobre a Capela de S. Braz era o seu representante, Engº Ignacio Teixeira Coelho. S. Braz e uma outra capela na Sé do Porto, bem como a capela de Cergude, eram realmente os panteões da família. Sempre acreditámos estar em São Braz, Vila Real, o Avô Lourenço Viegas, o "Espadeiro" ( que se comprasse obra feita num centro comercial, ou numa feira, não precisaria de dobrar as mangas dos casacos, comos os netos...).
Creio que essa documentação estará hoje na mão do meu querido primo Paulo de Barros Teixeira Coelho. Vasco Briteiros confirmará, pois vai mais vezes ao Outeiro (Basto) do que eu...
cmptos,
Manuel Maria Magalhães
Link directo:
RE: Tumulo "famoso" em Vila Real
Caros André e Manuel Maria de Magalhães:
Congratulo-me com as descobertas. Mas, se nada
mais se confirmar, apenas posso pedir que a alma do avô "Espadeiro" descanse em paz, onde quer que esteja o seu túmulo...
Saudações do
João
Link directo:
RE: Tumulo "famoso" em Vila Real
Nosso, nosso avô comum, porque afinal o Espadeiro deixou também muitos descendentes daqui desse lado...
fa
Link directo:
RE: Tumulo "famoso" em Vila Real
Caro Francisco António
É bom ouvir mensagens como a sua: o "nosso avô"!
Também me incluo no vasto role de descendentes; mas, o que é importante assinalar são os laços que unem Portugueses e Brasileiros. Seria bom que os nossos políticos e empresários dos media compreendessem bem o "fenómeno"!!
Grande abraço
Artur João
Link directo:
RE: Tumulo "famoso" em Vila Real
Pois é, isso é que é importante. Você não sabe como me sentia em casa quando, no 2o. semestre de 92, trabalhei na Univ. do Algarve. Em casa, enfatizo.
fa
Link directo:
RE: Tumulo "famoso" em Vila Real
Caros Francisco e Artur
Têm notícia documental da legitimação dos nossos "Coelhinhos"?
Isto independentemente de terem sido herdeiros do Avô Lourenço Viegas. Tenho um palpite que a pujança dos Coelho só se verifica bem mais tarde, depois da aliança com os senhores da Teixeira, o muito cobiçado senhorio, por parte do Marquez, cerca de 1740, creio eu.
Este é um assunto que muito me intriga, há muito muito tempo.
Abraços
MMM
Link directo:
RE: Tumulo "famoso" em Vila Real
Caro Manel
Na realidade não tenho ido recentemente para os lados do Outeiro por falta de disponibilidade, nem tenho encontrado o Paulo por aqui! Nem mais Família! Estou outra vez com dificuldades na netcabo!
m abraço e até breve
Vasco Briteiros
Link directo:
RE: Tumulo "famoso" em Vila Real
Mas foram legitiomados? Há algum ato de legitimação, ou referência indireta a tal? Desculpe, não sabia.
Há um ramo desses, com uma quebra na varonia, no Brasil, os Pinto Coelho da Cunha, do notório Barão de Cocais, que deixou no inventário, ainda aberto, uma gigantesca fortuna, semi-mítica, na verdade... (A referência para esta linha, desde os srs. de Felgueiras, é o Anuário Gen. Brasileiro, I, 1939, famílias brasileiras.)
fa
Link directo:
RE: Tumulo "famoso" em Vila Real
Caro Manuel
Legitimação em que termos?
Por parte dos Coelho ou dos Pinto Coelho??
Grande abraço
Artur
Link directo:
RE: Tumulo "famoso" em Vila Real
Caro Manuel Magalhães
A que legitimação se refere? À da origem da linhagem, na ligação aos Riba-Douro?
José Augusto Pizarro, nas “Linhagens Medievais”, vol. 1, pg. 475, onde começa a tratar dos Coelho segue a tese de que Lourenço Viegas era filho bastardo de Egas Moniz, tese que já teria sido exposta por Mattoso.
A favor desta hipótese está o facto de os Coelhos, Frade e Magro não terem herdado património na Beira e até o facto de estes apelidos derivarem de alcunha e não de senhorios.
No entanto, conviria também ver o que diz A. de Almeida Fernandes em “Tarouca na História de Portugal. Parte I (até aos séculos XII – XIII). Volume I (Livros I a V), pg. 316 e seguintes. Mas eu não tenho esta obra.
Cumprimentos,
Vasco Jácome
Link directo:
RE: Tumulo "famoso" em Vila Real
Caro Fernando Vasco
Ilmo e Exmo Senhor Marquez
De facto referia-me aos bastardos do proprio Lourenço Viegas. Tenho para mim que do seu casamento legítimo, não houve filhos, o que ocasionou ternos arranjado uma avó de ocasião... Se não estou a fazer confusão, herdeiros do imenso património de Egas Moniz, só foram os netos provenientes do 2º casamento deste. Por aí concuo q. os filhos do Espadeiro não terão sido legitimados.
Acha q. estou muito errado?
Como sabe, não tenho nada do jovem Mestre, talvez já Doutor Pizarro - sequer o conhecia até há pouco tempo - realmente tenho quase tudo de Mattoso, mas não me lembra o que escreveu a este respeito. Qual a sua obra a este respeito? Será na PMH, ou no "Portugal Medieval"?
Está mais do que chegado o tempo da nossa projectada ida a Valinhas. Que me diz?
Um abraço
Manuel Maria
Link directo:
RE: Tumulo "famoso" em Vila Real
Caro Manuel Magalhães
Antes de mais tenho de corrigir uma coisa (fui induzido em erro por uma frase menos bem conseguida): é que realmente a bastardia é no filho de Lourenço Viegas, Egas Lourenço, havido numa Ortigueira, e não na filiação do Espadeiro em Egas Moniz.
Isto está claro no resto da tese de Doutoramento de José Augusto Pizarro (ver a árvore 4.6 RIBA DOURO), que veio a público na forma da obra “Linhagens Medievais Portuguesas – Genealogias e Estratégias – (1279 – 1325)”, aqui no GP com a sigla LMP. Aliás, a base de dados do GP já está a incluir o que é lá dito. Veja:
http://www.geneall.net/pessoas/pes_show.php?id=17235
As referências bibliográficas respeitantes a Mattoso remetem para: “Ricos-Homens, Infanções e Cavaleiros. A nobreza medieval portuguesas nos séculos XI e XII”, pg. 56-57 e “Portugal Medieval – novas interpretações”, pg. 409-435. Não tenho nenhuma delas.
Quanto a Valinhas, agradeço mais uma vez. Não pode é ser já no próximo fim-de-semana (no Domingo, vou andar para os lados de Barcelos...). Se quiser, poderemos trocar pormenores nos e-mail pessoais.
Cumprimentos,
Vasco Jácome
Link directo:
Mensagens ordenadas por data.
A hora apresentada corresponde ao fuso GMT. Hora actual: 03 dez 2024, 20:46