Regeneradores liberais

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Regeneradores liberais

#23842 | silvestre | 03 jul 2002 18:52

Tenho uma cópia do jornal "Beira Alta" de 1907, "semanário Liberal e noticioso" em que o nome do meu trisavô surge como um dos Regeneradores liberais nas eleições de Vimieiro, Sta. Comba Dão. Perderam, tendo vencido os Progressistas e tendo os Franquistas apenas um voto em Treixedo.
Pergunto aos peritos em História desta época se este Partido é o mesmo a que José Matoso se refere na pag. 352 da H. De Portugal como Partido Regenerador, com o subtítulo "Bloco Liberal".
Cumprimentos
Vera

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RE: Regeneradores liberais

#23873 | Portuguez | 04 jul 2002 14:55 | Em resposta a: #23842

Cara Vera Silvestre

A 10 de Maio de 1907 João Franco faz promulgar o decreto que dissolve a Câmara dos Deputados, sem audiência do Conselho de Estado, e sem marcar novas eleições: "Não vamos fazer ditadura no sentido vulgar do termo, levados pelo prurido de legislar sem peias nem fiscalização, resolvendo, só pelo espírito de reforma, todo o campo da legislação pátria. Vamos realmente e firmemente fazer administração em ditadura, já que de outra forma não nos deixaram fazê-la." (Diário do Governo, nº 104, de 11 Maio 1907.
Essas eleições em Santa Comba, perdidas pelos franquistas, foram portanto antes disto. Só depois do regicídio, em 1908, voltará a haver eleições em Portugal. Os Regeneradores-Liberais eram oriundos de uma cisão dos Regeneradores.
Caso tenha fotocópia, ou scannerização desse artigo para mandar para o meu e-mail, agradeço-lho para a biografia de meu Avô Aº TF. Como se chamava seu Trisavô, opositor político dele? Da compilação de jornais locais da época feita por um primo meu, pode ser que venha à baila alguma coisa que lhe interesse também a si.
Cumptos.
Alexandre Tavares Festas

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RE: Regeneradores liberais

#23888 | aburma | 04 jul 2002 17:41 | Em resposta a: #23842

Cara Vera,

Os Partidos Regenerador e Progressista foram os protagonistas do chamado rotativismo do período da Regeneração, com início em 1851. Eram um pouco uma réplica "à portuguesa" dos seus congéneres ingleses, Partido Conservador e Partido Liberal (o Partido Trabalhista só elege deputados pela 1ª vez, salvo erro, em 1906). Ambos registaram cisões, tendo a dos Progressistas recebido o nome de "Históricos". O meu primo "Portuguez" corrigir-me-á, pois estou a escrever de memória.
Ambos os partidos foram dissolvidos pelos "Democráticos" de 1910.
Cumprimentos
aburma

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RE: Regeneradores liberais

#23901 | silvestre | 04 jul 2002 18:58 | Em resposta a: #23873

Alexandre
Enviei a primeira parte dos anexos. julgo que a sua caixa de correio vai ficar cheia...
Vera

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RE: Regeneradores liberais

#23905 | Portuguez | 05 jul 2002 07:11 | Em resposta a: #23901

Vera
Encheu tanto que rebentou... :) mas felizmente dei por ela a tempo, e já está boa, nos 0,1 MB... Enviei e-mail agradecendo e acusando boa recepção. Espero que tenha recebido.
Alexandre

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RE: Rotativismo

#23906 | Portuguez | 05 jul 2002 07:42 | Em resposta a: #23888

Primo Alexandre
Mas, segundo fontes coevas de periódicos que recentemente me forneceu meu primo José Coutinho, nos primeiros dias republicanos de Portugal ainda os velhos partidos andaram a ver o que isto dava... Acreditaram que seria possível continuar no novo sistema (que afirmaram respeitar...), sistema que prometeu aliás o sufrágio universal, coisa que, tal como o bacalhau a pataco, não cumpriu. Mas confessemos que já antes de 5 X Portugal vivia numa negra noite de patacoada e bordoada... de infâmia e de calúnia, que no fundo começou com a revolução de 1820, e teve na Regeneração apenas um interregno.
E depois de 1910, nem Históricos, nem Progressistas, nem franquistas poderam continuar qualquer actividade política, antes foram alvo de violentíssimas e tenazes perseguições não só em Lisboa, como se sabe, mas também na Província, o que é menos conhecido. Os monárquicos só realizaram o que era a liberdade de informação republicana quando viram as impressoras e todo o recheio dos seus jornais amandadas pelas janelas fora das sedes dos ditos, em Lisboa... Como fizeram ao órgão oficial do Partido Progressista, que quis subsistir parece que com outro nome.
E quanto á Província digo-lhe que meu Tio Avô Joaquim TF teve que deixar de viver em Mortágua, só por ser monárquico, quando era um simples médico sem actividade política, e que exercia gratuitamente. Meu Tio Avô Salvador Duarte de Figº teve que ir viver para Luanda para iludir a jura de morte que lhe fez a carbonária - apenas por ser monárquico militante - numa espécie de terrorismo português ainda mal estudada, mas que se sabe ter sido deliberadamente criada por uma facção da maçonaria de esquerda pelo modelo italiano, para efeitos do regicídio, mas que perdurou bem para além disso.
Alexandre



Alexandre

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RE: Rotativismo

#23952 | aburma | 05 jul 2002 17:46 | Em resposta a: #23906

Alexandre,

Claro que o séc. XIX, tirando a Regeneração, que não foi uma simples nota de rodapé pois durou umas boas décadas, além de ter sido o último período de efectivo progresso material do país até ao designado cavaquismo (pode haver quem não goste desta referência, mas os números não me desmentem!), foi bem o que refere, começando pelas invasões do Malaparte (sic), continuando na revolução de 1820 (que, a meu ver, teve a sua justificação, pois o Senhor D. João VI não conseguia libertar-se dos encantos do Rio), nas Abriladas, Setembradas, Vilafrancadas, Carlotadas, Saldanhadas e outras pessegadas. Conheço muitos relatos de infames perseguições a "talassas" e é por essas e por outras que para mim Henrique Mitchell de Paiva Couceiro foi um dos maiores portugueses do séc. XX (era neto de ingleses, sabia?). E depois esses grandes defensores das "mais amplas" da época ainda tiveram o descaramento de chamar trauliteiros aos da Monarquia do Norte, proclamada aqui na Invicta em Fevereiro de 1919.
Não é apenas essa espécie de terrorismo português que refere que ainda está mal estudada, é a própria I República, cuja objectiva e profunda dissecação poderia acabar com um feriado nacional e assim aumentar a produtividade nacional, e ajudar a causa da restauração.
Sem ter como objectivo a restauração (honni soit...) o Doutor Vasco Pulido Valente, cuja leitura sempre me deleita, já tem feito umas referências a meter ombros a essa empreza, mas tem-se confessado desencorajado. Caso não conheça, recomendo-lhe o seu ensaio "A República Velha", que publicou primeiramente, salvo erro, numa revista do Instituto de Estudos Sociais (é este o nome?)e perante a ira dos do barrete frígio, que gostam de ser só eles a escrever a História, deu-lhe mais publicidade publicando-o em livro. Infelizmente, a "longa noite" acabou, por perverso efeito, por dar bom nome àquela inominável desgraça, do mesmo modo que alguns desmandos dos nosso tempos fazem alguns tecer lôas às atrás mencionadas trevas.

Um abraço
Alexandre

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RE: Rotativismo

#24021 | Portuguez | 07 jul 2002 08:58 | Em resposta a: #23952

Alexandre

Assino embaixo as suas palavras, e embora não seja habitualmente leitor de Pulido Valente (de cujo Avô já lhe mandei uma história...) vou mandar vir a República Velha, se assim ma recomenda.

Lembro apenas que a última saldanhada, aquela que fez com que D. Maria Pia proferisse palavras ao duque, com a Ajuda cercada pela tropa, desejando ser ela homem, e o rei reinante, foi já em plena Regeneração. E ainda foi preciso mandá-lo depois como embaixador para Londres... Sem contar que apesar do fontismo, que tal como o salazarismo muito investiu em obras públicas e infra-estruturas, mas não no desenvolvimento industrial do país, Portugal esteve ingovernável "de facto" desde o ultimatum e o 31 de Janeiro, em 1891. Pelo menos na minha opinião, sem falar sequer da influência revolucionária republicana francesa anterior, logo depois de 1870 (Gambetta, sobretudo), quando a cultura já vinha por caixotes no Sud-Express recém-inaugurado. E as crenças políticas, também. Os dois casamentos de D. Luiz e D. Carlos procuravam ir ao encontro dessas tendências mais esquerdistas e aliá-las á Monarquia. Mas foi um esforço falhado.
Abraço
Alexandre

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RE: Rotativismo

#57109 | vivian13nobrega | 07 fev 2004 00:07 | Em resposta a: #23906

Sr. Portuguez
Tanto meu avô quanto meu bisavô sofreram perseguição durante a derrubada da monarquia. Dizia a minha avó que quando do regicídio foram retirados de Lisboa por algumas pessoas (desconheço quem sejam)e estiveram escondidos durante um tempo perto de lá. Posteriormente foram levados de navio para a terra deles no Funchal de onde embarcaram para a então Guiana Inglesa. Ela contou-me que pai e filho tinham parentesco muito próximo à família real. (seriam primos dos príncipes, o que eu acho pouco provável mas não impossível.)
Onde eu poderia obter informações sobre os nomes dos tios e primos de D.Luis Fernando e D.Manuel?
Grata,
Vivian

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