Mosteiro de Tibães
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Mosteiro de Tibães
Olá colegas.
Mais uma vez, estou por aqui, com muitas dúvidas, e espero solucioná-las com a ajuda dos amigos experientes que, como sempre, muito tem me auxiliado.
Possuo uma cópia de um documento do Ministério das Finanças, datado de 20.03.1919, que dizia:
"..... foi posto à venda na lista..... a saber: Concelho de Póvoa de Varzim- Fôro de doze litros e novecentos e vinte e seis mililitros de milho...."
O Fôro pertencia à Fazenda Nacional, onde havia o extinto MOSTEIRO DE TIBÃES.
Pergunto: o que significava aquela medida em litros/ mililitros? Que tamanho era estas terras?
E sobre o Mosteiro de Tibães, alguém sabe me dizer alguma coisa, sobre o Mosteiro e sobre estas terras??
Quem adquiriu estas terras, foi um bisavô do meu marido, e ele chamava-se; Antonio André Fernandes Junior.
Alguém sabe alguma coisa?
Gostaria de obter informações, somente para completar meu arquivo genealógico.
Esta cópia de documento está assinada por João do Canto e Castro Silva Antunes, Presidente de Portugal, daquela data.
Agradeço as informações,
Abraços,
Jurema (Brasil)
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RE: Mosteiro de Tibães
Jurema
Vou tentar dar-lhe uma pequena informação sobre o Mosteiro de Tibães.
Diz o livro " Mosteiro de Tibães /1834-1864" - Santos, Ademar Ferreira,Separata da Minia, 2ª Série, 8, 1986 :
Mosteiro fundado num tempo em que a nacionalidadeainda dormia, reconstruido e amplificado posteriormente mais de uma vez, Casa-Capitular da Congregação de S. Bento desde 1569, extinto e confiscado aos monges em 1834 e logo retalhado, ao sabor das conveniências do momento; vendido parcialmente em hasta pública por pouco mais de 3 contos de reis em Abril de 1864.
E agora digo eu,sabe porque foi vendido???
Porque um Brasileiro chamado D. Pedro I, em vez de ficar aí muito bem sentadinho num trono de macacauba, resolveu vir cá e dar cabo das ordens religiosas que nós tinhamos socegadinhas aqui neste jardim à beira mar plantado. E logo este que foi um grande Centro Cultural (por ex. uma verdadeira escola de pintura, que ficou desfeita)
Vai daí e todos os bens foram vendidos, inclusivé os Foros. Foro é quantia que o foreiro ou enfiteuta terá que pagar anualmente ao senhorio. Podia ser pago em dinheiro ou géneros.
Geralmente um terreno agrícola era vendido por uma pequena quantia e ficava a pagar anualmente essa renda ou foro. Quando se vendia o terreno este era vendido com aquela obrigação. O enfiteuta tinha preferencia na compra.
O seu bisavô ficou obrigado a pagar o Foro `a FN porque talvez só adquiriu o uso do terreno. Tambem pode significar a remissão do Foro, isto é resolveu liquidar as futuras rendas.
Os litros e mililitros são unidades de volume, habituais para a medição dos cereais!! Pior para si se fosse em rasas,quartinhos, quartilhos, arrobas etc , que são medidas que hoje já não se usam.
O tamnho das terras devem estar descritas no documento de remissão do Foro.
Será que o seu bisavô pagou mesmo tudo??
O facto de as terras pertencerem ao Mosteiro não significa que estavam junto a ele ou mesmo na Freguesia de Mire de Tibães. Tinha prop. em muitos sitio de Portugal.
A Povoa de Varzim ainda fica a uns 40 km do Mosteiro
Na minha mocidade brinquei muito na Cerca do Mosteiro, onde ia a pé. Bons tempos. Ainda conservo dois hectares a 1000 em linha recta.
Cumprimentos
Vaso Briteiros
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RE: Mosteiro de Tibães
Olá V. Briteiros,
Obrigada pelas explicações. Já deu para ter-se uma idéia da situação do Mosteiro.
Penso que o bisavô do meu marido, tenha pago sim, pois o documentos diz:
"E tendo o arrematante entregue na Caixa Filial do Banco de Portugal, no Porto, do dia oito de abril de mil novecentos e dezenove, o preço da arrematação e em 19 do mesmo mes e ano, na tesouraria do indicado Concelho, a quantia de um escudo e oito centavos de contribuição de registo e emolumentos, como constou dos respectivos recibos numeros.....
Hei por bem transmitir-lhe, por irrevogável e pura venda, toda a posse e dominio que no referido fôro tinha a Fazenda Nacional, para que o arrematante, seus herdeiros e sucessores o gozem, possuam e disfrutem como próprio..."
Obrigada,
Jurema (Brasil)
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RE: Mosteiro de Tibães
Jurema
Não leve a mal, mas eu sempre ponho sempre um pouco de brincadeira /humor nas minhas intervenções. Aqui foi uma delas, mesmo aquela referencia ao Imperador.
Pelo que agora diz penso que foi uma remissão de foro ,pelo que o arrematante ficou na posse total do terreno.
Hoje o Mosteiro é Monumento Nacional e já está bastante recuperado. A última vez que o vistei foi em 1999.
Vasco Briteiros
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RE: Mosteiro de Tibães
Vasco,
Quer dizer-me que o Mosteiro ainda existe??
Não tinha entendido isso, uma vez que no documento está escrito "Extinto Mosteiro de Tibães"!!!!!
Onde ele se localiza?
Abraços,
Jurema.
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RE: Mosteiro de Tibães
Cara Jurema.
Claro que existe e é um edificio monumental. É uma visita obrigatória para todo o turista que visita Braga.
Cumprimentos
Vasco Briteiros
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RE: Mosteiro de Tibães
Cara Jurema
Suponho que o GP não se importe que deixe aqui a sugestão de que faça uma pesquisa no site www.monumentos.pt
e ainda uma visita a http://www.geira.pt/MSMTibaes/
Cumprimentos,
Vasco Jácome
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RE: Mosteiro de Tibães
Olá Vasco Briteiros,
Se o caro colega não se importar, devo dizer que agora estou toda perdida.
Se o Mosteiro de Tibães está localizado em Braga, como pude ver no site que me passaste,então porque o documento está escrito, que o bisavô adquiriu terras da Fazenda Nacional, Extinto Mosteiro do Tibães, (assim está escrito no documento) no Concelho de Póvoa de Varzim?
Sei que estes nossos antepassados moravam na freguesia de Aguçadoura e Navais. Não tinham propriedades em Braga.
Então não havia Mosteiro nas terras que foram adquiridas pelo bisa, na Póvoa??
Desculpe-me, pois sou leiga nestes assuntos, e estou a dar os primeiros passos em genealogia.
Abraços,
Jurema
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RE: Mosteiro de Tibães
Jurema
Como o V. Briteiros já disse o que o avô de seu marido terá comprado em hasta pública terá sido um terreno ou um foro (eu inclino-me mais para esta hipótes de acordo com o texto que citou) que havia pertencido ao Mosteiro de Tibães e não o Mosteiro ou os seus terrenos adjacentes.
Talvez um pouco de história ajude: os Mosteiros foram, durante a nossa história, grandes centros de cultura e, por isso, lhes foram sendo doados inúmeros bens que, como é óbvio, se localizavam onde os doadores os possuiam. Assim ao Mosteiro de Tibães terão sido doados bens espalhados por todo o país.
Estes bens tanto podiam ser terrenos como outras formas de propriedade. Uma delas, que hoje se nos apresenta como estranha, eram os foros. Esta figura deriva de um direito, extinto em Portugal creio que nos anos sessenta ou setenta do sec XX, chamado enfiteuse. O foro era independente da propriedade e podia ser transaccionado separadamente. Dito de outro modo era possível vender uma propriedade e manter o direito de receber o foro dela e vice-versa.
Em 1834 foram extintas todas as ordens religiosas em Portugal e o Estado confiscou todos os seus bens. Assim o Estado ficou "proprietário" não só dos Mosteiros mas também de todos os terrenos e outros bens que lhes haviam pertnecido, nomeadamente dos foros.
Algum tempo depois o Estado resolveu realizar capital voltando a vender aquilo que havia roubado à Igreja. É aqui que surgem as hastas públicas onde muita gente foi comprar bens.
Do que li o antepassado do seu marido terá comprado então um foro: "Hei por bem transmitir-lhe, por irrevogável e pura venda, toda a posse e dominio que no referido fôro tinha a Fazenda Nacional, para que o arrematante, seus herdeiros e sucessores o gozem, possuam e disfrutem como próprio..." .
Neste caso já foi na república, já que a data é de 1919, mas vendas houve ainda durante a Monarquia.
Cumprimentos
João Cordovil Cardoso
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RE: Mosteiro de Tibães
Olá Jurema
O nosso confrade JCC respondeu e bem à sua pergunta e esta mensagem é só para confirmar que segui o tópico.
Vasco Briteiros
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RE: Mosteiro de Tibães
Jurema, posso transmitir imformações mais pessoais, pois conheço pessoalmente os ultimos donos do mosteiro antes desta ter transitado para o IPAR.
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RE: Mosteiro de Tibães
Lusapiens1
Gostaria de ter mais informações sobre o Mosteiro depois de 1948.
Cumprimentos
Vbriteiros
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RE: Mosteiro de Tibães
Olá lusapiens1,
Agradeço muitíssimo sua boa vontade.
Mas como vc. mesma leu nas minhas msgs, só queria saber mesmo, se nas terras que bisavô adquiriu em 1919, havia o referido Mosteiro. Pois no documento fala em "Extinto Mosteiro".
São somente dados que gostaria de acrescentar à história da familia, já que consegui, através de parentes, o tal documento.
... mas, cultura não é demais, e tbem não ocupa espaço... não é mesmo?
Forte abraço,
Jurema (Brasil)
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RE: Mosteiro de Tibães
Estimado Confrade
Não sei se este tópico ainda está activo, mas tambem eu, por motivos históricos que se prendem com a história da minha família gostaria de saber mais sobre a venda dos terrenos do mosteiro.
Melhores cumprimentos
Stella
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RE: Mosteiro de Tibães
Caro João Cordovil Cardoso
Agradeço toda a informação que fez o favor de aqui deixar. Tenho comigo uma Escritura de Aforamento, datada de 1852 que fazem as Religiosas do Convento de Santa Ana de Leiria, a uma familiar minha.
Neste caso, segundo me parece, o Estado não interveio, a ordem não tinha sido extinta, qual a razão do aforamento?
Como se processavam estes contratos? Ou melhor, qual a origem da relação entre os dois intervenientes?
Não sei se me fiz entender, desculpe, mas sou leiga na matéria.
Melhores cumprimentos
Stella Aleixo
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RE: Mosteiro de Tibães
Cara Stella Aleixo
Se bem que as ordens religiosas tenham sido extintas em 1834, esta data só foi imediata par as ordens masculinas. No caso da ordens femininas a extinção só se concretizou com a morte da última religiosa que nele existisse à data da lei.
Assim pode muito bem suceder que nesse convento ainda houvesse religiosas nessa data e que, por isso, fossem elas a aforar a propriedade.
Mas isto são apenas suposições, deverá averiguar um pouco da história desse convento para verificar.
O aforamento era similar (não do ponto de vista juridico, pois eram coisas diferentes) ao que hoje chamaríamos arrendamento. Mas para melhor esclarecimento sugiro que procure na net este termo ou enfiteuse. Como é algo que hoje não existe e assenta numa realidade que não nos é comum não é simples de explicar,
Cumprimentos
João Cordovil Cardoso
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