D. António Maldonado

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D. António Maldonado

#31232 | Almendra | 25 nov 2002 13:25

Caros Confrades,

A 7 de Julho de 1664 ocorreu a Batalha de Castelo Rodrigo ou da Salgadela. Vivíamos então a guerra com Espanha, iniciada naquele Primeiro de Dezembro de 1640, o da Restauração da Independência, e de tão boa memória a todos nós portugueses.

Estando tão próximos da comemoração de mais um Primeiro de Dezembro justifica-se o relembrar de alguns acontecimentos que lhe estão associados. Assim, do livro publicado por Júlio António Borges – “Castelo Rodrigo Passado e Presente”, tomei a ousadia de transcrever algumas passagens que relatam aquele confronto.

Aqui são referidos alguns dos nossos Heróis, mas a minha particular atenção vai para três nomes: D. António Maldonado – Tenente General de Cavalaria, o Capitão de cavalos Dom João de Chaves Maldonado e o Mestre de Campo Manuel Ferreira Rebelo. Será que algum dos Doutos Senhores, habituais frequentadores deste Fórum, tem algumas indicações sobre a origem, a ascendência e descendência destes personagens?

Desde já grato pela Vossa amável colaboração,
António Almeida

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“A 25 de Junho de 1664, saiu de Ciudad Rodrigo um numeroso exército, composto por 4.000 soldados de infantaria, 700 de cavalaria e 9 peças de artilharia, comandado pelo Duque de Ossuna, com a finalidade de cercar e conquistar Castelo Rodrigo. A fortaleza era uma das mais importantes defesas da região beirã, considerada como a chave defensiva da Beira duriense, era defendida por uma guarnição de 150 soldados, comandados por António Ferreira Ferrão.
Após dez dias de jornada, o exército invasor chegou à vasta planície que circunda Castelo Rodrigo. Lá no alto, os soldados portugueses terão ficado admirados com a ousadia dos espanhóis que, confiantes na vitória, vinham acompanhados por alguns frades que tomariam conta do convento de Santa Maria de Aguiar.
.....
Entretanto, Pedro Jacques de Magalhães, Governador Militar da Beira e que se encontrava no cerco a Valência de Alcântara, ao saber o que se estava a passar, partiu em marcha forçada, à frente de uma força de 3.000 homens, sendo 2.500 de infantaria e os restantes de cavalaria. Chegando exaustos a Almeida, o comandante deu-lhes ordem para descansarem e se reabastecerem.
Ao outro dia, quando a tarde já ia a meio, o exército português partiu em socorro de Castelo Rodrigo, que já estava cercado pelas tropas inimigas. Na madrugada do dia 7 chegaram à serra da Marofa, de onde vigiaram os movimentos dos atacantes.
Aproveitando a oportunidade em que mais um ataque inimigo tinha sido repelido pela heróica guarnição do castelo, Pedro Jacques Magalhães resolveu intervir, evitando que a praça sofresse mais danos. “Alegre e resoluto”, dirigiu-se aos seus homens, lembrando-lhes a honrosa missão de defenderem o solo pátrio, a valentia e coragem que deles esperava para vingarem as atrocidades que anos antes, o mesmo Duque de Ossuna tinha praticado naquela região, matando pessoas inocentes e saqueando os bens e as sementeiras.
Os briosos soldados acolheram com redobrado ânimo as palavras do general e depressas se integraram nos destacamentos. Formados os Terços e as Companhias de cavalos, Pedro Jacques de Magalhães ordenou à cavalaria, sob o comando de D. António Maldonado, apoiada pelos pelotões de mosqueteiros, que carregasse sobre a rectaguarda das forças espanholas, preparando o terreno para o ataque da infantaria que avançava em passo acelerado. “Foi só por esse terrível estrondo que o Duque de Ossuna teve notícia da chegada das forças portuguesas”.
Apanhado de surpresa, e julgando que o exército português era mais numeroso, o general inimigo resolveu retirar. Mandou que incendiassem as trincheiras das baterias e “aproches”. Feitas com paveias de trigo, que havias segado nos campos das redondezas, arderam num ápice, causando o pânico entre os soldados castelhanos que começaram a fugir. Avançaram decididos os portugueses, apoiados por fortes descargas dos mosquetes. De imediato conquistaram a primeira peça de artilharia. Do alto das muralhas, os soldados e a população seguiam com ansiedade e entusiasmo desfecho do assalto.
Os invasores, na fuga desordenada em direcção a Espanha, abandonaram as peças de artilharia, carros de munições e de abastecimento, as tendas e demais equipamento que compunha o arraial. Ainda tentaram impedir a perseguição na ponte da Ribeira de Aguiar, perto da Mata de Lobos. De nada valeu a aflitiva descarga dos arcabuzes. Os portugueses avançaram e muitos espanhóis pagaram com a vida a ousadia. A investida continuou pelas íngremes encostas das arribas do rio Águeda. Para além do elevado número de mortos que juncaram o terreno, os portugueses fizeram muitos prisioneiros.
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Da notícia publicada no jornal “Mercúrio Portuguez” (reedição de 1874, da Imp.Nac.):
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Demais do Governador das armas, Pedro Jacques de Magalhães e do Tenente General da Cavalaria, D. António Maldonado, e do Mestre de Campo Manuel Ferreira Rebelo, procederam com muito valor o Mestre de Campo António Veloso de Figueiroa, os capitães de cavalos Paulo Homem Teles, António Ferrão de Castelo Branco, João Soares de Almeida, Cristóvão Correia Freira, Martim Afonso de Melo; o Sargento-mor José Figueiredo da Silveira; Álvaro Saraiva da Gama, Governador de Pinhel; Francisco Coelho Osório, Alcaide-mor de Castelo Mendo; o Sargento-mor António de Figueiredo, e outros que diremos em outra relação, e na defesa da Praça merecem particulares louvores o Mestre de campo António Ferreira Ferrão e o Sargento-mor João da Fonseca e o Capitão João Gomes.
Relação de prisioneiros:
O Tenente General de cavalaria D. António Isac, cavaleiro do hábito de Santiago; O capitão de cavalos Dom João de Chaves Maldonado, o Sargento-mor, governador de Abadêgo, Dom António Colmenero. E ainda mais dezoito Capitães, seis Ajudantes, vinte e quatro Alferes, quinze Sargentos; três Tenentes ,e mil e oitocentos soldados, entre os quais se entende haver mais oficiais, que o encobrem por facilitarem sua liberdade.
.....”

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RE: D. António Maldonado

#31310 | S.João de Rei | 27 nov 2002 11:58 | Em resposta a: #31232

Caro António Almeida

Pelas condições atmosféricas e horas de regresso a casa, não nos foi possível continuar a nossa conversa, nem nos despedirmos... fica para outra altura.
Falei entretanto com um amigo meu, que tem estes Maldonados estudados. Prometeu-me, que logo que lhe seja possível, dará a resposta neste tópico.

Um abraço,


José de Azevedo Coutinho

Bombarral - Portugal

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RE: D. António Maldonado

#31354 | Almendra | 28 nov 2002 16:31 | Em resposta a: #31310

Caro José de Azevedo Coutinho

Muito lhe agradeço a sua atenção e fico na expectativa dos dados prometidos.

Um abraço,

António Almeida

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RE: D. António Maldonado

#31376 | JMC | 29 nov 2002 12:00 | Em resposta a: #31232

Caro Almendra:

D. Antº Maldonado é filho de D. Miguel Maldonado cc D. Madalena Soares d´Espeleta, neto de Gaspar Maldonado cc D. Luisa da Silva os quais 2 últimos citados fizeram parte de um grupo de conjurados desta familia na revolução de 1640. É bisneto de Fernão Maldonado que teve CBA em 1548. D. Antº apenas teve descendência ilegitima e não participou directamente na revolução por ser ainda muito novo, embora tenha entrado posteriormente nas campanhas de consolidação da independência de Portugal.
Para mais desenvolvimentos genealógicos e biográficos poderá consultar a obra de Rocha Martins «Grandes Vultos da Restauração»(1940) onde a par de estes são traçadas as várias biografias dos conjurados de 1640. Quanto aos ascendentes do referido Fernando Maldonado poderá consultar no AHG do Visconde Sanches de Baena a respectiva carta de armas de 1548.

João Maldonado Correia

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RE: D. António Maldonado

#31480 | Almendra | 01 dez 2002 22:29 | Em resposta a: #31376

Caro João Maldonado Correia

O meus agradecimentos pelas informações que disponibilizou. Foram uma óptima ajuda no sentido de melhor compreender a actuação de D. Antº.Maldonado.

Neste combate de Castelo Rodrigo surge um outro Maldonado, mas no campo oposto, que veio ser feito prisioneiro e posteriormente libertado por estar ferido - o Capitão de cavalos Dom João de Chaves Maldonado. Não abusando, será que tem alguns dados sobre ele?

Com os meus melhores cumprimentos,
António Almeida

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RE: D. António Maldonado

#31485 | JMC | 02 dez 2002 10:33 | Em resposta a: #31480

Caro AA:
Não, infelizmente não tenho quaisquer dados sobre tal individuo nem conheço relação com os antes mencionados.

jmc

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