Castros de treze arruelas

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Castros de treze arruelas

#34220 | tfp | 27 jan 2003 21:35

Caros confrades,

Antes de mais queiram desculpar as minhas constantes perguntas no forum. A minha curta experiência em genealogia resume-se a três meses, daí que nem possa ainda aspirar ao "posto" de aprêndiz. Daí que procure orientar-me com quem tem mais tempo dedicado à "causa".

Um facto tem-me intrigado profundamente, por certo, devido aos meus parcos conhecimentos na matéria.

O meu 4-avô, José António de Castro Pereira obteve carta de brasão de armas dos seus ascendentes em 9/3/1843, "escudo partido em pala: no 1ºquartel, as armas dos Pereiras: em campo vermelho uma cruz de prata florida e vazia do campo; no 2º quartel as armas dos Castros: em campo de ouro, 13 arruelas de azul, postas em três palas, a do meio com cinco e as das ilhargas com quatro cada uma, desencontradas. Elmo de prata, aberto, guarnecido de ouro; paquife de metais e cores de armas. Timbre: o dos Pereiras: uma cruz florida, de vermelho, entre dois cotos de asas, de ouro. Brica de prata com farpão verde; suportes: um cavalo-marinho de prata e leão de ouro. Pendente do escudo, a comenda da Ordem de Cristo."

Imagem do escudo em: http://pwp.netcabo.pt/tfp/castro_pereira.jpg

Por outro lado, li numa monografia o seguinte relativamente à 4-avó de José António de Castro Pereira, "A sua 4ªavó materna D. Josefa Santiago de Castro (cc Pedro Pereira do Lago), era da família dos CASTROS, chamados de 13 arruelas..."

Tenho lido que as treze arruelas terão sido usadas pelos castros provindos do lado legítimo...

Terei nas caracteristicas do brasão e no factor das 13 arruelas alguma pista que me esteja a escapar, devido aos meus escassos conhecimentos ?

Grato pela constante disponibilidade demonstrada, mais uma vez agradeço

Melhores Cumprimentos

Tiago Pedroso

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RE: Castros de treze arruelas

#34365 | vbriteiros | 28 jan 2003 23:54 | Em resposta a: #34220

Caro Tiago Pedroso
Observei a gravura anexa e verifico que não refere a brica no campo dos Pereira e por outro lado o escudo é oval. Estes dois dados sugerem que não corresponde exactamente à carta concedida, mas provavelmente trata-se da representação das armas concedidas a outro familiar. As 13 arruelas são efectivamente dos legitimos Castros.
Estão apostas em algum túmulo?
Cumprimentos
Vasco Briteiros

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RE: Castros de treze arruelas

#34367 | tfp | 29 jan 2003 00:14 | Em resposta a: #34365

Caro Vasco Briteiros,

O referido brasão encontra-se efectivamente num jazigo de familia e o mesmo foi mandado construir pelo titular mencionado.

O facto do escudo ser oval significa que ? ....

Muito obrigado pelos seus esclarecimentos

Cumprimentos

Tiago Pedroso

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RE: Castros de treze arruelas

#34375 | alentejo | 29 jan 2003 03:49 | Em resposta a: #34365

Caro Vasco,

As duas linhas (6 e 13 arruelas) têm a mesma origem.

D. Álvaro Pires de Castro, filho bastardo do Conde de Lemos, é progenitor dos Castro de 13, representados pelos Condes de Rezendo.

D. Álvaro Pires de Castro, tio do anterior porque meio irmão do Conde de Lemos, é o progenitor dos de 6 (Condes de Arraiolos, de Basto, antigo, Senhor de Cadaval, etc.)

Abraço

NB

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RE: Castros de treze arruelas

#34427 | vbriteiros | 29 jan 2003 16:41 | Em resposta a: #34375

Caro Nuno
Agradeço o seu esclarecimento. Como explica a preocupação dos 1ºs em salientarem sempre que possível a "legitimidade". Sempre me causou uma certa estranheza muitos textos onde isso é citado.
Um abraço
Vasco

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RE: Castros de treze arruelas

#34429 | vbriteiros | 29 jan 2003 16:48 | Em resposta a: #34367

Caro Tiago Pedroso.
O escudo oval é atributo de "clérigo". Efectivamente o AHG de Sanches de Baena, nº1418, pág. 358, descreve estas armas não citando a forma do escudo e a "Brica" de diferença.
Deve haver uma razão para justificar a diferença entre a C.A. nº1418 e a representação no jazigo. Tente descubrir talvez por documentos familiares, encomenda do jazigo na respectiva CM, etc. Bom trabalho.
Um abraço
Vasco Briteiros

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RE: Castros de treze arruelas

#34430 | tfp | 29 jan 2003 16:52 | Em resposta a: #34429

Caro Vasco Briteiros,

Mais uma vez lhe agradeço, vou tentar seguir as suas sugestões.

Cumprimentos

Tiago Pedroso

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RE: Castros de treze arruelas

#34438 | alentejo | 29 jan 2003 17:37 | Em resposta a: #34427

Caro Vasco,

Talvez por as Armas dos de 13 serem aquelas que constam nos livros antigos de Armaria, estarem da sala de Sintra, etc. Não faço ideia. Mas a origem é, indubitavelmente, a mesma. Li, em tempos, um estudo que explicava de forma cabal as razões. Procuro-o desde ontem para responder com segurança.

Abraço
NB

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RE: Castros de treze arruelas

#34463 | sapeca | 29 jan 2003 22:36 | Em resposta a: #34438

Meus caros amigos:
Quero deixar aqui algo que reputo de importância extrema, na descoberta e desmistificação histórico-heráldica.
Na verdade, parece que as provas aduzidas por esse grande historiador galego, Eduardo Pardo de Guevara y Valdés, na sua importante obra "Los Señores de Galicia - Tenentes y Condes de Lemos en la Edad Media", vêm demonstrar que, ao contrário do que sempre foi defendido, as armas "antigas" dos Castros eram as SEIS arruelas.
Neste caso, dá-se a curiosa constatação de que foi o ramo legítimo que procedeu à alteração heráldica, com o intuito de se diferenciar do importante ramo bastardo.
Aqui deixo, para os interessados, a transcrição parcial do estudo de Pardo de Guevara y Valdés, no tocante à heráldica dos Castros.
"...Pero, todavia cabría añadir otro punto de vista igualmente esclarecedor: el heráldico o sigilográfico, que confirma la tesis portuguesa asumida por Salazar y Castro y defendida, ya después, por Fernández de Bethencourt. Los seis roeles utilizados por los condes de Lemos, descendientes de doña Isabel de Castro, son los transmitidos por los portugueses don Álvar Pérez y la célebre doña Inés Cuello de Garza, en cuyo sepulcro de Alcobaça figuran precisamente esculpidos. Frente a ello, cabrá señalar que los castellanos don Fernando Ruiz de Castro y su hermana doña Juana de Castro, la Desamada, dispusieron sus emblemas com trece roeles. Testimonios de estos últimos son el sello de cera pendiente en documento de fecha 2 de enero de 1374, por el cual don Fernando Ruiz nombra alcalde de Villalba, asi como los que figuran esculpidos en el sepulcro de doña Juana en la Capilla de las Reliquias, en la Catedral de Santiago de Compostela.

Deberá advertirse, no obstante, que aquí se observa una extrañisima brisura o diferenciación. Y ciertamente, en contra de los usos acostumbrados, fueron los hijos legítimos de don Pedro Fernández el de la Guerra, los mencionados don Fernando y doña Juana, quienes modificaron sus armas aumentando hasta trece el número de los roeles, mientras que los ilegitimos, que lo fueron efectivamente el don Álvar y la doña Inés, habrian mantenido el número de seis. Acaso por ello, los historiadores portugueses creyeron siempre que las primitivas armas de los Castro eran precisamente las que traían los trece roeles o arruellas. No obstante, los únicos ejemplos conocidos de ellos son los que han quedado reseñados más arriba: esto es, la impronta sigilar de 1374 y el sepulcro de la catedral compostelana. Por el contrario, la abundancia y antigüedad de los testimonios de los seis roeles confirman que éste fue el número traído en las primitivas armas del linaje.
Asi, por de pronto, parece que figuraron –como recoge Villalpando- en el sepulcro de don Pedro Fernández de Castro en la Capilla mayor de la monasterial de Sobrado, debajo de un arco a la pared del lado del Evangelio. Pero, como queda indicado, todavia pueden recordarse otros testimonios:

- Impronta sigilar de don Esteban Fernández de Castro en un documento del Archivo de la Catedral de Calahorra (Cfr. Arbitraje entre el Obispo y los herederos de don Gil Garcia de Azagra, en el cual el don Esteban actuó por nombramiento del Rey. Año de 1276).

- Impronta sigilar de doña Violante Sánchez de Castilla, hija de Sancho IV el Bravo y viuda de don Fernán Ruiz de Castro (CFR. Confesión y reconocimiento de doña Violante sobre que sólo la Orden de santiago podia recibir el hábito y enncomienda de sancti Spiritus de Salamanca. Año de 1326).

- Impronta sigilar de don Pedro Fernández de Castro, el de la Guerra, que aparece atada al documento ya referenciado, aunque su tipologia no parezca muy adecuada para la fecha del mismo. Por ello, no faltan quienes han apuntado la possibilidad de que perteneciera a su homónimo, llamado el Castellano; sin embargo, parece mucho más oportuno pensar en una influencia portuguesa (CFR. Donación de don Pedro Fernández de Castro a la Abadesa y Monasterio de Santa Clara de Allariz. Año de 1334).

La consideración de todos estos testimonios permite deducir con suficiente claridad la filiación de doña Isabel de Castro. Si hubiera sido hija del gran don Fernando de Castro es seguro que habria usado los trece roeles o arruellas adoptados por éste; pero no, desde luego, los seis que trajeron los dos hermanos naturales de este último, don Álvar y doña Inés, los cuales efectivamente se perpetuaron en las armerias y sellos de los posteriores titulares de la Casa de Lemos.

De todo lo dicho, por conseguiente, resulta que doña Isabel de Castro no fue hija de don Fernando Ruiz de Castro, como tradicionalmente ha afirmado la historiografia castellana. La documentación aportada, así como los testimonios heráldicos, cuya consideración se ha esbozado en las líneas anteriores, invalidan la supuesta filiación y confirman la tesis de los historiadores lusitanos, estableciendo con suficiente garantia que doña Isabel de Castro fue hija de don Álvar Pérez de Castro, conde de Arroyolos y condestable de Portugal.”
(Eduardo Pardo de Guevara y Valdés, ob. cit., Vol. I, pág.s 197 a 199)

Um abraço a todos e espero ter sido útil nos elementos aqui reproduzidos.
Fernando de Sá Monteiro

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RE: Castros de treze arruelas

#34466 | tfp | 29 jan 2003 23:03 | Em resposta a: #34463

Caro Fernando de Sá Monteiro,

Antes de mais espero não ter sido mal interpretado quando usei o termo "legítimo". Não o usei com qualquer intuito pejorativo, apenas como factor diferenciador e no intuito de fornecer pistas (as 13 arruelas) para que, de algum modo, me pudessem orientar, dado a minha pouca experiência.

Desde já apresento as minhas desculpas e agradeço os seus esclarecimentos oportunos

Cumprimentos

Tiago Pedroso

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RE: Castros de treze arruelas

#34469 | sapeca | 29 jan 2003 23:19 | Em resposta a: #34466

Não entendi, de forma alguma, a sua intervenção desse modo, caro Tiago.
E, consequentemente, a minha mensagem teve, tão somente, como intuito contribuir com elementos que outros eventualmente possam desconhecer.
De resto, caro amigo, a investigação tem por finalidade abrir caminhos, para que outros possam prosseguir e, eventualmente, enriquecer.
Assim pensa, estou certo, o ilustríssimo investigador e historiador Eduardo Pardo de Guevara y Valdés, a quem aqui deixo a minha homenagem respeitosa, como admirador e leitor atento.
Aceite, caro Tiago, um abraço do
Fernando de Sá Monteiro

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RE: Castros de treze arruelas

#34504 | alentejo | 30 jan 2003 15:53 | Em resposta a: #34463

Caro Fernando,


Muito agradeço os esclarecimentos que aportou a esta questão. Julgo que os mesmos apareceram num trabalho que não consigo localizar, provavelmente baseados no estudo de Pardo d Guevara.

Abraço
NB

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RE: Castros de treze arruelas

#34530 | JCC | 30 jan 2003 18:38 | Em resposta a: #34463

Caro Fernando de Sá Monteiro

Esta preciosa informação vem corroborar a que ouvi, em tempos, da boca do saudoso Gen. Calvão Borges. A de que os orginais Castros (os legítimos) usariam em Espanha as 6 arruelas ao passo que em Portugal os Castros legítimos usam as 13.

Cumprimentos

João Cordovil Cardoso

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RE: Castros de treze arruelas

#34535 | jpcmt | 30 jan 2003 19:38 | Em resposta a: #34530

Caro João Cordovil Cardoso:

Já agora, uma curiosidade que me tem intrigado:

Na sua "Nobiliarchia Portugesa" (1676), António de Villasboas e Sampayo, diz, sobre as armas dos Castros:

"...Os que descendem de D. Alvaro Pirez de Castro seu filho, irmão da Raynha D. Ines de Castro, & primeiro Condestable deste Reyno, trazem em campo vermelho seis arruelas brancas em duas pallas: tymbre hum cangrejo de prata realçado, & azulejado cõ os dentes grandes pegados em hua truta. Os descendentes de D. Alvaro de Castro, filho do grande D. João de Castro Visorey da India, trazem por timbre nas seis arruelas a roda de navalhas de Santa Catherina, em memoria de que, na jornada, que fez ao mar roxo, com D. Estevão da Gama, este o armou cavaleiro a vista do monte Synay, onde por obra dos Anjos forão colocadas as reliquias de Santa Catherina Martyr."

Obras recentes, como "Lines of Succession" de Jiri Louda, mostram as armas de D. Inês também com o campo vermelho, mas com seis besantes de ouro.

Conhece alguma explicação para estas variantes?

Gostaria de ter a sua opinião, que muito agradeço.

Cumprimentos,
João de Castro e Mello Trovisqueira

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RE: Castros de treze arruelas

#34572 | JCC | 31 jan 2003 10:08 | Em resposta a: #34535

Caro João de Castro Mello Trovisqueira

O que encontrei na "Armaria Portuguesa" de Braancamp Freire foi o seguinte:

Castros (de seis): De prata, seis arruelas de azul. Timbre: um leão nascente de oiro carregado das seis arruelas. Elmo de prata guarnecido a oiro. Paquife e Virol de prata e azul.

Cita também o seguinte:

Na sala de Sintra: de azul, seis besantes de prata, atribuindo esta avriação a erro de restauradores.
No Livro de António Godinho o T. é um leão nascente de oiro sainte de uma coroa de espinhos.
Refere a existência de um T com caranguejo como sendo privativo da casa de Cascais.
Em CB de 1529 e 1534 o T. é um leão inteiro

Relativamente aos Castros (de treze): de oiro 13 arruelas de azul. Timbre leão nascente de oiro armado e linguado de azul. Elm aberto de prara guarnecido de oiro. Paquife e Virol de oiro e azul.

Portanto aqui não são referidas as armas que cita.

Refere que os Castro, marqueses de Cascais, usam um timbre diferente: 1 caranguejo de prata carregado dos móveis do escudo (arruelas de azul) e que os Castro, senhores da Penha Verde, têm como timbre um leão nascente de oiro segurando nas garras a roda de navalhas de Santa Catarina, a roda de sua cor e as navalhas de prata. E, P e V como os restantes.

Num site espanhol encontro que as primitivas armas de Castro são as que cito acima (de prata seis arruelas de azul mas, nesse mesmo site aparecem umas armas de vermelho seis besantes de oiro que dizem ser as do ramo de Fernadez de Castro, neto de Jaime I de Aragão.

Quanto a besantes de prata não encontrei nada. Como Braancamp Freire é bastante exaustivo nas pesquisas que fez é estranho que não refira as duas que apresnta.

Não sei se ajudei alguma coisa, provavelmente não, mas foi o que encontrei numa pesquisa rápida.

Cumprimentos

João Cordovil Cardoso

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RE: Castros de seis arruelas

#34576 | jpcmt | 31 jan 2003 10:26 | Em resposta a: #34572

Caro João Cordovil Cardoso:
Muito obrigado pela sua resposta. Conheço, e tenho, a obra que cita, e algumas outras que dizem o mesmo. Por isso mesmo me intrigou o facto de um autor, muito mais antigo, nos dar uma versão diferente, tanto mais que a sua obra merece crédito.
Pode ser, realmente, que outro ramo tenha assumido armas diferenciadas.
Um abraço,
João de Castro e Mello Trovisqueira.

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