Uma falsa ascendência pelos Sás: Torre de Candoso

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Uma falsa ascendência pelos Sás: Torre de Candoso

#45700 | sapeca | 27 jul 2003 23:05

O linhagista Felgueiras Gaio, em título de Sás, no § 36, desenvolve a descendência de Fernão de Sá, filho - segundo ele bastardo - de João Rodrigues de Sá, fronteiro-mor de Entre Douro e Minho, camareiro-mor de D. Afonso V, alcaide-mor do Porto, senhor de Sever, Bouças, Baltar, Paiva, Aguiar de Sousa, vedor da Fazenda do Porto, etc. (neto do seu homónimo, o célebre Sá das Galés).
Deste Fernão de Sá seria filho Martim de Sá, que o tratadista diz senhor da quinta de Sá, em Barrosas, “quinta antiga deste apelido”, e casado com Catarina dos Guimarães.
Como filho deste é referido Afonso de Sá, cavaleiro professo na Ordem de Cristo, morador em Guimarães, casado com Luisa Peixoto, filha bastarda do Dr. Gonçalo Vaz Peixoto, desembargador na Índia, cavaleiro-fidalgo da Casa d’el-rei e morgado de Pousada, e de Joana da Costa, de Pencelo.
O Afonso de Sá seria o progenitor de Sebastião Vaz de Sá, que foi vereador em Guimarães, o que fez o padrão que cerca a Oliveira de Nossa Senhora, senhor da quinta do Selho, em Creixomil, e progenitor dos Vaz Vieira de Melo e Alvim, da casa do Toural, e dos senhores da velha Torre de Candoso, na freguesia de S. Martinho de Candoso, no termo de Guimarães.
Acontece, porém, que o mesmo tratadista, agora em título de Vieiras, §121, filia este Sebastião Vaz em Domingos Vaz e mulher Maria Gonçalves.
Como iremos ver mais adiante, este segunda paternidade é que será a correcta, ainda que a mãe não se chamasse Maria, mas sim HILÁRIA.
De resto, num manuscrito genealógico do século XIX, ainda inédito, e intitulado “Memórias Históricas e Genealógicas da Família da Torre de Candoso”, existente no Arquivo Municipal Alfredo Pimenta, em Guimarães, fala-se de Sebastião Vaz sem, no entanto, lhe atribuir qualquer filiação.
O que é salientado, é o parentesco dos Rochas de que procedem os senhores da Torre de Candoso com os Sás de Vizela, “como se vê da sua Genealogia”.
Á margem vem escrito: “Desta Casa de Sá he o Abb.e de S. Miguel de Vizella Miguel J.m de Sá e o Sr. da Caza do Pinheiro de Nespereira, o Ten.e Coronel J.e J.m Moreira de Sá por bastardia, e Valentim Moreira de Sá, e hum Menino que he Sr. da Caza com irmãos”.
No texto, logo de seguida, diz-se: “dos quais Sás de Vizella procede o já mencionado Sabastião Vaz de Sá, Sr. da Q.ta do Selho, Progenitor dos Vaz do Toural - Bugalhos - Veiga de S. Theago de Candozo - e Torre de Candozo”.
Ora, não será sem fortes motivos que Felgueiras Gaio, em título de Araújos, no §311 - e sob a epígrafe “Quinta de Sá e Torre de Candoso” - ao tratar do casamento de um Moreira de Sá com uma dama da estirpe dos Araújo de Azevedo, refere este parentesco, bem assim como o dos senhores da casa da Madalena, em Nespereira.
O parentesco com Sebastião Vaz, dito de Sá, viria antes pelos Rochas, de Guimarães, de quem descendem os Moreiras de Sá, tanto mais que foi este o apelido que perdurou nos senhores da Torre de Candoso.
O que parece impossível confirmar é aquela ascendência de Sebastião Vaz pelos Sás.
De facto, existe um documento que parece derrubar por completo tal pretensão.
Num livro de notas do tabelião Mateus de Freitas, de Guimarães, deparamos com a seguinte escritura: “Fiança q. da Seb.am Vaz de selho da fregª de creixomill”.
É datada de 28/1/1625 e nela se faz referência a Sebastião Vaz e sua mulher Margarida Gonçalves, bem assim como aos irmãos e cunhados.
A mãe era já falecida (“per fallecimento de illaria glz sua mai defunta”), ficando-lhe do seu casamento (não é referido o nome do marido, à data também já falecido) o citado Sebastião Vaz, Simão Vaz (ausente há mais de trinta anos, sem dele saberem o paradeiro, solteiro e sem descendência), o revº Diogo Vaz, Gonçalo Vaz, Margarida Vaz (casada com Domingos Jorge), Isabel Gonçalves (mulher de Gonçalo Vaz), Cecília Gonçalves (casada com João Pires), Catarina Domingues (viúva, com filhos, de Brás Francisco) e Ana Gonçalves (casada com António Fernandes).
Sebastião Vaz, além de ser o mais velho e mais abastado, era o tutor do irmão ausente, pretendendo que lhe fosse entregue a importância de setenta e seis mil e tantos reis, da legítima dos pais que cabia àquele irmão, para o que daria fiança.
Resta-nos salientar que o pai se deveria chamar, efectivamente, Domingos Vaz (como refere Felgueiras Gaio em título de Vieiras), só assim se entendendo o patronímico daquela filha Catarina Domingues.
E ficámo-nos por aqui na leitura deste documento, já que se nos afigura ser suficiente para o fim a que nos propusemos: demonstrar, de facto, a verdadeira ascendência de Sebastião Vaz.

Fernando de Sá Monteiro

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