Pimentéis de Faro

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Pimentéis de Faro

#5682 | rmfrp | 09 jun 2001 16:37

Boa tarde.

Procuro informações sobre a ascendência de dois irmãos de apelido Pimentel, residentes em Faro no século XVI e que deverão ter nascido cerca de 1540: D. Girmaneza Pimentel e Francisco da Costa Pimentel. Estes são referidos no título de Mascarenhas do livro "Famílias Nobres do Algarve", do Visconde de Sanches de Baena, como sendo irmãos mas a sua ascendência não é indicada.

D. Girmaneza Pimentel casou com Manuel de Figueiredo Mascarenhas "O Velho", alcaide-mor de Faro, enquanto Francisco da Costa Pimentel casou com uma irmã do referido alcaide-mor, D. Inês de Figueiredo Mascarenhas.

Diogo Martins Mascarenhas, filho de Manuel e D. Girmaneza, que sucedeu na alcaidaria ao seu pai, veio a casar com sua dupla prima direita D. Leonor da Costa Pimentel, filha de Francisco e D. Inês.

Agradeço desde já qualquer informação.

Rui Pereira

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RE: Pimentéis de Faro

#5714 | fadoria2001 | 10 jun 2001 18:08 | Em resposta a: #5682

Esses Figueiredos Mascarenhas tb passaram ao Brasil, à Bahia: um Lourenço, atestado em 1549 em Salvador, pai de João de Figueiredo Mascarenhas, o Buatacá. Era Lourenço filho de Manuel?

fad

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RE: Pimentéis de Faro

#5720 | rmfrp | 10 jun 2001 19:51 | Em resposta a: #5714

Caro senhor:

De acordo com a mesma obra, o Lourenço de Figueiredo Mascarenhas a que se refere é irmão do meu antepassado Gaspar de Figueiredo Mascarenhas, alcaide-mor de Faro, pai dos anteriormente referidos Manuel de Figueiredo Mascarenhas e D. Inês de Figueiredo Mascarenhas. Gaspar e Lourenço são ambos filhos de Manuel Mascarenhas e D. Isabel Correia.

O autor refere que Lourenço "(...) passou clandestinamente para a Bahia (Brazil) por ter matado um conego seu parente, levando comsigo o seu filho João de Figueiredo Mascarenhas, que contava então 12 annos de idade e mais tarde conhecido pelo gentio d'aquelle paiz sob o nome de Bukatuca o qual foi grande capitão (...)".

Espero que esta informação lhe seja útil.

Rui Pereira

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RE: Pimentéis de Faro

#5722 | fadoria2001 | 10 jun 2001 20:17 | Em resposta a: #5720

Muito grato. Vou olhar agora em Gayo para ver se os localizo. O curioso é que, segundo S de B, nessa família casa-se a descendência de Cristóvão Doria, o navegador de Faro, que inclusive naufragou pelas Índias em 1547 (cito a data de memória, mas foi por aí). Meu 5o. avô direto, fal. em 1809, era Cristóvão da Costa Doria Barbosa.

Francisco Antonio Doria

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RE: Pimentéis de Faro

#5723 | fadoria2001 | 10 jun 2001 20:24 | Em resposta a: #5720

O nome é Buatacá, corruptela do Tupi mboy-tatá, cobra de fogo. São ascendentes meus, tb. Casou-se o Buatacá com Apolonia Alvares, filha do Caramuru.

Entre os muitos brasileiros que descendem dessa linha - posso postá-la, se houver interesse - está o compositor Chico Buarque de Holanda.

fad

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RE: Pimentéis de Faro

#5783 | Ortigão | 13 jun 2001 16:21 | Em resposta a: #5723

Teria algum cuidado no manuseamento do livro de Sanches de Baena, sobre as familias nobres do Algarve. Segundo os mais autorizados especialistas em genealogia algarvia, o livro é quase totalmente errático.

melhores cumprimentos
Rodrigo Ortigao Oliveira
* ortigao@netcabo.pt

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RE: Pimentéis de Faro

#5811 | fadoria2001 | 14 jun 2001 15:01 | Em resposta a: #5783

Sim, com certeza, Sanches de Baena deve ser sempre conferido; Cristóvão Doria `de Sousa' não é atestado, mas Cristóvão Doria, que naufragou nos moares das Índias em 1545, e Francisco Doria, o genovês de Sevilha (e podia ter negócios em Arzila) são personagens conhecidos.

Há outros estudos sobre essas famílias?

Francisco Antonio Doria (5o. neto de Cristóvão da Costa Doria, 5o. ou 6o. do nome, por aí...)

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RE: Pimentéis de Faro

#5892 | rmfrp | 17 jun 2001 15:29 | Em resposta a: #5811

Caros Senhores:

Tenho verificado a insistência, não só neste tópico, com que se pretende descredibilizar a obra do Visconde de Sanches de Baena em geral, e em particular a ascendência de Cristóvão Dória de Sousa.

Gostaria de recordar que o Visconde de Sanches de Baena não é um desconhecido, mas sim o autor, entre outras obras, de "Tombo Heráldico-Genealógico", obra de referência para as justificações de nobreza.

O meu interesse no livro "Famílias Nobres do Algarve" tem-se centrado nos Figueiredo Mascarenhas, e se o livro foi aqui descrito como "quase totalmente errático" as minhas investigações relativamente a esta família revelam-me até ao momento uma face "quase totalmente certa" da obra em questão quando confrontada com muitos registos paroquiais e mercês. E não me refiro à parte "fácil" da obra, relativa ao século XIX, mas sim ao século XVII e princípio do século XVIII.

É natural que qualquer obra deste tipo contenha erros. Não deixou de me chocar que eu, um amador principiante nestas questões, tenha descoberto apenas por registos paroquiais um erro grave ("Lourenço Palermo" onde deveria estar "Jerónimo Borges da Costa") em dois costados do consagrado "Nobiliário das Famílias da Portugal", de Felgueiras Gayo. Erro tão grosseiro ainda não encontrei na obra de Sanches de Baena, onde até ao momento apenas descobri uma data errada para um casamento correcto e um Francisco do Vale indicado como Afonso do Vale (e para descobrir este erro tive que recorrer aos registos de mercês).

No caso específico de Cristóvão Dória de Sousa não compreendo o porquê de tanta celeuma. Trata-se de uma personalidade que indiscutivelmente EXISTIU e SOBREVIVEU BEM DEPOIS DE 1545, já que foi nomeado Capitão-Governardor de São Tomé (o primeiro) em 1558 (ver Enciclopédia Verbo, edição antiga, volume 16, coluna 1456 - o nome inclui o Sousa). Não se compreende como se pode afirmar que este Cristóvão não era Sousa quando estamos claramente perante duas pessoas distintas.

Só depois de ultrapassado este erro de partida poderemos começar a discutir a genealogia de Cristóvão Dória de Sousa.

Sanches de Baena limita-se a indicar que Cristóvão Dória de Sousa era filho de "Francisco Dória, genovês residente em Arzila". Nem sequer identifica este Francisco com o de Sevilha. E não diz se Cristóvão é bastardo ou não.

O que sinceramente não entendo é como, não tendo alegadamente este Cristóvão qualquer relação com Francesco Doria, e tendo o Visconde de Sanches de Baena tão pouca credibilidade, Cristóvão Dória surja devidamente assinalado, com linha a cheio (e não a tracejado como nos casos considerados duvidosos), como filho de Francesco Doria, citando como fonte Sanches de Baena, no quadro "Dorias d'Além-Mar, III", da própria página WWW de Francisco António Doria!

Por que é que os argumentos expostos nesse mesmo quadro, destinados a estabelecer a ascendência de Clemenza Doria - o confronto onomástico (em que utiliza mesmo este Cristóvão como argumento, chamando-lhe "possível tio" de Clemenza Doria), a escassez de pessoas de apelido Doria em data e local compatível - funcionam sempre optimamente para Clemenza, mas só funcionam para Cristóvão quando é preciso reforçar a posição de Clemenza?

Não voltarei a este assunto neste tópico, já que aqui pretendia conhecer a ascendência dos Costas Pimentéis de Faro e até ao momento não tenho ainda qualquer informação.

Obrigado pela atenção.

Rui Pereira

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RE: Pimentéis de Faro

#5938 | fadoria2001 | 18 jun 2001 15:24 | Em resposta a: #5892

Primeiro, peço desculpas se ofendi a alguém. Não foi minha intenção - e deixo isso claramente explicitado.

Depois: Sanches de Baena *é* muito falho. Há uma famosa crítica de Braancamp Freire. Mas - podemos estender a crítica: todo livro de genealogia é falho, e deve ser sempre verificado e interpretado face às fontes primárias.

Agora, MEU ERRO. (Capitalizo de propósito.) Em 1998 entrou em contacto comigo pessoa da família França Doria, da Madeira, propondo um esforço comum na busca da origem dos Dorias em Portugal. A primeira tarefa, procurarmos nos ANTT, nos arquivos de Sevilha, etc., o que houvesse de personagens registrados com este nome. (Tivemos nisso a ajuda graciosa e desinteressada de vários amigos portugueses, que ajudaram no levantamento das fontes primárias.)

Posso, se for interessante para os participantes do fórum, postar os resultados em detalhe. Basicamente surgiram dois grupos de personagens *documentados nas fontes contemporâneas*:

a) Um grupo de nobres de menor hierarquia (escudeiros, cavaleiros e depois fidalgos de cota d'armas), vindos da Madeira.

b) Um grupo de comerciantes, quase sempre assinalados como genoveses, com base em Sevilha, Albufeira e depois em Lisboa.

Não encontramos *nenhum* documento quinhentista sobre este Cristóvão Doria, de Faro. (Se houver algum, me corrijam, por favor.)

O personagem mais recente, do segundo grupo, é Àlarame'ou `Laramo'Doria, comerciante genovês com agentes em Lisboa, em 1557. E' fácil identificá-lo na genealogia standard - sim, mas passível de erros, embora feita sobre fontes primárias - dos Dorias, a genealogia de Battilana. Trata-se de um membro do ramo dos co-senhores de Oneglia, filho de um Francesco Doria e de Gironima Centurione, e neto materno de Lodisio Centurione Scotto.

Lodisio Centurione é quem interpela Colombo no chamado `documento de Assereto,' de 24.8.1479 (tenho um facsímile dele). Colombo, em carta ao filho Don Diego, publicada por C. Varela, diz que em 1502 Francesco Doria, de Sevilha, financiou-lhe junto com com dois outros genoveses, o oitavo na expedição de Nicolau Ovando. Pela proximidade a Colombo, familiar - os herdeiros de Centurione são mencionados no testamento de Colombo - identifico este Francesco genro de Lodisio Centurione (e não o outro, de Avignon) ao que é mencionado pelo almirante.

`Laramo'ou `Alaramo' é facilmente identificável a Aleramo Doria, filho de Francesco e de Gironima Centurione. O nome é raro, memória dos antigos Aleramici, e não há outros conhecidos nesta geração da família.

Isto sugere que se tratava de um ramo da família já há três gerações com interesses em Portugal.

Clemenza Doria é nomeada num alvará de 1559 (tenho de tudo cópias facsimilares); citada como `criada da Rainha minha Senhora e avó.' *Em nenhum documento contemporâneo é dada como órfã*. (E'citada noutros documentos anteriores; estava no Brasil desde antes de 1556.) No _Nobiliário de Torres_, que Braancamp data de antes de 1640, e do qual há cópia setecentista na Biblioteca Nacional do Rio (tenho facsímiles...) ela é dada como `filha de Lourenco de Oria.' A identificação deste `Lourenco' ao `Laramo' é, se me permitem, imediata. Estou atrás do documento que serviu de base para a menção de Afonso Torres (sei qual foi, a concessão duma prebenda eclesiástica).

Enfim, teve Clemenza Doria, com seu segundo marido Fernão Vaz da Costa (citado no alvará de 1559) um filho (citado em muitos docs. a ele contemporâneos) de nome Cristóvão da Costa Doria. Dele descendia, com uma quebra na varonia, meu quinto avô Cristóvão da Costa Doria Barbosa, falecido em 6 de maio de 1809, e mais recente dos Cristóvãos no meu lado. Todo esse lado está amplamente documentado em fontes primárias e em textos contemporâneos aos personagens citados.

E - se errar de novo, corrijo-me.

Se souber de alguma referência quinhentista ao navegante Cristóvão Doria, por favor, repasse-má.

Francisco Antonio Doria

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RE: Pimentéis de Faro

#5988 | fadoria2001 | 19 jun 2001 14:29 | Em resposta a: #5892

Outro esclarecimento: tenho postado, a pedido de amigos e colegas, no site

http://genealogias.org

(sub `arquivos'), cujo webmaster é Sergio Buratto, muito material que possuo online. Há, nalgum lugar, um caveat: trata-se, sempre de algo como work in progress. Portanto, deve ser usado criticamente. (Sou professor universitário; estou habituado a receber críticas; é parte do métier.)

E, como regra geral, sugeriria - olhe *sempre* criticamente para *qualquer* genealogia.

Francisco Antonio Doria

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